Nunca mais os pirilampos ou vagalumes infestaram de meigas luzes, pisca-piscas naturais, as nossas noites. Falta a muitos o interesse por e...

Vagalumes, luas, flores...

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Nunca mais os pirilampos ou vagalumes infestaram de meigas luzes, pisca-piscas naturais, as nossas noites. Falta a muitos o interesse por eles que ainda faíscam em lugares ermos, salpicando suas pobres emanações de humildes claridades.

Existe uma perigosa indiferença pelas coisas da Criação. Até a pobre lua inteira ou comida em parte, qual queijo redondo no prato do céu, é pouco apontada, inclusive pelos namorados. Perdeu o sentido, hoje, e se torna até ridículo mostrar as belezas da constante exposição do nosso satélite, a espaço aberto: casal de enamorados não está ligado em claro de lua. Clair de lune.

Quem tem tempo para contemplar uma flor? Ou conversar com ela? Somente aqueles alcunhados de absurdos poetas que se sensibilizam com as diminutas grandes mensagens traduzidas pelos comuns habitantes, nossos companheiros de temporalidade.

As matas, os rios, os mares. Uma infinidade de vozes divinas e muitos corações surdos. Uma fauna e uma flora que sofrem a pena de morte tantas vezes denunciada pelos ecologistas. Emergiu e ficou uma mentalidade de que tudo é inesgotável. Engano, tudo se esgota. O murmúrio que se vai avolumando para um clamor mudo não sensibiliza ninguém, nem campanhas. Rende pouco efeito o alerta para termos o cuidado em poupar alimentos e água. Árvores tombam e animais são sacrificados, numa imolação devastadora e sem tréguas, no mundo inteiro. Tudo porque as mentes estão embotadas, a afeição pelo universo no qual estamos inseridos mingua e se derrete, ao calor de um sol causticante, geleiras caem como imensos edifícios e as águas dos mares se avolumam.

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A humanidade está preocupada com problemas de menos importância. A mentalidade preponderante se instala na ânsia de produzir, consumir, lucrar. De tal atitude perigosa e alto risco resulta um sacrifício que já desponta, anuncia e acontece. As chagas dos seres, de qualquer espécie e raça, destruição, apocalipse, tragédia anunciada.

O alerta simbólico é formado a partir da pouca atenção dada à lua, ao vagalume, à flor. Basta cada qual ser um Poeta de Restauração e Conservação do tesouro que nos foi presenteado por Deus, pela Natureza. Basta redescobrirmos a sensibilidade que nos é inata e, através dela, reconstruirmos o planeta azul que já está se tornando opaco. Chega de egoísmo petulante, da busca pelo objeto de consumo. O sentido maior da vida é outro.


José Leite Guerra é bacharel em direito, poeta e cronista

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  1. Parabéns, José Leite Guerra! Que texto maravilhoso! As pessoas estão olhando sem ver. A contemplação é para poucos. 👏👏👏👏👏👏

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