Existem pessoas que não nasceram para viver no anonimato. Nem procuram ganhar notoriedade, destacam-se naturalmente por suas qualidades sin...

Apito de Ouro

rui leitao ambiente de leitura carlos romero apito de ouro guarda de transito

Existem pessoas que não nasceram para viver no anonimato. Nem procuram ganhar notoriedade, destacam-se naturalmente por suas qualidades singulares, por serem diferentes, por se destacarem no que fazem. A característica maior é o amor com que abraçam o exercício de seus atributos.

rui leitao ambiente de leitura carlos romero apito de ouro guarda de transito
Antônio Augusto da Silva
Um bom exemplo desse fenômeno era o inspetor de trânsito Antônio Augusto da Silva, que viria a ser conhecido como “Apito de Ouro”, a partir de 1973 quando foi homenageado pelo delegado Marcilio Pio Chaves, ao receber, como símbolo do reconhecimento do extraordinário serviço prestado no controle do tráfego da cidade, um apito banhado a ouro.

Ex-pedreiro, desejou ser guarda rodoviário, sonho impossibilitado de realização em razão da sua pouca formação escolar. Ao chegar na Capital conseguiu se incorporar à Polícia Militar e, por definição do destino, foi convidado a exercer as funções de oficial de trânsito. Assumiu seu novo ofício com entusiasmo e extrema dedicação.

Nos seus trinta anos trabalhando nas ruas com a missão de organizar o trânsito, nunca aplicou uma multa sequer. Dizia que, antes de tudo, seu papel era de educador, orientar sem necessariamente punir. Impressionava a habilidade com que utilizava o apito e os braços para indicar aos transeuntes e motoristas como deveriam se conduzir no tráfego.

rui leitao ambiente de leitura carlos romero apito de ouro guarda de transito
“Apito de Ouro” foi um ícone na educação do trânsito em João Pessoa, nas décadas de sessenta e setenta. Ganhou o respeito e a admiração, não só pela competência, mas também pela simpatia. Soube, como ninguém, fazer uso da fama sem se deixar influenciar pelo orgulho ou vaidade. Recebia os elogios com humildade, mesmo quando a homenagem vinha do seu chefe maior, o governador, que fez questão de manifestar publicamente o reconhecimento da eficiência do seu trabalho em favor da população.

Sua atuação nas ruas era um espetáculo à parte, um show. Merecia ser mais lembrado, para que servisse de exemplo aos que na atualidade têm a delicada incumbência de dar organização ao tráfego de nossa cidade. Fica aqui registrada a a minha reverência a esse profissional que honrou a farda que vestiu, tornando-se uma referência de disciplina, desvelo e responsabilidade na execução de suas tarefas.


Rui Leitão é jornalista e escritor

COMENTE, VIA FACEBOOK
COMENTE, VIA GOOGLE

leia também