Nada mais incentivador para a elaboração deste ensaio do que a leitura prévia de alguns comentários soltos com os quais me deparei, e u...

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Nada mais incentivador para a elaboração deste ensaio do que a leitura prévia de alguns comentários soltos com os quais me deparei, e uma olhadela num dos quadros atribuídos ao paisagista neerlandês Frans Post (1612-1680), que comporia o acervo do Museu do Louvre, em Paris.

O quadro de Post, do período de sua permanência no Brasil (1637-1644), como membro de comitiva trazida a Pernambuco por Mauricio de Nassau, revela-se tão identificável e autêntico que, mesmo sem assinatura, data ou certificação, como ocorre, ficaria difícil se aceitar de que não são paisagens das margens do Sanhauá-Paraíba, as que ali estão retratadas. Por ângulos e perspectivas, não há quem diga que a panorâmica captada pelo artista, para retratação em tela, não tenha tido a tenda armada nos quintais do Convento de São Francisco, no alto da colina.

O jovem Ambrósio Richshoffer era, pelas suas próprias palavras, filho de um “burguês e negociante notável” de Estrasburgo, e deixara a ...

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O jovem Ambrósio Richshoffer era, pelas suas próprias palavras, filho de um “burguês e negociante notável” de Estrasburgo, e deixara a cidade onde nascera motivado pelo espírito de aventura. Em 1629, depois de passar por vários lugares, chegou à Amsterdã onde se alistou como soldado em uma armada que estava sendo preparada pela Companhia das Índias Ocidentais – a W.I.C., com a aprovação e o apoio das Províncias Unidas dos Países Baixos, com o objetivo de atacar Pernambuco.

O pêndulo do pensamento ocidental oscila entre realidade e sonho, entre o mundo real e o substrato imaginário, entre o palpável e o int...

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O pêndulo do pensamento ocidental oscila entre realidade e sonho, entre o mundo real e o substrato imaginário, entre o palpável e o intangível.

Há quem diga que a filosofia começou com o pensador, político, geômetra e astrônomo Tales, de Mileto, cidade situada na Jônia, litoral ocidental da Ásia Menor (atual Turquia). Foi uma época em que se iniciou a busca pela “substância primordial” (“arché”, em grego), que seria a matéria-prima de que são feitas todas as coisas.

No fundo sou alguém que tem mais pena que amor próprio. Fico sempre no fim da fila dos personagens que invento. Minha constante esprei...

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No fundo sou alguém que tem mais pena que amor próprio. Fico sempre no fim da fila dos personagens que invento.

Minha constante espreita da morte é só o medo de ser flagrada na vida, não é desencanto, tristeza, desagrado.

Só não posso perdê-la de vista, preciso deixá-la à mão. Isso me dá uma certa segurança - saber que posso decidir sobre ficar ou partir... Gosto de sentir que entre a vida e a morte existe o meu poder de decisão.

O eu-lírico de Augusto dos Anjos, em um dos seus poemas mais complexos, “Os Doentes”, percebe o milagre da vida a partir da condensação...

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O eu-lírico de Augusto dos Anjos, em um dos seus poemas mais complexos, “Os Doentes”, percebe o milagre da vida a partir da condensação do éter. O que o maravilha e o extasia, contudo, é o duplo milagre de a vida ser uma vida que pensa (Parte V, estrofe 59, versos 231-4):

A vida vem do éter que se condensa, Mas o que mais no Cosmos me entusiasma É a esfera microscópica do plasma Fazer a luz do cérebro que pensa.

Nunca gostei de levantar bandeiras nem de participar de levantes panfletários. A vida toda me entendi como pessoa e isso sempre me b...

Nunca gostei de levantar bandeiras nem de participar de levantes panfletários. A vida toda me entendi como pessoa e isso sempre me bastou (até aqui, pelo menos). Não que eu não tivesse motivos para questionar minha condição de vida e meu lugar no mundo.

Menina pobre do interior da Paraíba, que começou a estudar aos sete anos, numa escola pública, e que nunca pôde comprar um livro sequer, até entrar na universidade e arrumar o primeiro contrato de trabalho (auxiliar de ensino), fui levando minha existência com muitas dificuldades e falta de tudo um muito.

Manoel Moreira tem uma tese arretada. Ele entende que o atual período de vida para o ser humano é muito pequeno, porque gastamos um ter...

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Manoel Moreira tem uma tese arretada. Ele entende que o atual período de vida para o ser humano é muito pequeno, porque gastamos um terço dormindo. Portanto, mesmo que o cidadão alcance os cem anos, de saída já perdeu 33 anos, ou seja, na verdade só viveu 67 anos. A perda do tempo de vida aumenta com atividades absolutamente incompatíveis com o bem viver. Um exemplo que ele dá é o tempo que o homem utiliza trabalhando para poder se aposentar e enfim usufruir a vida. Já lá se vão, portanto, mais 35 anos que somados ao tempo gasto com o sono chegam aos 68 anos, sobrando então - se o cidadão conseguir chegar aos cem anos- apenas 32 anos de vida efetiva.

Procurei, em vão, doidamente. Era uma pequena foto amarelada, tamanho 3x4, contratada com um daqueles antigos retratistas da Praça Aris...

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Procurei, em vão, doidamente. Era uma pequena foto amarelada, tamanho 3x4, contratada com um daqueles antigos retratistas da Praça Aristides Lobo, no Centro de João Pessoa. Recém-chegado do interior, eu providenciava, então, a matrícula no Curso Ginasial noturno do Colégio Underwood, instalado na Duque de Caxias, trecho entre o velho prédio de “A União” e o Palace Hotel. Curso noturno, sim, pois a luz do sol me serviria à busca do primeiro emprego, apesar da pouca idade.

Vez por outra, recebia telefonemas dele e me surpreendia com o que escutava do outro lado. Ao invés de um “tudo bem?”, ou o clássico “c...

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Vez por outra, recebia telefonemas dele e me surpreendia com o que escutava do outro lado. Ao invés de um “tudo bem?”, ou o clássico “como vai?”, ouvia-o cantarolar. Sempre uma das canções que enfeitaram sua vida pródiga em música, clássica ou popular.

E, é claro, respondia-lhe com alegria inusitada dizendo que, em meio aos mortais, eu me sentia um filho privilegiado. Imagine só como é bom ouvir alguém, sobretudo um pai, que lhe liga para cantar pela manhã de um bom dia... Sem falar que, de outras vezes, ele punha o celular

Num recanto bonito do Brasil, Sorri a minha terra amada... Onde o azul do céu É mais cor de anil… (Meu Sublime Torrão (1937), compos...

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Num recanto bonito do Brasil, Sorri a minha terra amada... Onde o azul do céu É mais cor de anil… (Meu Sublime Torrão (1937), composição de Genival Macedo)

Em um desses domingos já ensolarados, mas ainda sem o calor do sol tão quente embora mais gentil, como bem lembra Genival Macedo, em sua composição Meu sublime torrão, gravado originalmente pelo autor e apresentado na inauguração da Rádio Tabajara, no ano de 1937, como registram alguns historiadores.

Cumprido o preceito católico da missa dominical, vi-me, na companhia dileta daquela que adoça minha vida há tanto tempo, a circular pela Cidade das Acácias, no “rumo da venta”, hábito que adquiri quando recebi autorização paterna para comprar uma bicicleta Phillips, aro 28 (modelo já de adulto), para meu uso diverso, que ia do cumprimento de missões domésticas ao lazer descompromissado.

Ele falou se sentir cansado. Não conseguia, como alguns que conhecia — embora poucos — manter vivo o impulso de buscar novos interesses...

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Ele falou se sentir cansado. Não conseguia, como alguns que conhecia — embora poucos — manter vivo o impulso de buscar novos interesses ou preservar os antigos que lhe motivaram no passado. Era como se a vida não apresentasse mais projetos e fosse diminuindo gradativamente as possibilidades e o tempo apenas existisse como um determinante de limitações.

“Duinho viu de longe a tia nadando ao seu encontro. Deve ter pensado que Rosário resolvera brincar. Ficou ainda mais alegre e recomeçou...

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“Duinho viu de longe a tia nadando ao seu encontro. Deve ter pensado que Rosário resolvera brincar. Ficou ainda mais alegre e recomeçou a bater na água, dessa vez com mais força. O barulho não o deixou perceber o desespero da tia, muito menos entender que ela gritava para ele parar de se mexer.”

Duinho tem cinco anos, vem da cidade com os pais e a irmã maiorzinha para aventuras como essa no povoado onde reinam os avós, e, sem noção alguma do perigo, avança no imenso e fundo espelho d’água tendo uma cabaça como boia e na sua cabecinha “o meu barquinho”.

Foi quando o mutismo a invadiu Já não suportava mais tantas partidas manhã cedo, Pablo Milanês também parte Erasmo Carlos n...

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Foi quando o mutismo a invadiu Já não suportava mais tantas partidas manhã cedo, Pablo Milanês também parte Erasmo Carlos nosso gigante gentil Não saberia descrever o que sentia sentimentos desconexos só havia uma sensação nítida: o vazio foram muitas, ao longo desses anos E a cada uma delas: uma dor, uma saudade, uma angústia surda, uma indagação um luto que ainda não clareara.

Cuida de ti do teu coração das tuas horas As areias do tempo já escorrem Relógio de água Ritmo de vida Tempo E um dia, ao olhar no e...

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Cuida de ti do teu coração das tuas horas As areias do tempo já escorrem Relógio de água Ritmo de vida Tempo

E um dia, ao olhar no espelho, eu as descubro. Rugas cheias de profundidade e histórias. Fazem par perfeito com os cabelos que se fazem fios de inverno. Olho para elas com algum carinho e nenhum medo. São o retrato do que experimentei, são o pergaminho em que escrevi o relato da minha vida.

Um pedaço de nuvem despejava sobre o ambiente a vida feito um regador. O barulho rápido e forte cai como um lençol sobre a terra enquan...

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Um pedaço de nuvem despejava sobre o ambiente a vida feito um regador. O barulho rápido e forte cai como um lençol sobre a terra enquanto a luz reflete ouro na garrafa escura meio vazia, metade ainda cheia, antes da meia-noite, em tom de festa íntima, quase sagrada. Enquanto isso, no ar uma música suave, alegre, compondo quadros de tintas frescas, pinceladas de outros tempos na memória. Revisita as leituras lidas, as películas assistidas, as sonoras orquestradas das cenas projetadas pelos ouvidos, reviva.

Morreu nesta sexta (25) a cantora americana Irene Cara. Ela tinha 63 anos e estava longe da fama há muito tempo. No começo da década de...

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Morreu nesta sexta (25) a cantora americana Irene Cara. Ela tinha 63 anos e estava longe da fama há muito tempo. No começo da década de 1980, Irene fez grande sucesso no mundo inteiro ao interpretar as canções dos filmes Fame e Flashdance. No primeiro, dirigida por Alan Parker, ela também atuou como atriz. Hoje, o nome e o rosto de Irene Cara podem ser pouco lembrados, mas não as músicas que a projetaram internacionalmente.