Mostrando postagens com marcador Linaldo Guedes. Mostrar todas as postagens

Imaginemos a seguinte situação: Antes de levar o livro para seu editor, Machado de Assis pede para alguém qualificado fazer a leitura crít...

livros publicacao leitura critica escrever
Imaginemos a seguinte situação: Antes de levar o livro para seu editor, Machado de Assis pede para alguém qualificado fazer a leitura crítica de seu “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.

— Tem um problema gravíssimo nesse livro, meu caro! Não vai dar certo uma obra cujo narrador é um defunto. Nem Augusto dos Anjos ousou enredo tão mórbido! – diz o cara após a leitura crítica.

Lamento meu pai sorriu à sombra da goiabeira nada de rugas na face apenas a névoa de um tempo escondido pela sombra das horas. ...

Lamento
meu pai sorriu à sombra da goiabeira nada de rugas na face apenas a névoa de um tempo escondido pela sombra das horas.
Sossego
como azeite para o palestino : correria solta de menino pés no chão, barro batido por trás da casa, o açude banhando mãe, banhando filho, banhando primos tudo nu, sem malícia e nem milícia

João Cabral de Melo Neto tinha uma extrema capacidade de dar vida às coisas em seus poemas. Vejam como ele fala da faca que habita o corpo...

literatura paraibana poesia linaldo guedes joao cabral melo neto
João Cabral de Melo Neto tinha uma extrema capacidade de dar vida às coisas em seus poemas. Vejam como ele fala da faca que habita o corpo ou do relógio vivo e revoltoso, também sinônimo de jaulas ou gaiolas. Observem como Cabral educa pela pedra em sua poesia ou faz um monumento à aspirina.

Perdón quando procuro teu perdão estou procurando um indulto para sandices e tolices que se agarram nos cabelos do mar mas a...

literatura paraibana poesia linaldo guedes

Perdón
quando procuro teu perdão estou procurando um indulto para sandices e tolices que se agarram nos cabelos do mar mas a maresia corrói outros medos e as raízes de teus cabelos, mais profundas: não vem e vão, como as ondas do bessa : se mantêm firmes

Quando comecei na literatura, existia uma história de que livro que não fica em pé sozinho na estante não tem valor. Claro, isso tinha...

literatura paraibana habito ler livro fino doar livro
Quando comecei na literatura, existia uma história de que livro que não fica em pé sozinho na estante não tem valor.

Claro, isso tinha a ver com a espessura do livro, não com a qualidade do seu conteúdo. Eu morria de medo de publicar um livro que não chamasse a atenção favorável de ninguém.

Mas meu primeiro livro de poemas foi magro que só eu na época – Os zumbis também escutam blues.

Dialética ela disse que sou homem de paixões avassaladoras não de amores sólidos talvez porque os amores são eternos (e morr...

linaldo guedes poesia literatura paraibana
Dialética
ela disse que sou homem de paixões avassaladoras não de amores sólidos talvez porque os amores são eternos (e morrem) e as paixões são instantes (que ficam).
Poética
poeta é bicho esquisito todo mês sangra (versos) e aduba loucuras vermelhas com frases azuis.

Desjejum café sem pão, café sem pão é bandeira e a poesia: cheios de cafeína - às vezes, o vício não está onde a gente pensa...

literatura poesia paraibana linaldo guedes poemas

Desjejum
café sem pão, café sem pão é bandeira e a poesia: cheios de cafeína - às vezes, o vício não está onde a gente pensa mas no poema que a gente não lê
Brasil
os pivetes arrotam a miséria nas esquinas marginais pedem esmolas e fingem suplicar nossos olhares enquanto brincam de independência os pivetes são atores que encenam sua comédia num país dramático
Gênesis
deus criou a família no sétimo dia e descansou - estava cansado dos gritos da mãe e do choro dos irmãos.
Abismo
você foge de mim (não como o diabo da cruz) - enquanto cultiva pétalas de ferrugem na alma.
Ciclo
não é só querer você por todos os janeiros cultivando mitos folha a folha em seu pomar de atritos não é só buscar fevereiro definindo ritmos passo a passo na alegoria: triste arlequim não, não é só procurar águas em março submergindo mares e rios na felicidade de um naufrá (cio) muito menos abrir portas destravar cadeados chave a chave no quarto mês de nossa prisão sei que é um pouco mais um pouco maio um pouco mouros perdidos na primavera sei que quero junho quero junto quero jung nada de freud a explicar minha devoção junina (silêncio em julho) melhor sorrir a ausência de sorrisos melhor contar um segredo a juliana não estou bem certo é se rejeitaria a sina de imperador : agosto ao gosto agostinista rituais nada agnósticos – agnus dei dai-me um cântico para não rezar sei que sinto o bafo de vulcões em setembro a sete léguas de distância do meu próprio império como se fora sete pastores em busca de sete línguas e duas irmãs outro mês já se inicia, sim já já anuncio outubro outrora buscava ruínas hoje cavo minas para suar poemas que não vão lhe conquistar novenas de meus encantos novembro e seus prantos novelos que se enroscam metonímias da minha linguagem não quero só a parte que me cabe no seu todo (dezembro é o ano inteiro onde cabem todos os janeiros de mim em mim).
Ponto de Cem Réis
no centro do mundo da paraíba umbigo da geografia paraíba ali, no imenso ponto vazio tudo que é alma, paraíba de estio poetas ainda circulam precipícios no pátio extenso que esconde agasturas ali, vi políbio Alves arrotando o varadouro no cafezinho em que gonzaga faz seu cronicário ali, reginaldo e sua banca trazem as boas, que as más vinham da língua de mocidade de olho no relógio da dezoito dezessete de olho na pregão do vendedor (em falsete) de olho no paletó branco de caixa d´água e da noite que abruma traficantes até o sol chegar e bater no teu olhar, paraíba até a graxa do menino limpar teus sapatos, paraíba no décimo oitavo andar alumiar outros clarões e pagar com cem réis o preço de teu amor, paraíba.
Bica
(Para Vinícius Guedes)
jacarés em silêncio ruminando o bote na natureza humana leões na jaula - presas da civilização araras em voo para o nada : gaiolas de ilusão macacos em saltos graciosos (bananas ao homem) (no passeio, palmas para os acuados animais que não assustam nem as criancinhas).

A provocação veio de Bauru, de Amanda Helena, para falar aqui sobre Astrud Gilberto e João Gilberto. São dois nomes que me encantam sempre...

literatura paraibana cronica mpb toquinho astrud gilberto polaridade politica bolsonaro lula
A provocação veio de Bauru, de Amanda Helena, para falar aqui sobre Astrud Gilberto e João Gilberto. São dois nomes que me encantam sempre.

Sobre João Gilberto, meu irmão tinha um disco com mais de trinta músicas do baiano e vez em quando colocava pra tocar. Adorava a música do pato. Astrud vim conhecer depois, embora os dois tenham sido contemporâneos e até formaram um casal.

Foi em fevereiro de 1991 que comecei como jornalista de fato, em 1991. Naquela época, o menino tímido bateu às portas do extinto jornal...

literatura paraibana jornalismo profissao reporter paixao
Foi em fevereiro de 1991 que comecei como jornalista de fato, em 1991.

Naquela época, o menino tímido bateu às portas do extinto jornal O Momento, com a hoje jornalista e amiga Michelle Sousa, para pedir emprego ao então editor Walter Santos.

Completei, portanto, trinta anos de jornalismo.

O guardador de segredos (para Astier Basílio) guardo comigo todos os segredos do mundo em que não vivo seg...

literatura paraibana linaldo guedes segredo do poeta poesia
O guardador de segredos (para Astier Basílio) guardo comigo todos os segredos do mundo em que não vivo segredos de poetas, com seus versos e estrofes quebradas no peito almejando musas para guardarem em seu alforje : como se não estivessem caçando ilusões na lírica sem metro

Lembram dos religiosos que batem de porta em porta querendo nos convencer que seu Deus é o único que merece nossa devoção? Pois é, as pes...

literatura paraibana linaldo guedes intolerancia rede social
Lembram dos religiosos que batem de porta em porta querendo nos convencer que seu Deus é o único que merece nossa devoção? Pois é, as pessoas estão meio que agindo assim. Ninguém mais quer apenas dar sua opinião sobre determinado assunto. Quer bem mais que isso. Quer convencer o outro de que sua opinião é a única correta.

O velho aprendiz agora é com vocês, jovens meus cabelos já caíram e as palavras estão feridas no último grão da semente que não g...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana linado guedes livro mataforas duelo no sertao editora patua
O velho aprendiz
agora é com vocês, jovens meus cabelos já caíram e as palavras estão feridas no último grão da semente que não germinou falem de helenas, sim nunca de uma única helena que a poesia não deve ser refém apenas daquela musa

Uma face, só ânima pernas de compasso pernas na mesa perna (d)e pau pernas para que te quero, pernas, pernas brancas, gros...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana linaldo guedes

Uma face, só ânima
pernas de compasso pernas na mesa perna (d)e pau pernas para que te quero, pernas, pernas brancas, grossas pernas...

Partida quando eu estiver velhinho, cheio de rugas só os galos estarão cantando o amanhã e o pasto já terá incendiado ...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana linaldo guedes velhice esperanca
Partida
quando eu estiver velhinho, cheio de rugas só os galos estarão cantando o amanhã e o pasto já terá incendiado todos os trigos já não haverá mais porque procurar fugas, da varanda, nem escolher entre a tarde e a manhã

Os versos da canção que fez sucesso no início dos anos 1990 martelavam sua cabeça, enquanto via na televisão resultados das eleições deste...

ambiente de leitura carlos romero cronica linaldo guedes politica nova mentalidade eleicoes ousadia talento
Os versos da canção que fez sucesso no início dos anos 1990 martelavam sua cabeça, enquanto via na televisão resultados das eleições deste ano... Por instantes, esquece da política e viaja no tempo. Até a noite de um show de Titãs, há coisa de 20, 30 anos.

Houve um tempo em que a impaciência era atribuída aos jovens. Em função da idade, os jovens eram ansiosos naturalmente, achando que o mun...

ambiente de leitura carlos romero linaldo guedes cronica impaciencia pecado auto ajuda

Houve um tempo em que a impaciência era atribuída aos jovens. Em função da idade, os jovens eram ansiosos naturalmente, achando que o mundo acaba hoje e tem que fazer tudo de uma vez.

É melhor ser alegre que ser triste, já dizia o poetinha. Mas o mundo anda tão triste, né, gente? Ninguém repara nos olhos da amada. Afin...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana linaldo guedes vinivius de morais rivalidade entre poetas

É melhor ser alegre que ser triste, já dizia o poetinha.

Mas o mundo anda tão triste, né, gente?

Ninguém repara nos olhos da amada. Afinal, para alguns idiotas ela nem é mulher...

Ninguém mais pensa nas crianças mudas telepáticas...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana linaldo guedes vinivius de morais rivalidade entre poetas
Vinicius de Morais Arq. Nacional
É que, de repente, mas não tão de repente, do riso, fez-se o pranto.

É que depois de tanto erro passado, é preciso conjugar o verbo no infinito.

Lembrar que o bom samba é uma forma de oração.

Dia 19 último foi o aniversário de nascimento de Vinícius de Moraes. Em sua homenagem meu Vini ganhou seu nome.

Lembro que um amigo, na época em que Vini teve seu nome escolhido (ainda não havia nascido), fez muxoxo, dizendo que era nome de intelectual.

Não sabia ele que Vinicius, o poeta, não era do agrado dos intelectuais, porque era alegre, amava as mulheres de verdade (não na base da idealização) e não vivia como um sorumbático macambúzio, como querem que sejam os poetas.

E que Vinícius, o meu filho, já nasceu eterno, e não chama. Parabéns ao poetinha!

Sobre poesia, vou falar algumas histórias de bastidores, sem citar nomes, mas casos reais:

Começar citando o caso de um poeta que era ignorado pelas vanguardas poéticas.

Ele fazia sonetos, e isso é algo imperdoável para alguns ditos vanguardistas.

Era muito talentoso, mas sofria esse preconceito (sim, poetas são preconceituosos com os próprios poetas).

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana linaldo guedes vinivius de morais rivalidade entre poetas
Pierre Seghers e Vinicius de Morais Alécio de Andrade
Para romper a bolha, escreveu poemas na linha dos que o rejeitavam.

Poemas "inventivos", com frases verbais pulando de um verso pra outro. Como se fossem separação de sílaba, saca,?

Foi, então, aceito pelo grupo. Passou a ser considerado poeta pelos que o criticavam, que até passaram a publicar seus poemas em suas revistas.

Ele, enquanto isso, ria do acontecido e voltou a fazer sonetos.


Linaldo Guedes é mestre em ciências da religião, jornalista e poeta

Quando tornei-me escritor profissional tomei um susto ao deparar-me com a palavra Paideuma! Devo explicar que para mim escritor profissiona...

ambiente de leitura carlos romero cronica poesia literatura paraibana linaldo guedes politica bizarra guia eleitoral sustento salario escritor profissional

Quando tornei-me escritor profissional tomei um susto ao deparar-me com a palavra Paideuma! Devo explicar que para mim escritor profissional não é necessariamente quem ganha dinheiro com literatura (isso quase ninguém ganha no Brasil), mas quem vive em função do mundo e da vida literária.

Buscar assunto na falta de assunto é uma das maiores artimanhas de quem escreve. Certa madrugada lembrei de um tempo em que assinava coluna...

ambiente de leitura carlos romero cronica poesia literatura paraibana linaldo guedes falta de assunto redacao de jornal labuta diaria jornalismo

Buscar assunto na falta de assunto é uma das maiores artimanhas de quem escreve. Certa madrugada lembrei de um tempo em que assinava coluna fixa no caderno de cultura do jornal A União.

Não conheço o Lobo-Guará, que está a enfeitar a nova cédula em circulação no Brasil. Ele, no entanto, a julgar pelas fotos que circulam por...

ambiente de leitura carlos romero linaldo guedes notas rede sociais rancor cedula 200 reais lobo guara facebook publicar textos

Não conheço o Lobo-Guará, que está a enfeitar a nova cédula em circulação no Brasil. Ele, no entanto, a julgar pelas fotos que circulam por aí, me parece desmilinguido.