De cara, na entrada, a inscrição com o nome de Juarez da Gama Batista. Merecidíssima. Poucos se dedicaram, se serviram e se deram tanto ao livro. E fora D. Lygia, a esposa, e as filhas e filhos, ninguém dos ainda vivos testemunha mais remotamente essa paixão do que o caboclo que ele veio conhecer num incidente de revisão.
Reaberta a biblioteca, dobro a última curva dos vagares pela praça coberta do Espaço Cultural e desço a rampa que nos introduz no univ...
Biblioteca Juarez Batista
De cara, na entrada, a inscrição com o nome de Juarez da Gama Batista. Merecidíssima. Poucos se dedicaram, se serviram e se deram tanto ao livro. E fora D. Lygia, a esposa, e as filhas e filhos, ninguém dos ainda vivos testemunha mais remotamente essa paixão do que o caboclo que ele veio conhecer num incidente de revisão.
Uma revista “Visão” velha de 1978, num quartinho que poderíamos chamar de hemeroteca da Academia. Nada se perde naquela Casa! Pena que se...
Guarany
Faz dias, o confrade José Edmilson Rodrigues, do Instituto Histórico de Campina Grande, pautou-me depoimento sobre Félix Araújo , cujo cen...
Félix Araújo
Tento apurar a atenção, sobretudo as ouças, no que está dizendo o comentarista acerca das razões ou interesses de fundo e de impérios de...
A araponga e o que me lembra
Estou nessa, a luz do entardecer já me aconselhando a acender a da Energisa, quando sou subitamente arremessado de mim e, por pouco, da cadeira em que me achava, agredido pela sonora violência de uma batida aguda de ferro ou de bigorna a um metro de minha janela. Janela alta de edifício urbano sem nenhuma mata mais próxima que justifique a visita.
Numa puxada atrás de casa, seu Terto mantinha engaiolado esse bigorneiro então popularíssimo, presente em terraços e quintais de dezenas de amadores. “Cantor extraordinário das matas litorâneas” na bela descrição de Heretiano Zenaide, em seu precioso livro “Aves da Paraíba” . “Aí (nas matas) tem ele sua tenda e tange o ferro sobre o ferro, na hora solene do entardecer”.
É o famoso ferreiro que andou pelo meu telhado de infância rural. Presença incomum na região brejeira, e por isso marcante, inesquecível aos ouvidos de quem só tinha a passarada nativa como orquestra, dispersa durante o dia, mas invisivelmente reunida, completa e bem regida para receber ou se despedir, em cantata, do sol. Quando ouvi a “Fuga” de Carlos Romero ou de Bach vagando na API da minha chegada aqui, só me lembrei da minha aérea passarada.
Mexo-me, o ferreiro ou araponga dá-se por satisfeito, retoma seu voo, e saio atrás do velho Heretiano. Só a distância me consente hoje a liberdade desse tratamento. Menino, o que me chagava por ouvir dizer, trazida pelos ventos vizinhos de Alagoa Grande, era a fama do usineiro. Crescido, já colega de ofício do seu filho Hélio, avistava-o de barbas veneráveis em seu terraço ali pela Maximiano. Mas me liguei a ele, a sua memória, à sua verdadeira grandeza, quando li o “Meu herbário cariri” e, logo depois, “Aves da Paraíba”, obras raras do relicário natural e cultural da Paraíba e do Nordeste. Pena que me tenham levado ou não tenham devolvido o “Meu Herbário Cariri”. Se voltassem os tempos, eu o faria editar pela “Biblioteca Paraibana” de saudosa memória.
“A partir da quinta-feira suprimia-se o doce, a rapadura, e não se comia nada fora das refeições. Falava-se de pessoas que jejuavam a pão ...
Copiando um menino do faz tempo
Para quem leva a sério ou, pelo menos, vê sentido em saber onde pisa, a qualidade de seu chão e do seu povo, suas potencialidades naturais...
Irineu de todos os tempos
É nas quartas-feiras, a mais fresca de todas, tanto pelo ar que recebe da compacta reserva florestal da cidade, quanto pela frescura mesma...
A feira de Jaguaribe
Que boa parte dos bolsonaristas não se toque ou não tenha consciência do que aconteceu no regime que o chefão voltou a exaltar, nesse 31 ...
Vem, vamos embora...
É espantosa a força ou a permanente novidade de certos livros. Li “O vermelho e o negro”, de Stendhal, na idade exata do seu protagoni...
Livros da vida inteira
Li “O vermelho e o negro”, de Stendhal, na idade exata do seu protagonista. Ele no 1830, a viver febrilmente o longínquo 18 Brumário do jovem general Bonaparte; eu aqui no bairro da Torre, 120 anos depois e na sua mesma idade, querendo atalhar seus passos, pois antevia, afundado na leitura, que pelo tipo que se desenhava, pelo seu bonapartismo, iria, como se impusera, colar o rosto e beijar a mão da patroa, a nobre e belíssima sra. de Renal, mulher do prefeito, em cuja casa havia pouco o acolhera como preceptor das crianças. O cálculo, o ímpeto,
São sempre tempestuosas as águas de março. Abrindo a crônica de 1817, que passa de um volume a outro das “Notas”, o guardião-mor da nossa ...
Águas de março
Dos tios, embora bem mais velho, Manuel era o que me parecia mais do meu tamanho. Não de tope, ele já era bem mais alto, mas de meninice. ...
Horas perpétuas
Na manhã em que o achei assim, ele entrou lá em casa no exato instante em que o relógio de parede, o mais rico ornamento da sala, batia suas oito ou nove horas bem batidas. Nem deu tempo a que fechasse a porta de baixo. Ali mesmo, uma mão na porta e a outra no queixo, plantou-se ele transportado a cada enleio que as batidas ressoavam.
Dimas Batista de Toledo era (para não deixar em desuso um velho jargão do economês) um classe-média-baixa originário do serviço público. A...
Num cruzar de porta
Estabelecemos as nossas paralelas a partir de A União de Juarez Batista com um irmão do dr. Osias, Odemar Nacre Gomes, na gerência. Eu me firmando na redação e Dimas do outro lado, na parte contábil.
Apego-me facilmente aos lugares. Não tão facilmente assim. Levantei a vista, numa tarde dessas, e me defrontei com o cadáver da linotipo...
Antônio Vicente
Temos muito a dizer dessa coletânea de perfis dirigidos à história literária da Paraíba. Simplesmente dizer, sem consequência crítica ...
Paraíba na Literatura
Nas manhãs de caminhadas, até pouco antes da pandemia, não conto as vezes que entrava no Mercado, munia-me de uns bons punhados de milho o...
O sol num grão de milho
Têm sido mansos nossos rios desde que ingressamos na história. O Jaguaribe, apesar de pequeno, é que costuma lavar as pontes desde que exi...
Os rios do bem
Do Sanhauá, desde que vivo aqui, não há queixa de suas águas subirem além dos batentes da praça Álvaro Machado. Uma ou duas vezes, salvo engano, veio lamber a entrada da Alfândega. Mas o povo que mora à sua margem se opõe a qualquer projeto que o retire de lá. Então é rio que não afoga.
Equivocam-se os que relegam a validade dos mercados públicos, os que entendem que aqueles espeços estão superados. Engano, eles apenas não...
O espaço das feiras
Que clientela? A que não vai onde não pode regatear. Onde os preços só privilegiam, unilateralmente, os donos da maquininha de remarcação, hoje já em voga diária, querendo lembrar os tempos de Sarney, depois do fracasso de seu plano.
Em seus componentes físicos a noite é a mesma. Solitária e imensa se vivida numa antiga aldeia rural e quase despercebida no ruge-ruge da ...
A árvore que se larga
Vivi as duas situações. E vi a noite encurtar à medida que a opção de vida e de trabalho foi me atraindo para outras compulsões. A quantas madrugadas cheguei, o sol se anunciando pelos vitrais da redação, sem perceber que a noite sumira quase inteira no fechamento das últimas páginas. Os jornais, nesse tempo, não encerravam antes da meia-noite. Fechávamos cedo o noticiário local, as resenhas da assembleia, do governo, da polícia, mas ficávamos na dependência das agências de notícias, que se comunicavam pela radiotelegrafia. E os conspiradores daquele tempo, os malfeitores da vida social sempre escolhiam a noite para agir.
Foi justo, mais que merecido, o comportamento dos que fazem a TV Cabo Branco ao trazer de volta, bem vivo e em grande estilo, o velho Chic...
Um outro Chico Maria
Está aí um homem que encerra o curso dos seus dias sem nos sugerir a ideia de morte e sim a de completude. Viveu até onde lhe foi dado cu...
Mário Glauco Di Lascio
Herdou a missão de um renovador da cidade da qual se fez natural, o arquiteto dos arquitetos Hermenegildo Di Lascio, e acrescentou a esse legado a parte que lhe coube, a do menino de Tambiá, cercado de belos frontais, de um casario identificado com a vaidade em voga, a arquitetura que o próprio Mário veio chamar depois de “arquitetura de almanaque”. A casa paterna era um modelo e ao mesmo tempo um display da arquitetura em voga.