Ney Matogrosso contou, numa entrevista, que, quando trabalhou no Hospital de Base de Brasília, pediu para ser transferido do setor de Anatomia Patológica para o de Pediatria, onde passou a se dedicar à recreação junto às crianças internadas. Ele levava cartolinas, tintas, argila, tesouras, cola e outros materiais comprados por conta própria, organizava brincadeiras, teatro e até virava “cavalinho” para diverti-las. Ney disse que esse foi o trabalho mais amoroso de sua vida, pois buscava levar alegria a crianças que muitas vezes não sobreviveriam.
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A outra conhecida de quem me recordei, uma odontóloga, atendia apenados em um presídio, tratando-os gratuitamente num trabalho ao qual comparecia com todo o profissionalismo, afinco e atenção. As duas, cada uma em sua época, passaram pela experiência da solidão e da falta de dinheiro, mas, em vez de reclamar, buscavam ser úteis à felicidade dos outros.
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Meu querido amigo Waldo Lima do Valle, outro exemplo nesse sentido, separava o seu "dízimo" do salário para distribuir entre instituições beneficentes e para socorrer financeiramente pessoas necessitadas. Além disso, ministrava palestras gratuitas em diversas instituições, mantinha um grupo de estudos e de orações com encontros semanais em sua própria casa e ainda atendia pacientemente, sem nada cobrar, a todas as pessoas em sofrimento e desespero que o procuravam, apoiando-as, aconselhando-as e incentivando-as.
Um dia ele me falou assim:
"Emerson, você sabe que a minha única renda é a aposentadoria como professor. A casa em que moro é dispendiosa, e as minhas obrigações são muitas. Vivo de modo regrado, mas nunca me falta dinheiro. A minha impressão é que alguém faz depósitos na minha conta antes do fim do mês."
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A vida é um campo de semeadura constante. Aquilo que pensamos e fazemos não se dissolve no nada: imprime-se em nossa alma, atrai situações semelhantes e prepara experiências futuras que sempre refletirão a natureza daquilo que produzimos para os outros.
Por isso, quando perguntamos: “Tudo volta?”, a resposta da vida é afirmativa. Sim, tudo retorna. O bem volta em forma de paz, harmonia e oportunidades de crescimento. O mal retorna em experiências de dor, decepções ou provas educativas, não como castigo, mas como lição indispensável para que compreendamos o valor do bem e nos corrijamos.
Ao estendermos a mão em socorro, ao consolarmos um coração aflito ou ao cultivarmos a paciência diante das dificuldades, estamos espalhando sementes de luz que não desaparecerão. Essas ações se propagam, multiplicam-se e,
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Muitas vezes, o retorno do bem é silencioso. É a saúde preservada, é a alegria que brota sem motivo aparente, é a força moral que surge nos momentos de maior dificuldade. Tudo isso são colheitas abençoadas das sementes lançadas em outros tempos.
É importante compreender, contudo, que a colheita nem sempre se dá de imediato. Algumas sementes germinam rapidamente; outras exigem estações inteiras para florescer.
A vida é uma escola permanente. Diante dessa lei justa e perfeita, não cabe desespero. Se o mal volta, é para que possamos repará-lo. E se o bem volta, é para nos incentivar a prosseguir, agindo corretamente. Se sofremos, podemos compreender que não há acaso nem injustiça:
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O destino não é fatalidade: é construção. Assim, ao reconhecermos que realmente “tudo volta”, somos chamados à responsabilidade pessoal. O presente é sementeira livre, mas cada gesto de hoje está moldando o futuro.
Tudo retorna, sim: para educar, para ensinar, para corrigir e, sobretudo, para nos conduzir à grande lição do amor. Cada alma colherá o que semeou, e essa colheita, mesmo quando dolorosa, será sempre uma lição.
Se queremos receber paz, semeemos a calma. Se desejamos colher afeto, plantemos amor. Se almejamos um amanhã mais luminoso, comecemos hoje mesmo a brilhar, porque, como está dito em Gálatas 6:7:
"(...) não vos enganeis: de Deus não se zomba. Tudo o que o homem semear, isso também colherá!"