Não tem erro: sopé da Ladeira São Francisco, à direita: Rua Augusto Simões (antigo Beco dos Milagres), nº 59. No muro da casa está incrust...

O Caminho das Águas

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Não tem erro: sopé da Ladeira São Francisco, à direita: Rua Augusto Simões (antigo Beco dos Milagres), nº 59. No muro da casa está incrustada uma relíquia da cidade: A Fonte dos Milagres. Talvez os atuais moradores da residência nem saibam o que têm nas mãos.

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A moldura da antiga Fonte dos Milagres, na Rua Augusto Simões, Parahyba do Norte, a lembrar o lugar de onde brotava água doce para beber ▪ AcervoP. Souto
Era da Bica dos Milagres, “no sopé da colina onde se erguia a cidade de Nossa Senhora das Neves”, que “os colonizadores retiravam água doce para beber”. Ela remonta aos primórdios da conquista, é citada no "Sumário das Armadas", que está para Paraíba como a Carta de Pero Vaz de Caminha está para o Brasil.

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A Fonte dos Milagres, em imagem da primeira metade do Séc. XX ▪ ilustração contida no livro “Roteiro Sentimental de uma Cidade”, do historiador Walfredo Rodríguez
Mas o que resta de um dos patrimônios históricos e artísticos mais valiosos da Paraíba é quase nada: uma espécie de moldura em pedra calcária com formato que denuncia sua origem e uma data — 1849, ano da última restauração.

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Imagens ▪ Adelmo Medeiros ▪ G. Maps

Segundo o historiador Wellington Aguiar, além das cacimbas, quatro bicas ou fontes garantiam o abastecimento de água na cidade: Gravatá e Milagres; Santo Antônio e Tambiá. A Bica de Gravatá, de uma beleza extraordinária, atualmente não passa de uma fotografia ilustrando o livro “Roteiro Sentimental de Uma Cidade”, de Walfredo Rodríguez. Ninguém informa sua localização exata. Sabe-se apenas que havia uma “Vila Gravatá” na rua Maciel Pinheiro, nas imediações da Central de Polícia. A triste realidade é que ela foi destruída e está soterrada em algum ponto do Varadouro.

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A Fonte de Gravatá, já destruída, em gravura que ilustra o livro “Roteiro Sentimental de uma Cidade”, de Walfredo Rodríguez
Na Fonte dos Milagres, segundo relatos de antigos moradores das redondezas, a água jorrou até meados dos anos 70. Depois a fonte foi quase que totalmente destruída a golpes de marreta, e emparedada. Quem cometeu o crime? Como sempre, ninguém sabe, ninguém viu...

A Fonte de Santo Antônio, no sítio do Convento de Santo Antônio (que muitos chamam Convento de São Francisco), foi restaurada há um bom tempo, mas já está seriamente danificada, exigindo urgentes providências do IPHAN.

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A Fonte de Santo Antônio, que adorna o jardim do Convento de mesmo nome, na Parahyba do Norte.
AcervoP. Souto
Finalmente, a Fonte de Tambiá, a que poderia estar mais protegida por pertencer ao Parque Arruda Câmara, apresenta-se também com sérios problemas de conservação.

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A Fonte de Tambiá, no Parque Zoobotânico de Parahyba do Norte
Não faz muito tempo que a Prefeitura restaurou a Casa da Pólvora e a área verde adjacente. A Bica dos Milagres deveria ter sido incluída nas obras, até porque faz parte do conjunto da Casa da Pólvora. Contudo, lamentavelmente, foi mais uma vez esquecida.

Como se fala muito em ações para fortalecer o turismo, a restauração das nossas fontes poderia contribuir para o surgimento de um produto turístico da melhor qualidade: O Caminho das Águas, aliás, ideia do saudoso padre Ernando Teixeira de Carvalho, ex-diretor do Centro Cultural São Francisco.

Qual seria o 'Caminho das Águas'? Percorrendo a avenida Gouveia da Nóbrega, no Róger, o turista visitaria as três fontes, que se localizam praticamente no começo, meio e fim da avenida. Uma grande justificativa econômica para um investimento irrisório.

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  1. Quando menino cheguei a tomar banho (escondido!) na Fonte de Tambiá, lá na Bica.
    Seria maravilhoso que a prefeitura atendesse à sugestão do cronista. seria menos custoso do que refazer toda a calçada da Av. Epitácio Pessoa, que sofreu reforma semelhante há poucos anos atrás...

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