Novo e de odor suave, antigo de muitos aromas armazenados pelo tempo... Livros físicos são tipo frascos de perfumes. Uma estante cheia de...

Perfumaria literária

Novo e de odor suave, antigo de muitos aromas armazenados pelo tempo... Livros físicos são tipo frascos de perfumes. Uma estante cheia de fragrâncias variadas. É possível sentir a história, interpretar os cheiros, embriagar-se com cada sensação da leitura. Tramas, personagens, capas, tipos gráficos, impressões, tudo se mistura na bagagem que o leitor domina com as mãos, acaricia com os olhos, mergulha com a mente e deixa penetrar-se na alma.

Das páginas saltam perfumes de fogo, água, dor, amor, degustação ofegante que captura memórias e devolvem em novos odores. Ah os cheiros livrescos. Uma biblioteca perfumada escancarada nas estantes. Mais forte que os ares da digitalização "informaticante" que inegavelmente possui vantagens práticas, mas que distancia a aromatização da celebração quase religiosa de abarcar o coletivo das páginas como uma essência especial.

Sim, é possível saborear os aromas diversificados em cheiros literários espalhados pelos autores no papel. Fiódor Dostóievski tem perfume próprio tão brilhante quando diverso a Gabriel Gárcia Marquez. Os dois percorrem prateleiras especiais como um Victor Hugo, William Shakespeare, Jorge Amado, José Lins do Rego, Charles Dickens… Assinaturas de especiarias tão distintas entre si quanto deliciosas.

Um "Crime e Castigo" tem um perfume especial, diferente e genial quanto um "Cem Anos de Solidão" ou "O Vermelho e o Negro" ou "A Divina Comédia". Cada qual a fornecer um aroma, uma essência, uma magia, uma construção, inebriando o leitor, hipnotizado pelas características de cada frasco, ou melhor, de cada livro, personagens e, sobretudo, autores.

Evidente que não se pode esquecer o aroma próprio. Individualmente exalamos perfumes. Se é fato que "ler é sonhar pela mão de outrem", como afirma Fernando Pessoa, mergulhar e refletir na leitura pode ser o caminho para construir sonhos, perfumar-se sem perder a própria essência.

A perfumaria literária espalha ao longo dos séculos frascos de essências que têm o poder de agradar o físico, mas, acima de tudo, alicerçar personalidades, salvar almas. Tão fortes que conservam suas fragrâncias para além da temporalidade e fronteiras. Tornam-se perfumes indispensáveis, deixam-se nos leitores, que revolucionam-se a cada livro.

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