Tempos apressados estes que estamos vivendo... Ontem, só eu e Nanego em casa, olhando para a noite, linda, majestosa, pensei “sou livre! P...

No domingo de mais uma Páscoa

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Tempos apressados estes que estamos vivendo... Ontem, só eu e Nanego em casa, olhando para a noite, linda, majestosa, pensei “sou livre! Penso, escrevo, leio, escuto música, desenho, danço, canto...” não tem quem me tire essa força, essa integridade que sinto, como se meu corpo e minha alma fossem uma massa de bolo — totalmente integradas, prontas para crescer!

Hoje amanheci com mortes e mais mortes e tudo que acompanha esse momento: a dor, o medo, a baixa autoestima, a distância dos muitos que amamos e resolveram desbravar nesse mundão...

Ando me sentindo abalada, confusa... De ontem pra hoje muita coisa mudou. Uma geração de muitos amigos está sendo vacinada agora. Uma luz no meio do túnel. Vamos seguindo, cientes de que somos o tudo e o nada ao mesmo tempo. Lá, em algum lugar haverá um grande encontro, um grande abraço. Acreditar nisso me ajuda a viver!

Olhemos para frente! Para a vida!

Nossa luz, meu pai, nosso amor, se foi. Agora somos, de alguma forma, eu e minha mãe, duas viúvas. Alguns momentos são muito marcantes, assinados por ele — a Páscoa é um deles! Neste domingo, se aqui ele estivesse, nos faria correr atrás dos ovos escondidos pela granja com charadas revelando os caminhos e muitos chocolates para adoçar e justificar a canseira de correr e achar os esconderijos.

Minha mãe e eu seguimos, seguimos... ainda não sabemos para onde, mas saberemos.

Meu pai. Uma vida dividida! Um momento curto em nossa existência. Um amor infinito. Queria “no teu colo dormir e depois acordar sendo o teu colorido brinquedo de papel machê”.

Queria te dar mais um abraço. Cheirar mais uma vez os teus cabelos. Tomar mais uma Rainha contigo. Queria te ver dando mais um beijo em mainha, preparando mais uma rabada, planejando mais uma festa de ano novo. Ou uma viagem com as tias...

Queria te ver escrevendo mais um livro, fazendo a trilha mais uma vez, falando com um e com outro na feira livre do Conde. Me inspirando, me iluminando em qualquer coisa que se tornaria importante.

Queria mais uma vez me encantar com tuas estórias contadas na cabeça da mesa. Ver novamente teu olhar doce e atento em nossa direção, ou tua escuta silenciosa, com os olhos fechados, e pernas balançando, quando o assunto exigisse maior envolvimento.

Queria te ver mais uma vez aqui. Te apertar bem muito, deitar no teu colo, respirar todo o teu cheiro (meu combustível para a vida).

Queria me sentir protegida por tuas certezas, livre por teu amor por mim. Queria que fosse assim…

Queria te escutar dizendo: “Está tudo como antes no castelo de Abrantes”. Queria te ver, mais uma vez, feliz no riacho preto, acendendo a fogueira de mais um São João. Fazendo as charadas para a caça aos ovos neste domingo de mais uma Páscoa.

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