Pousada no píncaro da torre da Igreja do Carmo uma pombinha mesclada em branco e cinza. Animada em saracotear as penas, beliscando-s...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana jose leite guerra amor restricao rejeicao pombos sujeira igreja
Pousada no píncaro da torre da Igreja do Carmo uma pombinha mesclada em branco e cinza. Animada em saracotear as penas, beliscando-se, o sol aprazível numa tarde calorenta, bonita. No chão muitas delas com aqueles passos elegantes, comendo farelo e restos de comida. Sempre pessoas espalham o alimento para as avezinhas ternas.

Nunca imaginei que, de repente, Iraci viesse influir com tanta evidência nas minhas considerações de experiência pessoal no trato com os m...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana gonzaga rodrigues dona iraci ze rosas edith
Nunca imaginei que, de repente, Iraci viesse influir com tanta evidência nas minhas considerações de experiência pessoal no trato com os mistérios da vida. Iraci como está escrito, com i mesmo.

Quando a conheci - num instante para toda a vida - não deu para ver melhor seu rosto ou detalhes de suas feições. Ia com pressa, com alguma coisa a buscar, a fazer, sem dar ou sem ter chance ou lembrança de passar outra imagem da vida.

Azuis em tons claros e escuros, colchões de brancos, estrelas e luzes, pássaros que nadam e peixes que voam. Mundos espelhados, imensidões ...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana clovis roberto ceu e mar natureza paisagem aviacao astronautas
Azuis em tons claros e escuros, colchões de brancos, estrelas e luzes, pássaros que nadam e peixes que voam. Mundos espelhados, imensidões pouco exploradas pelo limitado homem, inesgotáveis fontes para as mentes viajantes. Em céus e mares, há mais vidas, cores e mistérios, portanto, riquezas da criação, que possamos imaginar.

Aprender de vibração Aprender de vibração é uma ação permanente sentir o hálito imanente da primeira criação atinge esta co...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana geraldo berbardo abrantes poemas de bom dia magia

Aprender de vibração
Aprender de vibração é uma ação permanente sentir o hálito imanente da primeira criação atinge esta condição que sabe vibroturgia quem com este estudo alia outros divinos saberes, encantamentos, dizeres, sabe fazer profecia.

Naquele dia, o texto precisava fluir a tempo. Foi como se necessitasse urgente de uma torneira aberta para dar caminho às águas que queriam...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana poeta saulo mendonca marques saudade amor animais
Naquele dia, o texto precisava fluir a tempo. Foi como se necessitasse urgente de uma torneira aberta para dar caminho às águas que queriam sair para algum destino. Uma gota espremida, já quase saindo, fez-me sentar e escrever sobre um dos melhores seres humanos que havia conhecido nesta vida: um papagaio.

Ele queria medir o mundo. Com as mãos ou com as ideias. O mundo e vários outros que cabiam na imaginação fértil, na mente encantada das cr...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana germano romero mundo infantil reino dos ceus imaginacao brincadeira crianca
Ele queria medir o mundo. Com as mãos ou com as ideias. O mundo e vários outros que cabiam na imaginação fértil, na mente encantada das crianças.

Havia se afastado dos adultos, decerto sorrateiramente ou mesmo sem se aperceber. Atraído pela penumbra da rua perpendicular à praça, ambiente mais propício a libertar o imaginário, engrandeceu-se no sossego da solidão.


Ali, à certa distância dos familiares, bem entretidos no banco da praça iluminada e dominicalmente festiva, ele se sentia livre, jamais só. É admirável a capacidade das crianças em construir e interagir num mundo próprio, com infinidade de sonhos e personagens. Naquele instante, na calçada que beirava o muro alto e comprido, era imenso o universo do garoto simples, de uns 6 ou 7 anos.

Com o pedacinho de uma régua ou trena velha que deveria ter achado no chão, ele media o muro meticulosamente, palmo a palmo. Completamente absorto na cuidadosa e importante tarefa, não se importava com quem passava na rua. Talvez não mais lembrasse de que dia era, nem dos pais que não notaram sua ausência. Era tudo o que ele queria. Medir o muro. As gangorras e balanços que se movimentavam alegremente na praça cheia de gente não o atraíam tanto quanto o trabalho de aferição métrica.

Com as mãozinhas pequenas, levantadas acima dos olhos, palmilhava os pedaços de parede chapiscada, que a desgastada tira de trena permitia. Corpo e mente imersos, silenciosamente caminhavam juntos, a passos miúdos, nos centímetros que se multiplicavam ao longo da rua.

Qual seria a expectativa da relevante medição, do levantamento que ora requereria precisão tão atenciosa do dedicado topógrafo? Sabe Deus. São imponderáveis os encantos que habitam a mente pura da infância. Nem o olhar revela.

Somente a ele importava. Quem sabe estaria medindo sonhos de ser um futuro pedreiro, um mestre de obras, construtor, arquiteto? Quem sabe media a distância entre realidade e imaginação? Ou mesmo o tamanho dos limites impostos por sua condição...

Não, ele ainda não ligava para isso. Não tinha noção da dimensão das injustiças inerentes ao tecido social em que se inseriu desde que nasceu. Nem imaginava que eram muito maiores do que aquele muro, cuja extensão devagarzinho tentava aquilatar.

Antes que concluísse a esmerada tarefa, já perto da esquina, misteriosamente iluminada pelo poste, ouve o chamado da mãe:

— “Vem simbora, menino, que danado tás fazendo aí nesse escuro, ôxe?!!

E tudo desabou na seca realidade, que agora podia ser medida. Ainda bem. Melhor que ele não concluísse a sonhada medição. Assim se preservaria e guardaria, sem limites, os sonhos que aferia, dos quais jamais alguém saberia. Nem eu, nem você, leitor. Já saímos deste mundo, chamado por Jesus de Reino dos Céus...


Germano Romero é arquiteto e bacharel em música

Num breve resumo até aqui: a domesticação de plantas e sementes levara a uma infinidade de outras, desde a domesticação do habitat à dos ...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana amberto lacet minaretes de lama evolucao do homem neolitico neanderthal exploracao homem civilizacao aldeias idade da pedra
Num breve resumo até aqui: a domesticação de plantas e sementes levara a uma infinidade de outras, desde a domesticação do habitat à dos deuses, antes reclusos em penhascos e grutas de difícil acesso para evitar profanações. A domesticação em cadeia do habitat produzira a aldeia, e esta, no berçário ainda dos primeiros equipamentos da futura urbs, teve de conter aparelhos e modos de estocagem, possibilitando assim a prática do escambo entre aldeias; a benesse das trocas quebrou o isolamento entre elas, e abriu possibilidades para a diversificação da riqueza, e a nova interdependência reafirmou a necessidade de alargar uma paz desde sempre facilitada por memória vazia de guerra anterior.

– Papai, o que é idiossincrasia? – “Índio” o quê? – Não é “índio”, é “idio”. ...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana chico viana dialogo pai e filho idiossincrasia

– Papai, o que é idiossincrasia?

– “Índio” o quê?

– Não é “índio”, é “idio”.


O pai hesita, pensa um pouco.

– Onde você viu essa palavra?

– Não interessa. Quero saber o que ela quer dizer.

– Aposto que foi na internet, em um desses saites suspeitos. Você está me escondendo alguma coisa...

Já nascemos com esse medo: o da finitude. E passamos a vida a escamotear o tema; fugindo dela. Talvez estejamos fugindo da vida também?...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana ana adelaide peixoto tavares enfrentar morte medo death Richardson
Já nascemos com esse medo: o da finitude. E passamos a vida a escamotear o tema; fugindo dela. Talvez estejamos fugindo da vida também? Talvez. Só sei que por volta dos 10 anos vivi minha primeira experiência da perda. O grande medo, o da perda da mãe quando criança. Morria a mãe de uma amiga de colégio — Tereza, hoje Saldanha. Chorei como se fosse a minha, que gracias a la vida ainda vive, com mais de 90. A partir daí sempre soube que "ela" existia.

Cedo ainda da tarde, de volta pra casa, dou com as vistas num pichamento grosseiro, do pior mau gosto, na parede que ostentava a logomarca ...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana gonzaga rodrigues jornal o norte historia jornalismo paraibano diarios associados Aluisio Moura evandro da nobrega
Cedo ainda da tarde, de volta pra casa, dou com as vistas num pichamento grosseiro, do pior mau gosto, na parede que ostentava a logomarca do jornal O NORTE. Paro sem querer, o olhar no estrago a puxar pelo olhar mais generoso.

Sem dono, cercado de basculho, o mato cobrindo uma colmeia de muitos significados, e eu me vendo de repente no ânimo de cinquenta anos atrás, indo e vindo a medir o terreno de fruteiras que teríamos de derrubar, como se fosse para mim, destinado à sede moderna do futuro jornal em off set.

Sabemos que nossos olhos são sensíveis apenas à faixa estreita do espectro entre o infravermelho e o ultravioleta, que vemos um ângulo d...

ambiente de leitura carlos romero waldemar jose solha cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana leonardo vinci mona lisa literatura pintura artes donald sassoon montaigne goethe mendelssohn shakespeare gioconda monalisa
Sabemos que nossos olhos são sensíveis apenas à faixa estreita do espectro entre o infravermelho e o ultravioleta, que vemos um ângulo dos objetos de cada vez, que nossos parâmetros do que é grande e pequeno são relativos. Sabemos que o resultado é que construímos um mundo fantasma em nossa mente, nada semelhante ao que se poderia chamar de real, distorção de que nos vamos dando conta aos poucos, através dos avanços da ciência e tecnologia, da nanomedicina, dos microscópios iônicos,

Qualquer leitor brasileiro já ouviu falar de Graciliano Ramos . Capítulo de todos os manuais de literatura, tópico em inúmeros vestibular...

ambiente de leitura carlos romero crítica literaria antonio morais graciliano ramos conto insonia historias incompletas dois dedos antonio candido
Qualquer leitor brasileiro já ouviu falar de Graciliano Ramos. Capítulo de todos os manuais de literatura, tópico em inúmeros vestibulares, unanimidade para a crítica especializada e editado em larga escala (a julgar pelo número de edições de seus livros), parece desnecessário falar da importância de sua obra. Há, no entanto, um livro de Graciliano que é completamente esquecido (embora com muitas edições) por parte da crítica especializada: "Insônia". "Insônia" é um livro tão ignorado pela crítica que, até a sua 29ª edição, não tinha nenhum prefácio ou posfácio. Ironicamente, um prefácio que circulou em algumas poucas edições anteriores falava genericamente sobre a obra de Graciliano; não sobre "Insônia".

“E então a escrita tornou-se tão fluida que eu às vezes me sentia como se estivesse a escrever pelo simples prazer de contar uma história,...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana raquel nicodemos costa mulato inzoneiro diario nao diario ufpb Claudio Jose Lopes Rodrigues viagem aventura fusquinha
“E então a escrita tornou-se tão fluida que eu às vezes me sentia como se estivesse a escrever pelo simples prazer de contar uma história, que pode bem ser a condição humana que mais se assemelha à levitação”.
Gabriel Garcia Marques

Seria hipocrisia negar a importância do dinheiro em nosso dia a dia. Através dele conseguimos melhorar a qualidade de vida. O problema é q...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana rui leitao ambicao riqueza amor por dinheiro usura ganancia cobica
Seria hipocrisia negar a importância do dinheiro em nosso dia a dia. Através dele conseguimos melhorar a qualidade de vida. O problema é quando ele, equivocadamente, é visto como único promotor da felicidade, ou quando nos oferece a ilusão de superioridade. Passamos a vê-lo não como uma necessidade natural de viver bem, mas como uma obsessiva vontade de querer ficar rico.

“O tirano morre e seu reinado termina. O mártir morre e seu reinado começa.” Søren Kierkegaard O romance latino-americano nasc...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana ester abreu vieira de oliveira despotas na literatura trujilo  ensaio ester abreu vieira oliveira presidente academia letras espírito santo ditadores literatura latina hispanica fidel castro getulio vargas baby doc duvalier brasil videla stroesnerr pinochet vargas llosa ensaio ester abreu vieira oliveira despotismo ditadura ditadores america latina getulio vargas fidel castro trujillo egocentrismo
“O tirano morre e seu reinado termina.
O mártir morre e seu reinado começa.”
Søren Kierkegaard

O romance latino-americano nasce comprometido com a realidade social. Nessa tendência, surgem narrativas com uma releitura da história, que se aproximam dela no preenchimento de vazios, mas, por sua vez, dela se diferenciam ao incluir, em sua arte, lacunas proibidas pela História Oficial. E a insigne professora hispanista, Bella Jozef sintetiza:

Não lembro o nome do entrevistado, mas recordo-me bem da entrevista de um escritor confessando ter gostado de uma mocinha simples, que nas...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana saulo mendonca marques simplicidade vida simples docura poesia do cotidiano expressividade da linguagem expressao
Não lembro o nome do entrevistado, mas recordo-me bem da entrevista de um escritor confessando ter gostado de uma mocinha simples, que nasceu e se criou na roça, próximo à sua cidade. Ela adorava escrever bilhetinhos com frases românticas, recheadas de errinhos crassos, indiferentes às regras gramaticais, essas que, às vezes, são consideradas carrancudas!  

Estava relendo, mais uma vez, o “Café Alvear”, de Gonzaga Rodrigues, e me dando conta de como o Ponto de Cem Réis perdeu sua importância ...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana francisco gil messias gonzaga rodrigues livro cafe alvear ponto de cem reais descaso preservacao centro historico joao pessoa
Estava relendo, mais uma vez, o “Café Alvear”, de Gonzaga Rodrigues, e me dando conta de como o Ponto de Cem Réis perdeu sua importância como centro cotidiano da vida política e cultural de nossa Capital. Melhor dizendo: não só perdeu a importância cívica como também degradou-se como espaço urbano de convivência diária dos pessoenses. Relendo as crônicas gonzaguianas, não podemos deixar de perguntar: O que foi feito de nossa cidade nas últimas décadas?

Tantas são as peripécias do eu lírico para enfrentar as tormentas, as borrascas, as procelas do dia a dia, que os poemas de “A Voz do vent...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana sergio de castro pinto ademir assuncao poesia intimista metalinguagem livro a voz do ventriloquo
Tantas são as peripécias do eu lírico para enfrentar as tormentas, as borrascas, as procelas do dia a dia, que os poemas de “A Voz do ventríloquo”, de Ademir Assunção, soam como épicos da alma. Mas épicos da alma porque na atmosfera intimista que os envolve se infiltra uma “corrente subterrânea coletiva”.

O episódio nº 11 da Pauta Cultural entra no ar na ALCR TV com atualidades do mundo cultural participação dos autores leitores e telespect...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana jorge elias neto arquiteto clodoaldo gouveia madeleine braga bianca claudino mesquita milton marques junior artista plastico pintor flavio tavares samuel sam cavalcanti correia clovis roberto emerson barros aguiar paulo roberto rocha felipe avellar aquino sociedade brasileira de cardiologia
O episódio nº 11 da Pauta Cultural entra no ar na ALCR TV com atualidades do mundo cultural participação dos autores leitores e telespectadores do Ambiente de Leitura Carlos Romero.

Antigamente, eu criança, papai me levava para correr nas alamedas da Praça Venâncio Neiva (primeiro presidente republicano da Paraíba)....

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana jose leite guerra pavilhao do cha centro historico joao pessoa praca venancio neiva saudosismo infancia
Antigamente, eu criança, papai me levava para correr nas alamedas da Praça Venâncio Neiva (primeiro presidente republicano da Paraíba). O coreto charmoso, onde, em noites dominicais, a banda da Polícia Militar soprava seus dobrados e outros ritmos. Ao centro, o lindo Pavilhão do Chá que me parecia, na fantasia infantil, um carrossel sem cavalinhos e parado. O Pavilhão não servia a bebida que lhe emprestava o nome. Curioso.