Fazia tempo que eu não alcançava o auditório da Academia na plenitude de sua principal finalidade, que é zelar pela presença, após a morte, dos que empenharam o melhor de si no labor literário, sobretudo no meio provinciano. Plenitude, desta vez, não só de casa cheia como de presenças compenetradas.
Ramalho Leite Edson Matos
Público compenetrado, acentuo. Certamente não tem sido diferente em sessões semelhantes. Mas as minhas ouças de orelhas grandes já não ouvem coisa nenhuma. E para não ver Ramalho de papel na mão mal abrindo e fechando a boca, num discurso sem som, voltei-me para o auditório, o olhar e a mais concentrada atenção no comportamento, nas reações do auditório, a começar pelo meus vizinhos de poltrona, Luiz e José Nunes, e próximo a um Hildeberto Barbosa, um Gil Messias, a Tarcísio Pereira, a Maria das Graças, e do discretíssimo Berilo Borba chamado a compor a mesa, todos absorvidos pelas palavras do orador.
Daí terminei recaindo em meu próprio discurso, também sem palavras, ora formando com Evaldo no desfile do 8 de maio de 1945, toda a Floriano Peixoto, avenida
Evaldo Gonçalves ALPB
Ali sentado, esperando a minha vez, custava aceitar que a farda do Pio XI, por mais que vestisse os nossos sentimentos, fosse tão passageira. Ainda que Evaldo, para mim, continuasse sempre vestido nela.
Berilo, ex-reitor de passos sutis, ali em frente, se me afigura menos na mesa da solenidade do que no birô de auxiliar de Evaldo, trazido de Campina Grande. O mesmo tom de voz, o mesmo homem.
Unia-nos a Evaldo, além do ginásio, do grêmio literário dos nossos 15 anos, o gosto nunca minguado, pelas letras. Quanto a mim, sem persistência por um curso, pela perseguição a uma carreira cuja graduação dependesse de força
Gonzaga Rodrigues Edson Matos
Evaldo, entre todos da mesma geração, é que sempre me tratou como se estivéssemos em sessão aberta no grêmio ou na Academia. Sem formalismo, sem se privar daquele seu bom sorrir, mas como se a mais educada das senhoras estivesse presente.