— Se você tivesse asas, voaria ao Paraíso?
E ela respondeu:
— Não. Eu iria além do Paraíso, até Deus. Porque não busco a recompensa, mas sim o Amado.
Esse tipo de amor é chamado em árabe de "ḥubb li-llāh", ou "amor pelo Próprio Deus", e é o centro da mística sufi, particularmente nas obras de Rabi’a.
Alessandro Cancian
Quando somos jovens, queremos conquistar o mundo, experimentar o novo, buscar aventuras. Mais tarde, porém, o coração deseja apenas se refugiar, descansar e se reconectar com a sua essência.
Como o vento muda de direção, assim também mudam os nossos impulsos de “voar”, de migrar internamente para outros estados de alma: mudar de profissão, de estilo de vida, de crenças, de afetos. Cada sentimento, seja saudade, inquietação ou dor, nos impulsiona a novos caminhos, reais ou imaginários.
Md Akbar Ali
Os desejos humanos não são estáticos, sempre mudam. Contudo, qual o destino seguro? Afinal, mesmo com asas, podemos nos perder...
Intuitivamente, desejamos voar para onde há paz, silêncio e beleza, talvez para um campo florido ao amanhecer, para uma montanha envolta em neblina ou mesmo para o mar aberto sob o pôr do sol. Lugares onde a alma possa respirar fundo.
@prismatically
Nenhum abrigo terreno é tão estável quanto o amparo divino. Nenhuma realização exterior substitui o acolhimento da Presença de Deus em nosso íntimo, pois a paz verdadeira não está fora, mas dentro de nós, quando descobrimos e cultivamos a nossa ligação com o Criador. Essa ligação é o voo mais sublime, é o voo da alma que confia em Deus, que o ama, que se entrega a Ele.
@SageSistas
Nos momentos de dor, de dúvida ou desespero, "voar até Deus", buscar a Sua Presença em oração, no serviço ao próximo e na prática do bem, é o melhor e mais seguro plano de voo.
Voltar para Deus não é uma fuga da vida, mas um impulso de fé que nos move a trabalhar, perdoar, recomeçar e amar. E o melhor disso é saber que, quando sentimos necessidade de Deus, é porque Ele já está conosco.
@mindveg
Foi a mesma poetisa e mística sufi que abriu esta crônica que também escreveu uma das mais belas orações já feitas pela mão humana:
"Ó meu Deus, se Te adoro por medo do Inferno, queima-me nele.
Se Te adoro pelo Paraíso, exclui-me dele.
Mas se Te adoro por Ti Mesmo, não me negues a Tua Beleza Eterna."