Aluno não é gente, é uma criatura irritantemente feliz. José Maria Soares de Oliveira , professor de Biologia Há alguns anos resolv...

estudante escola cursinho magisterio
Aluno não é gente, é uma criatura irritantemente feliz.
José Maria Soares de Oliveira, professor de Biologia

Há alguns anos resolvi escrever acerca do que presenciei de cômico e inusitado em uma sala de aula e no seu entorno. À época em que comecei a registrar essas memórias já eram mais de 40 anos lecionando, principalmente em cursos pré-vestibulares. Aqueles auditórios lotados eram também terras férteis para colher essas histórias, ou se preferirem, esses causos.

Há muitos fazendo poemas e, poucos, poesia. Explico: o que existe em profusão é a escrita feita através da disposição de versos, que pr...

poesia literatura
Há muitos fazendo poemas e, poucos, poesia. Explico: o que existe em profusão é a escrita feita através da disposição de versos, que produzida em alta escala padece de uma linguagem mais elaborada, sem estranhamento, com pouca exploração das figuras de linguagem.

Era pedra e asfalto o traçado de balé... Era de vegetação seca e retrovisor molhado o horizonte à frente e o espaço que se distancia...

cariri paraiba paisagem rural
Era pedra e asfalto o traçado de balé... Era de vegetação seca e retrovisor molhado o horizonte à frente e o espaço que se distanciava. Era a música que se perdia com os desníveis da Terra. Assim como era ouro o manto que se soltava ao se afastar rumo ao leste, trocando de roupa pelo negro noturno que avançava, encobrindo o que já fora dia. E era festa por todos os lados, era silêncio também em seus intervalos.

Enquanto observávamos o espaço onde estão os livros e outros objetos, guardados com esmerado cuidado depois da passagem do seu marido...

poesia janelas cronica literatura paraibana
Enquanto observávamos o espaço onde estão os livros e outros objetos, guardados com esmerado cuidado depois da passagem do seu marido, a professora e imortal Neide Medeiros mostrava sua produção de quadros tendo as janelas como tema, pintados em momentos de rara inspiração. Ela trabalha com pinturas figurativas, rostos humanos, mas são as janelas guardadas na memória que estão presentes em suas aquarelas.

São vários os critérios para se considerar elevada uma literatura. O principal deles se liga ao própri...

alta literatura
São vários os critérios para se considerar elevada uma literatura. O principal deles se liga ao próprio conceito de literatura, que é a “a arte da palavra”. Arte é técnica, domínio do material para a obtenção de um resultado. Por essa ótica, a boa ou alta literatura é aquela em que se usa bem a palavra para conseguir o efeito estético. É basicamente pelo manejo criativo da língua que se produz uma literatura de qualidade.

Tempo é moeda rara na vida adulta. Os dias se comprimem entre relógios de ponto, contas a pagar, filhos com febre e metas profissionais...

amizade cotidiano idade tempo
Tempo é moeda rara na vida adulta. Os dias se comprimem entre relógios de ponto, contas a pagar, filhos com febre e metas profissionais que insistem em fugir. Nesse turbilhão, há uma coisa que vai ficando encostada no canto da agenda, como um móvel antigo que prometemos restaurar: a amizade.

Manuel Maria Barbosa de Bocage era filho do bacharel em Cânones José Luís Soares de Barbosa, português e antigo juiz de fora da Castanh...

bocage setubal injustica reconhecimento
Manuel Maria Barbosa de Bocage era filho do bacharel em Cânones José Luís Soares de Barbosa, português e antigo juiz de fora da Castanheira e de Povos, depois ouvidor em Beja, fixando-se finalmente em Setúbal, com banca de advogado, e de Mariana Joaquina Xavier l'Hedois Lustoff du Bocage, filha do francês Gil Le Doux du Bocage, que chegou a vice-almirante na armada portuguesa, e descendente de família da Normandia, região histórica do noroeste da França. Desse casamento nasceram seis filhos, dos quais Bocage foi o quarto. Nasceu em Setúbal em 15 de setembro de 1765.

Dona Creusa Pires sinônimo de simplicidade. Isto diz tudo sobre ela. Ou quase. Pois podemos ainda acrescentar outra palavra que a defin...

dona creusa pires simplicidade
Dona Creusa Pires sinônimo de simplicidade. Isto diz tudo sobre ela. Ou quase. Pois podemos ainda acrescentar outra palavra que a definia: trabalho. Simplicidade e trabalho. E digo mais uma, não para completar, que ela tinha muitas outras qualidades: simpatia. Temos então simplicidade, trabalho e simpatia. É talvez o suficiente para, com essa matéria-prima, perfilarmos uma pessoa admirável, para não dizermos rara. E por que não dizê-lo se ela de fato era mesmo singular?

Uma crônica começa a se desenrolar meio preguiçosamente. Precisa apenas de um fio de assunto, que pode ser encontrado num olhar pela ja...

cronica genero literatura roda leitura ufpb
Uma crônica começa a se desenrolar meio preguiçosamente. Precisa apenas de um fio de assunto, que pode ser encontrado num olhar pela janela, numa consulta à estante, na lembrança de um episódio da véspera ou mesmo no mergulho vagaroso em busca da raiz de um sentimento... A crônica deve ter esse nome porque depende do Tempo, é um jogo de búzios verbais lançados pelo Tempo.
(Bráulio Tavares, em “Uma Crônica”)

De repente, vejo o meu Instagram repleto de seguidores e, na hora, fiquei surpresa, sem entender muito aquelas pessoas aparecendo no meu feed. Quando foi que a professora querida, Patrícia Rosas — com quem tive a honra de dividir mesa num evento para as mulheres no Ministério Público, em 2024 — me convida para participar de uma Roda de Leitura com os seus alunos do 6º período de Pedagogia (UFPB), que estão a estudar o gênero da crônica.

A chuva da última sexta só fez aumentar a minha dívida com a amplidão acolhedora de Campina Grande. Naquela cidade me fiz; de lá sa...

campina grande memoria recordacao

A chuva da última sexta só fez aumentar a minha dívida com a amplidão acolhedora de Campina Grande.

Naquela cidade me fiz; de lá saí para o que tinha de ser. Um pequeno caboclo de sítio, tirado de um socavão de desfiladeiros e matas fechadas que estreitavam a terra e o céu, o horizonte, a pequena porção de terra de um pai que não sabia ler, que assinava em cruz, no entanto consorciado com minha mãe, uma ex-beatinha da Casa de Caridade do padre Ibiapina, que a tudo via com energia e com os olhos feitos no Evangelho.

“Eu quero ver erguer-se aquele Algarve moiro, mole como um sultão, lânguido e fatalista, aos campos do Amor roubando os frutos d’oir...

faro portugal algarve
“Eu quero ver erguer-se aquele Algarve moiro, mole como um sultão, lânguido e fatalista, aos campos do Amor roubando os frutos d’oiro, p’ra na lenda os tecer, sensual e artista.”
João Lúcio, “Alta Noite”, in id., p. 180

Como seria bom se pudéssemos compartilhar o que conhecemos e achamos relevante com as outras pessoas. Porém, também é frustrante qu...

arrogancia solidao autoridade dominacao
Como seria bom se pudéssemos compartilhar o que conhecemos e achamos relevante com as outras pessoas.

Porém, também é frustrante quando o fazemos e percebemos que o outro ou não compreendeu, ou — ainda pior — entendeu em um sentido totalmente diferente.

Qual é a origem do emprego do pronome pessoal nós como plural majestático (que, na verdade, é semanticamente singular)? O plural de m...

imperio romano plural portugues linguistica
Qual é a origem do emprego do pronome pessoal nós como plural majestático (que, na verdade, é semanticamente singular)? O plural de majestade é utilizado por reis, chefes de Estado e autoridades eclesiásticas, como no exemplo seguinte:

      HIMALAIA Por vezes, sinto no corpo E na alma, A lassidão do Himalaia. Sinto-me incapaz de Mover-me, pensar, respirar. ...

poesia paraibana volia loureiro amaral
 
 

 
HIMALAIA
Por vezes, sinto no corpo E na alma, A lassidão do Himalaia. Sinto-me incapaz de Mover-me, pensar, respirar. Por vezes, tudo o que eu desejo É o silêncio profundo Daquelas montanhas. E que um sentimento de quase-morte Invadisse-me o âmago E eu me entregasse sem culpa A tal profundo repouso.

O poeta grego Teócrito (310-250 a. C.) fez um poema, cujos versos representam graficamente uma flauta; o latino Virgílio (70-19 a. C.),...

augusto anjos festival musica paraiba ppgm ufpb
O poeta grego Teócrito (310-250 a. C.) fez um poema, cujos versos representam graficamente uma flauta; o latino Virgílio (70-19 a. C.), seu seguidor, mostrou o pastor Córidon ardendo de amores pelo belo Alexis, idealizando vê-lo, em sua companhia, imitar o deus Pã, cantando as suas canções (mecum una in siluis imitabere Pana canendo, II, v. 31); Pã, o primeiro a unir com cera vários caniços (Pan primus calamos cera coniungere pluris/ instituit, II, v. 32-33). Já o poeta Ovídio (43 a. C. – 17/18 d. C.)
augusto anjos festival musica paraiba ppgm ufpb
Pã aborda Siringe na margem do lagoJF Troy, 1720 ▪ Museu de Arte de Cleveland
nos legou a origem da flauta, na narrativa de Mercúrio a Argos (Metamorfoses, I, v. 682-712), quando o vigilante da desventurada Io pergunta ao deus como fora inventado o instrumento: Pã, apaixonado pela beleza da náiade Siringe (Σῦριγξ), não contava com a sua transformação em junco, operada pelas hamadríades, que a tinham como irmã. Em sua perseguição, Pã agarra o mais novo cálamo do rio Ládon, pensando ter agarrado a ninfa. De seu suspiro, que vibrou dentro do caniço, originou-se um frágil som, semelhando um lamento. O deus, então, juntou vários cálamos de tamanhos diferentes e uniu-os com cera, concedendo ao instrumento musical recém-inventado o nome da ninfa: Siringe. Estava inventada a flauta: a grácil avena, de Virgílio; a frauta ruda, de Camões.

augusto anjos festival musica paraiba ppgm ufpb
Pã toca sua flauta, feita de cálamos unidos com cera (siringe) ▪ GD'Art
Ao pé do divino monte Hélicon, o pastor é tornado poeta, conforme nos narra Hesíodo (Teogonia, v. 22-34). As Musas, habitantes daquela região, sopraram na boca dos pastores e inspiraram a poesia; substituíram o cajado pelo ramo virente de um loureiro e concederam-lhe o dom do conhecimento, assim como elas, do passado, do presente e do futuro. Ao som da flauta, juntaram-se as palavras, nascendo o poeta, sob os auspícios das divindades – Pã, pela flauta; a inspiração, pelas Musas; a poesia do vate, o poeta-profeta, pelo ramo do loureiro de Apolo. O poeta, como sempre, indo mais além, juntou o poema ao bailado, criando as belíssimas circunvoluções do Coro da tragédia grega.

augusto anjos festival musica paraiba ppgm ufpb
Competição musical entre Apolo e PãA. Janssens ▪ Galeria Nacional da Eslovênia
A relação entre música e poesia, ambas em essência na natureza, remonta aos tempos imemoriais. Os instrumentos musicais que os seres míticos inventaram e puseram à disposição do pastor são a transformação do natural, recriando, num processo de mímesis, a música para o contentamento dos homens, na hora em que dela precisassem, como alimento do espírito, não do estômago.

augusto anjos festival musica paraiba ppgm ufpb
Em breve itinerário, vimos como o poema nasce de uma relação indissociável com a música, o que nos autoriza a reafirmar que ele foi feito para os ouvidos, não para os olhos. Como este grandioso evento, o VIII Festival Internacional de Música de Câmara PPGM-UFPB, cuja abertura tenho a honra de realizar, decidiu, sob a coordenação do Professor Doutor Felipe Aquino, homenagear o poeta Augusto dos Anjos, epitetando-o Um Festival para Augusto, considero a mais feliz das associações, tendo em vista a riqueza musical, rítmica e harmônica que existe nos versos deste que é, não apenas o maior dos poetas paraibanos, mas um dos maiores da Língua Portuguesa. Assim, é com grande satisfação que vemos neste momento de homenagem ao poeta do Eu, a reconstrução do que se perdeu com o tempo: em lugar da poesia lida na solidão de um espaço qualquer, a poesia para ser escutada melodiosamente, para muitos ouvidos, não só o do poeta.

augusto anjos festival musica paraiba ppgm ufpb
Felipe Avellar de Aquino, professor e violoncelista@felipe.avellardeaquino
O que me dizem, por exemplo, da estrofe inicial do poema Noite de um Visionário (v. 1-4), que nos põe, num crescendo magistral, lado a lado com o silêncio, com o lento modular da música que segue e finaliza com o tutti de uma orquestra sinfônica, no despertar da harmonia do seu conjunto?

Número cento e três. Rua Direita. Eu tinha a sensação de quem se esfola. E inopinadamente o corpo atola Numa poça de carne liquefeita.

Ou a beleza da plasticidade da rima, na estrofe 14 de Monólogo de uma Sombra (v. 79-84), em que, na descrição do corpo em decomposição, vê-se a sinuosidade do verme necrófago, em movimento, reivindicando a parte que lhe cabe na “bacteriologia inventariante”?

É uma trágica festa emocionante! A bacteriologia inventariante Toma conta do corpo que apodrece... E até os membros da família engulham, Vendo as larvas malignas que se embrulham No cadáver malsão, fazendo um s.

Vou um pouco mais longe e imagino, neste instante, ver e ouvir o artista musical procurando expressar esse movimento visual e sibilação da rima em “esse”, na sonoridade de seu instrumento.

augusto anjos festival musica paraiba ppgm ufpb
'Engenho Pau d'Arco', em Sapé, na Zona da Mata do estado da Paraíba ▪ Fonte: IPHAN
Este é o poeta Augusto dos Anjos. Como todo grande artista, buscando a criação, que o gratifica, para não se sentir um deslocado diante da “aspereza orográfica do mundo!” (Monólogo de uma Sombra, estrofe 26, v. 156). É o poeta nascido no bucólico engenho Pau d'Arco, há poucos quilômetros de nossa João Pessoa, que nesta cidade morou por dois anos, entre 1908 e 1910, quando ainda se chamava, não menos bucolicamente, Parahyba; poeta que, apesar do entorno acanhado, não se desligou do mundo sempre em profundas transformações, políticas, sociais, científicas, espirituais – Marx, Darwin, Kardec, Haeckel, Freud e “a passagem dos séculos”, esse “cavalo de eletricidade”, que tanto assombrava o mundo (Poema Negro, estrofe 2, v. 1 e 3)...

Augusto dos Anjos é daquela raríssima casta de poetas que encanta o homem erudito e o homem popular, por todos os aspectos de sua poesia: do vocabulário único à musicalidade de seus versos; da criação de uma atmosfera da mais sombria degradação à busca do renascimento espiritual; pelo lirismo de tensão e pelo lirismo da ternura,
augusto anjos festival musica paraiba ppgm ufpb
Augusto dos Anjos (1884—1914), professor e poeta paraibano.
como se pode ver nos sonetos ao pai, um tríptico-síntese da sua criação literária.

Diante de tantas transformações finisseculares, afetando o comportamento de todos, Augusto dos Anjos poderia ter escolhido o caminho da rebeldia, ciente da degradação que saltava aos olhos. Preferiu, no entanto, acreditar que se a revolução científica, operada por Darwin, com a teoria da evolução da espécie, que ele, Augusto, através da leitura de Ernst Haeckel, transfigurou belissimamente em pura poesia, expunha a vida como uma luta constante e nos jogava na cara a degradação da matéria e, por extensão, da sociedade, a evolução revelava também que a vida não para, que suas transformações constantes nos oferecem a imortalidade. Se essa continuidade acontece com a matéria bruta, não poderia ser diferente com a alma, com o espírito (Os Doentes, estrofes 105-110, v. 415-438):

Contra a Arte, oh! Morte, em vão teu ódio exerces! Mas, a meu ver, os sáxeos prédios tortos Tinham aspectos de edifícios mortos, Descompondo-se desde os alicerces! A doença era geral, tudo a extenuar-se Estava. O Espaço abstrato que não morre Cansara... O ar que, em colônias fluidas, corre, Parecia também desagregar-se! Os pródromos de um tétano medonho Repuxavam-me o rosto... Hirto de espanto, Eu sentia nascer-me n’alma, entanto, O começo magnífico de um sonho! Entre as formas decrépitas do povo, Já batiam por cima dos estragos A sensação e os movimentos vagos Da célula inicial de um Cosmos novo! O letargo larvário da cidade Crescia. Igual a um parto, numa furna, Vinha da original treva noturna O vagido de uma outra Humanidade! E eu, com os pés atolados no Nirvana, Acompanhava, com um prazer secreto, A gestação daquele grande feto, Que vinha substituir a Espécie Humana!

A degradação que nos encaminha para a morte, essa “alfândega, onde toda a vida orgânica/Há de pagar um dia o último imposto!” (Os Doentes, estrofe 30, parte III, v. 117-118), são os passos necessários para uma nova vida. Em lugar da transformação, portanto, pelo ativismo político, preferiu o poeta a transformação pela poesia, com a consciência de que a matéria é só um estágio no desenvolvimento da alma, sendo a degradação o passo decisivo, a “célula inicial de um Cosmos novo!”, para a gestação, que traz “O vagido de uma outra Humanidade.”

augusto anjos festival musica paraiba ppgm ufpb
Pã na Floresta ▪ GD'Art
Poeta da morte? Nunca! Poeta da vida, porque a vida não para. É a lei do Universo. Lei cósmica que promove o equilíbrio do espírito, pois se “a carne é que é humana! A alma é divina” (Gemidos de Arte, estrofe 9, parte I, v. 33). Nessa compreensão, Jesus “Resume/A espiritualidade da matéria” (Poema Negro, estrofe 16, v. 93-94). Augusto dos Anjos poeta-vate, poeta-profeta, cuja Sombra, “pairando acima dos mundanos tetos” (Monólogo de uma Sombra, estrofe 3, v. 13), “abraçada com a própria eternidade”, sempre esteve e sempre haverá de estar aqui (Debaixo do Tamarindo, v. 13-14).

Por uma dessas maravilhosas coincidências da vida, reencontrei, no supermercado aqui em João Pessoa, um maître que conheci ainda garçom...

restaurante antiquarius king crab
Por uma dessas maravilhosas coincidências da vida, reencontrei, no supermercado aqui em João Pessoa, um maître que conheci ainda garçom no Rio de Janeiro. Sempre alegre e falante, imediatamente reencetamos (eu estava doido para usar essa palavra) as lembranças de uma época maravilhosa — principalmente dos restaurantes Antiquarius e Satyricon, onde ele trabalhou.