Paraíba, 31 de julho de 2022

Paraíba, 31 de julho de 2022

Excelentíssimo Arcebispo da Arquidiocese da Paraíba. No trigésimo primeiro dia do sétimo mês, do segundo milés...

Excelentíssimo Arcebispo da Arquidiocese da Paraíba.

No trigésimo primeiro dia do sétimo mês, do segundo milésimo e vigésimo segundo ano da Graça do Senhor, faço-me aqui respeitosamente presente para solicitar o que se segue:

Estou ocupando uma coluna deste poderoso rotativo para uma súplica junto a Vossa Excelência. Esclareço humildemente que me faço procurador de uma fatia considerável daquelas almas que estão sob a égide de nossa Arquidiocese. Sim; Excelência, estou aqui em nome desse rebanho numeroso que vê no destinatário desta missiva a autoridade máxima capaz de aplacar essa aflitiva perspectiva de uma ausência impensável no transcorrer dos dias quando festejamos o 437º aniversário de nossa Filipeia. Refiro-me ao tempo quando ocorre a Festa das Neves, que acontece no entorno da basílica de nossa padroeira.

Estou aqui de passagem Nada precisa de mim Nada precisa de mim de verdade Na verdade sou eu quem preciso Preciso de tudo...

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Estou aqui de passagem Nada precisa de mim Nada precisa de mim de verdade Na verdade sou eu quem preciso Preciso de tudo e todos Enquanto estiver por aqui Nessa passagem Nessa paisagem Quando não estiver mais aqui Tudo continuará Sem mim

Nos dicionários, a palavra “pompa” aparece primeiro com significado de luxo, grande ostentação. Em seguida, como “aparato magnífico e ...

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Nos dicionários, a palavra “pompa” aparece primeiro com significado de luxo, grande ostentação. Em seguida, como “aparato magnífico e suntuoso". Em terceiro, traduz-se com o brilho do esplendor, da magnificência que define algo excelso e grandioso. É sobre este aspecto, distante da afetação e do pedantismo, vulgarmente associados ao termo, que vamos falar.

      Algumas casas Algumas casas despertam, outras avisam, sem saber, algumas nos entopem o ouvido com sons que queríamos es...

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Algumas casas
Algumas casas despertam, outras avisam, sem saber, algumas nos entopem o ouvido com sons que queríamos esquecer. Algumas casas tem algo de servidão, deixam tapetes a espreita de nossas urgências. Algumas, mesmo que inocentemente, nos seduzem. Já outras se transformam em arrependimento. Casas, muitas agora, não dizem nada, são cicatrizes das cidades - certezas do absurdo.

Fui juntar-me aos convidados da Fundação Casa de José Américo nas homenagens ao escritor, no seu dia, e terminei postado, setenta anos...

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Fui juntar-me aos convidados da Fundação Casa de José Américo nas homenagens ao escritor, no seu dia, e terminei postado, setenta anos atrás, diante da janela onde se debruçava o patriarca da classe, o cego velho Coriolano de Medeiros. É que todos os dias, rapaz, quando atravessava a General Osório a caminho do trabalho, via-me diante do janelão onde, de grandes óculos escuros, Coriolano vinha conferir as imagens que as ouças sugeriam. Rua em que deve ter vivido os seus grandes dias.

Gosto de garimpar frases nas redes sociais. Aqui e acolá, me deparo com algumas que não dizem nada, mas que são repetidas à exaustão ...

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Gosto de garimpar frases nas redes sociais. Aqui e acolá, me deparo com algumas que não dizem nada, mas que são repetidas à exaustão por aqueles que as acham lindas e maravilhosas. O fato é que estas frases, na realidade, não resistem a uma análise. Uma delas é a sábia e suprema lição de que o retrovisor do carro é menor do que o para-brisa, porque devemos sempre olhar para a frente e não para trás. Ora, estes itens de segurança de um veículo foram produzidos com intenção pragmática, utilitária, não filosófica. O retrovisor é menor porque ele nos ajuda a dirigir defensivamente, buscando-o sempre que se faz necessário, não é para ficarmos olhando para ele definitivamente. Já o para-brisa protege-nos contra o vento,

Uma homenagem a Anayde Beiriz, pelo que foi e pelo que ainda é       PELO SIM, PELO NÃO Não, não quero amargar sentimentos...

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Uma homenagem a Anayde Beiriz,
pelo que foi e pelo que ainda é

 
 
 
PELO SIM, PELO NÃO
Não, não quero amargar sentimentos de perdas por não ter feito o que quis. Prefiro correr o risco e encarar o perigo de ter minha vontade como força motriz.

Numa cidade parecidíssima com João Pessoa, onde tudo era tão igual que ali também habitavam os falsos ricos, foi noticiada a realização...

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Numa cidade parecidíssima com João Pessoa, onde tudo era tão igual que ali também habitavam os falsos ricos, foi noticiada a realização de uma festa espetacular. Aquele evento despertou um frisson jamais visto em toda a cidade. Até o cerimonial era tão sofisticado que foi contratado no sul do país.

Não, não se trata do pé de moleque feito com amendoim e açúcar caramelizado, aquela coisa que tem a dureza das pedras e denominação se...

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Não, não se trata do pé de moleque feito com amendoim e açúcar caramelizado, aquela coisa que tem a dureza das pedras e denominação secular pois advinda das quituteiras, nos tempos coloniais. “Pede, moleque”, reclamavam estas a cada furto cometido por meninos em molambos e sem dinheiro para a compra daquilo que vendiam em tabuleiros, a crer-se na explicação que muitos dão à origem do termo. A história faz crer em que elas dariam de bom grado um doce daqueles aos filhos da escravidão e da miséria, caso o pedissem.

Os raios do Sol batem úmidos no cimento frio. A escadaria agora está desobstruída, limpa. Já não há mais corpos das folhas das castan...

natureza desperdicio castanhola
Os raios do Sol batem úmidos no cimento frio. A escadaria agora está desobstruída, limpa. Já não há mais corpos das folhas das castanholas ressecados e gélidos em decomposição formando uma barricada pousada nos degraus, compactadas pelas chuvas do inverno. A posição mórbida após soltarem e planarem das copas das árvores durante o outono. Semanas esquecidas, largadas sem verde, grudadas umas às outras num abraço post mortem.

Outro dia uma pessoa querida comemorou aqui o fato de “eu não ser intelectual”, ao confessar que gostava do antigo seriado A Feiticeir...

intelectualidade diversidade critica
Outro dia uma pessoa querida comemorou aqui o fato de “eu não ser intelectual”, ao confessar que gostava do antigo seriado A Feiticeira.

O comentário me levou a tempos outros, quando, ainda adolescente, me trancava no quarto para ouvir Chico Buarque e algumas pessoas diziam, em tom de crítica, que eu era “intelectual”.

Engraçado que sempre li muito, sempre escrevi muito, mas nunca me senti um “intelectual”, não no sentido que geralmente as pessoas falam.

Por indicação de um amigo comum, tomei-me de curiosidade e fui procurar nas redes sociais que hoje fazem parte de nosso dia-a-dia, a en...

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Por indicação de um amigo comum, tomei-me de curiosidade e fui procurar nas redes sociais que hoje fazem parte de nosso dia-a-dia, a entrevista que o engenheiro Paulo Bezerril Júnior, um dos muitos nordestinos migrados para o sul, dera, há pouco dias, a um site especializado que se edita em São Paulo, cidade que o acolheu e onde ele fez valer sua competência e capacidade de trabalho, tornando-se figura exponencial no meio profissional em que milita.

Os acontecimentos me espreitam nas dobras destes dias longos. E com seus dedos compridos andam a fazer de marionete os sentimentos meus...

reflexoes poesia finitude
Os acontecimentos me espreitam nas dobras destes dias longos. E com seus dedos compridos andam a fazer de marionete os sentimentos meus. Ontem, vi um passarinho morrer. Sem aviso, a morte o pôs sob seu manto de grama verde. Parecia muito calma, quase indiferente, mas notei que recolheu o corpo do pássaro com gestos gentis e murmúrios doces. Lembrei de um poema de Schiller, Nänie, cujo primeiro verso, “Auch das Schöne muß sterben”, se traduz como “Mesmo o belo deve morrer”. Embora real e filosófica, a frase não elimina o luto. Sob este, tem-se a impressão de que há mais silêncio, mais deserto. Como se toda luz adormecesse.

Nänie é uma palavra que significa “pesar” e se refere à deusa romana dos ritos funerários, Nenia. O poema é uma lamentação sobre a inevitabilidade da morte que alcança a todos,

A madrugada silenciosa de 31 de julho de 2017 carregou Goretti Zenaide para a eternidade. Deixou vazias as manhãs que eram preench...

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A madrugada silenciosa de 31 de julho de 2017 carregou Goretti Zenaide para a eternidade. Deixou vazias as manhãs que eram preenchidas com a leitura de sua página no jornal, sem a conversa amena e sem a acolhida do seu sorriso a cada abraço no reencontro. Ela foi integrar uma nova constelação de estrelas em Universo de muita luz, e deixou saudade.

Com o coração contrito lembramos da passagem dela, reunimos lembranças de amigos para partilhar o mesmo sentimento de perda, para manter viva sua memória. Essa memória do registro de pequenos gestos guardados como recordação. O sorriso aberto, o olhar de meiguice a conduzir paz e a palavra afetuosa que acalmava a alma. De tudo isso dela estaremos sempre necessitados.

O mar não se distinguia do céu, exceto por estar um pouco encrespado, como um tecido que se enrugasse. Gradualmente, conforme o céu al...

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O mar não se distinguia do céu, exceto por estar um pouco encrespado, como um tecido que se enrugasse. Gradualmente, conforme o céu alvejava, uma linha escura assentou-se no horizonte, dividindo o mar e o céu, e o tecido cinza listrou-se de grossas pulsações movendo-se uma após a outra, sob a superfície, perseguindo-se num ritmo sem fim.
As Ondas, Virginia Woolf

O nosso inconsciente é um mistério mesmo. Ou nem tanto.