Pousada no píncaro da torre da Igreja do Carmo uma pombinha mesclada em branco e cinza. Animada em saracotear as penas, beliscando-s...
Meiga ameaça
Nunca imaginei que, de repente, Iraci viesse influir com tanta evidência nas minhas considerações de experiência pessoal no trato com os m...
Tudo como tem de ser
Quando a conheci - num instante para toda a vida - não deu para ver melhor seu rosto ou detalhes de suas feições. Ia com pressa, com alguma coisa a buscar, a fazer, sem dar ou sem ter chance ou lembrança de passar outra imagem da vida.
Azuis em tons claros e escuros, colchões de brancos, estrelas e luzes, pássaros que nadam e peixes que voam. Mundos espelhados, imensidões ...
Em céus e mares
Aprender de vibração Aprender de vibração é uma ação permanente sentir o hálito imanente da primeira criação atinge esta co...
A alegria veemente
Aprender de vibração é uma ação permanente sentir o hálito imanente da primeira criação atinge esta condição que sabe vibroturgia quem com este estudo alia outros divinos saberes, encantamentos, dizeres, sabe fazer profecia.
Naquele dia, o texto precisava fluir a tempo. Foi como se necessitasse urgente de uma torneira aberta para dar caminho às águas que queriam...
As patas tenras do 'Poetinha'
Ele queria medir o mundo. Com as mãos ou com as ideias. O mundo e vários outros que cabiam na imaginação fértil, na mente encantada das cr...
O mundo mágico das crianças
Havia se afastado dos adultos, decerto sorrateiramente ou mesmo sem se aperceber. Atraído pela penumbra da rua perpendicular à praça, ambiente mais propício a libertar o imaginário, engrandeceu-se no sossego da solidão.
Com o pedacinho de uma régua ou trena velha que deveria ter achado no chão, ele media o muro meticulosamente, palmo a palmo. Completamente absorto na cuidadosa e importante tarefa, não se importava com quem passava na rua. Talvez não mais lembrasse de que dia era, nem dos pais que não notaram sua ausência. Era tudo o que ele queria. Medir o muro. As gangorras e balanços que se movimentavam alegremente na praça cheia de gente não o atraíam tanto quanto o trabalho de aferição métrica.
Com as mãozinhas pequenas, levantadas acima dos olhos, palmilhava os pedaços de parede chapiscada, que a desgastada tira de trena permitia. Corpo e mente imersos, silenciosamente caminhavam juntos, a passos miúdos, nos centímetros que se multiplicavam ao longo da rua.
Qual seria a expectativa da relevante medição, do levantamento que ora requereria precisão tão atenciosa do dedicado topógrafo? Sabe Deus. São imponderáveis os encantos que habitam a mente pura da infância. Nem o olhar revela.
Somente a ele importava. Quem sabe estaria medindo sonhos de ser um futuro pedreiro, um mestre de obras, construtor, arquiteto? Quem sabe media a distância entre realidade e imaginação? Ou mesmo o tamanho dos limites impostos por sua condição...
Não, ele ainda não ligava para isso. Não tinha noção da dimensão das injustiças inerentes ao tecido social em que se inseriu desde que nasceu. Nem imaginava que eram muito maiores do que aquele muro, cuja extensão devagarzinho tentava aquilatar.
Antes que concluísse a esmerada tarefa, já perto da esquina, misteriosamente iluminada pelo poste, ouve o chamado da mãe:
— “Vem simbora, menino, que danado tás fazendo aí nesse escuro, ôxe?!!
E tudo desabou na seca realidade, que agora podia ser medida. Ainda bem. Melhor que ele não concluísse a sonhada medição. Assim se preservaria e guardaria, sem limites, os sonhos que aferia, dos quais jamais alguém saberia. Nem eu, nem você, leitor. Já saímos deste mundo, chamado por Jesus de Reino dos Céus...
Num breve resumo até aqui: a domesticação de plantas e sementes levara a uma infinidade de outras, desde a domesticação do habitat à dos ...
Minaretes de Lama (Cap. 03)
– Papai, o que é idiossincrasia? – “Índio” o quê? – Não é “índio”, é “idio”. ...
Diálogo de gerações
– Papai, o que é idiossincrasia?
– “Índio” o quê?
– Não é “índio”, é “idio”.
O pai hesita, pensa um pouco.
– Onde você viu essa palavra?
– Não interessa. Quero saber o que ela quer dizer.
– Aposto que foi na internet, em um desses saites suspeitos. Você está me escondendo alguma coisa...
Já nascemos com esse medo: o da finitude. E passamos a vida a escamotear o tema; fugindo dela. Talvez estejamos fugindo da vida também?...
A morte chega cedo
Cedo ainda da tarde, de volta pra casa, dou com as vistas num pichamento grosseiro, do pior mau gosto, na parede que ostentava a logomarca ...
O tiro no pé
Sem dono, cercado de basculho, o mato cobrindo uma colmeia de muitos significados, e eu me vendo de repente no ânimo de cinquenta anos atrás, indo e vindo a medir o terreno de fruteiras que teríamos de derrubar, como se fosse para mim, destinado à sede moderna do futuro jornal em off set.
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Ver ou não ver
Qualquer leitor brasileiro já ouviu falar de Graciliano Ramos . Capítulo de todos os manuais de literatura, tópico em inúmeros vestibular...
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O prazer da escrita e 'O Mulato Inzoneiro'
Gabriel Garcia Marques
Seria hipocrisia negar a importância do dinheiro em nosso dia a dia. Através dele conseguimos melhorar a qualidade de vida. O problema é q...
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O déspota nos romances hispano-americanos
O mártir morre e seu reinado começa.”
Søren Kierkegaard
O romance latino-americano nasce comprometido com a realidade social. Nessa tendência, surgem narrativas com uma releitura da história, que se aproximam dela no preenchimento de vazios, mas, por sua vez, dela se diferenciam ao incluir, em sua arte, lacunas proibidas pela História Oficial. E a insigne professora hispanista, Bella Jozef sintetiza:
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Estava relendo, mais uma vez, o “Café Alvear”, de Gonzaga Rodrigues, e me dando conta de como o Ponto de Cem Réis perdeu sua importância ...
Como rabo de cavalo
Tantas são as peripécias do eu lírico para enfrentar as tormentas, as borrascas, as procelas do dia a dia, que os poemas de “A Voz do vent...
A voz do ventríloquo, de Ademir Assunção
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