Todas as manhãs de domingo ele saía silencioso do quarto. Ia à padaria, comprava pães quentes, derretia queijo, fazia café, tirava as seme...

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Todas as manhãs de domingo ele saía silencioso do quarto. Ia à padaria, comprava pães quentes, derretia queijo, fazia café, tirava as sementes do mamão. Trazia até a cama e me acordava com brincadeiras. Fazia tudo isso sagazmente, premeditando receber recompensas.

Às vezes o amor simplesmente acontece. Manso, ele te encontra numa rua sem asfalto, em tarde de sol. De repente, tudo brilha e refulge ao ...

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Às vezes o amor simplesmente acontece. Manso, ele te encontra numa rua sem asfalto, em tarde de sol. De repente, tudo brilha e refulge ao teu redor. Ele te faz rir, desarmado. Um instante depois te atira numa espiral que converte a vida em turbilhão. Um frenesi de gozo e lágrimas regado a sangue escaldando e que te faz escutar algo feroz rugindo no teu peito a ponto de espalhar dor e sal, mel e água de rosas no teu espírito atemorizado. Não tão simples e nada manso, afinal. Amor, dizem. De quem falo neste texto? De mim, de ti, dos Beatles ou de Get Back, o documentário de Peter Jackson? De todos nós, por certo, já que “Get Back” me fez escrever sobre os Beatles com um olho fixo nas impurezas e no esplendor que movem a nossa humanidade. Um filme que contém todo o deleite, a tensão, as ásperas lutas e a graça da existência.

A necessária prova do café e do vinho. Os amargores diferenes na mesma boca. Um beijo rubro, vermelho, indomável. A alternância da língua...

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A necessária prova do café e do vinho. Os amargores diferenes na mesma boca. Um beijo rubro, vermelho, indomável. A alternância da língua a experimentar sabores, amores, odores. Daqui é possível ver tudo, talvez não compreender um mundo, mas mundos. O copo pela metade da negritude inebriante da alma, a taça meio cheia da embriaguez do corpo. Feito sol no Sertão a desfalecer verdades, construir sonoridades ao pé do ouvido, erguer brindes.

Desde algum tempo, recorrem à minha memória passagens infanto-juvenis, fazendo aflorar e reencontrar os meus Mestres e Mestras, os quais,...

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Desde algum tempo, recorrem à minha memória passagens infanto-juvenis, fazendo aflorar e reencontrar os meus Mestres e Mestras, os quais, por suas mãos, me conduziram aos umbrais do conhecimento. Foram fundamentais a convivência e o aprendizado nos bancos escolares, quase sempre sisudos e vetustos. Lembro-me, com precisão, de Irmã Cristina do Colégio das Lourdinas, que me acolheu, aos cinco anos. Ela, admirável e impenetrável sob o seu puro e alvo manto, era dona de beleza cúmplice, dotada de uma delicadeza que me seduziu.

Um dia minha juventude botou na cabeça ir morar na Inglaterra. A fascinação pelos Beatles pode ter influenciado a ousada decisão.

Um dia minha juventude botou na cabeça ir morar na Inglaterra. A fascinação pelos Beatles pode ter influenciado a ousada decisão.

O texto de humor é excelente material para o estudo da língua. Isso porque os recursos que levam...

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O texto de humor é excelente material para o estudo da língua. Isso porque os recursos que levam ao riso decorrem de uma relação peculiar entre significante e significado. O efeito humorístico vem de uma ruptura que, como no texto poético, promove uma desautomatização do sentido. Espera-se uma coisa, e aparece outra. Primeiro, o ouvinte/leitor se depara com o imprevisto; depois, constata que esse imprevisto aponta para outro sentido, portador de uma intenção crítica ou irônica.

A propósito de quê, escolhi este tema para tratar? Muito simples, vou contar. Estava relendo tranquilamente O livro dos fragmentos, de Ant...

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A propósito de quê, escolhi este tema para tratar? Muito simples, vou contar. Estava relendo tranquilamente O livro dos fragmentos, de Antonio Carlos Villaça (Editora Civilização Brasileira, 2005), quando, às páginas tantas, ele assim se refere ao maestro Ricardo Duarte, seu amigo: “... tão fino, tão delicado, tão sensível, tão introspectivo, casado com mulher forte”. Veja só. Esta expressão, “casado com mulher forte”, é suficiente, pelo menos para mim, para formar de imediato uma imagem desse casal. Ele, tímido, calado, muito educado, certamente; ela, mandona, extrovertida, decidida, a dona da última palavra sobre tudo. Quem já não conheceu uma mulher assim?

Paraíba, 17 de abril de 2022

Paraíba, 17 de abril de 2022

    DOMINGO DE PÁSCOA esperei a mansidão da manhã e os primeiros acervos coloridos do sol esperei ouvir a ladainha dos pardais e ...

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DOMINGO DE PÁSCOA
esperei a mansidão da manhã e os primeiros acervos coloridos do sol esperei ouvir a ladainha dos pardais e o alerta indiscreto dos bem-te-vis uma noite inteira sumido na mansidão da espera recolhi os mantos invisíveis da ausência e as resinas decompostas do sereno

Há 3 anos que faço parte de um clube de leitura: Livros da Frederica . Semana passada tivemos a ilustre presença da querida e aclamada Mar...

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Há 3 anos que faço parte de um clube de leitura: Livros da Frederica. Semana passada tivemos a ilustre presença da querida e aclamada Maria Valéria Rezende. Vencedora de muitos Jabutis (cinco), o maior prêmio da literatura brasileira, e mais outros tantos. O seu romance Quarenta Dias (Alfaguara, 2014) era o nosso livro do mês. Valéria é um tsunami ambulante. Uma jovem mulher beirando 80 anos, com a energia de 30! E nós, o grupo, desmaiamos na escuta. Emocionadas, não queríamos falar mais nada diante das histórias de vida e de literatura que ela nos contou.

Em um artigo de 1946, publicado na “Folha da Noite”, Belmonte (Benedito Barros Barreto, 1896-1947), o notável caricaturista criador de ...

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Em um artigo de 1946, publicado na “Folha da Noite”, Belmonte (Benedito Barros Barreto, 1896-1947), o notável caricaturista criador de Juca Pato (personagem que, durante muito tempo, foi um dos símbolos de São Paulo), trata dos erros que aconteciam na imprensa de antigamente,

A Bíblia, o Alcorão, o Torá, o Bhagavad Gita, o Mahabharata, o Vedas, o Talmude, o Tao Te Ching, o Avestá, e muitos outros, são antigas e...

A Bíblia, o Alcorão, o Torá, o Bhagavad Gita, o Mahabharata, o Vedas, o Talmude, o Tao Te Ching, o Avestá, e muitos outros, são antigas e sagradas escrituras que atravessam milênios, lidas e cultuadas, ensinando e trazendo sabedoria à humanidade. A Codificação Espírita é bem mais recente, organizada e publicada por Allan Kardec, há apenas 165 anos, no dia 18 de abril de 1857, em Paris.

Não deve ser necessariamente um álbum, pode ser uma dessas caixas não muito grandes, de madeira ou de papelão, essas últimas, das que usam...

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Não deve ser necessariamente um álbum, pode ser uma dessas caixas não muito grandes, de madeira ou de papelão, essas últimas, das que usamos para proteger algum presente que pretendemos ofertar. Caixa de sapato já acho que não fica bem, pois o que vai dentro dessa arca improvisada merece nossa consideração e respeito. Estou falando do quê? Das fotografias, meus amigos, minhas amigas.

Dante e Virgílio chegam ao Sétimo Círculo do Inferno, onde é punida a violência, contra si, contra o próximo e contra Deus. Este Círculo é...

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Dante e Virgílio chegam ao Sétimo Círculo do Inferno, onde é punida a violência, contra si, contra o próximo e contra Deus. Este Círculo é muito complexo e se divide em três Giros. No primeiro Giro, estão os violentos contra pessoas: tiranos, homicidas e salteadores (Canto XII); no segundo Giro, encontram-se os suicidas e os perdulários, violentos contra si próprios (Canto XIII); no terceiro Giro, veem-se os blasfemos, sodomitas e usurários (Cantos XIV, XV e XVI).

      Pra eu não morrer de saudades Resolvi tocar pra ti velar teu sono agitado consolar teus negros dias pintá-los com cores cá...

 
 
 
Pra eu não morrer de saudades
Resolvi tocar pra ti velar teu sono agitado consolar teus negros dias pintá-los com cores cálidas quero ainda agradecer por nossas tardes tranquilas quando eu estava perdida em meu labirinto infrene

A minha Semana Santa começa sendo vista sob um novo ponto de vista. Na leitura matinal de hoje, n’A União fui surpreendido por dois excel...

A minha Semana Santa começa sendo vista sob um novo ponto de vista. Na leitura matinal de hoje, n’A União fui surpreendido por dois excelentes artigos. O primeiro, de Rui Leitão, versa sobre a volubilidade das multidões. De forma inteligente, ele traça um paralelo com o que aconteceu a Jesus Cristo, há 1989 anos, e o comportamento da humanidade nos dias de hoje.