No livro “Mitos e imagens míticas”, do professor e tradutor José Antonio Alves Torrano são estudados diversos momentos e aspectos do pens...

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No livro “Mitos e imagens míticas”, do professor e tradutor José Antonio Alves Torrano são estudados diversos momentos e aspectos do pensamento mítico em suas transformações e permanência nos períodos arcaico e clássico da Literatura Grega. O que é e quais são essas imagens que constituem os elementos e recursos próprios desse pensamento mítico? Como essas imagens distinguem e demarcam o verdadeiro e o falso, o justo e o injusto?

'No início do ano 2000 o Senhor chamou Noé da Silva e disse-lhe: “- Dentro de seis meses farei chover ininterruptamente durante 40 dia...

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'No início do ano 2000 o Senhor chamou Noé da Silva e disse-lhe: “- Dentro de seis meses farei chover ininterruptamente durante 40 dias até que todo o Brasil seja coberto pelas águas. Os maus serão destruídos, mas quero salvar os justos e um casal de cada espécie animal”. E ordenou, como na passagem bíblica, a construção de uma arca de madeira. No tempo certo os trovões deram o aviso e os relâmpagos cruzaram o céu. Noé da Silva chorava ajoelhado no quintal quando ouviu a voz do Senhor soar furiosa entre as nuvens: “- Onde está a arca, Noé?”.

Perto de completar 73 anos, experimento brusca mudança na vida. Passei a encarar o mundo de forma bem diferente. Tornei-me uma pessoa ex...

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Perto de completar 73 anos, experimento brusca mudança na vida. Passei a encarar o mundo de forma bem diferente. Tornei-me uma pessoa exageradamente cética, um tanto quanto passiva - mas, em compensação, bem mais sossegada, tranquila, na verdade aliviada, depois de mais de 50 anos de trabalho duro.

Está aí um dito popular com o qual devemos tomar cuidado: o tal de “dessa água eu não bebo”. Podemos acabar bebendo sim. Explico. Anos a...

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Está aí um dito popular com o qual devemos tomar cuidado: o tal de “dessa água eu não bebo”. Podemos acabar bebendo sim. Explico.

Anos atrás, década de 90, eu e um amigo tomávamos a imprescindível cervejinha do final de expediente. Praia de Tambaú, pés na areia e mãos no copo, quando comentávamos nossas trajetórias de professores, época em que morávamos no interior de São Paulo,

Cuida! Cuida, para não entrar no labirinto do silenciar. Ele não te deixará sair. Por desejares muitas metades; penetrares em sonhos div...

Cuida! Cuida, para não entrar no labirinto do silenciar. Ele não te deixará sair.

Por desejares muitas metades; penetrares em sonhos diversos; víveres incontáveis mentiras, por mais simples que sejam; fugires das verdades mais sublimes; enfim, por ser a fantasia tua vestimenta diária, já não sabes quem és, qual teu eu se faz presente.

“Tudo que é sólido desmancha no ar”. Ou na corrente sucessiva e sem fim dos ventos empoeirados que terminaram arruinando a casa do meu ant...

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“Tudo que é sólido desmancha no ar”. Ou na corrente sucessiva e sem fim dos ventos empoeirados que terminaram arruinando a casa do meu antigo sítio, por onde passei recentemente. Desmanchou no ar.

Como se sabe, a frase vem de Marx, colhida por Marshall Berman como título e corolário do seu livro mais famoso. Frase que passei por cima, deixando-me levar pela compacta solidez dos vinte anos.

O território Pés pousados no chão. Abro os olhos para a realidade e sint...

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O território
Pés pousados no chão. Abro os olhos para a realidade e sinto meu corpo, instrumento de reorganização da vida e luta pela sobrevivência, maturada nas instabilidades. A costura da vida não precisa ter um arremate perfeito e a junção dos pontos é retrato da multiplicidade de experiências. Sou múltipla. Preciso caber em muitos lugares, sem sair de onde estou. Preciso caber no poema e na prosa, em vozes caladas e mapas por onde transito. Meu terreno é mapeado com códigos ocultos aos quais, por vezes, nem eu tenho acesso. Sou um mix de texturas a buscar espaço onde menos se espera e ali firmo território.

Eduardo Frieiro, no seu livro “Os livros nossos amigos”, começa-o afirmando que “querer bem aos livros é sentimento que se parece muito...

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Eduardo Frieiro, no seu livro “Os livros nossos amigos”, começa-o afirmando que “querer bem aos livros é sentimento que se parece muito com o amor dos sexos”, pois o verdadeiro amante dos livros sente mais do que uma necessidade intelectual; física. Eles estão no quarto, na sala, cozinha, mesa. Ao pé e na cabeceira da cama. Nas travessias do amor, terreno íngreme, quantos são aqueles que recorrem a uma boa leitura, entre um choro e um travesseiro. O amante é possessivo. E aqui vale a seguinte frase: “Prefiro dar dois livros a emprestar um”. Não importando se a obra é rara ou não. Seu objeto é seu. O gozo está no tato, nos olhos e no cheiro.

Estava a conversar com um amigo acerca das vaidades entre cidades que evidentemente existem nos corações e mentes de suas populações. E u...

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Estava a conversar com um amigo acerca das vaidades entre cidades que evidentemente existem nos corações e mentes de suas populações. E um destes casos mais marcantes ocorre por exemplo entre os habitantes que têm tempo e conhecimento de sentir tais detalhes que envolvem um certo grau de sofisticação intelectual.

Criei uma ilha só pra mim do deserto dos homens me isolei só queria avisar que me encontrei ao contato comigo, desejei que...

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Criei uma ilha só pra mim do deserto dos homens me isolei só queria avisar que me encontrei ao contato comigo, desejei que outros homens também se descobrissem. Eu andava assombrado e muito triste ao olhar para o mundo em desespero a cobiça assolando qual vespeiro à procura da luz, sem a tocar

Como um rio Escrevo, quase sempre no arrastar dos dias, medindo a temperatura dos meus sentimentos. Mas também como um rio em busca do m...

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Como um rio

Escrevo, quase sempre no arrastar dos dias, medindo a temperatura dos meus sentimentos. Mas também como um rio em busca do mar. Estado que me dá a chave do tempo. Com ela, posso movê-lo ao meu bel-prazer e até aprisioná-lo. Meus olhos, mesmo fechados, se converteram em lentes poderosas.

Se soubesses... Tudo tão contraditório em mim! Quero apossar-me de todas as paisagens e passagens, com suas cores, marcas, perfumes, e ao mesmo tempo desejo adormecer, até mesmo anestesiar-me, algumas vezes. Cansaço!

Na adolescência habitamos a mesma paisagem e fomos alimentados pela garapa da cana caiana e pisamos no barro que ficou pregado nos pés...

Na adolescência habitamos a mesma paisagem e fomos alimentados pela garapa da cana caiana e pisamos no barro que ficou pregado nos pés. Ramalho Leite e eu carregamos a sina de ter nascido na terra onde exala poesia e brotam sinais de bonança em cada córrego e capoeira. Entre Borborema e Bananeiras, Ramalho construiu vitórias antes de exibir o estandarte da imortalidade. No aceiro da paisagem das duas cidades encontra-se Serraria, com belas palmeiras que acenam do cocuruto das serras, impulsionando-nos a não desistir mesmo que os caminhos sejam enviesados.

Li há algum tempo uma pesquisa sobre a palavra mais bonita da língua portuguesa. Muitos levaram em conta apen...

Li há algum tempo uma pesquisa sobre a palavra mais bonita da língua portuguesa. Muitos levaram em conta apenas o conteúdo e responderam “amor”, “ética”, “democracia”, “credibilidade” e semelhantes. Essas são palavras nobres, não há dúvida, pois veiculam elevados conceitos ou sentimentos. Mas os responsáveis pela pesquisa estavam mais interessados na forma. Queriam saber das palavras como organismos sonoros ou mesmo visuais. Palavras que tinham uma beleza em si.

Poderíamos chamá-la de lutadora ou de guerreira e estaria muito bem, apesar do clichê. Ela foi (é) tudo isso e muito mais. Uma vencedora, ...

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Poderíamos chamá-la de lutadora ou de guerreira e estaria muito bem, apesar do clichê. Ela foi (é) tudo isso e muito mais. Uma vencedora, por exemplo. Mas vamos chamá-la de brasileira, simplesmente, porque aí estará tudo incluído, acertos e erros, principalmente os primeiros, que errar é humano e ninguém é santo. Estou falando de Elza Soares, a cantora que, nonagenária (91 anos), nos deixou há poucos dias e teve sua extraordinária trajetória contada pelo jornalista Zeca Camargo no livro “Elza”, da Editora Leya.

Paraíba, 23 de janeiro de 2022 A Pauta Cultural do Ambiente de Leitura Carlos Romero chega ao Episódio nº 25 em novo formato — ALCR Revi...

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Paraíba, 23 de janeiro de 2022

A Pauta Cultural do Ambiente de Leitura Carlos Romero chega ao Episódio nº 25 em novo formato — ALCR Revista — que a partir desta semana dará sequência ao registro de eventos, atualidades e participação de seus autores e leitores.


Certas coisas “calam” a alma, e uma desesperança preenche, subitamente, o espaço que recriamos, dia -a -dia, para existir. Após assistir ...

Certas coisas “calam” a alma, e uma desesperança preenche, subitamente, o espaço que recriamos, dia -a -dia, para existir. Após assistir a um vídeo que me foi encaminhado pela professora e ambientalista Renata Bonfim, já fiquei assustado. Aquilo que eu remoía, previa, sentia, se configurou verdade. O abismo humano, aquele que antecede a erosão objetiva da terra devastada, se estendeu pelas encostas de Domingos Martins. Hoje passei pelo local do registro das primeiras imagens do desmatamento. É muito maior do que as imagens mostram, e olha que as fotos e o vídeo retratam, de forma clara e objetiva, a tragédia ecológica. Mas as imagens não foram capazes de traçar os limites precisos da desolação que me atingiu. Pois não tem limite o homem com sua vulgaridade e torpeza. Derruba-se aqui, ali, e seu entorno. E o limite é a morte. A busca da felicidade, do paraíso terrestre, da fuga da Covid nos grandes centros… A falta de incentivo para a preservação, o parcelamento dos terrenos familiares e necessidade de capitalização… Eis alguns dos argumentos. E o meio ambiente? A flora, a fauna, a água, o clima…. E a certeza de que haverá vida e a beleza será preservada apesar de nós? O que somos? Assistimos e comentamos? O que fazemos? Passamos no Mundo. Mas o que deixamos? Sejamos responsáveis e nos unamos para impedir, protestar e combater o que está ocorrendo no município de Domingos Martins e demais municípios da serra do Espirito Santo ... do Brasil, pois a Mata Atlântica é frágil e depende de todos nós.


GRITOS PELO VERDE

Não interrompa o cotidiano das serpentes, elas não buscam nos homens o seu veneno.


 
 

 
Verdes Versos I
O escrito, o exposto, essas meias verdes verdades, já não se escondem atrás de máscara.
Kioto
A redoma estilhaçada faz frágil o ser antropocêntrico. A névoa, agora, é cinza de morte. A hora se apresenta túrgida de desassossego. O suor que nasce e evapora do febril pensante é quente, como no Holocausto de ontem. A vidraça, o vapor, a névoa, sobretudo o calor, fundem o metal encantado de Wall Street, em pleno Sol de meio-dia. É o céu um espelho partido, forjado por todos os alquimistas que acenderam o fogo da ambição. O girassol torporoso, refugia-se entre as pétalas que não tombaram ao orvalho ácido do alvorecer. Ele é incapaz de encarar a verdade deste Sol. O que dizer dos seres ignotos que se admiram nos espelhos das nuvens... Onde está a cuspideira, para que eu possa comemorar a soberba humana? Homem, mosaico de fluidos, senhor dos pensamentos dúbios e incoerentes, não tardes esperando que tua racionalidade te dê o norte. Ouve os ociosos que, perdidos entre estrelas, anteveem o simples fim. A rosa oriental que nasceu aos pés do cogumelo de poeira, já era rubra, ao brotar. Hoje, ganhou um toque tropical, está mais encarnada, herança diária dos inocentes exangues, que teimam em nascer, à margem do mundo globalizado. Os seres débeis já se esvaem na fumaça que escreve números em todo o céu. E o principal protagonista não lê os escritos das ondas, que, insistentes, desistiram de lavar as areias e passaram a deixar os seus escritos, nas memórias de uma geração.
Verdes Versos II
Nada menos humano, menos carnal que o verde. Pútrida carne verde dos abandonados em valas. O que é verde o corpo despreza. Catarro, pus, vômica sinônimos de morte. A pele que ainda respira quando verde agoniza. De verde apenas os seres de nosso pobre imaginário. Nada mais vida, mais sentimento que o verde.
Morte verde
Gostaria de que o final do ciclo dos sóis visíveis me encontrasse bestando a apreciar bromélias.
Pensamento
A transparência dos fatos macula-se com a palavra. Como se a busca pelo caos fosse brindada com louvor e êxtase.
Entropia
Em algum momento, antes do fim absoluto, o homem enfim olhará suas mãos sujas com a poeira do caos.
Vegetariano
“O esquecimento jamais devolve seus reféns” Fabrício Carpinejar Somos formigas demais para o verde que resta. A escada de Tistu já não existe mais, perdeu-se no fogo verde. Ele, felizmente, está salvo, é um anjo... Legou-nos a metáfora de seu toque, mas nessa fila de ir e vir só a pele interpreta e julga o que o olhar não entende. Somos deuses demais para o verde que resta. Pode chorar ingazeira, pois não se volta do esquecimento. O tropel segue polvilhando cinzas sobre o cobre do entardecer, e a consciência não segue os passos de seus atos. Afinal, criamos Deus à nossa imagem, temos a chave da vida. Somos dementes demais para o verde que resta.
Apocalipse verde
O mar afoga as colinas onde até anteontem os passos deixavam [ marcas de certezas. Os três ou quatro versos que eu deixei voltaram ao sal. Já não restam vogais, somente rastros na rocha dos tempos. Rezar não adianta; na cruz – poleiro dos derradeiros papagaios –, os musgos viçosos sobrevivem. O VERBO partiu e levou consigo o pecado. O mundo suspira aliviado o retorno à solidão.
O verde psicografado
Certa vez, psicografei um beija-flor morto na morna manhã da sensatez. Ele me confirmou que a turba renovará o erro de sempre. – O desespero do luar está em teus olhos, disse-me ele. Diz-me, rapaz, és capaz de ver quantas perspectivas na falsa inércia de um tronco?... Acreditas mesmo que um coração pode ser o centro do Universo?...
Poema à morte da ingazeira
Morre de pé o verde, até que a inexorável gravidade trace seu rumo definitivo: partir para o esquecimento.
Hóstia verde
Vó Bela! O homem é assim: cultiva a ausência do verde, e, quando este finalmente falta, vende o que resta aos idólatras. Benditos os iconoclastas derrubadores do ídolo verde! Vó Bela! Será que chegará o dia em que tomaremos em nossas bocas uma folha verde como hóstia?
Ofertório
Certas bocas não vestem bem as palavras.

ATENÇÃO
VAMOS COMBATER O DESASTRE AMBIENTAL!
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