Flocos brancos e roxos ladeiam o tapete vermelho feito de tinta sobre o cimento frio inanimado e de horas quentes dos meados do dia. Sobre os galhos perfilados, enfeite natural, a passagem tem um perfume sutil, dourados como tochas suavemente brilhantes ao serem tocados pelos raios do Sol no findar das tardes dos últimos dias do verão.
Por ali, muitos pés vão e vêm em passos de todos os tipos, seres de várias falas e de outros tantos silêncios, muitos mundos desconhecidos que se ultrapassam em passadas firmes e vacilantes, cada qual no ritmo que a vida lhe
Maxwell Ridgeway
Ah, caminhar! Exercício obrigatório e satisfatório ao coração. A cada passo surge na contramão uma flor, um mar do céu, muitos rostos e incontáveis faróis.
O corpo avança no compasso predeterminado pela decisão de andar por um determinado caminho, em um específico tempo, duração de uma viagem da mente para tantos pensamentos e devaneios. Espaço para planos, andamentos, posicionamentos, espaçamentos mentais.
A caminhada é mais que exercício corpóreo, é conexão com o ambiente que surge pelo meio do passar. Os olhos captam a origem de um ruído incômodo, uma voz em pregação numa caixinha de som clandestina no alto de um poste. E percebe outros corpos feitos elétrons em rodopios em torno do núcleo, que também caminham e encaminham com suas histórias, planetas mundos.
Ashokorg0
A neve branca e rosada das pequenas flores antecipa a outonal temporada das chuvas que molha todas as caminhadas e forma poças de água, de lágrimas e bloqueiam passagens. Também fazem graça como brincadeira de criança, onde o festejar a chuva alegra o coração, pipocam sorrisos feito trovoada.
O caminhante avança, segue já sem saber ao certo a que ponto da jornada alcançou, alegre pelas paisagens oferecidas pelo trajeto em si. As flores, as pedras, os buracos, os sorrisos...