Tudo o que se escreva sobre Pushkin será insuficiente para atestar a sua genialidade, o seu incomensurável talento de escritor e a pai...
Aleksandr Sergeevich Pushkin
Com todas as veras de minh´alma eu vos digo, meu único e desatento leitor: nenhum gesto de extrema brutalidade que a mídia apresente t...
Tempo escuro
Adotamos a ética da mais absoluta falta de ética. A Lei de Gérson jamais foi revogada. Deletamos da nossa cabeça, numa boa, sem nenhum remorso, todos os valores essencialmente humanos.
Suicida Autêntico, me interrompo, e quando leres estes versos não saberei de meu êxito. Histeria Recordo esse cort...
Breve dicionário poético da loucura
Autêntico, me interrompo, e quando leres estes versos não saberei de meu êxito.
Recordo esse corte, essas cicatrizes repetidas, e a milimétrica cautela de preservar espaços vazios. Desabo contorcido na gratuidade dessa inconsciência fingida.
Pago e me deito para contemplar meus vazios. Pago e me destruo para ser aceito. Pago minutos lacanianos de suspense e lágrimas. Pago, e sou interrompido na súbita solidão do divã.
Eis meu presente: esse falso (re) pouso.
O abrupto medo – temor –antecipado dos olhos, dos homens.
O minuto dividido em sessenta pressentimentos.
Tampar o rosto eufórico para enxugar uma lágrima de desespero. * transtorno afetivo bipolar
Não interromper o ato continuo de repetir. * transtorno obsessivo compulsivo
Passos apressados, peito apertado, – arfante– no instante imperfeito, no contínuo suspiro que se arvora .
Malhar os músculos, dar uma mijadinha e alisar o cabelo com a mão suja do pinto.
Plantar balas para brotar drops
"... o silêncio é uma espessura." (Francisco Bosco) Encontre um tecido, qualquer papiro, revire essas coisas mirabulosas, - as páginas ávidas de luzeiros -, derrame o risco, desfaça-se em crostas. O mais é o menos desejado - míope de poesia, ruína, passo inútil, essa miragem na imensidão, acinte, avidez da boca, verdade fútil. Mora, remora, demora e vai, perseguindo o silvo do ignorado, pio despido, vazio entornado. Vadio silêncio, tinta incrustada, no inaudito desmundo de um nada, que reveste tudo, ladrilho, estrada.
O meu chefe na carteira de cobrança, da agência do Banco do Commercio e Indústria de São Paulo, na Sorocaba de 1961 e 62, o Sidney ...
O Sidney ''sinfônico''
Foi ali, ao limpar o disco que íamos ouvir em seguida, que me contou que se deslumbrara com a música que ouvira em bg, durante a morte de Cristo, no drama da Paixão, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, na sexta feira santa, pelo que escrevera pra lá, perguntando que obra era aquela:
Aquilo imediatamente se transformou em imagem na minha mente e “vi”, fascinado, o que ouvi em seguida. Até que fiz uma tela de 50 X 30, anos depois.
O modelo foi a catedral de Milão, imaginariamente encalhada a meio caminho do fundo do mar, entre algas, bolhas e tubarões. A ideia veio deste belo exemplo de música impressionista criado pelo compositor francês a partir de uma lenda bretã.
Encontrei vários apaixonados por música erudita, na vida, sendo seus ápices o Dr. Paulo Maia, daqui, e o Sidney, de lá.
Não descansei enquanto não consegui o disco. A imagem que “vi”, ali, não descansou por vários anos, enquanto não virou quadro…
Peço ao leitor saído de um curso universitário de Ciências Humanas, como o de Arte, que foque e concentre suas lentes na maré de dejeto...
Lixão sem máscara
Era preciso que tratasse das coisas leves, como as feitas de panos diversos e as de carregar bocadinhos. Assim como o menino que nado...
Para Juca, e nove anos de saudades
Assim como o menino que nadou para depois de uma onda grande e não voltou, ela também achou que você se diluíra como um cubo de açúcar incapaz de adocicar o mar.
Nadou ao fim do mar, à boca dos tubarões, dentro do vazio das baleias, sob as barrigas cegas dos barcos, no pensamento dos peixes e nas suas costas, entre as areias, atrás das pedras e debaixo.
Caríssimo Germano, vez por outra recorro, com uma certa renitência, e pergunto-me se você tem ciência da dadivosa importância de sua ...
Post Scriptum
O professor Cláudio José Lopes Rodrigues nos traz, em seu livro “Diário não diário", um registro do dia-a-dia que pode ser, com os...
O não diário de Cláudio
Começa seu depoimento, não depoimento, com o registro da angústia que decerto aflige autores/escritores desde seus primeiros passos na construção de uma obra literária, com seus “momentos fastidiosos, angustiantes e até constrangedores”,
Por mais que as prefeituras enfeitem os grandes centros urbanos, São-João bom mesmo é em cidade do interior. Mas será que depois da tel...
Cidadezinha junina
Não há mais agrupamentos urbanos como o que Drummond eternizou no poema “Cidadezinha qualquer”. A simplicidade dos versos e o rigor na seleção das imagens fazem dele uma pequena obra-prima. Vejam:
Devo inicialmente esclarecer que o título acima foi emprestado de uma crônica do mineiro Ivan Angelo (assim mesmo, sem acento circunfl...
Varanda gourmet
A luz piscava sobre uma mesa velha, rodeada de cadeiras vazias e geladas pela penumbra de uma noite chuvosa. Parecia um terraço, um am...
Abraçar junho
Fui reencontrar a cidade das minhas relações, amizades, camaradagens ou dos meus respeitos nesse 2º livro de memórias de Haroldo Escor...
Memória de Haroldo ou da cidade?
Uma mostra: nas páginas que ele consegue enumerar, nome por nome, os moradores do seu tempo no Miramar de Dorgival Terceito Neto, Wilson Cardoso, Genival Luis Pereira, meu dileto amigo Benedito Belo, numa lista sem fim de A a W, vejo-me dando um banho. Se chamassem todos à janela na hora da minha caminhada, eu só perderia para Damásio Franca que, no âmbito de sua classe, entrava sem pedir licença em todas as casas. Mesmo nas dos adversários da política, iguais entre si no clube Cabo Branco.
Desde muito jovem, aquele caboclo alto, com voz grave, se destacara como poeta na região que envolvia os municípios de Sumé , Prata, Ou...
O Poeta da alma dos sertões
Penso que nasci no lugar errado. Detesto o clima dos trópicos, esse forno de siderúrgica que não respeita estação do ano, e o “barulho ...
Aguardando o tsunami, socraticamente
Nunca tive na vida um lugar que oferecesse verde, água doce, frio e silêncio, “sonho de consumo” que não consegui desfrutar. No entanto, me vi na contingência de me conformar por aqui.
Para preservar a saúde, já apresentando sinais de fragilidade, optei, na reta final da vida, por ficar em “off”, construir uma espécie de “universo paralelo”,
Debutava o ano de 1979, o primeiro dia de Janeiro, dezoito horas, eu rumava para o Recife depois de uma feliz noite com a família. Tinh...
Eu, uma criança, e o risco de uma morte
No leito da estrada tudo fluía tranquilo, conduzia com calma nas proximidades das Sete Lagoas perto do acesso a BR 101. Na margem esquerda distingui um coletivo estacionado num precário acostamento, e vi que algumas pessoas pelo lado traseiro do ônibus pessoas se precipitavam para atravessar para o lado oposto da pista.

































