Há muito tempo, o materialismo, o niilismo, o ateísmo, interpõem-se como resistente bloqueio de união entre Ciência e Religião. Os materia...

O materialismo sucumbe

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Há muito tempo, o materialismo, o niilismo, o ateísmo, interpõem-se como resistente bloqueio de união entre Ciência e Religião. Os materialistas refutam qualquer entendimento entre as duas correntes, e os espiritualistas nunca viram com bons olhos tais conflitos.

A História registra lamentáveis episódios entre pensamento científico e vertentes religiosas que chegaram a se confrontar com resquícios de violência. Galileu foi obrigado pela religião dominante a desdizer revelações que depois se confirmaram pela Ciência. Joanna D’Arc foi presa, queimada,
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Kandinsky ▪ 1924
considerada uma “bruxa do mal” porque protagonizava um fenômeno mediúnico, hoje conhecido como psicofonia. Terminou canonizada.

Miguel Servet, cientista espanhol que criou um dos primeiros modelos de circulação pulmonar, foi acusado de heresia por católicos, protestantes e condenado à fogueira. É difícil enumerar tantos outros muitos exemplos de perseguição e conflitos entre Ciência e Religião.

Todavia, fatos e tendências emergem progressivamente, e, em vez de separar essas duas importantes vertentes do ser, do pensar e do sentir vêm harmonizando-as com surpreendente notoriedade.

Quanto mais cientistas pesquisam os mistérios da vida, da energia, da matéria, do magnetismo, do universo quântico e cósmico, mais se fortalecem ideias que apontam para uma inteligência imanente às leis naturais.

Com o desenvolvimento das experiências, vai-se tornando evidente que, por trás do fenômeno da existência e das maravilhas do infinito onde orbitam bilhões de galáxias, há algo de lógico, muito distante de um acaso, ainda que tão supostamente “inteligente”, quanto difícil de se conceber...

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Wassily Kandinsky ▪ 1933
Aos poucos, consubstancia-se a crença em uma força inteligente que conduz o Universo, suas leis, mecanismos e fenômenos, E as novas descobertas atestam que a matéria não existe da forma como se pensava, como massa inerte, desafiando o ceticismo radical de quem se considera materialista.

A ideia da divindade que grandes cientistas a exemplo de Einstein, Niels Bohr, Erwin Schrödinger alimentaram, desde o final do século 19, distancia-se da forma equivocada como algumas religiões entendem o seu Deus: uma entidade antropomorfa, tirana, isolada de sua própria criação, que pune, castiga e deve ser temida.
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Kandinsky ▪ 1939
Talvez seja exatamente esse o motivo pelo qual vários filósofos e cientistas tenham se afastado das religiões...

Quando Einstein insinuou algum tipo de fé na frase “quanto mais me aprofundo na Ciência, mais me aproximo de Deus”, o mundo se espantou, pois era uma afirmação de um dos maiores cientistas do século. Profundamente lúcido e reticente quanto à fé cega, dogmática e às alegorias fantasiosas das escrituras antigas, chegou a profetizar:

“A religião do futuro será cósmica e transcenderá um Deus pessoal, evitando os dogmas e a teologia”.

Isso nos lembra considerações feitas por Dr. Gilson Freire, médico e escritor espírita mineiro, com referência às recentes descobertas da física moderna e sua repercussão no futuro das religiões, a seguir transcritas:

“O primeiro grande feito da física quântica, com importante respaldo na moderna visão de mundo, foi a destituição da matéria como substrato último da complexidade universal. As conclusões, evidenciadas nas fórmulas de Erwin Schrödinger, demonstraram que a matéria não pode ser decomposta em partículas fixas e fundamentais. Sua base final é um processo dinâmico, destituído de forma ou qualquer vestidura.

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Kandinsky ▪ 1924
Sua segunda proeza foi concluir que partícula e onda são fenômenos de mesma natureza, distinguindo-se não pela essência, mas por momentânea forma de se manifestarem. Como consequência dessas primeiras evidências, a realidade concreta desvaneceu-se aos olhos da magia quântica. O universo físico não pôde mais ser explicado pela matéria e suas propriedades, pois esta não tem existência real e independente. Tudo que existe tornou-se expressão de eventos imateriais, destituídos de qualquer concretude.

A matéria, agora feita de ilusões, desaparece como o último estofo do universo físico. E com a morte desta, sucumbe também o materialismo que conduziu o pensamento humano nos três últimos séculos.”

Assim, as verdades científicas convergem-se e apontam para a existência de uma causa de natureza inteligente em tudo o que existe.

Há aproximadamente duas décadas, o geneticista Francis Collins, criador do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, chocou a comunidade científica ao afirmar sua crença em Deus, tão maravilhado que ficou perante a perfeição do fenômeno genético. Desse encantamento veio a publicação do livro “A linguagem de Deus”.

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Kandinsky ▪ 1929
Em junho de 2014, o professor Carlos Augusto Romero Filho, físico, pós-doutor em Cosmologia e Gravitação pela Universidade de Londres, concedeu entrevista ao jornal centenário paraibano, A União, em que se confessou surpreso com a consistência e a coerência das questões e respostas formuladas no “Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, publicado em Paris no ano de 1857, sobre assuntos relacionados à física, ao magnetismo e às propriedades da matéria”.

Há pouco mais de dois anos, na Pensilvânia (EUA), o cosmólogo brasileiro Marcelo Gleiser foi laureado com o “Prêmio Templeton”, considerado o “Oscar da Espiritualidade”, já concedido no passado a líderes religiosos como Madre Teresa e Dalai Lama. As afinidades divinas de Gleiser, no entanto, vêm de mais longe, desde quando escreveu “A Dança do Universo”, em 1997.

São tendências que confluem à consciência do divino imanente em um imponderável fenômeno que une criador e criatura, que parece predispor pacificação entre a Ciência e a Religião baseada em uma fé racional.

Em apenas uma doutrina religiosa, o Espiritismo, inexiste qualquer concepção antropomorfa de Deus. Muito menos de uma divindade ameaçadora, tendo sida descrita por seu codificador como uma revelação de tríplice aspecto: Religião – Ciência – Filosofia.

A Criação Divina (ou Deus, como preferem estabelecer muitas religiões) foi descrita pelo espíritos que auxiliaram Allan Kardec em suas pesquisas como “Inteligência Suprema, Causa Primária de Todas as Coisas”, definição que se contrapõe à ideia de um mentor, dirigente absoluto, gestor do Universo. Há na clássica expressão um conceito capaz de aproximar a Ciência da Religião sob o condão de ligar o homem a Deus em essência universal, e não dual.

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Kandinsky ▪ 1926
O próprio Allan Kardec recomendou: “Se algum dia a Ciência provar que o Espiritismo está errado em determinado ponto, abandone este ponto e fique com a Ciência".

Ciência que progressivamente se afasta do materialismo, reforçando o que Pietro Ubaldi , filósofo espiritualista italiano — a quem Albert Einstein endereçou cartas pessoais de admiração —, ensinava ao mundo, lá pela metade do século 20. Sua obra “A Grande Síntese” (proibida pela Igreja em 1939) foi epigrafada como "Síntese e Solução dos problemas entre Ciência e Espírito". Em outro livro, “A Nova Civilização do Terceiro Milênio”, Ubaldi já prenunciava:

“O imponderável, antes repelido e negado, voltará ao mundo, atendendo ao apelo do homem”.

Assim se vê, década após década, por meio da própria Ciência, que o espírito resplandece e a matéria sucumbe...

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  1. Simplesmente uma apresentação tão lógica e conceitual ..que é difícil de aplicar malabarismos conceituais!!..sejam quais forem.
    Paulo Roberto Rocha

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  2. 👏👏👏👏👏👏👏👏👏🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏❤️❤️❤️❤️❤️

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  3. Perfeito desde o começo,
    ab ovo,
    o poema não teria um primeiro versículo como o do Velho Testamento,
    mas do Novo,
    onde,
    no evangelho de João,
    se lê que No Princípio era o Logos - ... a Inteligência,
    a Razão.
    -
    ( Início de meu livro mais recente, 1/6 de Laranjas Mecânicas, Bananas de Dinamite )

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  4. Caro Germano, um texto lúcido que corrobora as grandes teses do Espiritismo a respeito da Inteligência Suprema do Universo, da matéria, na visão quântica e do Espírito, seres inteligentes da criação em constante evolução. Gratidão pela aula.

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  5. Para expressar a admiração pela aula de profunda sabedoria, não há outra forma mais completa de assim agir, se não usando o adágio popular: "falou e disse."

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  6. Mercedes Pessoa Cavalcanti12/3/22 18:44

    Texto instigante, que captura a nossa atenção, numa espécie de hipnose que nos agarra pelo modo provocativo, cativante e cheio de empatia; a relatar os mistérios e as verdades a nocautear o materialismo, aproximando, inexoravelmente, a ciência e a religião.

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