Penso que mantendo os atuais padrões de consumo jamais teremos uma cidade humanizada, sustentável (argh!), com mais espaços naturais pa...

A volta da cidade verde

Penso que mantendo os atuais padrões de consumo jamais teremos uma cidade humanizada, sustentável (argh!), com mais espaços naturais para as pessoas e menos pedra, cimento, alvenaria, concreto, asfalto e lixo. Ninguém vê mais terra, chão, verde, ambiente natural nas cidades de hoje. Os parques são uma espécie de "reserva" na paisagem. Quando há parques e praças...

Se isso potencializa a violência? Sem dúvida nenhuma. Na explosão da violência urbana também está a inconformação do indivíduo (que já não tem emprego nem moradia decentes) com o processo de desumanização do lugar em que vive.

Ocorre que quem pode resolver o problema não está nem aí, já que tudo em João Pessoa é feito em função dos carros. Nada se faz pensando no indivíduo que não tem carro, a imensa maioria da população. A tal mobilidade urbana por aqui só se preocupa com o transporte individual.

Petrônio Souto

Um único exemplo: as calçadas. Quem não se sente de alguma forma agredido caminhando nas nossas calçadas estreitas e mal cuidadas? Outra coisa: é possível o indivíduo ter saúde física e mental caminhando pela rua sem poder ver o céu com a "barreira" da fiação aérea? Não é exagero dizer que o universo visual e sonoro da nossa cidade é hostil a todos os seres vivos, não apenas ao homem.

Sou de um tempo em que as cidades cresciam em função das pessoas. Hoje são reformadas para os carros. É preciso ser muito insensível para não perceber os efeitos desastrosos dessa política.

Reginaldo Marinho
João Pessoa tem que ser pensada também como uma cidade para as pessoas e seus pés, não apenas para as pessoas e seus carros. O transporte de massa deve ser a prioridade número um.

Aqui, do corte de uma árvore à construção de um viaduto, tudo é feito em função dos carros, que, aliás, proliferam como coelhos, tornando impossível qualquer solução para o trânsito caótico da cidade.

Segundo um amigo arquiteto, a destruição acelerada de nossas cidades não é apenas consequência da fragilidade econômica da sociedade, da ignorância e da corrupção. Para ele, o modo de vida, os padrões de consumo e a idolatria ao automóvel aceleraram a devastação e a desumanização das cidades. "As máquinas restringiram enormemente o espaço das pessoas”, argumenta o arquiteto.

Outra coisa: já está passando do tempo de as autoridades cuidarem de eliminar a fiação aérea. Bem que poderiam demarcar uma área, no centro, para fazer a fiação subterrânea. A fiação aérea, com esses postes horríveis, transformadores, etc., enfeia demais a cidade e, segundo especialistas, “oprime mais ainda o indivíduo”.

Que tal agirmos, enquanto é tempo, para que João Pessoa volte a ser a “cidade verde” de outrora?

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  1. Meu caro Petrônio.
    Em aditamento ao que você, diz aqui, muito acertadamente, consideremos o que diz, em outro local deste agradável ambiente, a médica Marluce Castor, referindo-se, com muita propriedade, à situação vivida por cidades interioranas, que estão vendendo seu bucolismo a preço de banana, trocando área verde por área degradada, para servir de estacionamento de carros a assemelhados.
    Se tivéssemos administradores municipais dotados de um pouco de inteligência ambiental, não seria difícil vlslumbrarmos um futuro agradável, ecologicamente saudável, nessas cidades, mas a triste realidade é que estamos cada menos bem servidos de alcaides que compreendam o valor de uma cidade verde, notadamente se esta quer fazer parte daquela parcela economicamente pujante, com sua economia centrada na indústria sem chaminés - o turismo.
    Mas, parece-me qu cada vez são mais curtas as inteligências políticas que se apresentam para nosso voto.
    Lamentavelmente, temos de reconhecer que o nosso Rei Pelé tinha inteiras razão quando disse que "o brasileiro não sabe votar".

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