Lipograma é um texto a que falta uma letra por decisão do autor. Lope de Vega, dramaturgo espanhol (1562-1635), escreveu cinco contos em cada um dos quais falta uma vogal específica. Mais difícil foi o trabalho do escritor francês Georges Perec (1936-1982), que publicou em 1969 um romance lipogramático a que falta a vogal e: La Disparition. O próprio título é um desafio, embora fácil de resolver: em lugar de “O desaparecimento”, poder-se-ia dizer “O sumiço”.
Os gramáticos falam em 1ª, 2ª, 3ª pessoas, para os pronomes pessoais eu, tu, ele, respectivamente. De preferência, deveriam falar em pronome elocutivo (o falante), alocutivo (o interlocutor) e delocutivo (a pessoa de quem se fala). Não se trata apenas de nomenclatura, mas de clareza de sentido. Um pronome elocutivo pode ser equivalente a ele/ela; ou pode designar tu ou você; um pronome alocutivo pode equivaler a ele/ela ou eu. O pronome nós, originalmente elocutivo, pode ser pronome de tratamento equivalente a você (excluindo o falante). É o que vamos tentar mostrar neste artigo.
Segundo HALLIDAY, M.A.K. e HASAN, Ruqaiya (Cohesion in English. London: Longman, 1976, p.35), Peter Hawkins, pesquisador da Sociological Research Unity, deu a crianças de 5 anos uma série de 4 quadros cuja sequência sugere uma história: o primeiro quadro mostra alguns meninos jogando futebol; no segundo, a bola atravessa, quebrando, a janela de uma casa; o terceiro quadro mostra uma senhora olhando pela janela quebrada
As gramáticas, na parte de sintaxe, omitem quatro problemas sintáticos que podem determinar reprovação em concursos e em vestibulares. Um desses problemas é a hendíade.
Os elementos significativos que fazem parte da rede de relações chamada língua se chamam formas. Formas livres são as que se podem pronunciar isoladamente, constituindo-se num enunciado completo, como livro, caneta, pasta. Formas presas são as que se associam às formas livres e não se podem pronunciar separadamente, como o {–s} final de livros, que significa “mais de um”, ou como as terminações verbais. Formas dependentes são os elementos átonos que dependem de outro vocábulo, mas não se prendem diretamente a ele, como
Há vários tipos de dicionários: de etimologia, de usos, de língua, de morfologia (O Dicionário Morfológico da Língua Portuguesa, de Evaldo Hackler, Sebold Back e Egon Ricardo Massing, publicado pela Unisinos, de São Leopoldo, em 1984, é, que eu saiba, o único dicionário morfológico do mundo), de afixos e desinências, de análise do discurso, de sinônimos e antônimos, de linguística, de termos literários, de provérbios, de origens de expressões, de filologia, de filosofia, de gramática, de onomatopeias, de vozes de animais, de palíndromos
Dizem que os provérbios, mesmo os que estão na Bíblia, mas adquiriram popularidade, constituem a sabedoria do povo. Mas “povo” é turbamulta, pluralidade de pessoas, de ideias, de pensamentos, uma abstração, em suma. Um pequeno levantamento de provérbios populares mostra que as lições da choldra ou da arraia-miúda são desencontradas ou opostas. Alguns destes provérbios talvez sejam desconhecidos de muitos por serem pouco divulgados ou por conterem expressões específicas, de pouco uso generalizado,
Certa vez um aluno perguntou-me se existe algum livro que ensine a prever e a normatizar a ocorrência de desvios gramaticais. Por razões alheias à minha vontade, só conheço um único livro a respeito: La Grammaire des Fautes, de Henri Frei, publicado em 1971 pela Slatkine Reprints, de Genebra. Um artigo de Milton Azevedo, intitulado “O papel da análise de erros no ensino de idiomas”, publicado no número 779-80, do Suplemento Literário de Minas Gerais,
Fazer ouvidos de mercador
Castro Lopes explicou essa expressão como corruptela de “fazer ouvidos de mau credor”, sem explicar como se deu a confusão entre “mau credor” e “mercador”, ou como se processaram as alterações fônicas (Cf. LOPES, Castro. Origens de anexins, prolóquios, locuções populares, siglas, etc. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1909, p.159 e ss.) João Ribeiro (apud NASCENTES, Antenor. Tesouro da Fraseologia Brasileira. 3.e. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, s.v. Ouvido)
Os pedagogos modernos, normalmente pouco conhecedores da norma culta e, portanto, contrários a ela, combatem os professores de português que ensinam gramática, sob a alegação de que estes estão oprimindo os alunos, ao impor-lhes um falar estranho em substituição ao seu próprio saber linguístico, e inibindo-lhes a criatividade ao exigir deles, nas redações, a “linguagem dos opressores”. Ora, não existe um saber das classes dominantes, mas apenas o saber, tout court, sem adjetivações. Quem sabe detém o poder porque sabe, não porque é apenas poderoso. É o saber que leva ao poder e não o poder que dita o saber.
Algumas gramáticas ensinam que {–zinho} é alomorfe, isto é, uma forma diferente do sufixo {–inho}, formador de diminutivos. Veremos mais à frente um conceito melhor de alomorfe. Outras gramáticas ensinam que {-zinho} é apenas o sufixo {-inho} com uma consoante de ligação. Chama-se “consoante de ligação” a consoante que se apõe entre a palavra primitiva e o sufixo, para facilitar a
Diziam os gregos que a noite é a mãe dos deuses e que suas trevas precederam a formação de todas as coisas. As primeiras linhas da Bíblia dizem que Deus criou o céu e a Terra e que a Terra era vazia, e que as trevas cobriam o abismo.... Por isso, a noite tem uma significação de fertilidade: a partir dela é que as coisas se formaram. Em certas religiões, na doutrina tradicional, a noite e a morte se confundem, e a morte seria uma passagem para uma vida melhor... (Cf. Diccionario de símbolos, de Juan Eduardo Cirlot, Barcelona: Editorial Labor, 1981, s.v. noche.)
O anacoluto é a interrupção brusca de uma frase inicial a que se segue outra à qual aquela não se integra. Por exemplo: “O presidente, eleito só por causa da moeda forte, os professores das Universidades Federais sabiam que dele não podiam esperar apoio.” O início do período não tem conexão com o resto, sintaticamente.
Apesar da prolação generalizada pego (com /e/ (= < ê >), de preferência, e não com /ε/ (= < é > ), há razões para crer que o verbo pegar só admita pegado como particípio.
Uma regra pouco conhecida, porque tácita, recomenda que se repitam, antes de cada complemento, as preposições a, com, de, em, para e por, sobretudo. A razão é simples: se a preposição não se repetir, o sentido pode mudar. Ex.: a frase “Maria saiu com João e você também” significa que “você também saiu com João”. Mas na frase “Maria saiu com João e com você também”, o que se quer dizer é que “Maria também saiu com você”.
A configuração normal em língua portuguesa é SVO (sujeito-verbo-objeto). Qualquer alteração nessa ordem, por menor que seja, pode perturbar a compreensão do falante. Uma frase simples como “Chegou o trem”, em que o sujeito é posposto, numa pequena alteração da ordem sintática, pode levar o falante a acreditar que “o trem” seja o objeto direto de “chegou” e não o sujeito.
Pleonasmo é o nome que se dá à repetição de ideias ou à redundância, no âmbito do elemento que constitui a significação básica de uma palavra. Isso quer dizer que o pleonasmo, em princípio, diz respeito ao léxico, à significação externa das palavras, sem levar em conta as relações gramaticais. Seriam pleonásticas, originalmente, expressões como: entrar para dentro, sair para fora, subir para cima, gritar alto, sussurrar baixinho, surpresa inesperada, encarar de frente, há anos atrás, cárie no dente, elo de ligação, etc. Os linguistas e filólogos estenderam
para a gramática o sentido da palavra pleonasmo, de maneira inadequada, pois, na sintaxe do português, a concordância é sempre redundante.
A variedade de expressões pleonásticas do tipo lexical levou os estudiosos a estabelecer uma distinção mais ou menos tênue (ainda) entre pleonasmo vicioso e pleonasmo aceitável. Aceitável, por força das regras da sintaxe, é todo pleonasmo gramatical.
Roma levou perto de quatro séculos para estender seus domínios por quase todo o mundo conhecido de então: de 241 a.C., com a conquista da Sicília, até o ano 107 da era cristã, com a colonização da Dácia.
Com a decadência de Roma e com a invasão dos bárbaros, no séc. V, o Império Romano do Ocidente se esfacelou. O do Oriente – chamado também de Império Bizantino – só caiu em meados do séc. XV (1453), com a tomada de Constantinopla pelos turcos, marcando o fim da Idade Média.
O poema “Lisboa Aventuras”, de José Paulo Paes, do livro Melhores Poemas, da Global Editora, 1998, é um belo exercício de comparação entre o léxico do português europeu e o léxico do português americano.