Gosto de ver antigas gravações de concertos para piano e orquestra, com Friedrich Gulda, Daniel Barenboim, Leonard Bernstein levantando-se do teclado, passando a reger a sinfônica.
Gosto de ver Chaplin, Woody Allen, Orson Welles e Clint Eastwood trabalhando em filmes de que eles mesmos escreveram os roteiros e dirigem.
Gosto de ver Chaplin, Woody Allen, Orson Welles e Clint Eastwood trabalhando em filmes de que eles mesmos escreveram os roteiros e dirigem.
É extraordinário ver o barítono Jose van Dam – protagonista de O Mestre da Música – nos arrebatando, logo no início do filme, com o inusitado tempo que usa, em sua última apresentação, para encerrar a belíssima ária “Di provenza il mar il suol” , de La Traviata.
Gosto de pensar em Sartre criando uma obra-prima teatral como Mortos sem Sepultura, um grande romance como A Náusea e um tratado filosófico feito O Ser e o Nada.
– "Quando éramos crianças, – diz uma das personagens de meu romance Arkáditch – papai tinha um canivete... Victorinox. Dele puxava o saca-rolhas, o abridor de garrafas, a lima de unhas – cerca de quinze ferramentas miúdas – e dizia: Somos como isto aqui: o que quisermos ser, seremos. Ou quase."
Hemingway dizia ter aprendido a construir paisagens verbais com Cézanne.
Burgess compunha uma fuga antes de escrever algo como Laranja Mecânica, Sementes Malditas, Sinfonia Napoleão, "pra apurar o ouvido."
As artes são todas interligadas, ou Miguelângelo não teria pintado a Sistina e esculpido o poderoso Moisés, calculado a gigantesca cúpula da Basílica de São Pedro e deixado vários poemas.
A arte de quem faz literatura - poesia ou prosa - consiste em produzir imagens - tal como o fazem o pintor, o escultor, o cineasta, o coreógrafo e o diretor teatral – mas… virtuais, sem nunca dispensar a música das palavras. Como nos versos com que o grande cronista e crítico de Arte Affonso Romano de Sant´Anna abre o poema Pedra Fundamental, dizendo
"A Catedral de Colônia
é uma escura montanha
de pedra, palavra e espanto."
“Veja” este trecho cinematográfico do romance Grande Sertão: Veredas, do Guimarães Rosa – cônsul-adjunto em Hamburgo, onde foi uma espécie de Schindler com sua fabulosa mulher, Aracy Moebius:
“Levou na cara e nos peitos o cheio duma carga de chumbo fino. Cegou, rodou, entrupicado, arreganhava os braços, todo se sarapintando das manchas vermelhas que cresciam.”
Multiartista – é o nome que se usa para gente como foi Mário Lago, ator, autor, compositor e militante político, ou Umberto Eco - romancista e autor de obras de semiótica, filosofia e estética medieval, bem como é o Miguel dos Santos – pintor, poeta e ceramista, ou Madonna - cantora, compositora, atriz, dançarina e produtora musical.
Muitos viram dançando – em Zorba, o Grego - o ator que já ganhara o Oscar pelo papel de Pancho Villa em Viva Zapata e de Gauguin em Sede de Viver, Zorba, o Grego. Bem, ele já fora açougueiro e boxeador. "Más de ochenta pinturas y esculturas realizadas por el se exponen hasta finales de octubre de 2015 en el Museo Nacional Helénico de Chicago."
Victorinox. O nome do canivete.