maio 09, 2021
Para Lucas A voz do ventre? Mas só hoje começamos a perceber como o desejo de ter um filho é complexo, difícil de precisar e de isolar ...
Para Lucas
A voz do ventre? Mas só hoje começamos a perceber como o desejo de ter um filho é complexo, difícil de precisar e de isolar de toda uma rede de fatores psicológicos e sociais... O amor materno pode ser incerto, frágil e imperfeito.
Elisabeth Badinter, em "Um Amor Conquistado – o Mito do Amor Materno"
maio 09, 2021
maio 09, 2021
Dia das mães é aquele em que se desperta o afeto que reside na essência de cada um de nós. É onde buscamos lembranças da mãe trazidos da i...
Dia das mães é aquele em que se desperta o afeto que reside na essência de cada um de nós. É onde buscamos lembranças da mãe trazidos da infância, momentos felizes, as zangas, castigos que são encarados como afagos. Depois, surgem as lembranças da adolescência, com seus conflitos aflitos, discordantes, às vezes ocultos. Mais tarde, já adultos, guardamos as lembranças calmas, amistosas, aquelas onde confrontamos nossa situação de pais e nos vemos repetindo atitudes iguais àquelas que antigamente recusávamos, que nos constrangiam, irritavam.
maio 09, 2021
maio 08, 2021
Sobre o Movimento de Maio de 1968, na França, Jomar Souto, poeta paraibano pertencente à Geração 59, escreveu: “ (...) Lembro bem se m...
Sobre o Movimento de Maio de 1968, na França, Jomar Souto, poeta paraibano pertencente à Geração 59, escreveu:
“ (...)
Lembro bem
se me lembro,
você coberta de giz,
chorando lacrimogênio
num bulevar de Paris”.
Eu mesmo, por ocasião do autoexílio de Caetano e Gil, quando ambos se viram forçados a migrar para Londres, letreei uma composição de Cleodato Porto, “Monstros soltos por aqui”:
maio 08, 2021
maio 08, 2021
Para o pesquisador José Ramos Tinhorão “o aproveitamento, por parte de compositores das cidades, de gêneros de música da zona rural, de c...
Para o pesquisador
José Ramos Tinhorão “o aproveitamento, por parte de compositores das cidades, de gêneros de música da zona rural, de caráter folclórico, remonta ao século XIX e tem sua origem no interesse que o tema dos costumes do campo começa a despertar no público urbano frequentador do teatro de revista”.
maio 08, 2021
maio 08, 2021
Um trem desgovernado rasga a noite, furando barreiras, carregado de soldados que partem para o campo de batalha, na recém-iniciada guerra ...
Um trem desgovernado rasga a noite, furando barreiras, carregado de soldados que partem para o campo de batalha, na recém-iniciada guerra franco-prussiana. Sem saber que o foguista e o condutor morreram, os soldados cantam, inebriados pela velocidade e pela expectativa da guerra. É este o final de A besta humana (La bête humaine, 1890) de Émile Zola. Um dos finais mais marcantes que conheço para um romance, em que nada se fecha, pelo contrário, se abre para um devir muito preocupante.
maio 08, 2021
maio 07, 2021
Passar do choro para o riso em pouco tempo demonstra que emoções presumivelmente antagônicas podem estar bem mais próximas do que supomos....
Passar do choro para o riso em pouco tempo demonstra que emoções presumivelmente antagônicas podem estar bem mais próximas do que supomos. Algumas pessoas experimentam sentimentos diversos com admirável maleabilidade. Ou seriam mesmo parecidas a alegria e a tristeza?...
maio 07, 2021
maio 07, 2021
Mais de nove décadas, se levantava cedo e ia cortejar o pomar. Eram fruteiras sadias e variadas entrelaçando galhos no quintal. Havia diál...
Mais de nove décadas, se levantava cedo e ia cortejar o pomar. Eram fruteiras sadias e variadas entrelaçando galhos no quintal. Havia diálogo, carícia, lamentação por um ramo menos viçoso. Apanhava frutas maduras quais tesouros.
maio 07, 2021
maio 07, 2021
POEMA ÀS MÃES Quem é essa mulher, Que, em ato de pura abnegação, A fim de que existamos, Empresta-nos o próprio corpo P...
POEMA ÀS MÃES
Quem é essa mulher,
Que, em ato de pura abnegação,
A fim de que existamos,
Empresta-nos o próprio corpo
Para servir de abrigo
Ao nosso corpo em formação?
Ela, em interessante estado,
Vê seu corpo transformado,
Através de uma tempestade hormonal,
Crescem-lhe o ventre e os seios,
Transformam-se as emoções e os anseios,
E a sua vida passa a ser de espera,
Aguardando-nos por nove meses,
Para nos conhecer e recolher em seus braços,
A sua aguardada quimera.
maio 07, 2021
maio 06, 2021
O quadro " Intervalo" - de Edward Hopper -, que ilustra este texto, capta o vazio que já senti tantas vezes entre duas sessões ...
O quadro " Intervalo" - de Edward Hopper -, que ilustra este texto, capta o vazio que já senti tantas vezes entre duas sessões de cinema, ansiedade que não conseguiria definir melhor do que Bráulio Tavares num de seus extraordinários artigos do Jornal da Paraíba, que cito de memória:
maio 06, 2021
maio 06, 2021
O que gela O que gela na madrugada a mão que contorna, na névoa densa, o círculo do Mundo? Assustada, a fala pe...

O que gela
O que gela
na madrugada
a mão que contorna,
na névoa densa,
o círculo do Mundo?
Assustada,
a fala
perde-se,
alçada aos equívocos
do Céu.
E nela,
a amada
a pele, tardam
os pelos rijos:
orvalho e desespero.
O que gela
na madrugada
é a corda rota,
a derradeira gota de suor
da morte interrompida.
O que gela,
e o amanhecer retarda:
a paralisia
da mandíbula,
o couro macerado na fuga.
Os livros
Os livros são meu celeiro de devaneios.
Onde adormeço na dobradura do tempo
pênsil -,
no desfiladeiro de um cotidiano que nos semeia
no nada.
Os livros
abraçam
minha loucura
atordoada
pelo semblante
de homens dignos,
sóbrios e austeros,
óbvios
e dissonantes.
Os livros
me permitem compartilhar silêncios, dissolver urgências, contagiar os
dias com angústias bem-vindas.
Os livros
me batem me chamam de homem e me despem,
na cara,
sádicos.
Cronópio
Sou o fiel
depositário de um torrão de açúcar.
Guardei um tanto
de giz
entre as unhas (pó de palavras)
e essa lasca
de marfim do túmulo profanado dos paquidermes.
Isso basta, na trégua precária, no gargalo desse vulcão
que hiberna em estado de flor.
Polvilho
as relíquias,
pois ignoro a espessura
das trevas.
O inverno é longo,
o bastante
para que a neve
reaja a esses
rudimentos de liberdade extinta.
Haverá um tempo
de degelo,
águas e
correntezas;
de uma outra
dimensão
por detrás
dessa moldura
vazada.
Caronte aguarda o sal da terra.
Os demônios
(e os cronópios)
sempre souberam
que para o sobrevivente
a primeira qualidade
do sonho
é ser corruptível.
Celebração
Rolam seixos,
nuvens rasantes montes vazam da escuridão como uma promessa.
antecipam os passos,
Satélites tombam
do céu em pane riscos rubros ao vento, incapazes de rastrear o corpo em transe, despido de sofrimento.
(O disfarce da órbita é desviar-se do óbvio.)
Latitudes e longitudes não reconhecem
minha insignificância
desapego.
Encerraram-se as buscas e suas obtusas formalidades. Os cafés estão lotados, as ruas perversas distendidas,
os corações famintos.
Desço as encostas que permanecerão
indiferentes;
busco as cinzas contemporâneas e os cipós atlânticos.
Do horizonte
de um azul cambiante
chega a esquadra
de helicópteros
de papel
lançados do edifício antigo
trazendo meus olhos.
A serenidade possível, sem um
deus, não está ao alcance dos eus
idealizados, mas no sujeito cuspido
e escarrado, despido de
deslumbramento marcado.
Tédio
Certa profundidade se demora nos olhos fechados.
Sim, pesa
o tempo,
e cada pálpebra ressente o fulgor esquecido.
O brilho repousa cada vez mais.
- ontem -
O nada
é um cansaço que dá sono.
maio 06, 2021
maio 06, 2021
Vinte e cinco anos antes de morrer, Beethoven escreveu um pungente testamento. Um retrato de sua existência assinalada por sofrimentos ...
Vinte e cinco anos antes de morrer, Beethoven escreveu um pungente testamento. Um retrato de sua existência assinalada por sofrimentos múltiplos: o alcoolismo do pai, a tuberculose que lhe levou a mãe precocemente, a surdez que avançava sobre ele de forma implacável, aos 32 anos, e lhe roubava definitivamente a alegria da convivência com os homens, soterrando o terno sentimento que carregava dentro de si.
maio 06, 2021
maio 05, 2021
Charles Estarréte, na gostosa pronúncia do interior. Mas também podem chamá-lo de Durango Kid. Naqueles finais da década de 1950, os pés d...
Charles Estarréte, na gostosa pronúncia do interior. Mas também podem chamá-lo de Durango Kid. Naqueles finais da década de 1950, os pés de fícus de Pilar – ainda hoje uma moldura vegetal para o trecho de rua entre a Cadeia e a Igreja – mostravam-se aos primeiros raios de sol com novidades atadas aos troncos: cavaletes de madeira e papelão onde Seu Zé Ribeiro, o dono do cinema, colava os cartazes do filme do dia. Fazia isso, com a invariável ajuda do menino Jiló, antes que a cidade acordasse para os cuidados dos fins de semana, entre eles a feira livre do sábado e a missa do domingo.
maio 05, 2021
maio 05, 2021
A Fundação Joaquim Nabuco está se associando aos 80 anos que a nossa Academia de Letras comemora, este ano, precisamente no 14 de setembro...
A Fundação Joaquim Nabuco está se associando aos 80 anos que a nossa Academia de Letras comemora, este ano, precisamente no 14 de setembro. Com esse congraçamento, desde março expresso pelo seu presidente, Antônio Campos, à professora Ângela Bezerra Castro, a data se inscreve entre os acontecimentos culturais do Nordeste. A Fundaj nos cede espaço a uma série de conferências
maio 05, 2021
maio 04, 2021
Autorretrato De superfície… Jamais! Detesto coisas rasas. Atiro facas, quebro correntes Deságuo rios de palavras crua...
Autorretrato
De superfície… Jamais! Detesto coisas rasas.
Atiro facas, quebro correntes
Deságuo rios de palavras cruas, reviro os céus.
Nem os anjos me acodem em tais momentos
Minha sede pede mais que um copo d’água.
Nada me marca com um simples arranhão
Vou ao fundo do fundo.
maio 04, 2021
maio 04, 2021
Ele sai à noite, pelas ruas adormecidas ao encontro de passados abandonados, na tentativa de construir seu futuro. E no momento do desen...
Ele sai à noite, pelas ruas adormecidas ao encontro de passados abandonados, na tentativa de construir seu futuro.
E no momento do desencontro entre dia e noite, acha, acolhe e recolhe, o quê para uns já não tem serventia.
Sapatos que não andavam mais, aliviarão seus calos.
maio 04, 2021
maio 04, 2021
A poesia de Augusto dos Anjos tem sido objeto de múltiplas avaliações. A riqueza imagística, a erudição inesgotável e a profundidade psico...
A poesia de Augusto dos Anjos tem sido objeto de múltiplas avaliações. A riqueza imagística, a erudição inesgotável e a profundidade psicológica, entre outros atributos, fazem com que os críticos a vinculem aos mais variados sistemas e crenças. Há quem veja o poeta como ateu, místico, espírita, filósofo e até, paradoxalmente, como um seguidor do ideário positivista.
maio 04, 2021