Para nossos poucos conhecimentos sobre técnica de composição e linguística, a arte de traduzir parece ser uma das atividades literárias mais complexas. Escrever bem, já o é. Ainda que prazeroso, quando conta com a ajuda da inspiração — ferramenta capaz de fazer com que a imaginação e o conhecimento fluam à linguagem de forma tão pura e cristalina quanto a sinceridade de quem a escreve.
Basta a alusão. O prefeito não precisa apertar ainda mais seus olhos, escapulir das urgências, para entrar em forma com a meninada azul e branco da escola mais próxima, como fazia o antigo antecessor Oliveira Lima no tentame de incluir a muda de cássia entre os oitizeiros anosos do paço municipal, na praça Rio Branco. O tentame valeu: oito ou dez anos depois, quando Oliveira Lima se exilou ou foi exilado da política, a cidade-jardim, assim chamada por d. Alice Monteiro em poema de 1922, na Era Nova, seria reconsagrada como “cidade das acácias.” Debalde Lauro Xavier tentava explicar que não era acácia, e sim cássias as que saíram brotando fácil e aos milhares das mãos ou dos dedos verdes do dr. Luiz.
“Ce chien est à moi”, disaient ces pauvres enfants. “C’est là ma place au soleil”, Voilà le commencement et l’image de l’usurpation de toute la terre – Blaise Pascal.
Outro dia me encontrei numa praia de Pacífica recolhendo conchas, pedras miúdas, pedacinhos de corais. Enchia os bolsos, coletando fragmentos do mundo para pôr, secos e limpos, na janela que se abre para os verdes de um jardim que me acostumei a chamar de meu. E nada como o mar não cultivado para me pôr em estado de filosofia, descobrindo razões para pensar nas tolices despercebidas do meu cotidiano.
Quando setembro chegou, trouxe a esperança da Primavera. Uma Primavera solene com recados da natureza para recordar.
Olho a rua e observo nuvens conduzindo expectativas de bons tempos, em muitas direções. Sou um sujeito esperançoso. Espero mudanças que chegam com vento a açoitar as copas das árvores, a entrar pelas frinchas das janelas, com seus recados. Recados que há muito tempo procuro decifrar.
“Deus nos dá pessoas e coisas,
para aprendermos a alegria…
Depois, retoma coisas e pessoas
para ver se já somos capazes da alegria
sozinhos…
Essa… a alegria que ele quer”
– Guimarães Rosa
Véspera da eleição, pós pandemia, afastamento social, país delirante que busca a loucura, o non sense como o caminho, a fartura de mentiras, aliás o controle quase absoluto delas, a tentativa desesperada e suja de compor e vincular como projeto pessoal e de poucos para seus exclusivos benefícios, bem relativos, que acasala política e religião.
21 de SetembroDia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência
A inclusão socioeducacional de crianças e jovens com deficiência se constitui numa das grandes problemáticas a ser enfrentada na sociedade atual. Ao longo da história da humanidade, pessoas com deficiência - notadamente no Brasil - sofreram com as práticas excludentes, tornando-se vítimas de discriminação, o que reflete uma prática corrente na sociedade e nos relacionamentos humanos, fruto da relação de poder e de subalternidade que envolve as classes e os grupos sociais. Apesar de terem sido publicados alguns trabalhos sobre a temática, ainda assim persiste a necessidade de estudos para dar conta da complexidade da mesma.
A psicologia funcionalista interessa-se em pesquisar como o cérebro humano funciona, também quando se trata na adaptação do organismo ao seu ambiente. Nesse sistema, os funcionalistas estudam a mente como um acúmulo de processos que levam a consequências práticas no mundo real. Um dos filósofos e psicólogos norte-americanos que massificava essa corrente psicológica era William James (1842-1910), que dissertava uma relação entre psicologia e religião. Esse tema está analisado em seu livro
Adentro, com pés trocados, este novo livro de José Augusto Carvalho. Faço isto, ao molde dos indígenas da suposta “cipango”, que trocaram o sentido dos seus calçados, para confundir os portugueses que percorreram o Brasil em busca da prata andina, pelo o famoso caminho das antas (Peabirú). Mas, entrar em um livro de linguística com os “pés trocados”, é algo que cabe a um subversivo, a um poeta, algo sempre repisado pelo professor José Augusto Carvalho, em suas conversas com os poetas que o circundaram ao longo da vida.
Edeltrudes reaparece depois de um sumiço de meses. Para quem não sabe, esse é o nome que dei à minha lagartixa de estimação. Durante noites ela cruzou a parede do escritório e ficou me olhando com aquele ar ancestral próprio das lagartixas. Isso aconteceu tantas vezes, que se estabeleceu entre nós uma familiaridade silenciosa, feita de contemplação e mudo espanto.
O mais belo dos arcanjos mostrou o risco da valorização da beleza ao se tornar um ser que insistiu com a ideia do eu, em detrimento do nós, desenvolvendo assim a vaidade pela primeira vez. O nome dele é Lúcifer. Ao se olhar no espelho, achou-se bonito e, como portador da Luz, sentiu-se mais bonito do que os outros. Percebendo-se individuado, quebrou o ritmo da criação, que havia sido concebida como nós.
Gosto sempre de lembrar das coisas positivas que vivi por onde passei. Na direção de A União (1981 – 1982), relembro uma atitude do editor Agnaldo Almeida que demonstra toda sua criatividade e competência profissional.
Políbio Alves não precisa de nenhum título acadêmico para ser quem é. Ele já possui o mais belo e importante dos títulos: ele é poeta, simplesmente poeta, e não necessita ser mais nada nesta vida – nem em outra que venha a haver. Poeta. E aqui não vou entrar em minúcias de crítico literário — que não sou. Não vou afirmar isso ou aquilo sobre sua poesia, sua obra poética, porque de qualquer modo ele é poeta — e isto basta. Pelo menos, para mim.
Foi o escritor norte-americano T. S. Eliot que a descreveu como “o ponto mais alto que a poesia já alcançou e jamais conseguirá alcançar”. Narrada em primeira pessoa e estruturada em cem cantos divididos em três cânticos com 33 cantos cada um (inferno, purgatório e paraíso), além de um cântico de abertura, A Divina Comédia, de Dante Alighieri, é um marco para a língua italiana moderna, utilizando dialetos e coloquialismos do vernáculo toscano e desafiando as convenções do latim tradicional da Idade Média.
A onda revival de resgatar canções do passado e apresentá-las a uma nova geração tem ganhado cada vez mais força. Só no primeiro semestre de 2022, nada menos que três das séries mais populares do streaming foram buscar, no passado, os carros-chefes de suas trilhas sonoras.
Isso sem mencionar o filme Batman, que, ao utilizar uma “faixa B” do célebre Nevermind, disco lançado pelo Nirvana em 1991 — portanto, há mais de 30 anos —, fez a procura pela soturna ‘Something in the way’ aumentar mais de 1.200% no Spotify.
No dia 11 de junho de 1822, cerca de três meses antes do Grito do Ipiranga, reuniram-se na Capital da Paraíba, o Senado da Câmara e a Junta Governativa da Província, com “os votos geraes do Povo desta cidade”, para deliberarem sobre a situação pela qual passava o Brasil. Como resultado da sessão, cuja ata contou com cerca de 140 assinaturas, decidiu-se encaminhar ao Rei D. João VI um manifesto em que os paraibanos pediam ao monarca português para que fosse concedido ao Príncipe Regente D. Pedro a “Delegação do Poder Executivo para todos os Negocios do Brasil e isto para não ser obrigado a recorrer ao velho mundo, para obter qualquer decisão, officio, graça ou Mercê, como estava determinado pelas ultimas deliberações provisoriamente tomadas”.