O melhor das viagens são as caminhadas. Percorrer avenidas, ruas ou becos pelo simples pra...

Notas de viagem

paris porto cronica viagem
O melhor das viagens são as caminhadas. Percorrer avenidas, ruas ou becos pelo simples prazer de olhar o cenário. Perder-se no tempo e no espaço sem outro propósito senão o de sentir a atmosfera do lugar – enquanto o grosso da população marcha com aquela pressa característica de quem tem coisas a fazer.

Em Porto, houve uma ocasião em que o grupo se confundiu no trajeto para o hotel e andou mais do que devia. Embarafustamos por becos, travessas, ladeiras pedregosas e perdemos o rumo. Os ossos e músculos reclamavam do sobe e desce e da trepidação. Isso durou bem uma hora e meia.

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Cidade do Porto (Portugal) Kenneth Vellinga
Como haviam dito que as pessoas do lugar não gostavam de dar informações (o que depois constatamos ser falso), evitávamos abordar quem quer que fosse. Mas chegou um momento em que era preciso se informar. Alguém então se destacou do grupo e procurou falar com uma senhora que estava a uns 50 metros. Vi que ela dizia alguma coisa e apontava para um de nós.

A colega voltou com informações precisas, e disse que a mulher fora muito prestativa. Sensibilizara-a, sobretudo, a presença no grupo “daquele senhor de cabelos brancos, coitado, que não sei como está aguentando”. “Aquele senhor de cabelos brancos” era eu.

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Denise e Chico Viana em Porto (Portugal)@chico.viana

A maioria dos banheiros dos hotéis que visitei se desmembrava em mais de um cômodo. Havia os que apresentavam três – um para o banho, outro para as necessidades fisiológicas, e um terceiro para a pia onde se faz a barba, lava o rosto etc.

Não sei com que propósito é feita essa divisão, que me parece muito pouco prática – e mesmo anti-higiênica. Imagine o indivíduo fazer, como se diz, o Número 2, e não ter como de imediato lavar as mãos. Ou seja: precisar girar a maçaneta da privada para, em outra dependência, higienizar-se devidamente. Fiquei pensando o quanto havia de micróbios naquelas maçanetas, já que (convenhamos) o papel higiênico não garante uma total imunidade contra os micro-organismos.

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Nik Lanus
No banheiro de um dos hotéis, pasmem, não havia onde colocar a toalha que se devia usar após o banho. Ela ficaria em outro cômodo, de modo que se tinha de sair molhado da banheira para chegar a ele. E depois, claro, limpar os respingos no chão. Esse tipo de divisão vai de encontro a um dos mandamentos da arquitetura, que é harmonizar o espaço ao corpo, e não o contrário. Torna difícil e complicado praticar ações elementares da nossa fisiologia.


Na capital francesa ficamos no Hotel Paris Opéra, localizado num setor excelente do Boulevard Montmartre – com lojas, restaurantes e cafés que convidam a um hábito característico da cidade: sentar-se e ficar lendo ou simplesmente vendo o tempo passar.
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Montmartre (Paris) Bee.girl
Paris é uma festa móvel, mas se pode festejá-la parado, vivendo internamente o seu burburinho Uma boa surpresa foi ver que o nosso hotel ficava quase em frente à Passage Jouffroy, um recanto que preserva o clima da Belle Époque e apresenta uma grande variedade de lojas. Ele quase não é percebido pelos turistas, mas tem seu charme e merece ser visitado. Para os amantes da música, dispõe de um apelo especial: entre 1830 e 1840 Frédéric Chopin costumava atravessá-lo para dar concertos na Salle Pleyel. Não por acaso, o hotel ao fundo da passagem leva o nome do compositor polonês.

Entre as lojas que existem no local, uma nos chamou a atenção: a Pain d’Épices, onde se encontram brinquedos infantis e miniaturas capazes de atrair não só crianças como também adultos. A visão do estabelecimento logo nos fez pensar nos netos, que não poderiam deixar de receber pelo menos um daqueles curiosos artefatos. Como resistir? Comprar lembranças para eles era uma forma de abrandar a saudade.

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Loja Pain d’Épices (Montmartre) @pagesjaunes

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