Alguém já pensou que, a cada hora, cada dia, cada semana, cada mês e cada ano que passa, a gente vai perdendo coisas? Perdemos parentes, pais, filhos, amigos. Muitas vezes perdemos a saúde, a alegria de viver, a paz interior e muitas outras coisas.
Já perdi algumas coisas importantes na minha vida — quem não? O que peço a Deus todos os dias é que eu não perca as memórias afetivas e significativas que desejaria guardar para sempre na minha mente.
GD'Art
Se eu puder, guardarei para sempre em minha memória as gargalhadas sonoras de minhas filhas e genros, coisa que me faz muito feliz. Não me afastarei do ombro quentinho de meu marido quando nos deitamos para dormir. E me abraçarei a ele com todo amor quando dançarmos nos salões. Trancarei a sete chaves, em meu cérebro, os enredos dos livros que li: o sorriso aberto de minha mãe alegrando a casa; as histórias que meu pai contava para seus doze filhos e que nos faziam sentir protegidos; lembrarei eternamente das brincadeiras infantis com meus inúmeros irmãos; o sabor das castanhas que assávamos no quintal sob o olhar vigilante de nosso pai; a beleza de nossas árvores de Natal; o sabor das comidas que mamãe fazia com tão poucos ingredientes, mas com tanto amor; o perfume inebriante dos manacás no jardim e a surpresa do meu primeiro beijo; o prazer de conviver com as colegas do colégio — nossas conversas, nossos segredinhos; os ensinamentos de nossos professores. E, quando eu estiver bem mais velha, que jamais perca minha lucidez, meu discernimento.
GD'Art
É o que desejo até o fim de meus dias.



















