Cinco anos de saudade, cinco anos que Papai se foi, e assim o tempo segue seu ritmo. Hoje fez um lindo dia de sol. Acordei bem cedinho...

Eterna como o tempo

carlos romero anjo eternidade
Cinco anos de saudade, cinco anos que Papai se foi, e assim o tempo segue seu ritmo. Hoje fez um lindo dia de sol. Acordei bem cedinho, fui até a janela cumprimentar a manhã ainda nascendo. E o pensamento nele tomou conta de mim. O céu azul, o canto dos passarinhos nas árvores do quintal, a brisa suave me beijando. Era como se ele tivesse vindo me abraçar logo no início deste dia 6.

carlos romero anjo eternidade
Carlos Romero Alaurinda Romero
Sua lembrança, como uma música, repentinamente me traz de volta ao passado. Cinco anos sem Papai! Eis um momento para apreciá-lo em retrospectiva! Paradoxalmente, a distância no tempo nos revela certos matizes, algumas emoções inteiramente novas, e uma aproximação existencial mais serena entre nossas almas.

Conheço todos os detalhes que as recordações me trazem, e muito mais. Eles se fundem em a minha própria história. Viveu em Alagoa Nova, passou a infância no sítio da Lagoa, morou na rua Direita, foi repórter de "A União", fez um programa musical na Rádio Tabajara, conheceu uma linda moça na Escola Antenor Navarro, ali na Praça do Bispo, quando ela se preparava para dar um recital sobre Chopin... Tudo isso ainda está muito nítido na minha memória, na minha imaginação, forjada pela convivência com ele desde meus primeiros dias de nascido.

Papai me fala todos os dias! Ouço sua voz límpida, cristalina, assim como respiro e vivo. Ele continua a ser meu grande companheiro, Sua presença em mim é diurna e noturna, renovada pelos sonhos frequentes que
carlos romero anjo eternidade
Carlos Romero e Carlos Romero Filho
ALCR
tenho com ele. E assim, mantemos um diálogo constante, não um monólogo, mas uma conversa silenciosa, uma conversa entre dois velhos amigos, um deles um pouco mais velho e mais sábio… Esse passado é tão recente que deixa a gente em dúvida se realmente já passou... Papai nos deu tantas lições nessa vida. Licões de otimismo, de humor, de resiliência... Talvez ninguém entenda o significado destas palavras, assim como as emoções aqui descritas, mas as lembranças dele e de nossa mãe estão encravados na minha memória, gravados para sempre.

Hoje estou bem mais velho do que mamãe quando nos deixou, mas acho que se ela voltasse agora, me veria como se eu fosse ainda um menino. As mães são assim. Os filhos são sempre meninos. Menino. E é como me sinto mesmo, menino. Lá dentro de mim está um menino, que adorava sua mãe e seu pai mais do que qualquer coisa na vida. Um menino que quando ia dormir pedia secretamente em prece para nunca ficar sem ela, para ir antes, mesmo que fosse precocemente, só para não ter que suportar a mais terrível dor que poderia conceber.

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Carlos Romero e Carlos Romero Filho
ALCR
Mas, não quis o destino que assim fosse, e as preces do menino não foram ouvidas... Quando ela se foi, o menino tinha virado homem, aprendido muitas coisas, talvez pronto para enfrentar o que mais temia. E, aparentemente, pôde sobreviver...

Além disso, tinha para lhe confortar a presença providencial de um pai sábio e de um irmão amigo. O pai, seguindo o curso natural das coisas, também partiu. E o irmão, Germano, que também aprendeu muito, amadureceu como ninguém, hoje escreve lindas crônicas, feitas com palavras saídas diretas do coração.

Hoje, cinco anos depois que ele nos deixou materialmente, continuo me sentindo como se estivéssemos compartilhando vívidas lembranças de um sonho que já foi real, e de uma saudade eterna. Eterna como o tempo...

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