De: creusapires@nocéu Para: joaoazevedo@gov.pb Senhor Governador, me permita tratá-lo por João...

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De: creusapires@nocéu
Para: joaoazevedo@gov.pb

Senhor Governador, me permita tratá-lo por João. Começo agradecendo seu nobre gesto de sancionar a iniciativa da Assembleia Legislativa da Paraíba que deu meu nome para o Hospital da Mulher. Preciso ainda agradecer com muita força a iniciativa do Deputado Branco Mendes que contou com o apoio decisivo do Presidente Adriano Galdino. Sobre a ideia, pensei que era coisa daquele meu filho meio acelerado, que faz caminhadas nas madrugadas com o Deputado Branco. Mas não foi.

No que diz respeito à essência do cão e à comunicação primária, John Locke (1690) afirmou que “a essência é composta pelas coisas inte...

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No que diz respeito à essência do cão e à comunicação primária, John Locke (1690) afirmou que “a essência é composta pelas coisas internas e geralmente desconhecidas que podem ser descobertas e são responsáveis pelas qualidades de um ser".

Que bom! Johnny Mathis está vivo. E ainda canta “Misty”. Consegue fazer isso no mesmo tom e com a voz suave dos inícios de 1960. Eu ...

johnny mathis
Que bom! Johnny Mathis está vivo. E ainda canta “Misty”. Consegue fazer isso no mesmo tom e com a voz suave dos inícios de 1960. Eu o reencontrei por acaso durante o mais recente dos meus costumeiros passeios pela Internet. Estava lá, à frente de um fundo escuro, o homem agora calvo e enrugado, o ser alquebrado e irreconhecível, não fora pelo talento espantoso, pela canção que eternizou
e pela maciez do timbre imaculado, espantosamente, no transcurso das décadas.

Johnny vai para os 90 anos, a serem completados em setembro. Acreditem: aquela garganta de menino ainda sustenta os agudos de outrora com a naturalidade do primeiro choro, aquele dos recém-nascidos incomodados com a aspereza da existência fora do ventre materno. O bom e velho Johnny canta sem esforço e sem que as veias engrossem no pescoço, ao que observei da interpretação a mim chegada por acaso, via YouTube, sem que eu a buscasse. Anotei a postagem: 18 de janeiro de 2025. Eu soube que ele anunciou a aposentadoria em março passado. Mas está vivo e ainda consegue cantar, maravilhosamente, ao menos no banheiro.

Como eu estava precisado de “Misty”. Não em suas diversificadas versões, algumas com o carimbo de monstros sagrados do cancioneiro internacional, mas com a voz de veludo de Johnny, a voz da minha juventude, a das minhas aspirações, a dos meus sonhos.

johnny mathis
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Minha precisão tinha e tem as dores do tempo. Por um momento, ouvindo aquilo, escapei das aflições dos povos e das que, somente minhas, hoje carrego. Fui às nuvens naqueles acordes. Ali, não me alcançavam os males que a idade me trouxe nem as desavenças e confusões do planeta à beira, mais uma vez, da catástrofe em larga escala.

A nuvem em que me dependurei me levou ao passado e me fez pousar numa estradinha emoldurada por coqueiros. Ao sabor do vento, segurei a mão daquela que me daria três filhos. Estávamos jovens. Ela mais segura de si.
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Eu, desamparado e confuso feito filhote de gato numa árvore, tal como descrito no primeiro verso da bela canção.

Mergulhos no passado dão nisso: na confusão de imagens, na mistura de memórias. “Misty” também põe diante de mim amores adolescentes, alguns com vozes de violinos, novamente, como nos versos compostos por Johnny Burke para a melodia do pianista Erroll Garner, criada em 1954. Eu estava, então, longe da idade para as mãos dadas com aquelas que por mim iriam passar e com a que me reteria, por um golpe de sorte, para a satisfação e a quietude da alma. Nosso Johnny gravou essa música em 1959 e dela se fez o melhor intérprete, ao que entende meu coração bobo.


O octogenário de agora ainda alimenta dúvidas juvenis. Uma delas diz respeito aos que se dedicam a agravar a agonia da raça humana, a fazer deste mundão de Deus um lugar de padecimento e expiação, como o fazem os promotores das discórdias e das guerras. Os tiranos ouvem música? Sabem cantar? É o que ainda me pergunto.

Quero crer em que divido com muitos dos meus semelhantes esses mesmos incômodos. Ora têm dimensão planetária ora decorrem dos aperreios cotidianos feitos de desesperanças, enfermidades, desconfortos. Se assim for, recomendo-lhes um cantinho numa nuvem para o sossego do espírito. Escolha cada um o meio de transporte para a fuga momentânea e indispensável dos problemas individuais,
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ou coletivos. Nem precisa ser “Misty”. Basta a música de cada agrado desde que contenha poema e notas suficientes para o deleite e a elevação.

Não custa insistir na necessidade dos voos para recantos onde more a paz, ou a saudade. Dorothy Gale queria voos de passarinho. Desejava pairar bem acima das chaminés, além do arco-íris. Por falar nisso, a canção “Over the Rainbow” somente não foi excluída da trilha de “O Mágico de Oz”, porque Arthur Freed, o produtor associado, fincou pé no studio da MGM, nos idos de 1939: “A música fica, ou eu vou embora”, ameaçou. Ganhou a briga para sorte dos compositores Harold Arlen e Yip Harburg, o letrista. Quem diria que o número de assinatura da jovem atriz Judy Garland se tornaria, em 2021, “a música do Século 20”, assim escolhida em pesquisa conjunta do National Endowment for the Arts e da Recording Industry Association of America?


É como digo. Cada um pode escolher a forma de escape dos problemas diários. “O desejo infantil de escapar, ou fugir, é uma universalidade”, leio isso em texto assinado por Gary Shapiro para boletim da Universidade de Columbia. A sentença é por ele atribuída ao professor de música Walter Frisch, autor do livro “Arlen and Harburg’s Over the Rainbow”.

Burt Howard quis ir acima do ponto desejado pela pequena Dorothy. Johnny Mathis, em meio à profusão de intérpretes consagrados, também cantou seus versos. Frank Sinatra, em 1964, os associou (sem a menor graça, digo eu) às missões Apollo à Lua. Refiro-me a “Fly me to the moon”, outra peça icônica.


Desta vez, a mão da pessoa amada serviria à fuga para as estrelas e para ver como a Primavera se mostra aos apaixonados, em Jupiter e Marte. Prefere você ver um filme, ler um livro? Tudo bem, que assim seja. Quanto a mim, neste exato momento, valho-me de Johnny Mathis, há pouco reencontrado. Felizmente, ele ainda está vivo. E canta “Misty” em palcos que podemos reprisar quando voar for preciso.

Ela se chamava Isadora, mas poderia se chamar Flora, Ana ou mesmo Sossego e tinha o hábito de, estranhamente, colecionar domingos. Não...

jardim flores nostalgia
Ela se chamava Isadora, mas poderia se chamar Flora, Ana ou mesmo Sossego e tinha o hábito de, estranhamente, colecionar domingos. Não em vídeos ou fotos. Ela os guardava inteiros em potes de vidro, desses que vêm com azeitona ou doce em conserva. Imagine os vidros de domingos arrumadinhos no armário da sala, impecáveis. Não colocava data de validade, colocava rótulos e eram assim, soltos para serem degustados a qualquer tempo.

Vasos de cristal são belos e frágeis. tão belos e frágeis como o tempo e a felicidade em nossas vidas. Não há necessidade que tenha...

vaso cristal nostalgia netos
Vasos de cristal são belos e frágeis. tão belos e frágeis como o tempo e a felicidade em nossas vidas. Não há necessidade que tenham formato de recipiente para colocar flores. Não, as flores mais belas nascem entre as pedras da rua. Por extensão, ali está o cristal eterno da beleza divina.

A relação entre verdade e realidade no contexto da existência humana é uma questão profundamente filosófica que provoca reflexão sobre ...

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A relação entre verdade e realidade no contexto da existência humana é uma questão profundamente filosófica que provoca reflexão sobre a autenticidade e a aparência. Ao longo da história, pensadores como Sócrates, Nietzsche e Sartre exploraram a tensão entre ser e parecer, levando-nos a questionar:

Todo ser humano possui lembranças que compartilha apenas com alguns amigos. Existem outras que ele não revelaria nem mesmo a esses con...

fyodor dostoevsky memorias subsolo
Todo ser humano possui lembranças que compartilha apenas com alguns amigos. Existem outras que ele não revelaria nem mesmo a esses confidentes, guardando-as apenas para si, em segredo. Mas há também aquelas memórias que ele teme até mesmo admitir a si próprio — esse é o inconfessável, que gera sofrimento. São sentimentos como o apequenamento, o escapismo, a ingratidão, e uma consciência fragmentada, com dificuldade de se reconciliar com os outros e consigo mesma. Essa forma de viver constitui um constante conflito entre razão e emoção; desejo e frustração; recusa e aceitação — e revela a falta de um existir com dignidade, fundada na carência emocional, nas falhas existenciais e psíquicas, nas incertezas pessoais e no sentimento de vazio existencial.

Tudo começou numa manhã azul de domingo, primavera de 2009. Eu e um parceiro muito chegado, o Edu, tínhamos que dar cabo à missão de...

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Tudo começou numa manhã azul de domingo, primavera de 2009. Eu e um parceiro muito chegado, o Edu, tínhamos que dar cabo à missão de levar nossa prole a uma exposição que ocorria sob aquele teto cheio de composições geométricas, o Espaço Cultural. Para a dita prole, uma tropinha de três serelepes criaturas, eu contribuí com uma das componentes, uma garotinha que ainda atende pelo codinome familiar de Gabi. Já Edu, levou o Sussinho e a Repolhinho.

O ofício do escritor é geralmente vinculado a uma atividade de extremo esforço e/ou de recursos mágicos para a produção do texto. Embor...

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O ofício do escritor é geralmente vinculado a uma atividade de extremo esforço e/ou de recursos mágicos para a produção do texto. Embora para escrever não existam fórmulas infalíveis, dado que é necessário que o redator esteja ao menos dotado de proficiência em sua língua, é relevante a existência de manuais que o auxiliem. Isso porque o que diferencia um usuário comum da língua de um mais competente é a consciência dos recursos

A festa literária e de homenagens no Sol das Letras do mês passado foi para o professor Chico Viana , mas saímos ganhando...

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A festa literária e de homenagens no Sol das Letras do mês passado foi para o professor Chico Viana, mas saímos ganhando todos seus leitores e admiradores, presentes ao evento que aconteceu na Academia Paraibana de Letras.

É comum se aproximar a poesia de Augusto dos Anjos da filosofia de Friedrich Nietzsche, certamente em fun...

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É comum se aproximar a poesia de Augusto dos Anjos da filosofia de Friedrich Nietzsche, certamente em função da influência que há nos dois de Arthur Schopenhauer. A ideia do mundo como “vontade e representação” e a consciência da inevitabilidade do sofrimento marcam a produção dos dois e determinam as suas visões de mundo. Algo, no entanto, afasta fundamentalmente o paraibano do autor de “Para além do Bem e do Mal” – a forma como veem o destino.

Há um café na esquina onde costumo parar não pelos croissants, porque são apenas razoáveis, nem pelo café que é muito forte. Vou para...

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Há um café na esquina onde costumo parar não pelos croissants, porque são apenas razoáveis, nem pelo café que é muito forte. Vou para observar as pessoas. Sim, aquelas que se sentam sozinhas com olhos vidrados no celular, as que riem alto com seus grupos digitais atraentes e desordenados, as que trocam palavras breves com o garçom de crachá manchado, afável, de barba branca, avental no braço e olhos servís.

Continuam cada vez mais crescentes as indagações dos pacientes em nosso consultório sobre essa temática, que ainda consideramos um...

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Continuam cada vez mais crescentes as indagações dos pacientes em nosso consultório sobre essa temática, que ainda consideramos um problema mal resolvido. Respaldado nesse importante aspecto, resolvemos escrever as linhas que se seguem abaixo mostrando nossa posição atual a respeito desse assunto que tão fortemente preocupa a população em geral.

No próximo dia 1º de agosto deste 2025 fará cinquenta anos da morte de Virgínius da Gama e Melo. É uma data a ser lembrada pela Para...

virginius gama melo
No próximo dia 1º de agosto deste 2025 fará cinquenta anos da morte de Virgínius da Gama e Melo. É uma data a ser lembrada pela Paraíba, onde ele viveu, morreu e, com primazia, espalhou o brilho de sua inteligência. Uma inteligência e um talento, como crítico e romancista, reconhecidos aqui e no Brasil. Sua obra e seus prêmios atestam isso.

“Miranda July escreve com honestidade brutal e faro para o insólito. Isso torna este romance uma narrativa selvática e tragicômica so...

“Miranda July escreve com honestidade brutal e faro para o insólito. Isso torna este romance uma narrativa selvática e tragicômica sobre crescer depois dos quarenta anos. Com ecos de autoficção e expondo uma vulnerabilidade sedutora. De quatro faz com que nos apaixonemos diante da possibilidade de novos e belos destinos”
(da orelha do livro)


Assim se chama o segundo romance da escritora, roteirista, cineasta e performer americana Miranda July. Livro que causou rebuliço nos meios literários e feministas. E o porquê desse reboliço? tentamos falar disso no nosso Clube de Leitura – Frederica, neste mês de julho.

Li um Poema, acabo de ler um Poema. Quantos poemas já li desde o longínquo: “Oh! Que saudades que tenho Da aurora da minha vida...

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Li um Poema, acabo de ler um Poema.

Quantos poemas já li desde o longínquo:

“Oh! Que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais!“

Só que os anos e séculos sempre os trazem de volta. E tornarão a voltar, seja no poeta menino que trina pelas cordas do sabiá no exílio além-mar ou do homem fiel ao menino e ao trinado agudo a ressoar do gume e penhascos da sua Aroeiras.

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Casimiro de Abreu CC0 (adap)
Quantas vezes alcei voo de pássaro de quem sai de si, desta prisão que as duras leis da vida impõem, nas asas do único voo feliz que não consegue terminar.

Criança interna, todas as manhãs eu acordava e levantava às seis, saía tangido em fila para o banheiro coletivo, o frio serrano juntando-se ao gelo da água. Tudo por severa obrigação. Obrigado à missa em jejum, a só falar no refeitório após o deo gratias, a quatro horas de leitura e do dever de casa - oito tantos de disciplina para quatro de recreio – de repente só um sabiá de livro me salvava.

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Minha terra tem palmeiras / onde canta o sabiá. Sempre o sabiá de livro a nos dar asas e poderes sobre as nuvens do céu e os limites da terra e do tempo.

Quantas vezes senti dúvida se não existia uma vida além da que me obrigava a ficar entre paredes, sem estrada à vista, o olhar pregado na sisudez do inspetor ou limitado aos muros do internato.

No salão de estudos, minha carteira ficava colada a um janelão aberto para o nascente, o sol benzendo-me com seu clarão e seu calor, sem que eu desse por ele. Sol é o que mais tínhamos e temos, crestando a roça e faiscando no seixo dos caminhos. Mas aquele sopro raiado de luz forte e carregado pela apanha dos ventos e dos cheiros para as páginas da antologia aberta nos versos de Casimiro e Álvares de Azevedo levaram-me com eles. E vim esbarrar aqui, muito pouco para os que sonham alto, mas nas nuvens para o menino matuto dos meus grotões.

Não senti surpresa diferente, agora aos noventa anos, ao dar com Serafim, reino encantado, que o janelão do Gmail veio deixar no quarto três por quatro que é meu universo de hoje.

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GD'Art
Trata-se de um poema de dez estrofes, de onze a quinze versos cada, cuja leitura vai sumindo como tal à medida que a poesia feliz por ser a vida mesma vai imergindo em você. Por mais que o autor tenha levado a vida a exaltar a palavra, a consagrá-la em todas as situações e diferentes circunstâncias, mais a palavra ingressa no abstrato ou atinge a transcendência que se realiza, como esperava Augusto. E com as palavras mais simples como as que Rubem Braga apontou em Camões.

E parecendo tão vulgar: “Nasci numa tarde de chuva/ o Cariri era uma escuridão só.” Mas vá dentro, leitor e leitora amigos, e veja como sai!

Não sei se estou maltratando um autor da mais fecunda vocação poética e apurada consciência crítica como o mestre Hildeberto Barbosa Filho. Mas não tenho dúvida que Manuel Bandeira, sob os signos de hoje, não me faria sentir maior e mais pura emoção.