A Copa do Mundo chegou ao seu final. A vitória da Argentina premia aquele que é um dos maiores craques do futebol mundial, Lionel Messi...

Brilho sim, barulho não!

A Copa do Mundo chegou ao seu final. A vitória da Argentina premia aquele que é um dos maiores craques do futebol mundial, Lionel Messi, a nível de Pelé e Maradona. Embora a França tenha sido a melhor seleção, Messi mereceu ter esse título de campeão do mundo.

O evento nos faz lembrar dos exageros das comemorações, especialmente com os fogos de artifício. Pois todos sabem que fogos de estampido podem causar danos às nossas crianças, aos idosos e autistas, e também aos animais.

Todos têm conhecimento de algum caso em que alguém desses grupos passou por algum sofrimento. Vou relatar aqui quatro histórias.

Helena Lopes
Judith era um lindo bebezinho de nove meses. Segunda filha, ela era um encanto, a alegria da família. Na Copa de 1958, na comemoração da vitória do Brasil, alguém estourou uma bomba próximo à sua casa. Judith teve uma convulsão, seguida de parada cardíaca. Sobreviveu. Mas saiu do coma com paralisia cerebral de grau elevado. Passou o resto da sua vida numa cama, até falecer aos 40 anos de idade.
O ano de 1965 na Paraíba foi marcado pela campanha acirrada para governador. Pelo PSD disputou o senador Ruy Carneiro. O senador João Agripino foi o candidato da UDN. João Agripino venceu a eleição, e a comemoração tomou conta das ruas de nossa capital. Seu Gentil, um comerciante de idade avançada, e que, por coincidência, havia sido eleitor entusiasmado de Agripino, estava dormindo em sua casa quando foi acordado pelo estouro de bombas. Teve um AVC, porém sobreviveu, com metade do corpo paralisada.

rondonia.gov.br
Chimba era uma bela cadela da raça boxer. Ela tinha pavor a estouro de bombas. Nas festas comemorativas ela enlouquecia, disparando pela casa procurando abrigo. No São João de 1989 ela estava grávida, perto de dar a luz, quando crianças começaram a soltar fogos. No estouro de uma bomba ela não resistiu e abortou, perdendo uma ninhada de 11 lindos cachorrinhos.
Walter é um excelente enxadrista, sabendo organizar estratégias de ataque ao rei adversário e defender o seu rei. Mas ele não domina teoria de xadrez, por um detalhe: Walter é autista. Porém consegue levar uma vida social normal, com a assistência da família. Exceto em algumas situações, como em presença de barulho muito alto. Nessas ocasiões Walter sofre surtos psicóticos, de proporção incontrolável e resultados imprevisíveis. Foi o que aconteceu nas comemorações do Réveillon de 2000. Walter estava com a família em sua casa, quando um vizinho soltou fogos de artifício. Ele teve um surto, disparou pela rua e foi atropelado por um carro. Por felicidade sobreviveu, apenas com uma perna fraturada.

Eugene Triguba
Já está na hora de a população, e principalmente as autoridades, se preocuparem com aqueles que são mais sensíveis aos fogos de artifício, pessoas e animais. É possível fazermos uma comemoração com muitas cores, muito brilho e sem nenhum barulho. É de muito bom gosto, e será muito mais lembrada. Se, por exemplo, só comprarmos e soltarmos vulcões, chuveiros, estrelinhas e rojões sem estampidos, a indústria de fogos de artifício voltará toda a sua produção para fogos mais limpos de ruídos. Chegou a hora de fazermos as nossas comemorações com muito brilho e sem nenhum barulho. Os nossos entes queridos agradecem!

Nota:
Na capital paraibana, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Paraíba (OAB-PB), o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) e o Conselho de Medicina Veterinária da Paraíba (CRMV-PB), estão unidos em prol da campanha “Brilho sim, barulho não”.
O presidente da OAB-PB, Harrison Targino, explica que o objetivo da campanha é conscientizar a população sobre os riscos que os fogos de artifício causam nos bebês, crianças, idosos, autistas e nos animais.
“Nossa campanha pede a colaboração voluntária de todas e todos os habitantes de João Pessoa e da Paraíba. A capital tem se caracterizado por ser uma cidade do bem-estar e, para isso temos que, em cada momento, dar um bom exemplo”, declarou o presidente da OAB, convocando a população a também aderir à campanha.
Dentro da campanha, foi publicado vídeo nas redes sociais com depoimento de especialistas para tentar conscientizar a população sobre o tema. (Veja o video).
 

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  1. Flávio Ramalho de Brito25/12/22 18:58

    Excelente, José Mário. Eu tenho um neto de 4 anos, autista, e eu presenciei, no ano passado, o seu desconforto com o barulho do foguetório nas comemorações do Ano Novo.

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