A dor é um fenômeno da vida. Manifestando-se em diversos matizes, atinge maior complexidade quando diz respeito ao escopo humano, pois pode expressar desde um simples incômodo até um grande padecimento.
A depender de como seja encarada, ela pode levar quem a sente à estagnação, a uma espécie de cultivo masoquista dos próprios pesares, ou se tornar mola propulsora a novos patamares, funcionando como dínamo transformador, suscitando crescimento, aprendizagem, ressignificação.
Acompanho, embevecido, a exploração de Marte por robôs que para ali despachou a engenhosidade humana. Agora mesmo, o Perseverance cavouca o solo marciano em busca de sinais de vida no que foi o leito de um lago extinto há bilhões de anos. Faz isso depois de sete meses de viagem com o auxílio de instrumentos destinados à coleta de amostras e à observação da geologia.
Pra começar, queria falar que nasci em uma família de professores: meu pai era professor de história, comprometido com a educação em todos os momentos, amante da historicidade humana e mais profundamente amante do sujeito e da sua busca em tornar-se Ser Humano. Minha mãe professora de música, apaixonada pela arte, pela estética e pela expressão em todas as suas formas, incentivadora do movimento, das mudanças e transformações na vida de todos próximos a ela. Esses dois me mostraram, a partir de sua união, a importância da busca determinada pela realização do amor, e essa foi a herança que tentaram distribuir em vida com seus quatro filhos.
A melancolia acompanha o homem desde os seus primórdios, confundindo-se com o desencanto consequente à perda do Paraíso. Na literatura ocidental, a representação do afeto melancólico remonta a Belerofonte, herói da mitologia grega, e desde então aparece em artistas, filósofos, cientistas e intelectuais cujo luto pelo Objeto Perdido precipita-os num abismo de devaneios e cogitações.
Já faz algum tempo. Li a notícia na coluna de João Pereira Coutinho, na Folha de S. Paulo, e não resisti a comentá-la. Uma estátua em bronze do navegador Cristóvão Colombo, descobridor da América, tinha sido recentemente retirada do Grand Park, em Los Angeles, EUA, pela Prefeitura da cidade. Motivo? Pressão de organizações indígenas americanas, sob a risível alegação de violências cometidas pelo navegador contra os nativos, à época do descobrimento. O leitor está rindo? Eu também ri. Não só pela comicidade do caso, mas também para não chorar de vergonha destes nossos tempos ridículos.
Viver é caminho sem volta. Cada momento, cada dia. Toda conversa com amigos no bar é infinita. As grandes e as pequenas emoções vividas. Tudo parece banal, mas não é. Nunca mais aquele momento irá se repetir. Parece óbvio, mas também parece óbvio que as pessoas desprezam o óbvio e pagam caro por isso. Do que se apresenta como desprezível ao que há de mais relevante, o tempo não perdoa. A vida vai nos engolindo aos poucos e se formos indigestos, vomita nossos sonhos um por um.
O Brasil está vivendo uma crise institucional criada artificialmente, com o nítido propósito de subverter a ordem democrática, e cujo objetivo é inconfessável: a instauração de um regime de exclusão de direitos humanos e democráticos, conquistados a duras penas ao longo das últimas quatro décadas. De criar uma reles ditadura, nos moldes da Coréia do Norte, da Venezuela, ou do Afeganistão sob a égide do Talibã.
Numa tarde da Primavera que findava, passando pela calçada do Parque Arruda Câmara, a Bica, como popularmente chamam o nosso zoológico, recordei que muitas vezes ali estive procurando imagens para compor a paisagem de minha poesia, já que Tapuio de minha infância estava distante. Lugar aprazível que nos envolve e conduz ao invisível prazer que não cabe numa crônica. Na minha juventude ali risquei na casca de uma árvore um “S”, a primeira letra do nome da Musa, sem que ela estivesse perto.
Foi um tempo quando caminhava por suas alamedas, contemplativo, sentava à sombra dos ipês amarelos e roxos, o espírito flutuava por sua paisagem enquanto o poema era resumido na escrita deixada no tronco da árvore onde desenhei a letra. Uma letra sintetizando a emoção de que um dia alguém lesse a mensagem do poeta desconhecido, deslumbrado com a beleza do rosto feminino na paisagem da imaginação.
“O que alguém não teria conseguido executar justo com essa força que é necessária para desatar os fortes e potentes laços da vida”. O poeta alemão Rainer Maria Rilke, indignado com um suicídio que presenciou, questiona-nos em uma de suas cartas o poder de quem retira a própria vida, o que para muitos soa como uma afronta, visto que a maioria das pessoas acredita que o autocídio é um ato de covardia. Porém, a potência que cada um traz em si é efêmera e isso deve ser entendido, exemplificando-se com mortes como a
No sábado 19 de janeiro de 1924, a primeira página do jornal “A União - Orgao do Partido Republicano da Parahyba do Norte” trazia uma matéria que iniciava, assim:
“A Parahyba e seus Problemas – Sahiu, hontem, dos prélos da Imprensa Official a obra do sr. dr. Jose Americo de Almeida – ‘A Parahyba e seus Problemas’, mandada escrever pelo sr. dr. Solon de Lucena, presidente do Estado, em homenagem à actuação administrativa do sr. dr. Epitacio Pessôa na terra adorada do seu nascimento. [...]”
Faz algum tempo uma minoria ruidosa de poetas resolveu decretar que poemas não deveriam ser recitados, mas lidos. E lidos em silêncio, uma vez que, investindo maciçamente no visual, esses poetas não lhes davam voz, tornando-os artefatos mudos, desses cuja leitura está a exigir uma tal acrobacia do olhar, um tal golpe de vista, que o leitor, de tanto esforço despendido, poderia sofrer um descolamento de retina. E como o que não tem voz prescinde de emoção, eis que os poemas dessa minoria ruidosa vão, pouco a pouco, caindo na vala comum do esquecimento.
Pompei
Revisito o silêncio das trevas.
Sonhos adormecidos,
desfeitos por gestos
que precedem a consciência.
Sigo nos séculos,
interrompido no ventre da mãe.
Restos calcinados,
dispersos, estremados,
entrecortados pelo espanto.
O céu sabe das cinzas.
Sempre soube...
E aproveitou-se da inocência
dos que não me conheceram
para dizer que me negaram a existência
Para economizar o dinheiro do transporte, caminhava até a escola após o almoço — o sol do Equador tostando a pele jovem. No fim do mês, com as notas e moedas nas mãos, entrava na loja de discos e falava com o rapaz de cabelos encaracolados. Ele lhe vendera os álbuns dos Beatles. Havia sido uma descoberta desde que a Íris lhe falara daqueles ingleses bonitinhos. Tornou-se um vício ouvi-los e o rapaz da loja de discos a ajudara a comprar aos poucos toda a coleção, em ordem cronológica. Teve de apelar para os dicionários a fim de traduzir as coisas que seu inglês precário não alcançava.
No ano de 2012, fui a um encontro de Clássicas, em Ascea Marina, um balneário de Salerno, no mar Tirreno. Depois de passar um dia em Pompeia, no final do encontro, cheguei, no sábado pela manhã, a Nápoles, de onde sairia, à noite, com destino a Roma. Planejei sair à noite, para que pudesse passar o dia no Museu Nacional Arqueológico, onde se encontra grande parte do acervo da cidade de Pompeia. Tive sorte de ser início da primavera e as salas principais do Museu estarem abertas, o que me permitiu obter muitas fotos importantes, que utilizo como material para a sala de aula.
Profundo mergulho
Profundo mergulho
no sem medida do tempo,
no limite oco do espaço.
Borbulhas ?
Sopro ?
Bocejo ?
Dentes à mostra ?
- Suspiro …
Línguas que buscam a sinfonia muda do silêncio
Palavras se escrevem onde não existe nem tela
A compreensão filosófica e científica da palavra Revelação apresenta sentido distinto da religiosa, e, em consequência, os métodos de investigação ou comprovação são, igualmente, diferentes.
Para os filósofos, revelação é a “manifestação da verdade ou da realidade suprema aos homens”, o que não deixa de ser algo inatingível, uma vez que, à medida que o homem progride, ampliam-se os horizontes do seu conhecimento. A Ciência compreende revelação como a descoberta e o entendimento das leis que regem a Natureza, ou, ainda, a invenção de algo que favoreça o progresso humano.