Ney Matogrosso contou, numa entrevista, que, quando trabalhou no Hospital de Base de Brasília, pediu para ser transferido do setor de A...

Tudo volta?

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Ney Matogrosso contou, numa entrevista, que, quando trabalhou no Hospital de Base de Brasília, pediu para ser transferido do setor de Anatomia Patológica para o de Pediatria, onde passou a se dedicar à recreação junto às crianças internadas. Ele levava cartolinas, tintas, argila, tesouras, cola e outros materiais comprados por conta própria, organizava brincadeiras, teatro e até virava “cavalinho” para diverti-las. Ney disse que esse foi o trabalho mais amoroso de sua vida, pois buscava levar alegria a crianças que muitas vezes não sobreviveriam.

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Quando assisti ao depoimento, lembrei-me imediatamente de outros casos parecidos, como o de duas conhecidas que prestavam serviços voluntários. Uma delas, então desempregada, cantava em diversas igrejas, deslocando-se até elas às suas próprias expensas. Também visitava residências de pessoas enfermas, animando-as e consolando-as com canções motivacionais e religiosas, num serviço generoso e desinteressado. Era criticada por pessoas que diziam que ela deveria priorizar uma fonte de renda em vez de “perder tempo”.

A outra conhecida de quem me recordei, uma odontóloga, atendia apenados em um presídio, tratando-os gratuitamente num trabalho ao qual comparecia com todo o profissionalismo, afinco e atenção. As duas, cada uma em sua época, passaram pela experiência da solidão e da falta de dinheiro, mas, em vez de reclamar, buscavam ser úteis à felicidade dos outros.

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Ambas estão hoje na Europa, uma na Itália e a outra na Holanda, felizes, realizadas e bem casadas. Dedicam-se àquilo que gostam e são a prova viva de que tudo o que fazemos retorna sempre.

Meu querido amigo Waldo Lima do Valle, outro exemplo nesse sentido, separava o seu "dízimo" do salário para distribuir entre instituições beneficentes e para socorrer financeiramente pessoas necessitadas. Além disso, ministrava palestras gratuitas em diversas instituições, mantinha um grupo de estudos e de orações com encontros semanais em sua própria casa e ainda atendia pacientemente, sem nada cobrar, a todas as pessoas em sofrimento e desespero que o procuravam, apoiando-as, aconselhando-as e incentivando-as.

Um dia ele me falou assim:

"Emerson, você sabe que a minha única renda é a aposentadoria como professor. A casa em que moro é dispendiosa, e as minhas obrigações são muitas. Vivo de modo regrado, mas nunca me falta dinheiro. A minha impressão é que alguém faz depósitos na minha conta antes do fim do mês."

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O inconsciente coletivo chama de "Lei do Retorno" o mecanismo que governa a vida e que faz retornar inevitavelmente a nós, não por punição, mas por consequência natural, tudo o que realizamos, de bom e de mau.

A vida é um campo de semeadura constante. Aquilo que pensamos e fazemos não se dissolve no nada: imprime-se em nossa alma, atrai situações semelhantes e prepara experiências futuras que sempre refletirão a natureza daquilo que produzimos para os outros.

Por isso, quando perguntamos: “Tudo volta?”, a resposta da vida é afirmativa. Sim, tudo retorna. O bem volta em forma de paz, harmonia e oportunidades de crescimento. O mal retorna em experiências de dor, decepções ou provas educativas, não como castigo, mas como lição indispensável para que compreendamos o valor do bem e nos corrijamos.

Ao estendermos a mão em socorro, ao consolarmos um coração aflito ou ao cultivarmos a paciência diante das dificuldades, estamos espalhando sementes de luz que não desaparecerão. Essas ações se propagam, multiplicam-se e,
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cedo ou tarde, reencontram o seu autor. O retorno pode vir em forma de amigos leais, de circunstâncias felizes, de intuições inspiradoras, de socorro financeiro, de acolhimento ou mesmo daquela paz interior que não se compra com riquezas materiais.

Muitas vezes, o retorno do bem é silencioso. É a saúde preservada, é a alegria que brota sem motivo aparente, é a força moral que surge nos momentos de maior dificuldade. Tudo isso são colheitas abençoadas das sementes lançadas em outros tempos.

É importante compreender, contudo, que a colheita nem sempre se dá de imediato. Algumas sementes germinam rapidamente; outras exigem estações inteiras para florescer.

A vida é uma escola permanente. Diante dessa lei justa e perfeita, não cabe desespero. Se o mal volta, é para que possamos repará-lo. E se o bem volta, é para nos incentivar a prosseguir, agindo corretamente. Se sofremos, podemos compreender que não há acaso nem injustiça:
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a vida apenas nos devolve o que precisamos aprender. Quando colhemos alegrias, podemos agradecer, sabendo que são flores que plantamos em algum momento de nossa caminhada.

O destino não é fatalidade: é construção. Assim, ao reconhecermos que realmente “tudo volta”, somos chamados à responsabilidade pessoal. O presente é sementeira livre, mas cada gesto de hoje está moldando o futuro.

Tudo retorna, sim: para educar, para ensinar, para corrigir e, sobretudo, para nos conduzir à grande lição do amor. Cada alma colherá o que semeou, e essa colheita, mesmo quando dolorosa, será sempre uma lição.

Se queremos receber paz, semeemos a calma. Se desejamos colher afeto, plantemos amor. Se almejamos um amanhã mais luminoso, comecemos hoje mesmo a brilhar, porque, como está dito em Gálatas 6:7:

"(...) não vos enganeis: de Deus não se zomba. Tudo o que o homem semear, isso também colherá!"


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