tem semanas que acordo janeiro versos feito cabral seco ácido sertão lâmina e pedra na poesia galo escondendo a manhã dias em que custam suores recordar outros valores lembrar dos asfaltos de jambeiros andar pelas ruas, Jaguaribe : há que sempre mirar adiante nadar nada no capibaribe colhendo feijão e poemas lá na cozinha da casa grande tão pequena tem semanas que me fixo em junhos versos vem de vinícius
Entre o rio e o mar tem semanas que acordo janeiro versos feito cabral seco ácido sertão lâmina e pedra na poesia galo esconde...
É Natal, temos que recomeçar
tem semanas que acordo janeiro versos feito cabral seco ácido sertão lâmina e pedra na poesia galo escondendo a manhã dias em que custam suores recordar outros valores lembrar dos asfaltos de jambeiros andar pelas ruas, Jaguaribe : há que sempre mirar adiante nadar nada no capibaribe colhendo feijão e poemas lá na cozinha da casa grande tão pequena tem semanas que me fixo em junhos versos vem de vinícius
Imaginemos a seguinte situação: Antes de levar o livro para seu editor, Machado de Assis pede para alguém qualificado fazer a leitura crít...
A ‘leitura crítica’ tão em voga
— Tem um problema gravíssimo nesse livro, meu caro! Não vai dar certo uma obra cujo narrador é um defunto. Nem Augusto dos Anjos ousou enredo tão mórbido! – diz o cara após a leitura crítica.
Lamento meu pai sorriu à sombra da goiabeira nada de rugas na face apenas a névoa de um tempo escondido pela sombra das horas. ...
À sombra da goiabeira
meu pai sorriu à sombra da goiabeira nada de rugas na face apenas a névoa de um tempo escondido pela sombra das horas.
como azeite para o palestino : correria solta de menino pés no chão, barro batido por trás da casa, o açude banhando mãe, banhando filho, banhando primos tudo nu, sem malícia e nem milícia
João Cabral de Melo Neto tinha uma extrema capacidade de dar vida às coisas em seus poemas. Vejam como ele fala da faca que habita o corpo...
O que me encanta em João Cabral
Perdón quando procuro teu perdão estou procurando um indulto para sandices e tolices que se agarram nos cabelos do mar mas a...
Sempre existe um oásis
quando procuro teu perdão estou procurando um indulto para sandices e tolices que se agarram nos cabelos do mar mas a maresia corrói outros medos e as raízes de teus cabelos, mais profundas: não vem e vão, como as ondas do bessa : se mantêm firmes
Quando comecei na literatura, existia uma história de que livro que não fica em pé sozinho na estante não tem valor. Claro, isso tinha...
Livro bom não é para ficar preso em estantes
Claro, isso tinha a ver com a espessura do livro, não com a qualidade do seu conteúdo. Eu morria de medo de publicar um livro que não chamasse a atenção favorável de ninguém.
Mas meu primeiro livro de poemas foi magro que só eu na época – Os zumbis também escutam blues.
Dialética ela disse que sou homem de paixões avassaladoras não de amores sólidos talvez porque os amores são eternos (e morr...
Amor quando chega
ela disse que sou homem de paixões avassaladoras não de amores sólidos talvez porque os amores são eternos (e morrem) e as paixões são instantes (que ficam).
poeta é bicho esquisito todo mês sangra (versos) e aduba loucuras vermelhas com frases azuis.
Desjejum café sem pão, café sem pão é bandeira e a poesia: cheios de cafeína - às vezes, o vício não está onde a gente pensa...
Café sem pão
café sem pão, café sem pão é bandeira e a poesia: cheios de cafeína - às vezes, o vício não está onde a gente pensa mas no poema que a gente não lê
os pivetes arrotam a miséria nas esquinas marginais pedem esmolas e fingem suplicar nossos olhares enquanto brincam de independência os pivetes são atores que encenam sua comédia num país dramático
deus criou a família no sétimo dia e descansou - estava cansado dos gritos da mãe e do choro dos irmãos.
você foge de mim (não como o diabo da cruz) - enquanto cultiva pétalas de ferrugem na alma.
não é só querer você por todos os janeiros cultivando mitos folha a folha em seu pomar de atritos não é só buscar fevereiro definindo ritmos passo a passo na alegoria: triste arlequim não, não é só procurar águas em março submergindo mares e rios na felicidade de um naufrá (cio) muito menos abrir portas destravar cadeados chave a chave no quarto mês de nossa prisão sei que é um pouco mais um pouco maio um pouco mouros perdidos na primavera sei que quero junho quero junto quero jung nada de freud a explicar minha devoção junina (silêncio em julho) melhor sorrir a ausência de sorrisos melhor contar um segredo a juliana não estou bem certo é se rejeitaria a sina de imperador : agosto ao gosto agostinista rituais nada agnósticos – agnus dei dai-me um cântico para não rezar sei que sinto o bafo de vulcões em setembro a sete léguas de distância do meu próprio império como se fora sete pastores em busca de sete línguas e duas irmãs outro mês já se inicia, sim já já anuncio outubro outrora buscava ruínas hoje cavo minas para suar poemas que não vão lhe conquistar novenas de meus encantos novembro e seus prantos novelos que se enroscam metonímias da minha linguagem não quero só a parte que me cabe no seu todo (dezembro é o ano inteiro onde cabem todos os janeiros de mim em mim).
no centro do mundo da paraíba umbigo da geografia paraíba ali, no imenso ponto vazio tudo que é alma, paraíba de estio poetas ainda circulam precipícios no pátio extenso que esconde agasturas ali, vi políbio Alves arrotando o varadouro no cafezinho em que gonzaga faz seu cronicário ali, reginaldo e sua banca trazem as boas, que as más vinham da língua de mocidade de olho no relógio da dezoito dezessete de olho na pregão do vendedor (em falsete) de olho no paletó branco de caixa d´água e da noite que abruma traficantes até o sol chegar e bater no teu olhar, paraíba até a graxa do menino limpar teus sapatos, paraíba no décimo oitavo andar alumiar outros clarões e pagar com cem réis o preço de teu amor, paraíba.
A provocação veio de Bauru, de Amanda Helena, para falar aqui sobre Astrud Gilberto e João Gilberto. São dois nomes que me encantam sempre...
A Arte não tem razão social
Sobre João Gilberto, meu irmão tinha um disco com mais de trinta músicas do baiano e vez em quando colocava pra tocar. Adorava a música do pato. Astrud vim conhecer depois, embora os dois tenham sido contemporâneos e até formaram um casal.
Foi em fevereiro de 1991 que comecei como jornalista de fato, em 1991. Naquela época, o menino tímido bateu às portas do extinto jornal...
Jornalismo com paixão
Naquela época, o menino tímido bateu às portas do extinto jornal O Momento, com a hoje jornalista e amiga Michelle Sousa, para pedir emprego ao então editor Walter Santos.
Completei, portanto, trinta anos de jornalismo.
O guardador de segredos (para Astier Basílio) guardo comigo todos os segredos do mundo em que não vivo seg...
Segredos de poetas
Lembram dos religiosos que batem de porta em porta querendo nos convencer que seu Deus é o único que merece nossa devoção? Pois é, as pes...
'Torre de Babel'
O velho aprendiz agora é com vocês, jovens meus cabelos já caíram e as palavras estão feridas no último grão da semente que não g...
Enquanto os barcos acenam ao longe
agora é com vocês, jovens meus cabelos já caíram e as palavras estão feridas no último grão da semente que não germinou falem de helenas, sim nunca de uma única helena que a poesia não deve ser refém apenas daquela musa
Uma face, só ânima pernas de compasso pernas na mesa perna (d)e pau pernas para que te quero, pernas, pernas brancas, gros...
Pernas pra que te quero
pernas de compasso pernas na mesa perna (d)e pau pernas para que te quero, pernas, pernas brancas, grossas pernas...
Partida quando eu estiver velhinho, cheio de rugas só os galos estarão cantando o amanhã e o pasto já terá incendiado ...
'Quando eu ficar velhinho...'
quando eu estiver velhinho, cheio de rugas só os galos estarão cantando o amanhã e o pasto já terá incendiado todos os trigos já não haverá mais porque procurar fugas, da varanda, nem escolher entre a tarde e a manhã
Os versos da canção que fez sucesso no início dos anos 1990 martelavam sua cabeça, enquanto via na televisão resultados das eleições deste...
'Já tentou varrer a areia da praia?'
Houve um tempo em que a impaciência era atribuída aos jovens. Em função da idade, os jovens eram ansiosos naturalmente, achando que o mun...
O pecado da impaciência
É melhor ser alegre que ser triste, já dizia o poetinha. Mas o mundo anda tão triste, né, gente? Ninguém repara nos olhos da amada. Afin...
Já dizia o poetinha
É melhor ser alegre que ser triste, já dizia o poetinha.
Mas o mundo anda tão triste, né, gente?
Ninguém repara nos olhos da amada. Afinal, para alguns idiotas ela nem é mulher...
Ninguém mais pensa nas crianças mudas telepáticas...
É que, de repente, mas não tão de repente, do riso, fez-se o pranto.
É que depois de tanto erro passado, é preciso conjugar o verbo no infinito.
Lembrar que o bom samba é uma forma de oração.
Dia 19 último foi o aniversário de nascimento de Vinícius de Moraes. Em sua homenagem meu Vini ganhou seu nome.
Lembro que um amigo, na época em que Vini teve seu nome escolhido (ainda não havia nascido), fez muxoxo, dizendo que era nome de intelectual.
Não sabia ele que Vinicius, o poeta, não era do agrado dos intelectuais, porque era alegre, amava as mulheres de verdade (não na base da idealização) e não vivia como um sorumbático macambúzio, como querem que sejam os poetas.
E que Vinícius, o meu filho, já nasceu eterno, e não chama. Parabéns ao poetinha!
Sobre poesia, vou falar algumas histórias de bastidores, sem citar nomes, mas casos reais:
Começar citando o caso de um poeta que era ignorado pelas vanguardas poéticas.
Ele fazia sonetos, e isso é algo imperdoável para alguns ditos vanguardistas.
Era muito talentoso, mas sofria esse preconceito (sim, poetas são preconceituosos com os próprios poetas).
Para romper a bolha, escreveu poemas na linha dos que o rejeitavam.
Poemas "inventivos", com frases verbais pulando de um verso pra outro. Como se fossem separação de sílaba, saca,?
Foi, então, aceito pelo grupo. Passou a ser considerado poeta pelos que o criticavam, que até passaram a publicar seus poemas em suas revistas.
Ele, enquanto isso, ria do acontecido e voltou a fazer sonetos.
Quando tornei-me escritor profissional tomei um susto ao deparar-me com a palavra Paideuma! Devo explicar que para mim escritor profissiona...
Folclores...
Quando tornei-me escritor profissional tomei um susto ao deparar-me com a palavra Paideuma! Devo explicar que para mim escritor profissional não é necessariamente quem ganha dinheiro com literatura (isso quase ninguém ganha no Brasil), mas quem vive em função do mundo e da vida literária.
Buscar assunto na falta de assunto é uma das maiores artimanhas de quem escreve. Certa madrugada lembrei de um tempo em que assinava coluna...
E por falta de assunto…
Buscar assunto na falta de assunto é uma das maiores artimanhas de quem escreve. Certa madrugada lembrei de um tempo em que assinava coluna fixa no caderno de cultura do jornal A União.