Já não é segredo nas minhas crônicas de viagem que London London ocupa um primeiro lugar especial. Sou louca pela cidade, que conheci ...

Pelas ruas de Londres

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Já não é segredo nas minhas crônicas de viagem que London London ocupa um primeiro lugar especial. Sou louca pela cidade, que conheci nos longínquos 1975, e nesse momento, me esbaldei nos pontos turísticos, nas artes, no mundo das feiras (Notting Hill), e nas túnicas indianas de espelhinho.

Este ano, maio de 2025, seguimos de Penarth (o lugarejo onde mora minha irmã), no condado de Vale de Glamorgan, ligado à capital do País de Gales, Cardiff, com seus parques, píer, gaivotas e avistando a Inglaterra do lado de lá. O silêncio. O dia longo. os passarinhos. Os telhados das casas vitorianas do lugar, a Cardiff Bay e a vista do alto do Istmo que esse
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Cardiff Ana Adelaide
lugar se espraia; o “Fish and Chips” que saboreei num pub especial, com uma paisagem tão distante da nossa, completam o cenário que trago de volta na mala.

Volto a Londres por quase uma semana, rodeada de irmãs, do filho e nora. Chegar ali na estação de trem, com malas pesadas e sentir de perto o trânsito para todos os lugares do mundo, nos dá a dimensão da diversidade do mapa e das culturas. E no frio primaveril fomos desbravar a região de Kings´s Cross, hoje uma área revitalizada e de encher os olhos de lojas, espaços públicos ocupados, shows ao vivo, barcos no rio, comidinhas especiais, Pints de cerveja nos pubs ao ar livre.

A estação de St Pancras foi outro revival de cinema. Dali partem os trens para Paris, e para a minha santa ignorância, ficar a pensar como um trem anda por baixo do Canal da Mancha, em alta velocidade. Mais o prédio principal, de construção moura, e as esculturas em referência ao ato de viajar. O Meeting Place é uma escultura de bronze de 9 metros de altura (30 pés) e 20 toneladas de comprimento, projetada pelo artista britânico Paul Day e inaugurada em novembro de 2007. Um casal gigante abraçado, pretende evocar o romance da viagem por meio da representação desse casal e desse abraço amoroso. Uma saia rodada. Um beijo. Tudo isso olhado de baixo para cima, perdemo-nos nos vincos do ferro e nas expressões do amor. Que espaço majestoso e lindo, St Pancras!

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Estação Ferroviária Saint Pancras (Londres) Acervo da autora/Sotheby's
Mas o ponto alto de Londres foi visitar Abbey Road, dívida imperdoável que tinha comigo mesma de nunca ter ido atravessar a faixa de pedestre icônica de Let it Be. Fomos cedo, tinha uma leve garoa e para meu espanto, uma rua comum, com trânsito, mas os carros e ônibus, parecem adivinhar que, atravessamos o mundo, gente de todos os lugares, para homenagear os Beatles. Como boa cantadora de She Loves yeah yeah, fiz questão de pedir a um casal coreano ao lado para clicar os instantâneos de minhas irmãs e eu, andando, across the universe da Zebra Crossing mais famosa do mundo. Todos viramos crianças sem-vergonha de atrapalhar o trânsito naquele momento. Sejamos rápidas! Para nos eternizar nessa rua. Depois, uma olhadela nos jardins de Abbey Road, a imaginar Paul, John, George e Ringo a cantarem Sargent Pepper´s. A loja é de querer gastar as parcas libras. Mas nos contentamos com um bottom, presente da minha irmã Teca, para representar o nosso momento Beatle. Feliz fiquei!

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Ana Adelaide, Teca, Bebé e Claude Peixoto (Abbey Road, Londres) Acervo da autora
Passear por Covent Garden, Piccadilly Circus, Soho, Chinatown, Leicester Square e ver os letreiros de A Ratoeira, Agatha Christie, há décadas em cartaz; avistar Hyde Park do ônibus na chuva fina, e o Big Ben, sem fotos, pois chovia, fez parte dos pontos turísticos mais tradicionais. Mas o domingo foi em Shoreditch e Brick Lane (que conheci em 2018). Uma rua e bairro no East End de Londres, conhecida por sua atmosfera vibrante, rica história e diversidade cultural. Difícil escolha entre os grafites desse lugar “trendy” e Portobelo, com todo o frisson dos turistas, mais aquela arquitetura em cores pastéis, com aquelas Glicínias (Wisteria Sinensis), que floresce em cachos azuis/lilases exuberantes.

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Teca, Bebé e Ana Adelaide Peixoto em Londres (maio 2025) Acervo da autora
Um almoço de saladas nos famosos lugares do Chef Ottolenghi, e as abobrinhas e avocados temperados; uma tarde pela King´s Road, praças, atmosfera de primavera com os londrinos pelas ruas e menos turistas, num dia de semana qualquer. Revisito lugares por onde andei há tantos anos, me enterneço com detalhes que ultrapassam os olhos da viajante: folhas caídas nos parques, aquela barraca linda de flores diversas, uma senhora bem idosa sentada num café com o seu filho? neto? a teclar um Ipad; mães com seus filhos nos carrinhos; jovens desnudos apesar das temperaturas amenas, mas para nós fria, tudo é festa e vibra por essa cidade que, a cada dia explode de contemporaneidade, com as marcas do passado bem fincadas nos monumentos.

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King's Road / Big Ben (Londres) Acervo da autora
Observo que quase todos os trabalhadores de serviços são imigrantes: africanos, países do leste europeu, indianos. Uma outra configuração geopolítica que observo desde os anos 70. Londres hoje povoada pelo movimento inverso que, um dia, esse país colonizador fez. Os mapas mudam de contornos. E os seus povos mudam de lugar. Uma xícara de chá Earl Grey com um pingo de leite/ou creme, selam e brindam esses dias. Mas também poderia ser Gin ou uma cerveja de despedida. Já com saudades!

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