a dor em pessoa no hipocondríaco eu-lírico de Pessoa doía mais a dor fingida do que a dor em pessoa pessoalmente ...

literatura paraibana sergio castro pinto poesia poemas

a dor em pessoa no hipocondríaco eu-lírico de Pessoa doía mais a dor fingida do que a dor em pessoa pessoalmente sentida

Tenho por hábito fazer alguns exercícios de memória. Costumo buscar nos escondidos do tempo, passagens de minha primeira infância lá nos e...

literatura paraibana luiz augusto paiva drama praia montanha serra vila ferraz
Tenho por hábito fazer alguns exercícios de memória. Costumo buscar nos escondidos do tempo, passagens de minha primeira infância lá nos espinhaços da Mantiqueira. Tudo começou em Campos do Jordão, bem nos altos de Jaguaribe (olhem a coincidência), bairro que fica entre Abernéssia e Capivari. Casa de madeira, como a maioria delas por lá naqueles anos distantes. Ainda na memória, que em frente à minha, era a morada de Dona Gabriela de Seu Juca, um pouco abaixo a de Seu Zequinha que tinha banca de frutas no Mercado Municipal.

Em tempos de clonagem, golpes virtuais e fraudes, percebo que alguma coisa está errada com meu telefone.

literatura capixaba tecnologia modernidade ingles
Em tempos de clonagem, golpes virtuais e fraudes, percebo que alguma coisa está errada com meu telefone.

Quando as ruelas já quase nem são caminhos, é impossível lembrar a última vez que certas portas e janelas foram abertas ou fechadas. Antes...

literatura paraibana clovis roberto janelas emparedadas abandono urbano centro historico joao pessoa
Quando as ruelas já quase nem são caminhos, é impossível lembrar a última vez que certas portas e janelas foram abertas ou fechadas. Antes remédios irremediáveis do brilho diurno e segurança do mundo noturno, muitas delas perderam os sentidos, deixaram de proteger a si mesmas e não guardam mais que vazios de amontoados de restos e lembranças, cada vez mais distantes e raras. Por vezes e sorte, poucas se tornaram telas de artistas improváveis em grafites que trazem algo sobre vivência.

Em que medida o elemento autobiográfico se insere na poesia de Augusto, autor de um único livro sintomaticamente intitulado Eu? Para res...

literatura paraibana chico viana augusto dos anjos existencialismo eu poetico eu lirico
Em que medida o elemento autobiográfico se insere na poesia de Augusto, autor de um único livro sintomaticamente intitulado Eu? Para responder a essa pergunta, tecerei breves considerações sobre a autobiografia, onde se conta a história de um eu, e sobre o gênero lírico, que também diz respeito à entidade subjetiva. Nosso propósito é apontar e discutir algumas passagens, ligadas à vivência do indivíduo Augusto dos Anjos, que de alguma forma se integram ao seu lirismo – fundado, como se sabe, numa visão muito particular da própria subjetividade e do mundo.

“Você tem um ouvido muito bom”. “Ele toca tudo de ouvido”... Tantas vezes escutamos alguém dizer isso sobre certos talentos, quando se fal...

literatura paraibana musica classica erudita ouvido musical memoria auditiva
“Você tem um ouvido muito bom”. “Ele toca tudo de ouvido”... Tantas vezes escutamos alguém dizer isso sobre certos talentos, quando se fala de música, quando música se ouve.

Entende-se que ter um bom ouvido está associado a boa memória auditiva, o que também ajuda aos considerados “afinados”, os bons de solfejo, que sabem entoar uma melodia ou tocar um instrumento.

Tenho um amigo-jardim. Ele planta flores nos meus dias. Cria quarentenas imaginárias, lugares povoados de rara beleza, fartas doses de poe...

auto ajuda otimismo quarentena jardim flores lembrancas
Tenho um amigo-jardim. Ele planta flores nos meus dias. Cria quarentenas imaginárias, lugares povoados de rara beleza, fartas doses de poesia. Ensinou-me muitas coisas — a mais importante delas sobre encontrar conforto e alegria nas pequenas dádivas escondidas no cotidiano.

Há muito tempo que eu adiava o horror que seria ir à casa onde morei e da qual carrego ainda comigo coloridas embora indesejáveis lembrança...

literatura paraibana cronica vida nova passado futuro incertezas
Há muito tempo que eu adiava o horror que seria ir à casa onde morei e da qual carrego ainda comigo coloridas embora indesejáveis lembranças. Mas era necessário ir pois havia uma quantidade enorme de essencialidades que eu precisava ter em mãos ou na mente, quando necessário. E digo a vocês: quantas vezes eu deixei para depois aquilo de que precisava ontem!

Conheci Rita Lee nos Mutantes . Ando meio desligado me pegou e nunca mais me des-conectei dessa turma. Mas quando li sua autobiografia (...

literatura paraibana critica autobiografia rita lee roberto carvalho saude netos rock mutantes
Conheci Rita Lee nos Mutantes. Ando meio desligado me pegou e nunca mais me des-conectei dessa turma. Mas quando li sua autobiografia (Globolivros, 2016), reconheci que não acompanhei sua carreira musical. Curti muitos discos, CDs, até assisti ao show Babilônia no Rio de Janeiro e literalmente fui lá — na Babilônia de todas as tribos do Circo voador. Cantei e dancei Ovelha Negra, Lança Perfume, Pagu, Miss Brasil 2000, 2001, Panis et Circenses, Doce Vampiro, Mania de Você, Baila comigo, Caso Sério, Nem Luxo nem Lixo, Atlântida, Tudo Vira Bosta, Reza.
Até hoje adoro o seu CD Bossa'N'Beatles e achei hilária a sua irreverência de comentário, quando Yoko Ono não autorizou uma música, pois, segundo Rita, a Srª Lennon deve ter traduzido ao pé da letra o título "Te Amo pra Xuxu!" para "I Love You for Cucumber!"

Até hoje gosto muito. E fui dançar num certo ano novo passado, nas areias de Tambaú, com a roqueira do cabelo vermelho mais alegrinha, recém saída de um auê em Aracaju.

Originado do sânscrito e que significa “professor”, o termo guru tornou-se popularmente a qualificação de alguém ,com extraordinária sab...

literatura paraibana vamberto costa rui leitao advocacia paraibana
Originado do sânscrito e que significa “professor”, o termo guru tornou-se popularmente a qualificação de alguém ,com extraordinária sabedoria, a quem recorremos em busca de orientação, conselhos, aprendizado. Geralmente é uma pessoa tida como referência para a nossa vida. Encontramos nele o exemplo em muita coisa que pretendemos ser ou fazer.

Resolvi ir longe nesta caminhada mental que ainda me fica. Dessa vez aonde nunca imaginara, mesmo andando para trás e por caminhos nunca p...

literatura paraibana julio dinis gonzagarodrigues poesia portuguesa
Resolvi ir longe nesta caminhada mental que ainda me fica. Dessa vez aonde nunca imaginara, mesmo andando para trás e por caminhos nunca percorridos.

Apeio-me onde a eletricidade ainda não chegou, tampouco o telefone. Automóvel nem pensar, sendo as febres, as endemias e epidemias, de um modo geral e cada uma a seu tempo e mais carregadas, os grandes incômodos de sempre.

O menino que se chamava Leonardo Francisco Salvatore Laponzina, nascido no Brooklin, filho de pais imigrantes sicilianos, sempre quis ser ...

literatura paraibana ensaio musica popular bossa nova lennie dale elis regina
O menino que se chamava Leonardo Francisco Salvatore Laponzina, nascido no Brooklin, filho de pais imigrantes sicilianos, sempre quis ser bailarino, como ele contou em um depoimento dado, em 1962, ao jornalista e produtor Ronaldo Bôscoli:

Ontem eu saí para ver a rua. Estava deserta e silenciosa. Uma mancha prateada no céu dizia que a lua estava lá. As nuvens esvoaçavam lembr...

conto adolescencia celio furtado cuite literatura paraibana
Ontem eu saí para ver a rua. Estava deserta e silenciosa. Uma mancha prateada no céu dizia que a lua estava lá. As nuvens esvoaçavam lembrando páginas de um livro que pareciam contar histórias de um passado distante.

Veio uma brisa fria com cheiro de chuva. E como numa espécie de encanto ouvi uma nuvem dizer:

“Se você quiser posso contar uma história?! “

Então ela começou a contar...

Cuité, julho de 1974.

Uma noite dessas de pandemia, sonhei com Albertina a senhora que trabalhou por muitos anos na casa do meu avô, onde vivi desde que nasci. ...

literatura paraibana lembrancas vida domestica lar familia rejane vieira
Uma noite dessas de pandemia, sonhei com Albertina a senhora que trabalhou por muitos anos na casa do meu avô, onde vivi desde que nasci. Foi um abraço tão bom, tão alegre esse reencontro.

Quando eu era criança ela não gostava que eu ficasse na cozinha, mas eu estava sempre lá fazendo alguma traquinagem. Nessa época, a galinha era comprada viva na feira e morta no quintal, horas antes do preparo, e eu acocorada acompanhava tudo bem de perto, mesmo com os protestos dela. Um corte no pescoço, rápido para tirar o sangue e fazer o molho à cabidela,

Datilografei meus primeiros romances – nos anos 70 - e algumas peças de teatro – nos anos 80. Os filmes de que participei como ator, naq...

literatura paraibana solha evolucao estrutura arte historia pintura solha
Datilografei meus primeiros romances – nos anos 70 - e algumas peças de teatro – nos anos 80. Os filmes de que participei como ator, naquele tempo - O Salário da Morte (de 69 ), Fogo Morto e Soledade ( de 76 ) não tiveram som direto, por isso eu e a maioria dos atores fomos dublados no Rio. Os comerciais que criei pra TV eram feitos em 16 milímetros e levados ao Recife, pois não havia o vídeo e não tínhamos emissoras locais.

Quando do último grande embate na faixa de Gaza, era o ano de 2009, escrevi os primeiros 3 poemas abaixo e inclui, de última hora, no meu ...

literatura paraibana faixa de gaza guerra palestina poesia jorge elias
Quando do último grande embate na faixa de Gaza, era o ano de 2009, escrevi os primeiros 3 poemas abaixo e inclui, de última hora, no meu livro “Rascunhos do absurdo”.

Outros momentos críticos ocorreram, e escrevi mais alguns poemas motivado pela crise humanitária na terra de origem de minha família.

Hoje, uma nova crise se instala na região. Muito triste ver o extremismo se instalando, novamente com força, no Mundo.

Escrevi o último poema, agora com uma mensagem de esperança. Compartilho com os amigos deste espaço literário dedicado à palavra.
A praça
Estaria reservado no escaninho dos deuses tão impensada tormenta? Movimento primevo: revoada dos pombos. Quebrado o instante, brancas penas restaram na praça. Crianças absortas, festejando o dia, imaginaram dragões e fadas. Anciões se entreolharam e cismaram do céu... Ato contínuo: zunido, estrondo, perplexidade. Malfadado encontro: pó e silêncio. Os primeiros gritos, embotados pela poeira do subentendido. O som antecipou a imagem suspeitada. Fez-se a desolação nos rostos que se ergueram. Os primeiros gestos, lentos, não acompanharam o frenesi do pensamento. Desespero. – Como é possível minar tanta água desses rostos de areia? Coube ao acaso a seleção dos fortes (que recolheram os corpos). Ao poema, cabe despejar sobre o chão, e na cara dos facínoras, uma resma de dúvidas. De algum ponto, cabe o recomeço.
Sonho no absurdo
Para Mahmoud Darwich
Não tirem do poeta a visão; podem condená-lo à loucura do mergulho no poema sem fim.
I O poeta sabe a textura exata do sonho. E por perceber que os números são símbolos que poderiam arrastar seu povo, foi o primeiro a se equilibrar nos destroços. Não azulava as dúvidas com preces e entendia a sujeira como um vício da realidade. Caminhando em silêncio, observou que a ausência de espaço não havia poupado nem mesmo as sombras. Homens desencontrados cruzaram o limite da incerteza e bradavam: – Não pedi esse conflito. Mas, na dúvida, deixo a arma engatilhada! Nunca foi do poeta o primeiro momento... II Aos primeiros que o ouviram disse: – Se abuso daqui à esquina de minha casa, perco o controle do dia. – A vida é ritual de pontes. Vejo triste, que entre o dito e o pensado ficou uma ponte tombada. – Hoje massacraram nossas verdades, e enxergamos o abismo. Choraram juntos a mais temida das mortes. III O poeta sente o absurdo do tempo humano. O homem aquietará. E juntos, todos os ponteiros deixarão de ter sentido. É do homem, buscar refúgio nos dias. IV Nos escombros, na esquina antes sem luz, sentaram as crianças. Diante delas o poeta circundou com o dedo seu corpo na areia. Com um salto surpreendeu-as com a facilidade que superou o limite de sua prisão. O poeta percebe o momento exato do nascimento do sonho. Não se ruminam os sonhos. eles se costuram e crescem...
Céu de bombas
Não interrompa o cotidiano das serpentes elas não buscam nos homens seu veneno.
Por que choras por mim meu pai? Cumpri com o que me coube nessa Gaza de feras. Em cada criança morta, sacrificada, um objetivo insano. Despeço-me do dia sob flashs e bombas. Uma fome doentia molhou teu corpo com meu sangue. Estrelas dos profetas cruzaram os céus e pulverizaram os créditos de minha infância. A ambição de poder comeu meu destino. Com a força, roubaram-me o sorriso. Meu pai, nem sei perguntar por quê. Não tive tempo para me nutrir de ódio. Pensando bem pai, que às lágrimas partam. Transpareças a indignação em teu rosto nas telas indiferentes do Mundo. Sobretudo, crê pai, crê no triunfo do olhar de tua filha, fosco de morte, voltado para esse lindo céu, reluzente de bombas, nessa noite de um domingo de fúria.
PACÍFICO
Ser o vento desperdiçando a força  nas folhas mortas                             (Um passo, ou outra maneira                                              de deslizar na existência)    E ao saber o nome das pedras atiradas, demovê-las da urgência de sangue.