Tem um banquinho aqui no sítio chamado Banco da Contemplação. Fica de frente para um vale e no horizonte a gente avista o mar. Nesse momen...

Contemplação

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Tem um banquinho aqui no sítio chamado Banco da Contemplação. Fica de frente para um vale e no horizonte a gente avista o mar. Nesse momento, olhando para o sul, vejo o céu levemente alaranjado, mas ao norte ele está azul e as silhuetas dos montes contrastam com as últimas luzes do dia. Depois vem o Atlântico, o horizonte e uma linha separando os azuis do céu e do mar.

Contemplar é olhar com profundidade, é reparar, refletir, indagar e absorver. A natureza ocupa todos os espaços. Até os cantinhos desprezados lhe interessam. Tem formigas interessadíssimas na folha amarela
que caiu do pé de manga; passarinho “de olho” no mamão de vez; cupins sonham com uma madeira podre; aranhas ficam vidradas nas mariposas voando desajeitadas em volta da lâmpada. Todos debaixo do mesmo céu.

O que é lixo pra uns é luxo pra outros.

Bactérias, formigas, cupins, baratas, cachorros, quatis, gambás, árvores, pessoas, móveis, bicicletas, carros e paredes ocupam e dividem espaços.

É o mundo acontecendo.

Lembrei disso porque semana passada esqueci minhas botas de boca pra cima e hoje quando fui calça-las tinha uma perereca habitando o recinto escurinho.

Finalzinho da tarde e as cigarras se despedem do dia intensificando seus cantos, eu acho que elas dizem: isso isso isso isso isso issoissoissoisso… Já meu filho acha que elas são meio inseguras e cantam dizendo: e se, e se, e se, e se, e se, e se, e se…. Não chegamos a um acordo, se alguém souber traduzir do “cigarrês” para o português, por favor nos esclareça.

Os sons do dia vão se aquietando e aos poucos as “criaturas da noite” vão dando as caras. Bem cadenciado o sapo martelo começa a marcação do ritmo. Um bando de jacupembas fazem um escarcéu no pé de jamelão, parecem brigar comigo por eu estar perto do cacho de bananas que estão degustando.

“Pintou” um grilo, sem pedir licença iniciou seu solo intenso, estridente e ininterrupto. Por questão de sobrevivência, depois de alguns minutos o cérebro “desliga”e a gente para de escutar esse solo de gosto duvidoso.

Escureceu, o vento terral desceu frio penteando a montanha e me obrigando a levantar do banco da contemplação.

Muitas estrelas já estão aparecendo, a lua está do outro lado do atlântico e nessa noite o show será da Via Láctea.

Obs.: Olha ali, ó... um vagalume. Incrível como um inseto tão pequeno já sabe dar seta.

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