– Eu soube que você tem lido muito. É verdade? – É verdade, sim. Quero decifrar o enigma da vida. – Como aquele rei tebano... Qual é me...
Papo cabeça
– Eu soube que você tem lido muito. É verdade?
– É verdade, sim. Quero decifrar o enigma da vida.
– Como aquele rei tebano... Qual é mesmo o nome dele?
Tocar piano não é mesmo nada simples ou fácil; mui penoso é o estudo, requer árduo esforço e perseverança inabalável. Quanto mais estudamo...
Ingrata memória
Tocar piano não é mesmo nada simples ou fácil; mui penoso é o estudo, requer árduo esforço e perseverança inabalável. Quanto mais estudamos, mais nos damos conta do nobilíssimo mister, do dominar a Arte de tocar esse instrumento que sobrepuja a escrita musical desde sua criação por volta de 1711, pelo italiano Bartolomeo Cristofori di Francesco.
Eu tenho o meu mar, a minha chuva, a minha lua, o meu vento... Quando eu os quero por perto fecho os olhos. Eu tenho o meu próprio por do s...
Quando fecho os olhos
Eu tenho o meu mar, a minha chuva, a minha lua, o meu vento... Quando eu os quero por perto fecho os olhos. Eu tenho o meu próprio por do sol litorâneo e seus multi tons de um quase branco ao rubro denso ou o do Sertão, quadro estampado no horizonte como se terra e céu se unissem. Sim, consigo sentir até o cheiro e perceber a cor intensa da flor mais bela largada pela estrada, em algum campo ermo, em qualquer estação onde já não passa trem, só o verão, ao fechar os olhos.
As cartas são o antídoto literário da efemeridade da vida. Segundo Goethe : “o mais significante memorial que uma pessoa pode deixar”. Po...
Carta de 11 de julho de 1944
As cartas são o antídoto literário da efemeridade da vida. Segundo Goethe: “o mais significante memorial que uma pessoa pode deixar”.
Poucas cartas sobreviveram dos campos de concentração construídos pelos nazistas para exterminar o povo judeu durante o Holocausto.
Gosto de vinho. Sei muito pouco sobre vinhos. Não pretendo nunca me tornar um especialista em vinhos. Sobre estes três alicerces básicos co...
Sobre vinhos: considerações de um amador
Gosto de vinho. Sei muito pouco sobre vinhos. Não pretendo nunca me tornar um especialista em vinhos. Sobre estes três alicerces básicos construí minha adega imaginária e me dou por satisfeito. Não desejo mais do que isso. Deus me livre de me tornar um enochato, aquele sujeito que, ao invés de degustar o vinho, prefere fazer conferência sobre ele, entediando mortalmente os companheiros de mesa que não sejam também enochatos.
Mais um episódio da ALCR TV entra no ar com atualidades do mundo cultural, participação dos autores, leitores e telespectadores do Ambiente...
Pauta Cultural (Ep. 06)
Mais um episódio da ALCR TV entra no ar com atualidades do mundo cultural, participação dos autores, leitores e telespectadores do Ambiente de Leitura Carlos Romero.
Certo dia conversávamos numa roda sobre a excelência do ensino que a nossa geração recebeu. Aí relembramos o português ensinado por Alessio...
Um fim de tarde na bossa
— “Por que vocês não fazem uma homenagem a ele?”
Se tivesse nascido na Grécia, poderia ter sido o precursor do teatro grego. Certamente, o protagonista das homenagens ao deus Dionísio , n...
Ednaldo do Brasil
Se tivesse nascido na Grécia, poderia ter sido o precursor do teatro grego. Certamente, o protagonista das homenagens ao deus Dionísio, nas mirabolantes tragédias e comédias que marcaram os lucilantes canhões a gás dos palcos da grande época. Em Roma, teriam visto ao lado de Plauto e Terêncio e, noutras plagas, fazendo odes ao Shakespeare ou Molière, tudo dentro das magias teatrais, dos malabarismos que sempre marcaram o papel no design de sua apaixonante arte cênica.
Cabisbaixa, a moça se afasta do caixa da farmácia sem se sentir autorizada a apanhar e poder sair com a pequena sacola de compras. Recolhe l...
O mais curto dos romances
Gavroche é o espírito parisiense em forma de criança. Mas não uma criança qualquer. Gavroche é o que o francês chama de gamin , no seu prim...
Gavroche, um espírito libertário
Gavroche é o espírito parisiense em forma de criança. Mas não uma criança qualquer. Gavroche é o que o francês chama de gamin, no seu primeiro sentido, de viver a brincadeira e as licenciosidades das ruas, com espírito crítico, gozador e libertino. Para a época de Hugo, introdutor da palavra na língua francesa literária, com Notre-Dame de Paris (1831) e Claude_Gueux (1834), gamin era termo da língua popular não digno de frequentar o vocabulário dos grandes escritores. Hugo associa definitivamente o vocábulo a Gavroche, personagem memorável de Les Misérables (1862). Tão memorável que repercutiu em nosso Cruz e Souza, no célebre soneto “Acrobata da dor” – “Salta, Gavroche, salta, clown, varado/Pelo estertor dessa agonia lenta...”
Em março de 1808, a Corte portuguesa desembarcava no Rio de Janeiro. Deixara Lisboa, fugindo dos exércitos de Napoleão que haviam invadido...
A vovó pianeira
Em março de 1808, a Corte portuguesa desembarcava no Rio de Janeiro. Deixara Lisboa, fugindo dos exércitos de Napoleão que haviam invadido Portugal. Na bagagem, arrumada às pressas, não foram esquecidos alguns pianos. Começava aí a história do piano no Brasil.
Com a família real e os pianos vieram, também, as danças europeias. Inicialmente, as valsas e as quadrilhas. Em seguida, chegavam os gêneros musicais que predominavam, em cada momento, nos salões da Europa: polca, mazurca, schottisch, habanera e tango.
Somos a todo momento alcançados pelo poder das palavras. Porque elas refletem pensamentos e sentimentos. Tanto podemos ser impactados posit...
O cuidado com as palavras
Somos a todo momento alcançados pelo poder das palavras. Porque elas refletem pensamentos e sentimentos. Tanto podemos ser impactados positivamente, quanto podemos sofrer consequências negativas de palavras que pronunciamos ou que ouvimos. Há quem diga que as palavras mostram o coração.
Primeiro foi uma sombrinha amarela largada ao chão. Deitada ali, sob árvores de um bosque, desprezada ou, quem sabe, a dona clicando um fla...
Três sombrinhas
Primeiro foi uma sombrinha amarela largada ao chão. Deitada ali, sob árvores de um bosque, desprezada ou, quem sabe, a dona clicando um flash artístico para expor. Certamente, uma fotógrafa de alta sensibilidade.
Semana passada, a mesma sombrinha emergiu; sobressaída de uma multidão de guarda-chuvas abertos. Não chovia. Pensei: eis onde foi parar o motivo da foto! E, creiam, recentemente, uma vermelha conduzida por alguém, tempo frio, invernoso; a ou o condutor enfrentava a temperatura enfiado num cachecol e roupas de enganar frio.
Quando tinha 10 anos (era o ano de 1974), meu pai me deu dinheiro para que comprasse meu presente de Natal. Desci correndo e fui ao Jairo Ma...
Sobre Chico Buarque de Hollanda
Por que digo isso? Ao lembrar dos ataques dirigidos a Chico Buarque de Hollanda nos últimos anos. Gregório Duvivier, em crônica publicada na Folha, chegou a dizer que, para ele, os eventos contra o compositor e escritor causavam indignação de tal monta que era “como se chutassem uma santa ou rasgassem a Torá”.
Amo ter sido uma garotinha de laço de fita no cabelo e segredos na caixinha, como a da relíquia que vi conservada por minha mãe, num antigo...
Em algum lugar do tempo
Amo ter sido uma garotinha de laço de fita no cabelo e segredos na caixinha, como a da relíquia que vi conservada por minha mãe, num antigo álbum de fotografias.
Uma redescoberta do ontem, durante visita à irmã querida e guardiã das nossas memórias afetivas. Zoya vem atuando, com maestria, como a aglutinadora do bem-querer da família Maia Duarte.
A convocação para a guerra era esperada e inevitável. Imagine a preocupação da família… Mas, ele não. Estava pronto e às ordens. Nunca es...
O cronista foi para a guerra
A convocação para a guerra era esperada e inevitável. Imagine a preocupação da família… Mas, ele não. Estava pronto e às ordens.
Nunca esqueceu a visão de despedida que teve pela janela do trem, na estação ferroviária de João Pessoa, dos pais e da irmã caçula com uns 10 anos de idade. A garotinha tinha uma mão segurada pela mãe e a outra solta no adeus. O semblante tríplice era de cortar coração. O caçula dos homens estava indo para a guerra!
Todos nós procuramos ser felizes, mas a expectativa da velhice causa um certo temor, um receio do que nos proporcionará a felicidade nesse ...
Felicidade tem idade?
Todos nós procuramos ser felizes, mas a expectativa da velhice causa um certo temor, um receio do que nos proporcionará a felicidade nesse último período da vida.
Quando à porta da Academia Paraibana de Letras eu me despedia da professora Ângela Bezerra de Castro , depois da sua aula-conferência tendo...
A travessia de Diadorim
Quando à porta da Academia Paraibana de Letras eu me despedia da professora Ângela Bezerra de Castro, depois da sua aula-conferência tendo como tema central a personagem Diadorim de “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, respondendo a uma indagação dela de que muitos começam e nunca terminam a leitura deste livro emblemático, penitenciei-me. Disse-lhe que em três ocasiões coloquei de lado o monumental romance, um dos cem principais livros até agora escritos no Brasil.
Alguma coisa mudou, realmente. Falta apurar por conta de quem ou de quê, mas que mudou, mudou. O Pantanal pegando fogo; a Amazônia queima...
Estarei vendo coisas?
Alguma coisa mudou, realmente. Falta apurar por conta de quem ou de quê, mas que mudou, mudou.
O Pantanal pegando fogo; a Amazônia queimada, revirada e pelada; a capital do Império, da República, de todas as culturas, o Rio, virou antro sem trégua de ladrões públicos...
Finalmente assisti ao filme "A Livraria" (2017), adaptação do livro homônimo da escritora inglesa Penélope Fitzgerald, dirigido p...