Aconteceu em Florença. E foi incrível. Não por ser lá, embora naquele contexto inspirador tudo é mais possível. O fato poderia ter ocorrid...

literatura paraibana gentileza urbana toscana florenca solidariedade gratidao retribuicao
Aconteceu em Florença. E foi incrível. Não por ser lá, embora naquele contexto inspirador tudo é mais possível. O fato poderia ter ocorrido em qualquer cidade do mundo, sem distinção. E tanto inevitavelmente emocionaria o mais insensível dos seres.

Será que precisamos ter um fato absolutamente pessoal para poder colocar a nossa coragem em movimento? O que é indignação? Será que v...

literatura paraibana coragem omissao indiferenca politica covardia marcia lucena bolsonaro
Será que precisamos ter um fato absolutamente pessoal para poder colocar a nossa coragem em movimento?

O que é indignação?

Será que vivemos tantos desafios e absurdos por tanto tempo que nos acostumamos e consideramos tudo normal?

Creio que algumas palavras de nosso vocabulário precisam entrar no debate a fim de que encontremos para elas um “novo” significado que seja capaz de evocar a sua essência e ao mesmo tempo invocar a coragem e a indignação própria dos atributos humanos que estão, sem dúvida alguma, entrando no que Roberto Crema chama de “normose” - uma espécie de fungo, musgo que paralisa e tira da visão esses atributos primários que antecedem a todos os outros atributos, inclusive o amor e a fé. Sem a coragem o amor vira algo distante de seu significado original, vira um conjunto de regras e padrões sociais, que aos poucos vão o empalidecendo e retirando a sua força transformadora. Sem a coragem a fé vira um instrumento de controle com base em inverdades opressoras que dão asas aos preconceitos de todas as formas…

O fanático é alguém excessivamente aferrado a um credo, um sistema, uma ideologia. Ele não manifesta apenas uma adesão; de tal...

literatura paraibana fanatismo extremismo esquerdismo politica brasileira chico viana
O fanático é alguém excessivamente aferrado a um credo, um sistema, uma ideologia. Ele não manifesta apenas uma adesão; de tal modo se compenetra daquilo em que acredita, que a priori despreza qualquer valor ou sentimento distintos dos seus.

Lendo agora as memórias de um intelectual brasileiro que acompanhou de perto, e atentamente, o desenrolar da célebre revolta estudantil, a...

literatura paraibana revolta estudantil paris maio 1968 manifestacao politica
Lendo agora as memórias de um intelectual brasileiro que acompanhou de perto, e atentamente, o desenrolar da célebre revolta estudantil, até hoje comentada e que iria se espalhar pelo Ocidente, pus-me a refletir sobre a imprevisibilidade de certos acontecimentos da história. Não de todos, concedo, pois que existem aqueles cujas premissas vão se formando de forma tão clara e inequívoca, à vista de todos, que sua eclosão não chega a surpreender, já que vêm marcados pelo selo das coisas inevitáveis. Mas em muitos casos, não há dúvida de que os acontecimentos surgem fora de qualquer previsão, desencadeados por causas às vezes banais, só podendo ser compreendidos a posteriori,

No segundo ano de pandemia, em que mais uma vez os festejos juninos foram sem graça, consola-me recordar o tempo recluso na memória. Sã...

literatura paraibana festas juninas sao joao sao pedro jose nunes pandemia
No segundo ano de pandemia, em que mais uma vez os festejos juninos foram sem graça, consola-me recordar o tempo recluso na memória. São João sem fogueira, quadrilhas juninas (hoje as quadrilhas imitam escolas de samba), comidas de milho e boas conversas, não agradam.

Na época de criança no sítio Tapuio, que continua compondo a paisagem da memória afetiva sempre recordada como alimento para a paz do espírito, alguns lembravam das festas juninas na fazenda quando nossos antepassados ali chegaram, de carro-de-boi e facão, abrindo veredas para plantar esperança e cultivar família.

MANUAL DE QUESTÕES ELEMENTARES SOBRE ENGENHARIA DOMÉSTICA   O que de perene resta da rupestre arte de equivocar-se? Seria f...

literatura capixaba poemas jorge elias livro manual estilhacar vidaracas
MANUAL DE QUESTÕES ELEMENTARES SOBRE ENGENHARIA DOMÉSTICA
 
O que de perene resta da rupestre arte de equivocar-se?
Seria flagelo o silêncio  ou equívoco de enganar-se? Morre-se por tentar ou ignora-se para salvar? Pode ser a morada mórbida  como um claustro? Abrir a porta — metáfora  ou ato de desespero? Seria a paixão fonte de saudade e motivo de erro? O mínimo é indispensável ou vale mais o exagero?  O que se atira para fora  é sobra ou esperança? Na sanha dos corpos escreve-se uma aliança?

Li uma citação de Andrew Carnegie: “Há muitas pessoas vivendo numa prisão imaginária, são os prisioneiros de suas próprias mentes, ali jog...

literatura paraibana cronica otimismo persistencia vontade auto ajuda
Li uma citação de Andrew Carnegie: “Há muitas pessoas vivendo numa prisão imaginária, são os prisioneiros de suas próprias mentes, ali jogados pelas limitações impostas a si mesmas, aceitando a pobreza e a derrota.”

As montanhas dos nossos obstáculos íntimos não são nada fáceis de serem vencidas. Cada um possui as suas com peculiaridades bem únicas, mas todas elas poderão ser vencidas, ultrapassadas, aproveitadas, vividas.

Todas as noites é sempre a mesma história. Depois de passar o dia sendo disputada pelos nossos filhos e netos e a todos servir sem fazer d...

literatura paraibana prazeres domesticos rede artesanto venezuelano jose mario espinola
Todas as noites é sempre a mesma história. Depois de passar o dia sendo disputada pelos nossos filhos e netos e a todos servir sem fazer distinção, sem demonstrar predileções que possam causar ciúmes, é chegada a hora de ela me acolher para alguns momentos mais íntimos.

Ela espera pacientemente, até que me decida a ceder ao seu apelo. Às vezes demoro muito a ir para o quarto, escrevendo alguma coisa até tarde, ou assistindo um bom filme, um documentário sobre a natureza, um noticiário ou um debate político ou cultural. Mas ela não perde a paciência, apenas me aguarda.

sem fórmula não piso a embreagem, piso a paisagem e a ponho em primeira, segunda, terceira e quarta de segunda a sexta. (às ...

literateura paraibana poesia sergio castro pinto astier joao batista brito paisagem improviso

sem fórmula
não piso a embreagem, piso a paisagem e a ponho em primeira, segunda, terceira e quarta de segunda a sexta. (às vezes dou-lhe ré, mas ela sempre me escapa). aos sábados e domingos deixo-me ficar em ponto morto diante dessas fotos já sem cor:

Parado em busca de um transporte que pare e o leve. Inicialmente, acredita ser enviado ao futuro num ônibus com uma placa qualquer com u...

literatura paraibana andar onibus urbano cotidiano rotina transporta publico
Parado em busca de um transporte que pare e o leve. Inicialmente, acredita ser enviado ao futuro num ônibus com uma placa qualquer com um número e um nome indicativos de um destino previsível. De fato, um caminho feito em ritmo de dejá-vu, uma volta ao mesmo lugar, uma revolta ao ponto inicial. E um veículo se aproxima. Braço esticado, velocidade reduzida, embarca, senta, respira, transpira.

Diante da resposta à pergunta de um taxista paquistanês, em Nova York, sobre quais eram os inimigos da Itália, Umberto Eco responde que os...

literatura paraibana umberto eco cultivar inimigo responsabilidade social humana inimigo do povo
Diante da resposta à pergunta de um taxista paquistanês, em Nova York, sobre quais eram os inimigos da Itália, Umberto Eco responde que os italianos não têm inimigos, o que foge à total compreensão do seu interlocutor. A partir daí, Eco constrói o instigante ensaio “Construir o inimigo”, que abre e dá título à mais recente edição de seu livro Construir o inimigo e outros escritos ocasionais (tradução de Eliane Aguiar, 1. ed. Rio de Janeiro: Record, 2021). São quinze ensaios sobre assuntos diversos, escritos e pronunciados, a maioria em Bolonha, entre os anos de 2001 e 2010. Destes,

O causo me chegou pelo meu compadre, Paulo César, padrinho de meu rebento Cauê. Este meu amigo, foi professor de Cálculo no curso de engen...

literatura paraibana conto professor fisica matematica licao
O causo me chegou pelo meu compadre, Paulo César, padrinho de meu rebento Cauê. Este meu amigo, foi professor de Cálculo no curso de engenharia de uma conceituada faculdade pública lá de Itajubá, sul de Minas. Foi de lá que ele me veio com esta história. Verdade? Meu compadre não iria mentir para mim.

Há uma tendência natural a achar que a aparente opinião da maioria revela a verdade. Somos imbuídos a compreender que a realidade dos fat...

literatura paraibana percepcao distorcida rui leitao divergencia opiniao
Há uma tendência natural a achar que a aparente opinião da maioria revela a verdade. Somos imbuídos a compreender que a realidade dos fatos está no olhar majoritário das pessoas. Quando assim nos comportamos, assumimos o risco de adotar o que se chama de “distorção perceptiva”. Recusamos o direito de pensar por nós próprios. Deixamo-nos ser influenciados pelas informações que nos são transmitidas, sem o cuidado de analisá-las ou interpretá-la

Há mais de 20 anos, quando vi na TV a notícia da morte de Linda McCartney, ela aparecia cavalgando com Paul ao som de uma de suas belíssim...

literatura paraibana ana adelaide peixoto beatle paul mccartney linda mccartney bath
Há mais de 20 anos, quando vi na TV a notícia da morte de Linda McCartney, ela aparecia cavalgando com Paul ao som de uma de suas belíssimas canções. Lembrei-me de um dia, na primavera de 1987, quando estava na cidade de Bath, Inglaterra. Fui conhecer essa cidade linda e famosa por suas termas e arquitetura romana, quando li no jornal que Linda McCartney faria uma exposição de fotografias no dia seguinte. Aventurei-me a ir à galeria, para dar uma espiada de véspera...

O coração respondeu, em 1958, com batidas mais fortes ao aviso da escola primária, no Recife. Estava lá no quadro negro em letras grandes...

literatura paraibana sao joao festa junina nostalgia pilar quadrilha pandemia covid frutuoso chaves
O coração respondeu, em 1958, com batidas mais fortes ao aviso da escola primária, no Recife. Estava lá no quadro negro em letras grandes de giz: “Férias a partir de 15 de junho”. Notícia melhor então não havia. E a data assinalada com antecedência de uma semana me recomendava a providência: a mudança das melhores peças de roupa do armário para a mala. Disso e de uns 20 gibis, alguns ainda não lidos.

“Se Deus quiser, ano que vem o São João vai ser o melhor de todos os tempos!”. Esse foi um dos desejos que notei – em tom de prece – na ag...

literatura paraibana campina grande sao joao festejos forro
“Se Deus quiser, ano que vem o São João vai ser o melhor de todos os tempos!”. Esse foi um dos desejos que notei – em tom de prece – na agenda no dia primeiro de junho de 2020. Esperava já estar livre desse mal que tem arrasado o mundo inteiro, mas não, ainda não. Fincar o pé em mais um mês de junho assim é estranho, triste demais. Guardo no peito a importância que esse mês possui, desejoso que a normalidade um dia chegue.