Perdi o receio, reforcei a máscara, e fui ao lado do casal Paulo Emmanuel e Roberta juntar-me a Fernando Moura, Juca Pontes e aos devo...

O 10 de janeiro

fcja museu casa jose americo
Perdi o receio, reforcei a máscara, e fui ao lado do casal Paulo Emmanuel e Roberta juntar-me a Fernando Moura, Juca Pontes e aos devotados e devotadas da Casa de José Américo reiterar nossa fidelidade à memória do antigo dono.

Nada de discurso, a não ser a palavra de agradecimento do sobrinho-neto, médico e acadêmico Astênio Fernandes, representando a família e os sobreviventes coetâneos do convívio e da amizade do tio-avô.

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Não há remédio. Os que se foram não se repetem, não há um Juarez Batista igual ao que ferrou sua marca humana e espiritual, como não poderá haver outra Lourdinha, secretária vitalícia, cuidadora e chefe-de-cerimônia de uma casa em que a presença de notáveis, de grandes da República a candidatos e presidentes da Academia Brasileira terminou transvertendo o retiro, depois da última campanha, na antitética “solidão povoada”.

Ainda receoso, ajustei bem a máscara e saí me distanciando das pessoas, mouco de um lado, semimouco do outro. A homenagem estava menos na tribuna (no microfone) do que na galeria composta pela arte de Tônio exaltando as nossas figuras. Vivos e mortos não faziam diferença, todos exaltados, isto é, alteados. Ergueram-se no mesmo plano, as tintas do artista, do criador e recriador, reduzindo o tempo a um só espaço. Agora o terraço histórico, legendário, transmuda-se para o hall que acessa o auditório. No centro, um painel com José Américo na idade voluntariosa das grandes forças. Tal como aparece no verso da página de rosto de “A Bagaceira”, já consagrada, ou na iconografia de 1930, na fase do Ministério, do candidato a presidente, como bem documentou o livro-entrevista de Aspásia Camargo.

Em torno do painel, como se o dono da casa, nessa transposição, permanecesse no centro do terraço, um ao lado do outro, aparecem, fiéis, os que puseram o olhar direto no herói.

Não podia ser mais tocante o aceno que a Fundação achou por bem fazer este ano. Quem não se toca ou não se emociona ao se ver e se sentir objeto de arte? As lentes, hoje, até o nome perderam. Vulgarizou-se, abandalhou-se a vaidade do retrato, que já não tem mais graça, que nem mais se olha. E volta com toda força, pelo menos nisto, o retrato à mão trabalhado por Lira, para não ir atrás dos holandeses que primeiro imprimiram as torres da Filipeia.

Pós-moderno, moderníssimo, Flávio Tavares tem no retrato o seu êxtase. Os rostos se avivam, fulguram na sombra. Veja-se o Augusto da nossa Academia! Tônio, patrimônio de A União, é o que faz de melhor. Comigo, não agora, que estou entre companhias muito bem parecidas e da melhor consideração. Mas quando cheguei aos 80, oito anos atrás, ele arrumou um feixe de manivas, um cabaço, um cachorro magro e me pintou saindo aí de dentro. A magrém do braço da largura do cabo da enxada. Já ontem apareci formalizado, graças às companhias.

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