Quase caí quando o pé direito das minhas legítimas havaianas rebentou. O primeiro grande problema foi identificar o nome correto da “peça” avariada. Riata ou arriata? Nenhuma das duas opções. O nome certo é correia, me disse o vendedor do armarinho localizado no mercado da Torre. Porém, quando ele viu o estado das minhas sandálias deu um muxoxo:
“- Doutor, não é por nada não, mas é melhor comprar um par novo. Do jeito que os solados estão, se o senhor pisar numa moeda vai dar pra adivinhar se é cara ou coroa”.
MS_Art
Pausa para uma explicação necessária. Quem não me conhece vai pensar que é miserabilidade, porém na verdade trata-se de uma nova derivação da minha filosofia de vida, o nadismo. Ou seja, não fazer absolutamente nada. Só que, às vezes, tenho que descansar de tanto que nada faço e procuro uma atividade que me cause o mínimo de preocupação. Neste primeiro semestre escolhi consertar as sandálias. Aliás, outra prova de que não se trata de miserabilidade é que tenho um outro par de sandálias, porém, essas só as uso em ocasiões especiais, são sandálias sociais, que trouxe de um hotel bacana onde hospedei-me certa vez.
Para os que pensam ser assunto de menor monta, quero dizer que, juntamente com a caneta BIC, as havaianas jamais mudaram desde sua criação; no máximo uma cor nova.
E engana-se quem pensa que as havaianas só servem para calçar. Pode até ser assim no resto do mundo, porém aqui no Brasil elas servem de drone quando uma mãe quer acertar o filho que correu da reprimenda, marcam maravilhosamente as traves numa pelada bem jogada, daquelas que arrancam o xaboque dos dedos e identificam os filhos amorosos, que, ao verem um pé de sandália emborcado, correm para desvirá-lo. Vocês sabem porque, né?
Não é bombril, mas tem muitas utilidades.