No caminho da vila do Bujari, na região da Serra de Cuité, havia uma casa bem caiada, de três varandas com piso de tijolo e esteios de aroe...

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No caminho da vila do Bujari, na região da Serra de Cuité, havia uma casa bem caiada, de três varandas com piso de tijolo e esteios de aroeira. Era agradável de ver: ela arrodeada por canteiros de roseiras e plantas medicinais, cerquinha de ripa para amparar dos bichos, frondosas jaqueiras com sombra depois do meio dia e terreiro varrido onde se viam dois pavões criados soltos para o encanto de quem por ali passava.

Manifestações e protestos, desde que ordeiros e pacíficos, são uma demonstração inequívoca da liberdade de expressão. Embora muitos desejem...

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Manifestações e protestos, desde que ordeiros e pacíficos, são uma demonstração inequívoca da liberdade de expressão. Embora muitos desejem limitá-la, a liberdade de expressão deve ser garantida e quem se sentir incomodado com ela deve buscar a justiça. O que não dá é para o estado se intrometer e cerceá-la, em nome do que quer que seja.

O autor Carlos Drummond de Andrade não era tão “gauche” quanto o eu lírico do “Poema de sete faces”: “Vai, Carlos! ser ‘gauche’ na vida”. C...

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O autor Carlos Drummond de Andrade não era tão “gauche” quanto o eu lírico do “Poema de sete faces”: “Vai, Carlos! ser ‘gauche’ na vida”. Com efeito, embora timidamente, por vias oblíquas, de acordo com o seu temperamento discreto, recatado, bem que ele cuidou, aplicadamente, da posteridade da sua poesia. Para tanto, lançou mão de um certo histrionismo para asfaltar o caminho de sua obra poética. Aliás, o simples fato de viver, durante um período, distante dos refletores, dos microfones da mídia, mais o expunha do que o escondia. Criou um tipo, como também o criaram J. D. Salinger e Dalton Trevisan, ambos reclusos num anonimato que tinha lá uma certa eficácia em termos de publicidade. E o que dizer do Jean Paul Sartre que recusou o Prêmio Nobel de Literatura? Que, não o aceitando, ganhou mais evidência, mais notoriedade.

Quero unir as forças invisíveis e intocáveis de todos recantos do globo em forma de ventos, que formem um poderoso martelo de sopros feroze...

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Quero unir as forças invisíveis e intocáveis de todos recantos do globo em forma de ventos, que formem um poderoso martelo de sopros ferozes ou uma suave brisa. Deuses e infernais, vindos do coração da terra e das águas, das montanhas ou planícies, viajantes dos desertos e mares, companheiros e inimigos dos navegadores aéreos, náuticos ou terrenos.

Em 1979 instalou-se uma filial da Livro 7, na Visconde de Pelotas, vizinha ao prédio da Associação Paraibana de Imprensa. A matriz da menci...

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Em 1979 instalou-se uma filial da Livro 7, na Visconde de Pelotas, vizinha ao prédio da Associação Paraibana de Imprensa. A matriz da mencionada livraria, que revolucionou o mercado livreiro no Brasil, ficava no Recife. Era meu ponto predileto. Certa vez vi um livro denominado História da Loucura, de Michel Foucault, autor ainda praticamente desconhecido no Brasil, sobretudo na Paraíba.

Assim passa a glória do mundo, diz "A Imitação de Cristo”, do Frei Tomas de Kempis, frase que um monge repete três vezes, na coroação ...

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Assim passa a glória do mundo, diz "A Imitação de Cristo”, do Frei Tomas de Kempis, frase que um monge repete três vezes, na coroação dos papas. Difícil não lembrar o quadro “A Persistência da Memória” – cheio de relógios moles – de Dali. Ou meus retratos de criança, adolescente, jovem, adulto, sexagenário, velho. E a soberba frase latina sobre as horas: vulnerant omnes, ultima necat – “todas ferem, a derradeira… mata”. Claro que tudo isso me lembra Hamlet, São Francisco e São Jerônimo segurando crânios, cada um em sua hora de pensar na morte, seu memento mori. Claro que o tema me remete a meus primeiros livros, que sequer esperaram a posteridade pra serem esquecidos. A “O Salário da Morte” ou ao que no Youtube resta do filme cuja produção custou tanta esperança e sacrifício, meio século – caramba – lá atrás.

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Bem, OK: sic transit gloria mundi. Mas a inglória também. Se os contemporâneos da velhice de Rembrandt o consideravam “demodée”, como aconteceu com Johann Sebastian Bach em seu tempo, hoje eles são vistos como o Everest e o K2 ou o Kanchenjunga (já tinha ouvido falar desse?) do Himalaia. O povo – a vox Dei - às vezes tem mais a ver com a vida do que o autor do “De Imitatione Christi”, pois diz - e sabemos o quanto ele está certo – que não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe – inclusive essa pandemia, espero. Se as horas ferem e matam, dão, também, lugar ao novo. A Roda da Fortuna é uma bela imagem. Derruba alguém de um trono, põe logo outro no seu lugar, e isso não é de hoje: Shiva, “o Destruidor”, não é um deus monoteísta: faz parte do Trimurti hindu, junto de Vishnu, o “Conservador”, e de Brahma, o “Criador”, e isso é tão bom quanto uma cerveja estupidamente gelada no verão.

Bertrand Russell diz que ficou de boca aberta ante o que leu nos capítulos 14 ao 28, do Livro XI dessa obra
Conta-se que o Rei Astíages mandou matar o neto Ciro, temendo que ele um dia lhe tomasse o poder da Pérsia e o matasse – a mesma história de Laio e o filho Édipo. Não tenho nada parecido com um reino, mas quando o filho de meu filho nasceu, pintei um quadro comemorativo, em que um esqueleto ri feliz, voltando o rosto para o rechonchudo bebê gargalhante que ele leva nos ombros e de quem segura as mãos, feito um São Cristóvão com Jesus Cristinho.

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Mas quem quer que vá ao fundo da coisa, quando o assunto é o Tempo, chega à análise dele feita por Santo Agostinho – o filósofo Agostinho de Hipona – em suas “Confissões”. Bertrand Russell diz que ficou de boca aberta ante o que leu nos capítulos 14 ao 28, do Livro XI dessa obra, e não é para menos: é aí que se liberta o pensador condicionado e limitado pela fé e passa a pensar por si mesmo. É famosa a maneira como entra no assunto:

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Santo Agostinho
- Se ninguém me perguntar o que é o Tempo, eu sei, porém se eu quiser explicar a quem me perguntar em que ele consiste, já não sei.

O passado, diz ele, já não existe, o futuro não existe ainda. O que sobra é o presente milênio, o presente século, o presente ano, o presente mês, o presente dia, a presente hora - todos, na verdade, com partes passadas e partes futuras - , restando-nos o presente minuto, o presente … segundo, e sua subdivisão em mili-segundo, micro-segundo, nano-segundo – isto é: NADA. Quando você diz a segunda sílaba da palavra “presente”, a primeira já era.

Com tão geniais conclusões, o distantíssimo Aurelius Augustinus (que viveu de 354 a 430 d.C.) permanece até hoje no centro das elocubrações sobre o Tempo, mesmo depois de Einstein, pois ouvimos dele coisas impressionantes, como "Não o tempo, senão no tempo, Deus criou os céus a Terra", e que não tem sentido perguntas como “O que fazia Deus antes da criação do Universo”, porque “se Deus criou o tempo com o cosmo, então não houve Antes”, o que a Teoria da Relatividade confirma. Mas, apesar da... “inexistência do passado”, ao contrário dos meus livros, “Confissões” nunca foi efêmero, transit/ório, permanecendo incólume há dezesseis séculos, o que vale outra boa brahma pela sua glória.


W. J. Solha é dramaturgo, artista plástico e poeta

E assim se passou o dia dos Namorados. Fiquei a pensar sobre o assunto e, como estou numa fase de acesso ao Fundo do Baú (comunidade virtua...

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E assim se passou o dia dos Namorados. Fiquei a pensar sobre o assunto e, como estou numa fase de acesso ao Fundo do Baú (comunidade virtual da qual faço parte), completamente rendida às mídias sociais, revirei meus baús e... Nossa! Gostei do que vi.

Já tivemos morticínio em massa, em circunstâncias mais adversas, mas nunca como este. Tivemos flagelos com seu pico em 1877, fartamente nar...

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Já tivemos morticínio em massa, em circunstâncias mais adversas, mas nunca como este. Tivemos flagelos com seu pico em 1877, fartamente narrado oral, artística e eruditamente. Com lances horripilantes, qual o de se sacrificar um ente da família para matar a fome dos demais. Coisas do Ceará, que também são nossas. Mas sempre restando um caminho ou um privilégio de resguardo, seja pelo clima, o do antigo brejo, ou pelo estrato social e econômico.

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Agora, quanto mais riqueza, menos gente tem de ir a Orlando, ao Oriente, aos mais tentadores destinos turísticos e negociais do mundo. O vírus, como o vento, não tem distinguido classes, mesmo que castigue de arrastão os mais expostos, que saem de camisa aberta sob os riscos da extrema necessidade.

No cólera, que através de dois séculos tem sido a nossa referência mais pavorosa, morremos 10 por cento dos 300 mil habitantes de então. Notabilizaram-se os benfeitores da higiene pública com a feitura de cemitérios. Nossa Igreja da Misericórdia não cabia no calcário de seus paredões os ossos dos religiosos mais ilustres; os da pobreza não há registro, salvo no Piancó onde já existia um cemitério feito sob o pálio de um frei Serafim; o de Soledade, inspirando o nome do lugar, teve a mão do padre Ibiapina. Houve qualquer coisa do gênero na notícia que Wilson Seixas dá de Pombal.

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As providências não eram muito diferentes das de hoje, quando o mundo dispõe de riqueza além do ouro para explorar a lua, os planetas, mesmo que se mate um negro como não se mata um porco, isto na nação mais rica de ciência e tecnologia. Um pavor de crime por uma ninharia certamente relegada se não fosse pela cor do delinquente.

Nunca imaginei enfrentar esta experiência depois de 87 anos de outras mazelas minhas e do meu povo. Os números da gripe espanhola e da febre amarela não ficam para trás, é certo. Mas a urbanização, hoje de 70 por cento da população, acabou com o isolamento natural da população rural. A vida geral e econômica era efetivamente agrícola, de densidade populacional rarefeita, morrendo-se mais de morte morrida, com os surtos da peste passando mais por longe. Se não havia médico rural também não havia urbano: o cólera nos pegou com 3 médicos e 2 acadêmicos. Foi quando Abdon Milanez ganhou fama, ao lado de um Poggi, um ascendente da Arnaldo da Beira Rio. Como agora, também não se contava com vacina, com nenhuma terapia de farmácia, só as de botica e os antifebris do mato ajudados pelo banho quente. O cólera matou no Estado o equivalente à população da capital.

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O relatório do presidente Pinto e Silva à Assembleia provincial, documento que por si só bastaria para guardar a memória de um condutor de povos que não nos pertencia (eles sempre vinham de fora) intima-nos a considerar, e bem, o esforço com que a Paraíba vem enfrentando a peste de hoje. Governador, prefeitos, secretários de Estado não só com a mesma máscara preventiva como, a dois metros dos nossos repórteres, também entregues sem trégua e corajosamente no mesmo empenho solidário.

O cólera, vindo do Pará e nos empestando através de Goiana, alastrou-se a partir de março e, já em maio, o presidente Pinto podia fechar com esse desafogo: “....a epidemia se acha quase extinta em todos os municípios, motivando todos, todos, homens livres e escravos, a celebrarmos a vida num grande e fervoroso Te Deum.”

Não merecemos menos, iremos ouvir de doutor João Azevedo e seus fiéis secretários a mesma clarinada para o Te Deum à vida e ao trabalho.


Gonzaga Rodrigues é escritor e membro da APL

Eu fazia o segundo ano ginasial. Meu colégio não era nenhum modelo de prática pedagógica, mas gozava de prestígio na cidade. Estava longe d...

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Eu fazia o segundo ano ginasial. Meu colégio não era nenhum modelo de prática pedagógica, mas gozava de prestígio na cidade. Estava longe de ser, como se costuma dizer de certas escolas, “pagou, passou”. Também não impunha aos alunos grandes desafios; estudando razoavelmente, a gente conseguia passar de ano até chegar ao temido vestibular. Isso permitia que eu tivesse um razoável sucesso, pois as peladas e os jogos de botão não me impediam de fazer os deveres e me preparar para as provas.

Serafim entregava sacas de carvão nas casas. Faz tempo. Pouco ou nenhum fogão a gás nas cozinhas, as donas de casa colocavam as pedras negr...

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Serafim entregava sacas de carvão nas casas. Faz tempo. Pouco ou nenhum fogão a gás nas cozinhas, as donas de casa colocavam as pedras negras, molhavam-nas com querosene, riscavam o fósforo no olho de marca, puxavam os abanos de palha entrelaçada para provocar o vento que vinha avivar as brasas. Um cheiro acre percorria todos os recantos, a fumaceira subia para as telhas de barro ou sumia pelas janelas abertas.

De médicos e de loucos... E Germano e Ângela saltam: “Puxa, vai começar tudo de novo, é??” Calma, amigos. Vou escrever sobre loucos, sim....

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De médicos e de loucos... E Germano e Ângela saltam: “Puxa, vai começar tudo de novo, é??”

Calma, amigos. Vou escrever sobre loucos, sim. Mas sobre aqueles que são loucos por bichos! É uma categoria de malucos saudáveis, na qual eu me enquadro em excelentes companhias. Por exemplo: os meus filhos Henrique, Ricardo e Ana Laura. Todos os meus netos. A nossa filha-sobrinha Salomé. Os meus amigos queridos Ângela Bezerra de Castro, Germano Romero, Marluce Castor e Josias Batista. E a minha amiga e fisioterapeuta, Lúcia Grilo. Que time, hein?!

Como aquilo me atraía. O reflexo dourado, a profusão de bolhas, o exagero de espuma. Perto dos 15 anos, atração igual eu apenas sentia pela...

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Como aquilo me atraía. O reflexo dourado, a profusão de bolhas, o exagero de espuma. Perto dos 15 anos, atração igual eu apenas sentia pela filha do melhor freguês do meu pai, moça já feita. Mal percebia que não era capaz de dar conta de uma coisa nem de outra.

É quando nos sentimos enlaçados, é quando nos sentimos à beira de um salto nos espaços abissais dos desejos, é quando os avisos de parar j...

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É quando nos sentimos enlaçados, é quando nos sentimos à beira de um salto nos espaços abissais dos desejos, é quando os avisos de parar já não são suficientes para nossa corrida.

Reticências e respiros. O nunca preencher-se. O sempre esborrar-se. O desencanto que chega repleto de encantamentos. O sono dos que nunca dormem. O sonho dos que nunca acordam.

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Talvez o amor seja simplesmente uma dobra de nós mesmos em relação ao outro. Talvez o amor seja apenas um alento para nossa imensa incompletude. Talvez o amor seja um desejo jamais satisfeito, algo imponderável e secreto, infinitamente secreto.

Mas nada disto importa. O que realmente nos faz sonhar, rir à toa e também lacrimejar é saber que o amor é a emoção que não nos permite o sentir-se só. O amor não é ajuste, é completude que não se completa. O amor não é um só, posto que isto é preencher-se da própria individualidade.

Amor não é justaposição. É tão somente um reflexo, um lampejo. Tal como a lua obscura e triste se enfeita de luares quando o sol nela irradia seus solares, a tornando prateadamente encantada.

E se o amor não é perene é porque nos diz da nossa finitude toda vez que se esvai. E se o amor não é eterno, amar nos eterniza. Desta forma, isto nos permite amar sempre, diferentes pessoas, de diferentes maneiras, em espaços e tempos distintos.

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Assim, hoje, cultive seu amor. Não é preciso que se tenha namorado ou namorada pra isso. É só preciso que se tenha amor. E as artes de cuidar. Diga ao seu amor o quanto ele importa, o quanto ele é parte, o quanto ele lhe torna melhor.

Pense também nos seus ex-amores e recite baixinho um agradecimento por eles terem um dia escrito algo no seu livro da vida.
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Mas veja que as palavras não são sempre os melhores instrumentos. Um olhar, um toque.

Deixe vir seu amor. Não aquele romântico que tem final feliz e dias solitários. Deixe vir aquele amor que é só seu. Mas que é tanto que escorre pra outros. Sim, o amor é fluidez. Ribeirinho que escorre manso e verdeja as margens que toca. Amor é porta aberta, mourão sem porteira. De catracas livres se sustenta o amor. Entra pela sala do olhar, arrepia os pelos do desejo, vibra as células da pulsação da vida, se espraia qual vírus nos hálitos dos amantes, se mistura qual cascata em lábios de saliva doce.

Com átomos de amor somos feitos. Órbitas da atração que não se traduz. Mas há algo que traduz a maior das artes do amor: o tornar-se mais humano, demasiadamente humano, porque me reconheço em cada um daqueles que meu amor tocou.

Ontem foi aniversário dele. Há noventa e sete anos, Carlos Romero desembarcava para mais uma jornada, desta vez em Alagoa Nova. Ninguém pod...

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Ontem foi aniversário dele. Há noventa e sete anos, Carlos Romero desembarcava para mais uma jornada, desta vez em Alagoa Nova. Ninguém podia imaginar que aquele bebê, que só se demorou no brejo por 4 anos, se mudaria para a capital e depois voltaria, já com 30, casado com a bela Carmen, para exercer o cargo de juiz da cidade pacata, de clima bom, e de gente simpática. Seus pais, José Augusto e Maria Pia, já haviam deixado naquela terra os bons fluidos da ilibada conduta. Era meio caminho andado para o retorno do rebento.

Umas simples estrelinhas de São João. Vocês sabem do que se trata. Elas são o mais inofensivo, o mais humilde e o mais sem graça dos fogos ...

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Umas simples estrelinhas de São João. Vocês sabem do que se trata. Elas são o mais inofensivo, o mais humilde e o mais sem graça dos fogos juninos. Normalmente são compradas para as crianças menores e mais bobinhas, as que não podem ainda se arriscar nas bombas e foguetões. Se os seus destinatários não fossem mesmo tolinhos, por conta da pouca idade, certamente sentir-se-iam discriminados por receberem, para celebrar a festa do mês de junho, os fogos mais simplórios, ao contrário dos outros, os mais velhos, com seus artefatos barulhentos e brilhantes. As estrelinhas não emitem qualquer som e a pouca luz que produzem, quando acesas, é menor que a de um vagalume.

Acalanto Por força do destino tornei-me tecelã, Mas não reclamo. Exerço meu ofício e amo. Como acalanto de cada manhã, Mistur...

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Acalanto


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Por força do destino tornei-me tecelã,

Mas não reclamo.

Exerço meu ofício e amo.



Como acalanto de cada manhã,

Misturar traços, linhas e matizes,

Para alegrar-me na terra

Ave fugidia Ave tão fugidia Avezinha selvagem, Pousa na minha janela Para depois se evadir Deixando a solidão nela.

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Ave fugidia

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Ave tão fugidia
Avezinha selvagem,
Pousa na minha janela
Para depois se evadir
Deixando a solidão nela.

Como iniciou teu dia? O sol da tua existência acordou coberto pela colcha de nuvens bordada com pétalas das nuvens de tuas lágrimas?

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Como iniciou teu dia?

O sol da tua existência acordou coberto pela colcha de nuvens bordada com pétalas das nuvens de tuas lágrimas?

Como era mesmo o título: “Recados da Província”? As letras meio góticas, desenhadas certamente por Elcir Dias, encimavam a crônica que mais...

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Como era mesmo o título: “Recados da Província”? As letras meio góticas, desenhadas certamente por Elcir Dias, encimavam a crônica que mais me fazia inveja na imprensa local.

10 de junho de 2020. No 97º ano de nascimento de seu patrono, o Ambiente de Leitura Carlos Romero, espaço virtual criado em 2008, presta-lh...


10 de junho de 2020. No 97º ano de nascimento de seu patrono, o Ambiente de Leitura Carlos Romero, espaço virtual criado em 2008, presta-lhe uma homenagem trazendo a lume alguns comentários de amigos e leitores referentes à trajetória do cronista. Recentemente, o ALCR passou a abrigar publicações de outros autores, especialmente selecionados no intuito de continuar a contribuir com o mundo das Letras, universo tão presente em sua memória.



Abelardo Jurema Filho
Jornalista
Era assim que eu o cumprimentava, ou melhor , que eu reverenciava a sua presença iluminada: “amado Mestre”. O cumprimento, sempre respeitoso e afetivo, era fruto da minha admiração por aquela figura serena, bem-humorada, que parecia se divertir com o mundo onde conseguia enxergar a natureza em toda a sua plenitude. Via o que os outros não veem e era capaz de fazer uma crônica apenas dissertando sobre o canto de um passarinho ou sobre a beleza de uma folha verde.



Alaurinda Romero
Violinista
Carlos costumava dizer, carinhosamente, que eu era “um anjo que apareceu em sua vida”. Mas, o anjo era ele, que tanto me ensinou. Ah, como aprendi com ele! Não encontro palavras para me expressar e dizer o quanto Carlos foi e continua sendo valioso para mim. Os livros que ele me indicava, os filósofos que mais amava… Bertrand Russell, Michel de Montaigne e tantos outros. Uma vez perguntaram a Montaigne, porque ele gostava e admirava tanto o seu grande amigo, Étienne de la Boétie? Ele apenas respondeu: “Porque ele era ele”. E é por isso que eu amei e continuo sempre amando o meu Carlos. Porque ele era ele e eu me via nele.



Ana Adelaide Peixoto Tavares
Professora
Fui muito tocada pelo amor de Germano Romero pelo seu pai. Tão raro ver um filho se desnudar de amor e orgulho pelo seu pai! Ficava sempre emocionada com suas viagens, no ritmo daquele “amado pai”. Viagens para destinos clássicos, música, arte e boa comida. Mas, principalmente, viagens para as vivências e compartilhamentos de amor. E, enquanto Germano falava do frio, Dr. Carlos gostava de voltar aos nossos dias quentes do sol e do verão. E que vitalidade e abertura para a vida, quando o vi numa cadeira de rodas se divertindo pelas avenidas parisienses, aceitando suas limitações, sem dó nem preconceito. Ele soube viver.



Ângela Bezerra de Castro
Professora
Em minha visão particular, diria que Carlos era o exemplo de um
homem feliz. Soube amar e ser amado. Além de nortear a existência por princípios que deram sentido e densidade a todos os seus dias. Podia descobrir, no menor fato do cotidiano, um grande acontecimento e assim alimentar constantemente sua alegria de viver. Sem dúvida, encontrou “a paz do coração” que, segundo Platão, “é o paraíso dos homens”. Desde que o conheci, admirei nele essa postura sábia diante da vida. Refletida sempre no rosto iluminado por um suave sorriso de acolhimento, a sintetizar o propósito maior da transcendência de ser, no minimalismo de cada gesto.



Carlos Romero Filho
Professor
Quando fui crescendo, papai passou a me dar obras de filosofia: Will Durant, Bertrand Russel, seus autores preferidos. Assim, cresci no meio dos livros e da música, escutando Bach, Beethoven e Mozart. Não me esqueço dele, logo de manhã cedo se fazendo de maestro e regendo a nona sinfonia de Beethoven pra gente. Nada me lembra mais papai do que a música. E é a "Ode à Alegria", de Schiller, que sempre me transporta até ele. É a música me levando novamente a ele, como um milagre, trazendo de novo sua imagem, sua voz. É papai, outra vez, chegando! Papai que nunca esquecerei. Pois, como diz o título daquela crônica dele: “Amar é não esquecer”. “Ter saudade é bom. Só o ser humano tem saudade. Saudade é fome de presença”.



Davi Lucena
Deivis
Meu querido companheiro de viagem. Atravessamos riachos, passeamos por desfiladeiros, cruzamos mares e percorremos grandes distâncias, por terra, mar e ar. Em alguns momentos, sua voz ecoava de forma mansa, com uma observação sobre as ovelhas e vacas que pastavam nos campos. Aquele olhar tranquilo tornava agradável qualquer ocasião. Passamos por tempestades e descansamos na calmaria. E ele, já impedido de ficar em pé por muito tempo, servindo-se do conforto de uma cadeira de rodas, participava de tudo, tirando o melhor que a vida tinha a lhe oferecer, sempre cantarolando alguma canção e fazendo com que todos o acompanhássemos em coro.



Francisco Gil Messias
Cronista
Foi também um grande viajante, muito além de um simples turista, sempre, em todos os lugares, cultivando a curiosidade intelectual, que é o que distingue aqueles que viajam para aprender dos que o fazem apenas para exibir-se. De andanças pelo mundo, extraiu as crônicas memoráveis. E teve um privilégio: em suas viagens, foi acompanhado pelo filho Germano, a esposa Alaurinda e o amigo Davi, mais que companheiros de estrada, amores de sua vida.



Germano Romero
Arquiteto
Em um de seus últimos aniversários eu lhe perguntei: "O que você quer ganhar de presente?" Ele logo me respondeu "Ah, meu filho, você já é o maior presente que Deus me deu. Mas, tenho uma ideia. Se você quer mesmo me fazer uma homenagem, vá a uma loja de presentes, compre um papel bem grande e bonito, peça à moça para lhe embrulhar por inteiro e mande-me entregar de novo". Hoje não haveria pacote que coubesse a infinita gratidão e o amor que por ele sinto, do tamanho do universo. Parabéns, papai!



José Leite Guerra
Cronista
Como professor, era um passarinho, que quase declamava poemas, enquanto trocava sorrisos com o alunado. Eu, no meu lugar, observava o autor das crônicas que lia na coluna intitulada “Recados da Província”, da autoria dele. Mesmo imaturo para mergulhar na ternura e humor embutidos nas suas frases simples, livres, fios de sabedoria, percebia que denotavam um amor subjacente à Criação. Amado mestre, Prof. Carlos Romero, perdurarás como exemplo de bem viver sob a claridade do amor, da paz, da vida em abundância.



José Nunes
Historiador
Um homem que soube cultivar o silêncio, que falava pouco para melhor escutar a Natureza, para ouvir os outros falar e quando dizia alguma coisa, eram ensinamentos do seu coração. Homem calado, sem ser sisudo, ele conversava com os olhos, como faziam os grandes místicos tiberianos ou como os homens do deserto, aqueles que ao tempo de Jesus deixar tudo para viver afastado do mundo e acreditava estar mais perto de Deus. Carlos Romero percorreu o mundo para captar emoções. Para conversar com Deus estava dentro do coração dele. Deus que ele amava por meio do Espiritismo, presente nos gestos de ternura e de solidariedade recomendados por Jesus.



Sérgio de Castro Pinto
Poeta
De vida morigerada, metódica, Carlos Romero escreve boas crônicas com a melhor das intenções. E o faz sem proselitismos, porque nele tudo é verdadeiro. Quer dizer, ele não se inclui entre os adeptos do “Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço”, embora somente isso não seja suficiente para “Lições de Viver” escapar da vala-comum geralmente reservada aos livros de autoajuda. Suas lições que não soam pretensiosas ou professorais, mas são crônicas que adquirem foros do mais puro lirismo.



William Costa
Jornalista
Não é tarefa fácil classificar o cidadão Carlos Romero. O caminho menos penoso seria rotulá-lo de jornalista, pela paixão que devota à profissão. Mas o cronista, o escritor, o magistrado, o professor, o espírita, o viandante, o amante apaixonado da música, da literatura e da natureza não ficariam magoados? Carlos Romero tem uma trajetória singular no vasto mundo da cultura e do jornalismo paraibanos. Singular porque sua catedral foi construída quase em silêncio, sem açodamento egoísta, sem carência midiática. Arriscamos dizer que a argamassa utilizada foi e continua sendo o amor pela vida.

Existem pessoas que não nasceram para viver no anonimato. Nem procuram ganhar notoriedade, destacam-se naturalmente por suas qualidades sin...

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Existem pessoas que não nasceram para viver no anonimato. Nem procuram ganhar notoriedade, destacam-se naturalmente por suas qualidades singulares, por serem diferentes, por se destacarem no que fazem. A característica maior é o amor com que abraçam o exercício de seus atributos.

Quando tudo parece escuro, a Arte traz o acalanto que precisamos para enxergar o amanhecer, mesmo que demore a chegar. Nesses dias quando...

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Quando tudo parece escuro, a Arte traz o acalanto que precisamos para enxergar o amanhecer, mesmo que demore a chegar.

ambiente de leitura carlos romero flavio tavares jose nunes alberto lacet pintura paraibana pandemia
Nesses dias quando a escuridão das mentes que nos governam e a pandemia que constrói noites escuras, a Arte se junta à nossa fé como antídoto para aliviar a dor que nos sucumbe, e fatalmente deixará rastro de espinhos nos corações.

Acho que, bem ou mal, o sujeito que eu sou, a percepção que tenho de tudo, a profissão que abracei decorrem do fato de que vi meu mundo pel...

ambiente de leitura carlos romero frutuoso chaves ferrovia rede ferroviaria nordeste estrada de ferro trem transnordestina

Acho que, bem ou mal, o sujeito que eu sou, a percepção que tenho de tudo, a profissão que abracei decorrem do fato de que vi meu mundo pela janela do trem.

Haveria um padrão de formosura nato, consciente ou inconscientemente consolidado no gosto da maioria das pessoas? Parece que sim, embora es...

ingrid bergman ambiente de leitura carlos romero beleza fisica germano romero padrão beleza velhice

Haveria um padrão de formosura nato, consciente ou inconscientemente consolidado no gosto da maioria das pessoas? Parece que sim, embora essa tendência tenha sofrido variações ao longo da história.