No gigantesco poema que é A Catedral de Colônia, o imenso poeta que é o Affonso Romano de Sant´Anna - com todos os seus efes e enes - diz ...
Aqui se ouve a melhor música
Era um gosto diferente, a sensação do experimentar, a descoberta traduzida em paladar... em sabor de fruta. O olhar admirado da aprovação ...
O doce descobrimento
Os Espíritos orientadores da Codificação Espírita informam que a vida em sociedade é lei da Natureza, pois “Deus fez o homem para viver em...
Isolamento social
São muitos os que resgataram o Titanic do fundo para a superfície do mar e tornaram a devolvê-lo às funduras abissais do oceano. São rotei...
O crepúsculo da arrogância
Ao pregar por meio de parábolas, Jesus possivelmente consolidava como gênero literário esta forma tão didática de ensinar. Utilizada por p...
A clássica razão de ser
Surpreenderia a você se te dissesse que lá, há 45 anos, estivesse conversando com você e te falado que escreveria uma carta endereçada...
Carta para meu jovem eu
Primeiramente te agradeceria pela coragem de ter enfrentado os teus medos, todos vencidos com muita teimosia e que tanto te ajudariam a entender que o preço de uma “desistência” não te levariam a nenhum lugar. Cada pessoa vê as coisas com os olhos do próprio amadurecimento. Hoje descobri que não há limites para nenhuma pessoa; que a vontade de “realizar” é uma energia muito forte e positiva.
Deverias ter sido menos assustada, menos preocupada do que fostes; de natureza fraterna e ao mesmo tempo muito competitiva. Em minha memória revejo os desafios, as provas importantes como o dia da prova prática de direção, ou mesmo o primeiro dia de trabalho no banco. Mas a melhor de todas as lembranças foi certamente o primeiro dia de aula no Grupo Escolar Isabel Maria das Neves, com apenas 6 aninhos de idade.. .mamãe já havia se adiantado e te ensinado as primeiras letras, a emoção diante do novo; aquela linda sala repleta de mesinhas pequenas com 4 cadeiras em cada uma; novos amiguinhos, a professora Dona Flúvia, tão delicada e meiga. Lembra-te do dia em que Eliane do Egito te ensinou a gravar qualquer música que desejásseis? Tuas músicas prediletas!!! O gosto pela música e pela dança que até hoje perduram e me trazem tanta tranquilidade em horas de lazer.
Não ouvias conselhos e sempre teimosa e reticente em tuas convicções; Te diria que a idade me trouxe ponderação, apesar de ainda hoje continuar teimosa... talvez ainda mais do que antes. Os inesquecíveis dias de ir à praia com a família...de adormecer ao calor do sol dormente nas costas, o mergulho no frescor das águas do mar no rosto, no corpo...Ah!!! dias inesquecíveis.
Aí, onde permaneces, nos teus verdes anos, é importante dizer que tudo valeu a pena; a natural curiosidade em aprender bem como os sonhos sonhados, realizados ou não, permanecerão em mim, para sempre.
O livro “Carta para meu jovem EU” foi comprado por mim com muita curiosidade. As autoras Candice Soldatelli e Jane Graham realmente me surpreenderam quando tiveram a ideia de unir várias cartas de pessoas famosas de forma desafiadora e comovente em um só livro. Foram também convidados brasileiros como Marcelo Gleiser e a Filósofa Maria Helena Galvão. Convidaria à todos para esta viagem interior de catarse e emoção. Uma verdadeira viagem no tempo.
Foi em fevereiro de 1991 que comecei como jornalista de fato, em 1991. Naquela época, o menino tímido bateu às portas do extinto jornal...
Jornalismo com paixão
Naquela época, o menino tímido bateu às portas do extinto jornal O Momento, com a hoje jornalista e amiga Michelle Sousa, para pedir emprego ao então editor Walter Santos.
Completei, portanto, trinta anos de jornalismo.
Confesso sem remorso ter abandonado a leitura das “Confissões” de Santo Agostinho em diversas oportunidades e continuo arrependido pelas l...
Confissões de Agostinho
O presidente Jair Bolsonaro deveria seguir a maioria que já passou pela sua cadeira: pensar e cuidar do geral, cuidar de todos, e deixar ...
Deixemos com o Ministério
Volta do outono Um enlutado dia cai dos sinos como teia tremente de uma vaga viúva, é uma cor, um sonho de cerejas afundadas na terra, é u...
E lá se foi nosso verão
Pablo Neruda
O equinócio de outono se deu no último dia vinte e um. Dia em que a luz solar incidiu com mesma intensidade sobre os dois hemisférios do planeta. A Terra e o Sol, por uns meses, irão se afastar um do outro como dois parentes intrigados. Para nós, os dias serão mais curtos do que as noites. Nessas latitudes, só um pouquinho.
A caatinga ganha cores com as inflorescências do sete cascas, do quipá, da jurema, da baraúna, da coroa de frade, da favela e até a atrevida arapuá irá se deliciar com o néctar do mulungu. É como que se o arco-íris fosse capaz de se esparramar em milhões de pedaços pelo sertão. Oh amigos que deixei lá pelas bandas do sul, vocês nem são capazes de imaginar como é bonito o inverno sertanejo.
Eu, se pudesse, hoje te daria um beijo. Estalado, roubado, risonho, vermelho. E te abraçaria com força, te espremendo as costelas, até...
Só para te fazer sorrir
E te abraçaria com força, te espremendo as costelas, até te ouvir dizer: “Para! Tá todo mundo olhando!”.
OUSADIA Disse-me o velho marinheiro: Felicidade, para mim, é navegar, É seguir para o fim do horizonte, Na ousadia de enc...
Felicidade é navegar
Disse-me o velho marinheiro: Felicidade, para mim, é navegar, É seguir para o fim do horizonte, Na ousadia de encontrar Onde se encontram céu e mar! Disse-me o sonhador: Felicidade, para mim, É o eterno sonhar, Na ousadia de ir Aonde nascem os arco-íris E o seu tesouro encontrar! Disse o apaixonado: Felicidade, para mim, É ao meu amor me entregar, Na ousadia de tê-la em meus braços, E o seu amor conquistar. E eu, poeta, Ousei navegar do horizonte os confins, Na linha do arco-íris fui até o fim, Dei todo amor que havia em mim, Na ousadia de encontrar a mais bela poesia, E viver a felicidade, Mesmo que por um dia... ESPERANÇA
Quem és tu, anjo divino, Que, no anoitecer da vida, Trazes contigo um lume A clarear a nossa estrada? Quem és tu, delicada fada, Que, nas horas amargas, Sopras um beijo terno em nossa fronte, Fazendo-nos perceber novo horizonte? Quem és tu, ó doce ninfa, Que sobrevoas ao meu lado, Quando trilho com enfado, Colorindo essa árida estrada? Ah! Se soubesses! Como é bela a tua luz, Como é doce o teu beijo, Como é singela a tua cor! Ah! Se soubesses! Que por ti o meu verso é estuante, Que é sempre tua a minha mais doce lembrança, És apenas um sonho, uma fada, Que em meu imaginário tem o nome de Esperança! PORQUE AS ESTRELAS
Por que busco as estrelas? Nas noites de solidão as busco E esquadrinho o pálio infinito Buscando reconhecê-las todas Quais fossem velhas amigas. Conheci alguém que as contava Pensando assim possuí-las. Eu, porém, não as conto; As contemplo, com olhos de viajante. São tantas, infinitas, incontáveis, Multicores, tão distantes E ao mesmo tempo presentes, Brilhando como minúsculos faróis A iluminar a nossa jornada. São milenares,quais deuses, Quais numes no espaço distante, Observam-nos e testemunham Os dramas e conquistas da história Da Humanidade. Quando as contemplo imagino, Quantos mundos tão distantes E diferentes, temos ainda a conhecer... Que cores terão seus céus? Como serão os seus mares? Serão suas montanhas azuis? Quando as observo me perco Em longas elucubrações: Como serão suas flores? Que cores e odores terão? E a sua fauna, será também Bela e diversificada? Imagino-lhes cavalos alados, Animais que conosco falam, Pequenos companheiros a dividir Conosco as nossas dores e sonhos. Quando as miro meu pensamento viaja, Percorrendo as suas intermináveis distâncias, E imagino os habitantes desses distantes lugares. Sua aparência, seus modos,o que fazem , o que pensam? Certeza , porém eu tenho de um detalhe comum: Comum a mim, a você, ao irmão extraterreno, Morador dos mundos diversos e distantes, Por certo tão diferentes do nosso mundo Pequeno, chamado Terra, perdido também, Em uma galáxia distante. A certeza que me vem, é que em todos existem Corações que batem, corações que amam. Existem mentes que sonham. E toda vez que paro, para contemplar as estrelas, Nas noites solitárias. E levanto meus olhos ao infinito pálio azul, Pintalgado de luzes piscantes, todas de mim Tão distantes. Sinto o pulsar dos corações, Que pulsam nos outros mundos infinitos, Sinto que sonho o mesmo sonho, Dos meus irmãos estelares e também, Daqueles que comigo viajam nessa Nave mãe. E que erguem os olhos aos céus, Em busca de comunhão, de amor, De paz. Em busca de Deus. MULHERES DE MARÇO
Mulheres de março, Marcianas todas são, Seriam de outro planeta? Diferentes, especiais, Sei que todas são guerreiras, De Marte são, pois, as tais? O que têm de especial, As mulheres marcianas? Da vida são exigentes, No olhar, um brilho diferente, No peito, um coração apaixonado, Que pulsa, descompassado, No ritmo de suas batalhas. Trazem em seu Espírito, As armas da guerreira, São fortes, bravas, altaneiras. Tudo fazem de forma plena, Amam, trabalham, vivem, Em tudo se jogam de forma inteira. As marcianas são de peixes, Acho que todas são sereias, Mágicas, belas, inteligentes, Encantam a todos com seu Canto. Na verdade, o seu encanto, Está em serem verdadeiras. OUTRA VEZ
O Sol traz a manhã desejada, A chuva refloresce o campo, O ninho repleto de novos rebentos. O mar que vai e vem Ao sabor das marés, Sopra o vento, sopra... Traz de volta o barco ao cais. O tempo passa, O céu sobre nossa cabeça é um só, Vemos as mesmas estrelas, Distância é questão de perspectiva. Lá vem o tempo a passar, Lá vem o vento que soprou Lá vem de volta o amor. PARA SER AMOR
Para ser amor, Há que ter grandeza, Mas sem que perca a simplicidade. Há que haver imaginação, Sem que se esqueça da realidade. Para ser amor, Há que se ter ternura, Há que se ter o olho no olho, Há que se ter a mão na mão, Há que se deixar ouvir A música do coração. Para ser amor, Há que se haver o encontro, Há que se haver a presença, Mas, vez em quando, a partida, Porque é bom um pouco de saudade. Para ser amor, Há que haver o riso fácil, Mas, também um pouco de tristeza, Há que haver um quê de dramaticidade, Mas sem esquecer-se da leveza. Para ser amor, Há que se deixar cativar, E ao outro libertar, Há que ter histórias a contar, E ser ouvido paciente, Para ao outro escutar. Para ser amor, É preciso que haja sonho, É preciso haver poesia, É preciso que se acredite no eterno, Mesmo que esse dure apenas um dia. Para ser amor, Há que haver a intensidade E a loucura dos sedentos; Porém, que se tenha a delicadeza da flor, E que não se perca a ternura jamais. POEMA RÁPIDO
Por um pequeno instante, Entre um bater e outro Da asa da libélula, Entre o piscar de teus olhos, Eu sonhei que me amavas. Mas, passou a longa eternidade Dos segundos, E um raio de Sol incidiu sobre A realidade, E a libélula voou, Levando com ela o sonho, E, com ele, o amor.
Otacílio era o ferreiro. A oficina ficava entre uma marcenaria e o armazém do meu pai. Era um tipo simples, calmo, religioso, de poucas pa...
A filha de Otacílio
Clarice Lispector escreveu que “Deus é de quem conseguir pegá-Lo”. Já o diabo, acrescento, é de quem ele pegar. Daí que nesta vida seja ma...
A propósito de Rousseau
Mas como aceitar esse conselho numa época que vê na experiência o único critério para o aprendizado e o melhor guia para as ações? Um dos bordões mais entoados hoje é o de que “caminhando se faz o caminho”. Só se deveria então escolher alguma coisa depois de experimentá-la.
Uma das passagens marcantes das “Confissões” é aquela em que Rousseau recebe um castigo ao descumprir determinada regra e se sente injustiçado por “ser outro”, ou seja, ter uma individualidade. “Se não sou melhor, sou outro” – é mais ou menos isso que ele escreve. Assim, não poderia agir como todo o mundo. Isso que hoje está banalizado em comerciais e certos livros de autoajuda – o encorajamento a que cada um “seja o que é” e faça a diferença – começou com o iluminista suíço.
Rousseau me serviu há anos de inspiração numa conversa que tive com a minha filha mais velha. Falávamos de drogas; se bem confiasse nela, eu queria mais argumentos para convencê-la de que, particularmente nesse domínio, era preciso evitar a primeira vez.
Ponderei-lhe, didático: “Imagine que você queira experimentar drogas por curiosidade. Duas coisas podem acontecer: ou você gosta, acha que vale a pena; ou não gosta e se dispõe a jamais fazer de novo. Comecemos pelo segundo caso: como você não gostou, perdeu tempo experimentando. O melhor mesmo era ter evitado. Vejamos agora o primeiro, ou seja, o caso em que você ache a droga um barato. Isso seria terrível, pois você ia querer repetir a dose.” Fiz uma pausa e resumi: “Esse é o tipo de experiência que não vale a pena tentar”.
É falsa a ideia de que devemos “experimentar tudo”; a algumas coisas devemos renunciar até por instinto de conservação. Um dos segredos de bem viver é discernir entre o que vale a pena ser experimentado e o que deve, de antemão, ser objeto de renúncia. Para isso não existe fórmula, a não ser a do bom-senso.
E aí... cutucou a conviva — E aí aconteceu o que era de se esperar — Emendou Cori. Antes de dar continuidade, porém, o sagaz editor ...
O Retoque (Parte 4)
A amargura de que fala o título é a “de não ser bonito, quando jovem”. E quem a cita é Paulo Francis, em artigo publicado no jornal O Esta...
Paulo Francis, Kundera e uma certa amargura
“Tudo vale a pena quando a alma não é pequena” Fernando Pessoa Foi no "Bar e Restaurante do Damião", em Alagoa Grande, num ...
Sinfonia dos Sapos
Impasse E quase não há mais como dizer do novo. Que o tempo subtrai a juventude do instante E a beleza em seu estado puro.
Arte é o lugar onde tudo se encontra
E quase não há mais como dizer do novo. Que o tempo subtrai a juventude do instante E a beleza em seu estado puro.
Para o poeta pernambucano Manuel Bandeira: “Ele era o traço mais expressivo ligando os poetas, os artistas, a sociedade fina e culta às c...
O Rei do Samba
Ao ler o mais recente e belo texto de Germano Romero, “ Uma vida de herói ”, eu senti um estalo na memória. Quando eu vi a estrutura do po...
A Eneida e o poema sinfônico de Strauss
Senão, vejamos: o herói Eneias é apresentado, desde o Livro I da Eneida, embora só venhamos a saber os detalhes de sua origem, de sua viagem e o porquê de ele ter sido escolhido pelos deuses, para ser o herói da nação troiana, no Livro II. Eneias, filho de Vênus, é um predestinado ao heroísmo e deve fugir, para fundar uma nova Troia, pois a sua Troia foi destruída pelos gregos. Assim, decidiram os deuses súperos (I. O herói – Der Held).
Para que Eneias cumpra a sua missão e possa realmente ser merecedor da condição de herói assinalado pelos deuses, ele precisa enfrentar muitas adversidades e, claro, adversários, na sua complexa viagem, terra marique, por terra e por mar, à nova Troia, que de verá ser fundada no Lácio, na península Itálica, berço da futura Roma. Ele é que assentará as bases dessa gloriosa cidade, destinada a ser a Caput Mundi, a Cabeça do Mundo. Os adversários iniciais são tanto os gregos, que invadem Troia e a destroem, quanto monstros, como o ciclope Polifemo, as Harpias voadoras, além de pestes, naufrágios, errâncias e más interpretações dos oráculos para que ele encontre o caminho assegurado pelos deuses. Até a própria Juno, a deusa-mãe, o persegue, por razões que estão além da alçada de Eneias, como o julgamento de Páris e o rapto de Ganimedes, troianos, como Eneias, que a ofenderam (II. Os adversários do herói – Des Helden Widersacher).
As novas adversidades, pois um herói não é só afeito às adversidades, como também elas nunca acabam, apenas mudam o seu grau de dificuldade, serão as batalhas desenroladas no Lácio, para a conquista da terra; batalhas que ocupam um terço da narrativa, do Livro IX ao XII da Eneida. Destaque-se, principalmente, batalhas contra os Rútulos do rei Turno, o principal oponente do herói, pois Lavínia já estivera prometida a ele, antes da chegada de Eneias. Como já dissemos, conquistar a terra é conquistar a mulher (IV. As batalhas – Des Helden Walstatt).
Diante da morte prematura de Virgílio e da edição póstuma do poema, em 17 a. C., preservado como o poeta o deixou, não vemos a construção da nova Troia, o novo reino tão sublimado, que levará o nome de Lavínio, nem as obras de paz do herói. Estas viriam, consequentemente, vez que Eneias é o modelo do rei indo-europeu, em suas três fases de rei-guerreiro, rei-sacerdote e rei-empreendedor. Infelizmente, a parte que seria para celebrar os empreendimentos que levam ao progresso e à paz, como um tributo a Augusto e a sua decantada Pax Romana, não se encontra no poema (V. As obras de paz do herói – Des Helden Friedenswerke).
Tinha razão Gérard Genette, em dizer que a literatura é um sistema de vasos comunicantes. Vou mais além: a arte é um sistema de vasos comunicantes, estendendo a sua capilaridade ilimitada e instigando que se escreva sobre ela e se escreva sobre o que se escreveu sobre ela ad infinitum.