O menino que se chamava Leonardo Francisco Salvatore Laponzina, nascido no Brooklin, filho de pais imigrantes sicilianos, sempre quis ser ...

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O menino que se chamava Leonardo Francisco Salvatore Laponzina, nascido no Brooklin, filho de pais imigrantes sicilianos, sempre quis ser bailarino, como ele contou em um depoimento dado, em 1962, ao jornalista e produtor Ronaldo Bôscoli:

Ontem eu saí para ver a rua. Estava deserta e silenciosa. Uma mancha prateada no céu dizia que a lua estava lá. As nuvens esvoaçavam lembr...

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Ontem eu saí para ver a rua. Estava deserta e silenciosa. Uma mancha prateada no céu dizia que a lua estava lá. As nuvens esvoaçavam lembrando páginas de um livro que pareciam contar histórias de um passado distante.

Veio uma brisa fria com cheiro de chuva. E como numa espécie de encanto ouvi uma nuvem dizer:

“Se você quiser posso contar uma história?! “

Então ela começou a contar...

Cuité, julho de 1974.

Uma noite dessas de pandemia, sonhei com Albertina a senhora que trabalhou por muitos anos na casa do meu avô, onde vivi desde que nasci. ...

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Uma noite dessas de pandemia, sonhei com Albertina a senhora que trabalhou por muitos anos na casa do meu avô, onde vivi desde que nasci. Foi um abraço tão bom, tão alegre esse reencontro.

Quando eu era criança ela não gostava que eu ficasse na cozinha, mas eu estava sempre lá fazendo alguma traquinagem. Nessa época, a galinha era comprada viva na feira e morta no quintal, horas antes do preparo, e eu acocorada acompanhava tudo bem de perto, mesmo com os protestos dela. Um corte no pescoço, rápido para tirar o sangue e fazer o molho à cabidela,

Datilografei meus primeiros romances – nos anos 70 - e algumas peças de teatro – nos anos 80. Os filmes de que participei como ator, naq...

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Datilografei meus primeiros romances – nos anos 70 - e algumas peças de teatro – nos anos 80. Os filmes de que participei como ator, naquele tempo - O Salário da Morte (de 69 ), Fogo Morto e Soledade ( de 76 ) não tiveram som direto, por isso eu e a maioria dos atores fomos dublados no Rio. Os comerciais que criei pra TV eram feitos em 16 milímetros e levados ao Recife, pois não havia o vídeo e não tínhamos emissoras locais.

Quando do último grande embate na faixa de Gaza, era o ano de 2009, escrevi os primeiros 3 poemas abaixo e inclui, de última hora, no meu ...

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Quando do último grande embate na faixa de Gaza, era o ano de 2009, escrevi os primeiros 3 poemas abaixo e inclui, de última hora, no meu livro “Rascunhos do absurdo”.

Outros momentos críticos ocorreram, e escrevi mais alguns poemas motivado pela crise humanitária na terra de origem de minha família.

Hoje, uma nova crise se instala na região. Muito triste ver o extremismo se instalando, novamente com força, no Mundo.

Escrevi o último poema, agora com uma mensagem de esperança. Compartilho com os amigos deste espaço literário dedicado à palavra.
A praça
Estaria reservado no escaninho dos deuses tão impensada tormenta? Movimento primevo: revoada dos pombos. Quebrado o instante, brancas penas restaram na praça. Crianças absortas, festejando o dia, imaginaram dragões e fadas. Anciões se entreolharam e cismaram do céu... Ato contínuo: zunido, estrondo, perplexidade. Malfadado encontro: pó e silêncio. Os primeiros gritos, embotados pela poeira do subentendido. O som antecipou a imagem suspeitada. Fez-se a desolação nos rostos que se ergueram. Os primeiros gestos, lentos, não acompanharam o frenesi do pensamento. Desespero. – Como é possível minar tanta água desses rostos de areia? Coube ao acaso a seleção dos fortes (que recolheram os corpos). Ao poema, cabe despejar sobre o chão, e na cara dos facínoras, uma resma de dúvidas. De algum ponto, cabe o recomeço.
Sonho no absurdo
Para Mahmoud Darwich
Não tirem do poeta a visão; podem condená-lo à loucura do mergulho no poema sem fim.
I O poeta sabe a textura exata do sonho. E por perceber que os números são símbolos que poderiam arrastar seu povo, foi o primeiro a se equilibrar nos destroços. Não azulava as dúvidas com preces e entendia a sujeira como um vício da realidade. Caminhando em silêncio, observou que a ausência de espaço não havia poupado nem mesmo as sombras. Homens desencontrados cruzaram o limite da incerteza e bradavam: – Não pedi esse conflito. Mas, na dúvida, deixo a arma engatilhada! Nunca foi do poeta o primeiro momento... II Aos primeiros que o ouviram disse: – Se abuso daqui à esquina de minha casa, perco o controle do dia. – A vida é ritual de pontes. Vejo triste, que entre o dito e o pensado ficou uma ponte tombada. – Hoje massacraram nossas verdades, e enxergamos o abismo. Choraram juntos a mais temida das mortes. III O poeta sente o absurdo do tempo humano. O homem aquietará. E juntos, todos os ponteiros deixarão de ter sentido. É do homem, buscar refúgio nos dias. IV Nos escombros, na esquina antes sem luz, sentaram as crianças. Diante delas o poeta circundou com o dedo seu corpo na areia. Com um salto surpreendeu-as com a facilidade que superou o limite de sua prisão. O poeta percebe o momento exato do nascimento do sonho. Não se ruminam os sonhos. eles se costuram e crescem...
Céu de bombas
Não interrompa o cotidiano das serpentes elas não buscam nos homens seu veneno.
Por que choras por mim meu pai? Cumpri com o que me coube nessa Gaza de feras. Em cada criança morta, sacrificada, um objetivo insano. Despeço-me do dia sob flashs e bombas. Uma fome doentia molhou teu corpo com meu sangue. Estrelas dos profetas cruzaram os céus e pulverizaram os créditos de minha infância. A ambição de poder comeu meu destino. Com a força, roubaram-me o sorriso. Meu pai, nem sei perguntar por quê. Não tive tempo para me nutrir de ódio. Pensando bem pai, que às lágrimas partam. Transpareças a indignação em teu rosto nas telas indiferentes do Mundo. Sobretudo, crê pai, crê no triunfo do olhar de tua filha, fosco de morte, voltado para esse lindo céu, reluzente de bombas, nessa noite de um domingo de fúria.
PACÍFICO
Ser o vento desperdiçando a força  nas folhas mortas                             (Um passo, ou outra maneira                                              de deslizar na existência)    E ao saber o nome das pedras atiradas, demovê-las da urgência de sangue.

Águas Sinto o chamado das águas! Vou em ânsia buscando um antigo caminho Margeado de flores quase secas. Incapazes de lut...

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Águas
Sinto o chamado das águas! Vou em ânsia buscando um antigo caminho Margeado de flores quase secas. Incapazes de lutar contra o sol causticante Elas não pedem nada, querem apenas ser No limite do tempo que lhes foi destinado. Nada têm a fazer senão florir, eu tenho. Junto palavras, costuro frases, histórias Colhendo vagos vestígios

Tenho falado de uma visão sistêmica do fato literário, o que, em si, não é nada de novo. É quase impossível falar isoladamente de um texto...

Tenho falado de uma visão sistêmica do fato literário, o que, em si, não é nada de novo. É quase impossível falar isoladamente de um texto, de um autor ou de um gênero. Aristóteles tinha conhecimento dessa impossibilidade, quando para falar da tragédia teve que compará-la à comédia e, sobretudo, à épica, montando uma tipologia do gênero, a partir de leituras de Ésquilo, Sófocles e Eurípides, sem esquecer, evidentemente, Homero.

Você consegue imaginar uma música que, muitas vezes, parece ser guiada pelos silêncios e pausas entre os acordes e notas, e não propriamen...

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Você consegue imaginar uma música que, muitas vezes, parece ser guiada pelos silêncios e pausas entre os acordes e notas, e não propriamente pelo som deles em si? O músico e compositor francês Claude Debussy (1862-1918) estabeleceu essa inovadora concepção musical, sendo um dos mestres da música erudita de todos os tempos. De obra bastante diversa (vocal, instrumental, sinfônica, música de câmara), pode ser considerado um revolucionário, pois, ao reformular conceitos de melodia e harmonia, libertando-os dos cânones tradicionais, desbravou um universo inteiramente novo.

Surge um sinal alvissareiro de abertura ou de meio alívio na recomendação da autoridade americana de se poder baixar a máscara, certamente...

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Surge um sinal alvissareiro de abertura ou de meio alívio na recomendação da autoridade americana de se poder baixar a máscara, certamente nem em todas as suas regiões.

Vacinando, dá.

Ricos, ainda os mais ricos do planeta, à hora em que chegou um governante que considerasse a imunização questão de vida e morte, o resultado veio à tona. Dinheiro não faltou e, bem mais importante, a vontade firme e, com perdão da má palavra, autoritária. Nesses casos tem de ser autoritária, quando a vida humana está em jogo.

Os Estados Unidos, pelas condições imperialistas particulares da ciência e tecnologia que desenvolvem, e, claro, dos meios de acioná-las, nos apavoraram a todos, a povos de todos os níveis, quando se deixaram dominar pelo inimigo invisível, ainda hoje sem origem. Os americanos começaram a desconhecer o seu presidente.

Chegou com 1 quilo e 400 gramas. Mal ficou em pé e já saiu andando desengonçada pelo corredor, cheirou todos os cantos até fazer o primeir...

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Chegou com 1 quilo e 400 gramas. Mal ficou em pé e já saiu andando desengonçada pelo corredor, cheirou todos os cantos até fazer o primeiro xixi. Volumoso e amarelinho no meio da sala. Assustei com a quantidade que saiu de uma cachorra tão pequena. Minha filha e minha esposa comemoravam com aplausos e entusiasmo o xixi na sala.

Pela grade fechada com dois cadeados e correntes vejo duas borboletas fazendo uma ronda no gramado da praça. Parecem voar aleatoriamente...

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Pela grade fechada com dois cadeados e correntes vejo duas borboletas fazendo uma ronda no gramado da praça. Parecem voar aleatoriamente, um par de surfistas naturais pela onda verdinha. Mas, na verdade, a natureza é mais que perfeita para fazer as coisas sem um propósito. E logo questiono-me em qual missão estarão as duas ex-lagartas que se metamorfosearam de seres rastejantes para espécies de vôos disformes e ao mesmo tempo brincalhões. Talvez seja encantar, feito fadas de uma manhã, e não digo apenas, porque encantar é uma arte.

Levei muito a sério aquela máxima escrita em alguma página do Livro Sagrado: “Crescei-vos e multiplicai-vos”. Não sei se cresci tanto as...

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Levei muito a sério aquela máxima escrita em alguma página do Livro Sagrado: “Crescei-vos e multiplicai-vos”. Não sei se cresci tanto assim, mas multipliquei com força. Sete!

Certa vez percorri o Rio Gramame, a barco, realizando desejo desde quando aqui cheguei, em meados de 1971. Conhecer os arredores des...

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Certa vez percorri o Rio Gramame, a barco, realizando desejo desde quando aqui cheguei, em meados de 1971.

Conhecer os arredores deste rio, penetrar na profundidade mítica do manguezal, até certo ponto acalentador, era minha vontade. Foi um passeio inesquecível e de recordações porque, conhecendo-o de passagem, agora eram suas águas que me transportavam lentamente, enquanto observava sua paisagem. Um lenitivo para a alma.

Estreando em livro no auge da efervescência das vanguardas, Águia Mendes não fez do concretismo e seus desdobramentos uma espécie de cláus...

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Estreando em livro no auge da efervescência das vanguardas, Águia Mendes não fez do concretismo e seus desdobramentos uma espécie de cláusula pétrea, de verdade absoluta, pois, se assim o fizesse, calaria para sempre as muitas vozes “esquizofrênicas” que só os verdadeiros poetas sabem escutar e repercutir nos seus poemas. Não foi assim com Olavo Bilac, que ouvia estrelas? E com Ponge, que escutava as coisas? E ainda com o Ferreira Gullar do “Muitas vozes”?

Na turma, todos queriam ser escritores. Rabiscavam contos, poemas ou trechos de romances e mostravam uns aos outros em mesas de bar ou nu...

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Na turma, todos queriam ser escritores. Rabiscavam contos, poemas ou trechos de romances e mostravam uns aos outros em mesas de bar ou num dos bancos da praça. Enquanto um lia, o autor esperava ansioso o veredicto.

Marcos precisou se mudar para uma cidade maior que a sua. Demorou mais do previsto. Depois de tantas tentativas, finalmente passou no ves...

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Marcos precisou se mudar para uma cidade maior que a sua. Demorou mais do previsto. Depois de tantas tentativas, finalmente passou no vestibular para faculdade de veterinária.

Conforme seu pai descreveu, quando chegou na pensão Paraíso, encontrou o sábio Sr. Manoel sentado na sua cadeira de balanço, pitando seu cigarro de palha enquanto viajava pelos pensamentos.