Parte I Cogumelos gigantes no vale do rio Loire: um jantar inesquecível!
A Guerra dos Cem anos foi uma longa seqüência de conflitos armados entre a França e a Inglaterra, que se estendeu de 1337 a 1453. A beligerância foi motivada basicamente por interferências indevidas da Coroa da Inglaterra nos reinados da França, quando Eduardos, Carlos, Henriques, Felipes e Joões se alternaram no domínio parcial de território francês.
Deus não privilegia pessoas, por isso determinou que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios e, em consequência, Pedro os batizou. Assim, está no Atos dos Apóstolos (Cap. 10, vers 34, 45 e 47)
Na aldeia em rápida transformação, a oficina de ferragens chegou para personificar o primeiro profissional liberal da história – o ferreiro –, a quem, já de um bom tempo não era incomum tivesse a ausência perdoada durante jornadas periódicas de trabalho – a que estavam todos sujeitos –, mas que passava agora a ser nominalmente dispensado de quaisquer dos inúmeros e frequentes mutirões impostos pelas novas necessidades coletivas, que tinham se tornado uma imposição autoritária dentro do novo sistema de poder centralizado.
É dezembro porque as músicas de Natal estão surgindo timidamente. Mesmo que os grandes comerciais com trenós, renas e um Papai Noel rosado e sorridente tenham ficado escassos, em algumas varandas persistem luzinhas coloridas e na recepção do prédio montaram uma vistosa árvore de Natal, mesmo assim, é um dezembro estranho, chocho.
Os versos da canção que fez sucesso no início dos anos 1990 martelavam sua cabeça, enquanto via na televisão resultados das eleições deste ano... Por instantes, esquece da política e viaja no tempo. Até a noite de um show de Titãs, há coisa de 20, 30 anos.
Tenho um amigo que é sedentário por natureza e convicção, por isso fiquei surpreso quando o vi, recentemente, fazendo caminhadas perto de casa. Numa dessas ocasiões conversamos longamente sobre essa compulsão moderna de andar, que vem se incorporando à vida não só do pessoense, ou do brasileiro, mas do homem globalizado. Ele me disse que fazia isso muito pouco e de má vontade. Chegou a ponderar, filosoficamente, que andar não é próprio do ser humano.
Já tarde da noite, recebo dois zaps de voz de minha neta, Clarinha. Ela me pergunta o que é evolução. Achei a pergunta difícil, mas como envolve coisas práticas, respondi adequando ao seu universo de criança esperta. Disse que a evolução era a transformação por que passaram todos os seres vivos — os animais, as plantas, os humanos —, ao longo dos tempos, e ainda passam. Começamos, há muito, muito tempo, sendo pequenos seres como os micróbios e nos modificamos atingindo a forma que temos hoje, terminei dizendo a ela.
Espelhar rio
Espalhar silhuetas pela lâmina matinal
adocicada no fio líquido perene
bebida de fonte esguia na mata
que vagueia pelo relevo em invisível desnível
Os padrões de comportamento ditados pela sociedade fazem com que nossas ações obedeçam regras estabelecidas, normas e procedimentos definidos por valores culturalmente aceitos. Isso nos inibe a fazer algo diferente, com receio de sermos mal interpretados ou objetos de censura. Fugir dos rótulos, quebrar paradigmas, romper com o convencional, pode ser compreendido como desobediência a princípios de formalidade, conduta social.
O episódio nº 15 da Pauta Cultural entra no ar na ALCR TV com atualidades do mundo cultural participação dos autores, leitores e telespectadores do Ambiente de Leitura Carlos Romero.
É fascinante pensar que um grande poeta, cronista e pensador como Affonso Romano de Sant´Anna, que deu aulas sobre o romance de minha autoria "A Verdadeira Estória de Jesus", assistidas pelo nosso Chico Viana, em doutorado no Rio, que leu meu Relato de Prócula enquanto viajava para o Peru, que me estimulou enormemente quando leu meu poema longo "Trigal com Corvos", que vibrou com minhas participações em "O Som ao Redor" e "Era Uma Vez Eu, Verônica", e que até tentou – sem sucesso – conseguir publicação de meus livros na França – escreveu algo como "Barroco – do Quadrado à Elipse"
“O coração tem razões que a própria razão desconhece”. A célebre frase de Pascal (1623-1662) para mim é perfeita. Resume e expressa de maneira clara e brilhante a grande e fundamental dicotomia que na filosofia iria conduzir ao iluminismo/racionalismo, por um lado, e, por outro, ao romantismo, duas correntes que ainda hoje disputam certa primazia no pensamento ocidental. Esclareça-se desde logo que Pascal, além de filósofo, era físico e matemático, portanto alguém muito afeito à pura racionalidade. No entanto, teve a compreensão de que a razão por si só não dava conta da complexidade do homem, no que ele tem de emoções e sentimentos.
A cena já se tornara tão trivial que ninguém a olhava. Nem circunstantes transeuntes rumo à parada de ônibus, nem os diuturnos caminhantes concentrados, a caminho. Eu mesmo, em vezes que passei próximo, não notei. Ninguém comece a pensar em algo como uma planta frondosa, um cachorro flocado, alguma família de florido canteiro. Não. Sob a sombra do ninho de algumas árvores, se instalou. Mais um. Um a mais.
O primeiro é o “Soldado Doido”.
O outro que se chamava Bruno,
lia mãos que hoje vazias,
nos fazem lembrar só do passado.
Há coisas que nos sugerem os pólens para atraírem os beija-flores. Outras, que nos tangem e nos empurram para longe, quase à deriva, sem esperanças nem expectativas.
“Ele vive supostamente recluso em um apartamento na cidade do Rio de Janeiro”, escreveu, há três meses, o jornalista carioca Mauro Ferreira, especializado em música popular, referindo-se ao artista paraibano Genival Cassiano dos Santos, que, embora seja atualmente desconhecido pelo público, tem o seu nome cultuado por intérpretes como Djavan, Marisa Monte, Sandra de Sá e Ed Motta.
Aristóteles foi um dos primeiros a destacar o poder curativo das palavras. Através delas, é possível liberar tensões mentais. O próprio processo de verbalização já constitui um alívio, pois muitas vezes sofremos por não conseguir expressar o que nos atormenta. E quando, falando ou escrevendo, atinamos com o motivo da angústia, às vezes percebemos que ele não é tão grave assim. Não justificava tanto sofrimento.
O estagirita ressaltou a função catártica do verbo. A catarse, termo que ele tomou emprestado à Medicina, decorria do temor e da comiseração que o espectador experimentava ao assistir a uma encenação trágica. Era, como ele chamou, o efeito moral da tragédia. Vendo por exemplo o sofrimento de Édipo, que foi levado pelo destino a matar o pai, o espectador se horrorizava e, ao mesmo tempo, tinha piedade do rei tebano. Obtinha com isso um alívio para seus próprios infortúnios. Cito a tragédia de Sófocles porque nela se representa um padecimento universal. Édipo, conforme luminosamente percebeu Freud, é todo o mundo.
Da tragédia para o que se chama literatura de autoajuda, transcorreram vinte e poucos séculos. Se há alguma coisa de comum entre ambas, é o apelo ao poder que as palavras têm de curar. No mais, distinguem-se tanto quanto um bom suco, feito com fruta natural, se distingue de um refresco industrializado. Na tragédia há personagens que se defrontam com situações-limite e expõem o que há em si de demoníaco e divino. Encurralados pela Falta que cometeram, eles sabem que não lhes resta outra saída a não ser a morte ou a loucura.
Na autoajuda fala-se do indivíduo comum, incapaz de outro heroísmo senão o de sobreviver numa sociedade violenta e desigual como a nossa. Nela os temores são banais e cotidianos, ligados à expectativa de ser assaltado, adoecer, ficar pobre. Sobretudo ficar pobre e ser exilado do paraíso do consumo. E são tantos os frutos a tentar esse Adão moderno! Não apenas a maçã, mas todo um pomar. O paraíso tem até sua serpente, que se chama promoção. Eva é que continua a mesma da versão bíblica.
No caso da tragédia, procede-se a uma dolorosa sangria; no da autoajuda, ministra-se um placebo. Mas em ambos ocorre a intermediação da palavra, que faz uma espécie de ponte entre nossos temores inconscientes e o Logos redentor. Escolhe-se a tragédia ou a autoajuda de acordo com o que se pode suportar, vale dizer, com a coragem de cada um para enfrentar a verdade. Tem gente que se contenta com placebos, e deles hoje o mercado anda cheio.
Sei que há sempre um risco em falar sobre os livros de autoajuda, pois geralmente quem os critica não os lê. O problema é que quem os lê não os critica. Ficam então essas obras numa espécie de limbo, a depender do juízo ressentido dos intelectuais ou da empolgação ingênua dos fanáticos. Tento opinar sem ressentimento, à luz do que pude aprender sobre o ser humano em criações como a tragédia grega.
Segundo os aficionados, há na literatura de autoajuda sabedoria suficiente para garantir confiança nesta vida e esperança na outra (e ninguém precisa de mais do que isso para trabalhar em paz e ganhar o seu dinheiro, que é enfim o que conta). Para que perder tempo com grandes indagações sobre o sentido da existência? Para que cultivar dúvidas sobre o Universo ou a natureza da verdade? Dúvidas não saldam dívidas, e todos precisamos estar com a cabeça fria para bolar estratégias que nos livrem do cheque especial, dos agiotas, das financeiras... Que venham então esses compêndios de narcóticas obviedades.