(Linaldo Guedes) As coisas as coisas não surgem do mar a não ser na bahia de todos os cantos onde todos os afluentes deságuam negrumes salga...

Três poemas


(Linaldo Guedes)

As coisas

as coisas não surgem do mar
a não ser na bahia de todos os cantos
onde todos os afluentes
deságuam negrumes salgados

tambores em versos gregorianos
temperos no auriverde pendão do pelourinho

- e caetano me falando de outros santos que não rezavam agonias
- e das baianas com estranhas liturgias dentro das anáguas

oração na igreja do bonfim: as coisas só surgem se amar.

Lugares

gosto de estar em lugares que já li
- ser cúmplice das angústias e presepadas
de riobaldo, de quaderna, de macunaíma
(eles sabem mais de mim do que o terapeuta que nunca vou ter)
com eles, construí um pacto com o cramunhão
para ser o gênio da raça brasileira
mas, anti-herói que sou, não sai dos livros
e dos lugares que ainda serão lidos.

Ladainha

um oásis se constrói com desertos
perto
(ou)
longe
um oásis se constrói em desertos
perto
(e)
longe
um oásis se constrói
(e os desertos?).

(Do livro, ainda inédito, "Cabo Branco e outros lugares que não estão no mapa")

(Lustração: Pintura de Bruno Steinbach."Cabo Branco, visto da Praia do Seixas". Óleo/tela, 50x70 cm, dez 2006, João Pessoa, Paraíba, Brasil. Coleção: Marcelo Steinbach Silva (in memoriam)


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