Quando assistíamos às conferências de Divaldo Franco (desde a primeira vez), ficávamos literalmente encantados. Então, perguntava à m...

O maestro da oração

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Quando assistíamos às conferências de Divaldo Franco (desde a primeira vez), ficávamos literalmente encantados. Então, perguntava à mudez de minhas incontidas emoções sobre como era possível alguém falar em público com tamanha clareza, eloquência e convicção para expor assuntos tão complexos? A profundidade e a maneira como ele discorria sobre temas com conhecimentos
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Divaldo Pereira Franco (1927—2025), médium, escritor, orador e filantropo, nascido em Feira de Santana, Bahia.
de Física Quântica, Cosmologia, História Universal, Mediunidade, Astronomia, Magnetismo, deixavam a plateia eletrizada. Era impressionante a conexão que se estabelecia entre ele e o público, uma convergência simultânea e homogênea de centenas de olhares para um único semblante de cuja oralidade irradiavam ensinamentos impactantes e enriquecedores.

Tendo obtido apenas o grau médio em uma Escola Normal, com o qual se credenciou como professor de ensino primário, e um curso de datilografia, Divaldo ingressou por concurso no serviço público aos 18 anos. Trabalhou como funcionário do IPASE durante 35 anos até se aposentar. Com este currículo, para muitos simplório, foi capaz de proferir mais de 20 mil conferências e seminários, em 71 países, publicar mais de 260 livros, em 17 idiomas, vender 8 milhões de cópias e doar todos os respectivos direitos autorais para causas sociais e educacionais.

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Em nenhuma dessas publicações ele assinou como autor. Todas foram atribuídas à recepção mediúnica na qual reforçava reiteradamente que atuava apenas como intermediário, tal como o seu grande e eminente confrade, o amigo Chico Xavier.

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Divaldo Franco e Chico Xavier, em eventos espíritasmansaodocaminho

Além do trabalho literário, por meio do qual difundiu mundialmente sua obra, Divaldo consagrou-se como benfeitor incondicional no projeto da “Mansão do Caminho” — instituição que criou, nos anos 50, com seu grande amigo, parceiro e trabalhador incansável, Nilson de Souza Pereira, conhecido como Tio Nilson —, para a prática da caridade, em ações muito acima do caráter de doação material. Adotou mais de 600 filhos e incluiu nas atividades do grandioso empreendimento, desde berçário a escolas profissionalizantes, atendimento fraterno e ensinamento cristão.

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Na Mansão do Caminho, com alunos do Colégio Nilson de Souza Pereira.mansaodocaminho
Na Mansão do Caminho, localizada em Pau da Lima (Salvador-BA), mais de 5 mil pessoas recebem auxílio material, educacional e espiritual. Dois mil alunos têm acolhimento em creches, jardins de infância, escolas de ensino básico, fundamental, que se estendem até o nível médio.


Cerca de 500 pessoas com vulnerabilidades, problemas de saúde, física e mental, incluindo idosos e gestantes recebem orientação diária e tratamento de várias especialidades, com acesso aos serviços laboratoriais de análises clínicas.


Divaldo sempre esteve presente em contato com as atividades da Mansão do Caminho, em que admiravelmente acontecia a troca de suas boas vibrações, canalizadas pelos muitos espíritos de luz que muito o auxiliaram na sua trajetória em benefício de todos os acolhidos.

Mas era nas palestras, seminários, congressos e conferências no Brasil e mundo afora que a simbiose entre ele e o público se dava da maneira mais transcendente e sublime. Tal qual em um concerto sinfônico, fazia-se nítida a interação que se realizava no embevecimento,
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Divaldo Franco, aos 45 anos, em Miami.mansaodocaminho
na estesia do impacto que a fala de Divaldo provocava nas pessoas. O silêncio era eletrizante, porque entre os olhos da plateia e a voz que soava na dicção perfeita com exposição clara, bem estruturada, os temas cuja importância, riqueza filosófica, conhecimento científico, não permitiam que o pensamento da audiência se desviasse do que ali se explanava.

Havia um lastro muito bem pavimentado nas exposições de Divaldo. Como uma sinfonia, o prelúdio se entoava tal proêmio de um poema clássico em que a introdução definia a relevância do que já produzia expectativas inequívocas de grande aprendizado. No desenvolvimento das palestras, este maestro da oração demonstrava admirável habilidade de incluir subtemas, casos reais, citações literárias, obras filosóficas, científicas, tudo o que pudesse enriquecer o conteúdo como bem fizeram os célebres compositores da música erudita ao introduzir e contrapor variações, naipes, modulações, na harmonia de suas partituras imortalizadas por tantos séculos até hoje.

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Palestra em Jataí, Goiás, em 2016 DPF, Embaixador da Paz
As conclusões eram invariavelmente apoteóticas. As palestras sempre culminavam com extraordinário ensinamento, semeando mensagens que penetravam na alma, no interior da consciência, acalmando corações e acariciando as mais elevadas emoções. Morríamos por alguns instantes ao ser içados pela atmosfera das verdades ali ditas, conclamando-nos às profundidades de nossa consciência, ora abertas aos lampejos de eternidade que o conhecimento e a sabedoria nos proporcionam, em que Inevitavelmente acontece a morte do ego, dissipado pelas sábias palavras que nos chegavam aos ouvidos, iluminavam a alma e acalmavam o coração.

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Palestra no Teatro Pedra do Reino, em João Pessoa, em 30 de outubro de 2019. ▪ carlosromero.com.br
O ponto final de todos os discursos de Divaldo era uma “coda em tutti", quando ele declamava o “Poema da Gratidão”, de Amélia Rodrigues, uma épica marca registrada com que finalizava suas magníficas performances oratórias. Sim, a teatralidade que o entusiasmo das convicções proporcionava à fala deste homem notável conferia-lhe o brilho característico do transe mediúnico dos iluminados que se destinam a transmitir o conhecimento do bem à humanidade.


Quando ele se referia ao entrelaçamento de mundos visíveis e invisíveis, aos planos vibracionais que se entremeiam ao mundo material, dos umbrais às áreas paradisíacas, era extasiante. Quando, à luz das descobertas da física moderna, do magnetismo, do mundo quântico, lembrava-nos de como tudo pode ser lapidado e emoldurado pela força do pensamento, capaz das mais ousadas transmutações (como tão bem fez Jesus), era engrandecedor e confortante, tanto quando sacolejava a nossa consciência às alturas dos “bilhões” de galáxias”, às quais se referia de maneira entusiástica e deslumbrante.

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E como era bonito ver Divaldo falar da morte física com surpreendente e serena naturalidade!... Das belezas descortinadas no mundo dos espíritos àqueles que merecem. Aqueles que sabem começar a “morrer” bem antes de morrer. Que se desapegam, são altruístas, tornam-se leves como a bagagem que daqui levam, sem peso na consciência, mágoas ou remorsos. Dos adoráveis encontros de almas que nunca deixamos de amar, das boas saudades e lembranças do bem que semeamos e aqui deixamos plantados.

As ocasiões ao final das palestras, quando tínhamos a oportunidade de falar com ele, lembravam muito aquela passagem evangélica em que uma mulher desconhecida se espreme na multidão para tocar em Jesus, nem que fosse apenas nas vestes, porque acreditava piamente que naquele contato receberia os bons fluidos do Mestre. Assim são os iluminados, os santos, os bons espíritos. Deles emanam vibrações que beneficiam os que merecem, os que sintonizam com o amor, com a bondade, com a Verdade. Ao tocar, cumprimentar, abraçar Divaldo, era incrível a sensação de paz, de enlevo, de suavidade, aconchego e gratidão que fluía do alto astral irradiado pelo olhar, pelo sorriso, pelos poros, pelo semblante de plenitude e sabedoria.

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Buenos Aires, 22 de novembro de 1962: Divaldo Franco em sua primeira palestra no exterior. mansaodocaminho
Como era prazeroso em viagens mundo afora, ao procurarmos conhecer os movimentos espíritas locais, mesmo em longínquos continentes, sermos informados que o responsável por fundar aquele grupo havia sido Divaldo. E ele sempre estava presente nos congressos espíritas internacionais, sempre muito concorridos, participando de workshops, seminários e conferências.

Conferência na sede das Organizações das Nações Unidas, em Nova York, em 23 de março de 2023.

Ah, Divaldo…, quando soubemos que teu corpo estava adoecido, uma força veio desanuviar a consternação com a certeza de que os desafios do sofrimento físico seriam vencidos com garra e fé. Bem sabes que as dores morais são bem mais difíceis, e que todas as vicissitudes da vida terrena são peculiares ao carma, e portanto depuradores do espírito. O tempo passou e as notícias apontaram para a proximidade de tua partida.

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Divaldo e sua mãe, Ana Alves Franco. ▪ Fonte: Mansão do Caminho
Quando, enfim, soubemos do desenlace, era impossível sentir qualquer tipo de tristeza. Todas as boas lembranças que temos de ti, de tuas ações, de tua tão benfazeja obra, de tão benfeitores ensinamentos, se sobrepunham às notícias, às condolências das multidões que te admiram, que te são gratas, faziam nossos sentimentos tomarem o rumo de teu rastro de luz. E vinha-nos a absoluta segurança de que continuaríamos a contar com a tua inspiração, com tuas benevolentes energias, toda vez que orássemos e mentalizássemos teu altíssimo astral.

Por isto, temos o costume de dizer que quando alguém bom desencarna, há uma consoladora confiança de que seu espírito logo estará feliz, acompanhado do bem praticado, das boas recordações, da gratidão e da consciência em paz, pleno de alegria ao descortinar a insustentável liberdade do ser, diante dos ambientes com os quais suas afinidades se harmonizarão. Nas asas do inexorável magnetismo, espíritos como o teu são merecidamente atraídos pela fina sintonia com os planos espirituais sutis, reservados aos que vibram na mesma frequência, entre os vários mundos que se entrelaçam no universo das muitas moradas do Pai.

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Palestra em Araçatuba, São Paulo, 1973 ▪ Acervo César Perri, via Notícias Espíritas

E de lá, Divaldo, passarás a semear energias ainda mais depuradas com os frutos do exercício da caridade que caracterizou tua recente passagem por nosso planeta; diga-se de passagem, que passagem! E nós, que com os pés na terra por ora caminharemos, contaremos com mais uma estrela luminosa que estará em nossas preces em sintonia com o amor, e fé, e a gratidão.

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Agora, mais agradecido estarás a Deus, como sempre reiteravas: “Pelo ar, pelo pão, pela roupa, pela alegria que possuímos, por tudo de que nos nutrimos... Pela beleza da paisagem, pelas aves que voam no céu de anil, pelas dádivas mil. Grato pelos ouvidos que registram a sinfonia da vida no trabalho, na dor, na lida... O gemido e o canto do vento nos galhos do olmeiro e a voz longínqua do cancioneiro”.

Agora, meu grande Divaldo, serão “as estradas e as estrelas do céu” que te servirão “de leito e repouso com o suave lençol”. Chegou a vez de gritar e cantar: Muito obrigado, Senhor!

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  1. Anônimo1/6/25 09:58

    Que belíssimo texto, Germano,o perfil de um ser extraordinário que muitos não conhecem nos detalhes significativos.Mais que uma homenagem a Divaldo Franco, esse testemunho é um serviço ao público, nesse momento histórico em que a fé na humanidade tanto se fragiliza .pela carência da verdade e do amor, tão desvalorizados e substituídos pela superficialidade da pressa e da futilidade.Parabéns! Ângela

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  2. Anônimo2/6/25 08:59

    Lindo 👏👏👏👏👏👏👏👏♥️♥️♥️♥️♥️♥️♥️♥️🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏✂️

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  3. Anônimo2/6/25 15:46

    Lindo texto, belíssima homenagem! Divaldo... para sempre em nossos corações.

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  4. Anônimo2/6/25 16:55

    Nunca me senti tão feliz na minha vida como.ler ouvir e assistir o seu vídeo de Divaldo.Obrigado meu irmao

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