Um dos sinônimos de envelhecer é moderar-se. Por isso desconfie de velho com paixão. A velhice é por natureza resignada e compassiva...

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Um dos sinônimos de envelhecer é moderar-se. Por isso desconfie de velho com paixão. A velhice é por natureza resignada e compassiva, atributos esses incompatíveis com o fervor passional dirigido a pessoas, ideias ou times de futebol.

O senhor Antônio, aposentado, observa a fila do supermercado. Enquanto aguarda, seu olhar perde-se na prateleira de arroz. Não calcul...

O senhor Antônio, aposentado, observa a fila do supermercado. Enquanto aguarda, seu olhar perde-se na prateleira de arroz. Não calcula preços, não compara marcas. Ele rememora, num lampejo súbito, uma discussão antiga na oficina: "O que é o Justo?".

Nos dias atuais, o estilo de vida de muitas pessoas está cada vez mais acelerado e marcado por excessos. Nessa angústia disfuncional, ...

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Nos dias atuais, o estilo de vida de muitas pessoas está cada vez mais acelerado e marcado por excessos. Nessa angústia disfuncional, a simplicidade surge como uma escolha consciente por uma vida mais leve e harmoniosa. O que é simples contém uma força silenciosa, capaz de reorganizar prioridades e promover um bem-estar inalterável. Vivenciar a simplicidade significa preservar a serenidade interior, em vez de desperdiçar tempo com superficialidades ou buscar a acumulação de bens materiais.

Outro dia, relendo um ensaio de Carlos Heitor Cony, deparei-me com uma velha questão que alguns críticos gostavam de levantar sobre ...

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Outro dia, relendo um ensaio de Carlos Heitor Cony, deparei-me com uma velha questão que alguns críticos gostavam de levantar sobre a obra de Machado de Assis: uma suposta ausência de paisagem. Vejam só. Como se isso fosse um defeito, uma falta que o diminuía como autor. Ao invés de verem nisso uma novidade do gênio machadiano, comparado com autores de seu tempo tão afeitos à descrição exaustiva dos ambientes externos e internos, viram nisso uma debilidade, uma fraqueza literária. Coisas da época, certamente.

Quando assistimos a um concerto sinfônico erudito ao vivo sempre me ponho enternecido a refletir: “como é que uma obra dessas pode u...

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Quando assistimos a um concerto sinfônico erudito ao vivo sempre me ponho enternecido a refletir: “como é que uma obra dessas pode ultrapassar 100, 200, 400 anos ou mais e ainda hoje ser apreciada com tanta efusão pelo público?"

"aventura não é escalar montanhas// não é atravessar desertos// não é preciso bravura// aventura não é saltar de avião// não é d...

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"aventura não é escalar montanhas// não é atravessar desertos// não é preciso bravura// aventura não é saltar de avião// não é descer cachoeira// não é preciso tontura// aventura não é comer bicho vivo// não é beber aguardente// não é preciso angustura// aventura não é morar em castelo// não é correr de Ferrari// não é preciso frescura// aventura é tudo o que faz// uma pessoa tornar-se capaz// de abrir mão da loucura// aventura é ser mãe e pai"
(Martha Medeiros)

Nunca fez parte do meu temperamento gostar de frio na barriga. Só um pouquinho. Bem pouquinho. Quando jovem, nunca gostei, nem nunca tive oportunidade de maiores riscos. Sei que isso depende do lugar onde nascemos, dos acidentes geográficos, mas mesmo aqui, sempre tive cautela com o mar, passeio de barco, fui poucos; trilhas? nunca. Tenho medo de todos os bichos. Mas confesso que a montanha me fascina. De longe. Já tive oportunidade de vê-la de perto nos anos 80, cheia de neve, e me sentir uma estrangeira de todas as formas, por entre as marmotas felpudas. Me encantei com a paisagem, mas jamais com os precipícios. Tenho todas as vertigens.

De fato. São Paulo fica muito longe, nem tanto pelas léguas de terras ou pelas milhas de voo como pelo que pesa na cabeça dos paulistas...

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De fato. São Paulo fica muito longe, nem tanto pelas léguas de terras ou pelas milhas de voo como pelo que pesa na cabeça dos paulistas ou dos que a eles se acostam para a vida inteira. É o que sempre pensei.

“Como posso não chorar, lamentar tamanha dor, Hussein foi morto em Karbala. Como posso não chorar pelo estandarte que caiu desampara...

batalha karbalab ashura xiita
“Como posso não chorar, lamentar tamanha dor, Hussein foi morto em Karbala. Como posso não chorar pelo estandarte que caiu desamparado, sem ninguém para levantá-lo, na terra de Karbala...”
Anwar Assi

Desde que vim morar na Ilha de Vitória, encantei-me com o visual da procissão marítima, no dia de São Pedro*. Uma miríade de barcos de...

Desde que vim morar na Ilha de Vitória, encantei-me com o visual da procissão marítima, no dia de São Pedro*. Uma miríade de barcos decorados com bandeirinhas, flores, peixes e outros ornamentos multicoloridos enfeitam a baía de Vitória. Um espetáculo lindo de se ver no dia dedicado ao santo protetor dos pescadores. A festa em Vitória é celebrada, em grande estilo, há quase um século.

Procissão Marítima de São Pedro Jô Drumond
Ela engloba programações gastronômicas, culturais e musicais. O cortejo terrestre é feito logo após a missa das oito da manhã, na paróquia de São Pedro. A procissão vai do templo até à Capitania dos Portos, onde começa a procissão marítima, às dez horas, no Píer dos Pescadores. À frente do cortejo, segue uma embarcação com capacidade para 30 pessoas, entre as quais padres sacristãos e coroinhas devidamente paramentados, levando uma imagem do padroeiro.

Não clameis por sua sorte! Tanto é noite quanto é dia, E vida e morte. Cecília Meireles Felizes éramos nós, meu pai, minha mãe e eu. ...

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Não clameis por sua sorte! Tanto é noite quanto é dia, E vida e morte.
Cecília Meireles

Felizes éramos nós, meu pai, minha mãe e eu. Meu pai caçava nas folgas, na semana trabalhava. Minha mãe, comigo em casa, ou na cozinha, ou na costura, cumpria também sua parte na muita luta diária pelo agasalho e sustança. E eu, quando não estudava, também pegava no duro, lavando pratos ou varrendo a casa. E éramos felizes e de tudo tínhamos do que cada um deve ter, para uma vida apertada, de pouca renda, mas de algum conforto. O pão não faltava, o principal nos sobrava.

A primeira parte de Os Miseráveis chama-se Fantine ; o Livro Primeiro da primeira parte intitula-se Um justo (Un juste), cujo objetiv...

os miseraveis victor hugo tirania
A primeira parte de Os Miseráveis chama-se Fantine; o Livro Primeiro da primeira parte intitula-se Um justo (Un juste), cujo objetivo é fazer um perfil de Charles-François-Bienvenu Myriel, bispo de Digne, aclamado pela população como Monseigneur Bienvenu (Victor Hugo tem um modo especial de estruturar os seus romances: divide-os em partes; cada parte em livros, e cada livro em capítulos).

      Nas areias de dezembro Descobri que sinto. Sinto e sinto por sentir. Indócil sentimento esse, Quase um martírio. Arde...

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Nas areias de dezembro
Descobri que sinto. Sinto e sinto por sentir. Indócil sentimento esse, Quase um martírio. Arde por dentro, Queima minhas pálpebras, Humilha meu arbítrio. Quero que se vá, Rogo que fique. Arrasto-me pelo caminho azul,

Semana passada tive o prazer e o privilégio de ser entrevistado em rede nacional pela Band News. Carla Bigato, Sheila Magalhães e Luiz...

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Semana passada tive o prazer e o privilégio de ser entrevistado em rede nacional pela Band News. Carla Bigato, Sheila Magalhães e Luiz Megale vieram a João Pessoa transmitir daqui o famoso programa e queriam saber a origem da expressão “Preciso ir para meu pilates”, que José Simão transformou em bordão quando encerrava sua participação diária naquele programa. Claro que todos vocês sabem das circunstâncias nas quais eu disse a frase, portanto vou direto ao ponto.

O jovem Rubens Nóbrega pegou-me pela mão e conduziu este seu amigo mais velho pelas esquinas do tempo, com o perdão de Nelson Coelho,...

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O jovem Rubens Nóbrega pegou-me pela mão e conduziu este seu amigo mais velho pelas esquinas do tempo, com o perdão de Nelson Coelho, dono da expressão. Li o seu “Memórias do Batente” de um fôlego só e nele refiz percursos ao longo de anos e anos de vida profissional. Atuamos juntos sob o mesmo teto na fase mais curta da nossa convivência. Inicialmente, com o abrigo da velha A União, escola para a minha geração, a dele e a de nomes do jornalismo surgidos antes e depois daquilo que aprendemos e fizemos.

  “Ô, Zabé, Zabé, Zabé Zabé, Zabé, dez vez' Zabé Ô, Zabé, Zabé, meu bem Eu chamo tanto, Zabé não vem.” (Luiz Gonzaga...

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“Ô, Zabé, Zabé, Zabé Zabé, Zabé, dez vez' Zabé Ô, Zabé, Zabé, meu bem Eu chamo tanto, Zabé não vem.” (Luiz Gonzaga)

Vó Bela, esta celebração é uma tentativa insana de te eternizar no silêncio.

Em 1957, Virginius da Gama e Melo publicou no Jornal do Commercio, Recife, quatro artigos sobre José Américo de Almeida. Os três p...

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Em 1957, Virginius da Gama e Melo publicou no Jornal do Commercio, Recife, quatro artigos sobre José Américo de Almeida. Os três primeiros trazem a data de 26/05/57, 07/07/57 e 14/07/57. O quarto é de 25/11/62. Esses artigos foram reunidos e publicados no livro Estudos Críticos (João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 1980). Uma nota explicativa de Paulo Melo e um breve comentário de Gonzaga Rodrigues antecedem os textos que englobam, além de José Américo, Freyre, Zé Lins e Graciliano, todos escritores nordestinos.