É a mais espírita das parábolas de Jesus. E existem parábolas espíritas? Claro, o Evangelho está recheado de mediunidade. E como a...

Verdades que advertem

É a mais espírita das parábolas de Jesus. E existem parábolas espíritas? Claro, o Evangelho está recheado de mediunidade. E como a mediunidade é a base em que floresceu a doutrina codificada por Allan Kardec, inteiramente pautada na mensagem evangélica, fica fácil entender o que dela há nos ensinamentos de Cristo.

A mediunidade e a reencarnação são as únicas verdades que distinguem o Espiritismo das demais filosofias cristãs. Embora estejam presentes em diversas crenças religiosas há milênios antes de Jesus.

Livro dos Vedas CC0
No Código dos Vedas, a mais antiga escritura de que se tem conhecimento, encontram-se claros registros da existência dos espíritos. Os magos dos faraós egípcios praticavam a evocação de desencarnados e comercializavam as revelações de tais comunicações, em proveito pessoal, o que revoltou Moisés, levando-o a proibir a prática através da célebre advertência: “Que entre nós ninguém interrogue os mortos para saber a verdade". Ora, se a mediunidade não fosse uma realidade, como o maior profeta do Velho Testamento desaconselharia usá-la para esclarecimentos sobre a “verdade”?… É óbvio que sua censura se ateve aos objetivos escusos a que se destinavam tais práticas àquela época.

E assim são muitos os relatos históricos do fenômeno mediúnico, como na Grécia, Suméria, Babilônia, e outros povos da antiguidade.

Mas qual é a parábola mais espírita de todas? Exatamente a que conta a história de “Lázaro e o homem rico”, criatura abastada que vivia no maior luxo, banqueteando-se nababescamente, vestido de púrpura e linho fino. À sua porta, jazia o mendigo Lázaro, sempre à espera de sobras que raramente lhe caíam às mãos.

Lázaro e o homem rico Domenico Fetti
Após desencarnados, ambos se entreveem distantes, no mundo espiritual. O rico sofrendo as dores do arrependimento em desgraçada situação, com sede e calor intenso, avista Lázaro num plano elevado e feliz, ao lado de Abraão. Daí, suplica-lhe piedade e pede que Lázaro venha molhar sua língua ardente de sede. Abraão então lembra-lhe que, na vida terrena, enquanto ele esbanjava e desfrutava a riqueza, Lázaro, ignorado, mendigava suas migalhas, sob indiferença de todos. Agora era justo que experimentassem o oposto. Além disso, não seria possível o livre trânsito entre os dois planos, pelas dificuldades de sintonia de dimensões e frequências incompatíveis.

Hendrick ter Brugghen
Então o rico lhe implora que Lázaro vá à sua casa advertir os irmãos a deixarem imediatamente aquela vida fútil de luxúria e esbanjamento, para que depois não sofram como ele. Abraão, mais uma vez, faz-lhe recordar que seus familiares já dispõem das escrituras e dos ensinamentos proféticos. Não se conscientizam porque não querem. Inconformado, pede-lhe que faça, ao menos, com que um dos espíritos desencarnados vá lhes recomendar a mudar de conduta enquanto é tempo. Abraão, irredutível, lhe responde: “Se eles não escutam Moisés e os Profetas, como darão atenção ao espírito de um morto”?

São nítidas e inquestionáveis nesta parábola as verdades espíritas tais como a Lei de Causa e Efeito, da Justiça Divina, da vida após a morte, da possibilidade de comunicação entre os espíritos encarnados e desencarnados, e da existência de diferentes planos espirituais, dispostos conforme o nível de evolução de cada ser.

Leandro Bassano
Além do grande ensinamento acerca do sofrimento que padecerão os que vivem uma encarnação improdutiva, egoísta, ambiciosa, cercados de supérfluos, de preocupações com aparência e coisas materiais, indiferentes às necessidades de seus semelhantes e aos ensinamentos sobre o desapego deixados por tantos mestres iluminados que passaram pela Terra.

E mesmo depois do maior de todos eles – Jesus – muitos continuam iludidos, desafeiçoados e insensíveis diante do próximo, de suas carências, fraquezas e imperfeições. Se a quem muito foi dado, muito será pedido, imagine o que sofrerão aqueles que ignoram a lei de amor, tão distante da prática diária de todos nós.

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  1. Milfa Araújo15/7/23 21:57

    Perfeito, Germano querido! Seu texto é muito didático e claríssimo em demonstrar todas essas verdades da doutrina espírita, a partir da parábola de Lázaro, o mendigo e o rico indiferente à penúria em que o outro vivia. Talvez hoje, a realidade seja pior. Creio que a indiferença é ainda maior. Triste. Seu texto é perfeito para quem quer aprender a viver melhor. Parabéns!

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