1 O maior favor que o escritor pode fazer ao leitor é ser sincero. Geralmente os que fogem à sinceridade o fazem por medo do ridículo, co...

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O maior favor que o escritor pode fazer ao leitor é ser sincero. Geralmente os que fogem à sinceridade o fazem por medo do ridículo, como se as íntimas verdades que expõem não fossem também as de quem o lê. O terreno comum aos homens é o das fraquezas disfarçadas, vilanias escondidas, aspirações muitas vezes inconfessáveis; o leitor agradece a quem o leva a se deparar com tudo isso, que também compõe o seu cenário interior.

Ofélia louca, em meu romanceamento do “Hamlet”, conforme narração de Horácio (paraibano, filho de traficante de pau-brasil), colega do prí...

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Ofélia louca, em meu romanceamento do “Hamlet”, conforme narração de Horácio (paraibano, filho de traficante de pau-brasil), colega do príncipe na universidade de Wittenberg, dentro de meu livro ‘História universal da angústia":

Mas o que é uma cidade, mesmo?: um milhão de janelas? De repente lá estavam, todas acesas e cheias de gente, numa resposta de Copenhague ao soberano. Gente que logo desceu à avenida com tochas, fachos, braseiros, a multidão crescendo ao receber afluentes entusiásticos das ruas laterais, adesões acorrendo de todos os lados da capital - de Østerbro, Nørrebro, Nyboder, Christianshavn, Holmen, Vesterbro - de repente todo mundo marchando e gritando ritmadamente, em coro:
Já urrei, já urrei, já urrei: Laertes já é o novo Rei!!!

Vi o irmão de Ofélia responder alguma coisa que não entendi e a multidão semovente festejar: “Hurra!” Acabara-se de saber que Claudius, para não despertar os furores dos sitiantes, ordenara que ninguém disparasse à chegada da horda, acrescentada agora dos que viviam no avesso da comunidade, debaixo das pontes ou na miséria da periferia.

Atingimos, finalmente, o castelo de Christiansborg, e me vi a invadi-lo - as portas estavam abertas! - em meio a um mar de marinheiros, seguido de operários, soldados, estudantes, prostitutas, uma meninada infernal, os de fora empurrando os que já estavam dentro, a multidão iluminando o ambiente com archotes. Vi os suíços, inertes, atrás de barricadas feitas de improviso. Introduzimo-nos no pátio, subimos - como uma enxurrada ao contrário - as escadarias para o primeiro andar, comprimindo-nos, derrubando-nos, avançando sempre. E inundâmo-lo, correndo pelos corredores, os assoalhos estrondando, a massa gritando em coro “Já urrei, já urrei, já urrei!”

Lembrei-me dessa cena no final de 1917, ao ler os telegramas de John Reed relatando como o povo russo entrara no Palácio de Inverno, em Petrogrado, sem encontrar resistência. E me lembrei dessas duas “tomadas” - a nossa e a soviética - ao acompanhar, muito depois, em um documentário de televisão, o desvendamento da fecundação humana, sentindo uma semelhança enorme entre estar no meio daquela correria invasiva de dinamarqueses... e constar entre os milhões de espermatozóides de uma ejaculação, vendo um Laertes ou Lênin lá na frente, rumo à sala do trono, o líder entrando útero adentro, avançando para o óvulo salvador e introduzindo-se nele, passando a ser o único - entre todos - com direito de continuar a Ser - e aí estava, talvez, o sentido absoluto do monólogo de Hamlet!

Ao entrar com o maremoto marujo, vi um grupo de soldados arrebentando a coronhadas tampas de caixas de que tiravam tapetes, roupas brancas, porcelanas, cristais, Laertes gritando: “Não é para isso que estamos aqui!”, com o que Bang e os esgrimistas botaram o grupo a correr. Aí a porta da sala do trono escancarou-se... e prendi a respiração: lá estavam Claudius e Gertrude, imponentemente coroados e entronizados! Na hora, não, mas agora percebo que... o rei não se abalara com aquele quid pro quo, de Hamlet - que considerava perigoso - substituído pelo até então inimaginável Laertes. A enciclopédia do mundo ainda iria inchar muito depois de tudo aquilo, acrescentada de uma série de fatos e coisas circunstanciais - do quadrúpede A da Torre Eiffel ao lépido Z de Zorro - mas Claudius, apesar da desvantagem no Tempo, foi bem superior a seus símiles posteriores - Luis XVI e Alexandre Romanov - que iriam subestimar seus inimigos.

Laertes fez sinal de que todos ficássemos para trás e caminhou firme no tapete vermelho, espada na mão, escoltado pelos espartaquistas, gritando ao rei:

- Eu quero, primeiro: o cadáver de meu pai!

Talvez a argúcia de Claudius tenha captado o detalhe: Laertes caminhara firme... no tapete vermelho, burocraticamente, apesar de todo o espaço em volta, aberto como a própria hora.

Gertrude lhe pediu:

- Calma, meu filho!

- Calma?!!! - o berro do rapaz ecoou no salão - Se uma gota sequer de meu sangue permanecer calma, todas as outras gritarão que sou um filho da p... e meu pai era corno!!!

Continuou a avançar, Gertrude ergueu-se e desceu ao seu encontro, para detê-lo. Claudius mandou-a parar:

- Deixe-o.

Ela se deteve a custo, ouviu o marido dizer:

- É tal a barreira com que o poder divino protege um rei, que a traição nada pode diante dela!

Laertes ergueu a espada, Gertrude partiu para cima dele (“A desgraçada gosta, mesmo, do demônio!”, foi o que concluí ), Claudius repetiu, no mesmo tom:

- Deixe-o, Gertrude.

E Laertes:

- Cadê meu pai?

Claudius:

- Infelizmente morto, meu filho...

Gertrude tomou a frente do moço e vociferou-lhe, apontando para o marido:

- Mas não por ele!

Claudius, para a mulher, no mesmo tom de voz:

- Deixe-o, em paz - e ergueu-se com coroa e cetro. Em pé sobre a enorme águia de asas escancaradas do tapete, o majestoso manto de veludo vermelho bordado a ouro revelando a espada incomparável, assegurou:

- Ninguém poderá impedi-lo de obter justiça, meu bravo!

Em que se baseava Claudius para tanta fleuma, a ponto de dispensar qualquer repressão ou sequer segurança com referência ao movimento dirigido pelo duelista... que - é verdade - não pisava fora do tapete? Suas mãos não tremem. De sua testa o suor não poreja. Não há movimentos visíveis em seu pomo de adão. E... - eis a causa da calma! - lá adiante, à direita, apenas visível entre as colunas e cortinas, dentro do alcance do chamado dele: a filha de seu Conselheiro... louca. Ela não abriu caminho na multidão, na sala do trono, falando de flores, como lindamente relatou Shakespeare. Claudius chamou-a, sem tirar os olhos do rapaz à sua frente:

- Fale com ele, Ofélia...

Então o moço viu o vulto num capote cinza, grande gola erguida até o alto da cabeça, lapelas costuradas uma na outra diante do rosto visível por entre a grade de linhas, ela autoencapsulada numa espécie de casulo protetor, luvas rotas. Ao reconhecê-la, o duelista teve um choque. Nos primeiros vinte milésimos de segundo, suas pálpebras saíram da posição de repouso, nos quarenta milésimos seguintes elas se fecharam desaceleradas e, por cinquenta milésimos seus olhos permaneceram cerrados, os globos oculares afundados em 1,58 milímetros. Aí reabriram numa velocidade três vezes menor que a do fechamento - e lá estava, confirmada: sua rosa de maio se aproximando, enrustida naquele casacão militar, o rosto atrás do alinhavo, conversando com alguém para nós invisível (Hamlet , evidentemente), falando com uma pressa que não lhe tirava a meiguice da voz rouca:

- O que há de terrível em não ser, meu bem? Veja o poder que tem os zeros, capazes de transformar unidades em milhares, milhões, bilhões, trilhões!

Voltou-se para o Rei:

- Você... tem medo da Morte? - virou-se para a Rainha - Você também? Ora, mas que bobagem! - e perguntou aos dois - Por que?

Disse a Laertes, gargalhando:

- Ainda não vi uma caveira que não estivesse morrendo de rir!...

Novamente a “Hamlet”:

- Ôh, meu querido, você simplifica demais! ... Claro que não pode chamar um gato covarde de rato. Como não pode chamá-lo de pato, se é otário. Ou, se é impertinente ( e ela riu muito ao dizer isso ), de chato. Mas como é a história? - verberou - Você mata meu pai - Laertes estremeceu, para o prazer de Claudius - Você mata meu pai e diz que seu crime, qualquer crime é inimputável, seja o morto um rato, pato, ou chato?

Prosseguiu:

- Por que teria Cristo vindo ao mundo nos salvar se não sabemos o que fazemos, como ele mesmo diz, inocentando-nos? Parece que é realmente como escreveu Paulo aos Coríntios - ela comentou para Jens Bang, sorrindo-lhe entre as costuras: “Deus tornou louca a sabedoria deste mundo, mundo que Ele resolveu salvar pela loucura da pregação, escolhendo as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias”. Não foi à toa que o próprio Cristo ficou meio desorientado, dizendo que não tinha vindo para curar os sãos mas os enfermos, ao contrário do que ensinava por toda parte quando afirmava que falava em parábolas para que aqueles que não estivessem destinados a ser salvos entendessem... e fossem salvos. Mas se há os que não estão destinados a ser salvos... que culpa têm? Que culpa tem qualquer um de nós, se está predestinado a fazer o que faz, assassinar um rei, por exemplo, não é, Claudius? Ou que mérito pode ter alguém em vingá-lo, não é, Hamlet?

Ela desovava todas as minhas conversas com o amante! Laertes se aproximou, a irmã lhe disse:

- Que posso fazer? O homem e a mulher são coisas semelhantes mas não idênticas, como a estrada e o rio, que avançam durante algum tempo na mesma direção... ( e ela quase morreu de rir ao comentar) aquiacolá um em cima do outro...

À Rainha:

- A estrada quase sempre cruza com dois, três rios, não é? Sua zanga é compreensível - ponderou, vendo-a melindrada - Afinal, seu caso não é único: são necessários dois machos para pressionar o ventre da rã e ajudá-la a expulsar os ovos que eles irão fecundar, sabia? - e, voltando-se para o Rei - As fêmeas têm suas necessidades específicas, meu caro... Por outro lado, o que é uma traiçãozinha de vez em quando? De quem a culpa, se o pobre Judas foi comer o bocado de pão com Jesus e, diz o Evangelho, “com o bocado entrou Satanás” - vê como funciona? E o desgraçado enforcou-se de tanto remorso - como está no Evangelho - ou atirou-se do alto de um despenhadeiro, como está no Atos dos Apóstolos - são informes informes, ninguém tem certeza de nada. Há uma... meta na História, e ela age à nossa volta e em nós, invisível como um rio que, à noite, passando por entre o sono e o sonho, rochas e bosques, faz com que girem as mós e se movam os vultos incrivelmente pesados - de barcos carregados - para seu destino. Você - disse ao Rei, que recuou, lívido - você matou seu irmão pra ficar com a mulher dele e com o Poder, não foi, Neném? Mas foi porque Deus assim o quis, Hamlet me disse, ou Ele não teria dito a Pilatos: “Nenhum poder terias contra mim se de cima não te fosse dado.” Você tem razão - disse novamente a Hamlet - A cor existe apesar dos cegos?, o som existe, apesar dos surdos? As luminosas águas verdes movem-se sobre profundas sombras. É tudo muito estranho... até no que parece mais natural, como a Lua - essa... coisa gigantesca passando o tempo todo aí em cima, como quem não quer nada, como se fosse apenas luz.
Como o Sol - esse fogo que não para de consumir-se, eternidade afora. Igualmente “natural”, para você, meu amor, foi matar papai - disse ao invisível Príncipe - um gesto tão inevitável quanto o sono durante um sermão, não foi?: É pecado? É, não é, Laertes?, dormir durante o sermão?, mas quem é que pode evitá-lo?

Houve um longo silêncio na Sala do Trono. Ofélia se abraçou ao irmão e os dois choraram juntos, como nós todos, espartaquistas e o povo, a maioria - percebi-o ali - do Holger Danske - mudos diante da cena. Depois Ofélia se soltou, disse a “Hamlet”:

- Não é fácil entender, meu amor!....

Laertes implorou, de olhos fechados:

- Ôh, Deus, tem piedade de nós!...

- A senhora falou em piedade divina? - Ofélia perguntou ao Rei - e o que me diz dos terremotos, maremotos, furacões, erupções, enchentes, secas, pestes matando milhares de vítimas, depois de torturá-las mais do que qualquer carrasco? Horácio - disse-me, fazendo-me estremecer, pois não imaginei que pudesse ter dado por mim, naquele transe... horaciano - Você viu, da janela do “Neptun” aquele ror de gente asquerosa linchando os três rapazes como se fossem espiões? Não seria chocante ouvir alguém naquele momento citar Paulo Apóstolo dizendo que é Deus quem faz em nós o querer e o fazer segundo a Sua vontade? Entendo, meu amor - insistiu com Hamlet - entendo perfeitamente, mas é assim que a coisa funciona. Por insuficiente, a vida humana foi por nós acrescida de deuses, semideuses, vitórias aladas, faunos, fadas, ogros, ninfas, ... espectros, santos, anjos, a Trindade, Dom Quixote, ... ou apenas de amantes, se se tem os pés no chão, como sua mãe.

- Sim, claro, você é doida por ele - disse à Rainha - Já reparou como todo preso segura-se à grade? Laertes - voltou-se para o irmão, no que suspirou fundo - O que resta é vivermos intensamente nossos fragmentos de vida, exatamente como vimos no que resta dos relevos do Arco do Triunfo de Tito em Roma, lembra-se dele?, lembra-se de como nos impressionamos com o ímpeto daqueles cavalos sem patas, os corpos vivos apesar das cabeças esfaceladas?...

E, depois de algum tempo, caminhou até onde eu estava. Enxuguei as lágrimas de meu rosto ao vê-la autoenclausurada no capote costurado até a testa, ela me dizendo entre as brechas - sempre às pressas -, face à minha emoção:

- Meu raciocínio não para, não para, não para: há tanta coisa para se compreender, santo Deus! ...mas não é fácil trancar a gaveta com a chave dentro!

Foi-se.

Fora-se a revolução de Laertes e de sua multidão. Fora-se a paz entre Gertrude e Claudius.

Minha paixão pela doidinha... cresceu.

Referência: História universal da angústia ■ Waldemar J. Solha
Editora Bertrand, 2005 Disponível em https://www.amazon.com.br

Quando minha filha chegou em casa com os dois últimos livros publicados por Walter Galvão, acompanhávamos as notícias dos instantes que p...

Quando minha filha chegou em casa com os dois últimos livros publicados por Walter Galvão, acompanhávamos as notícias dos instantes que precederam os últimos dias de sua vida.

Em décadas, ele recolheu numerosos amigos, entre os quais, Angélica e eu nos incluímos, que sentiram sua inesperada partida.

Sentimos profundamente o modo inesperado como ele partiu sem que houvesse despedida. Carregaremos a dor de não mais contarmos com a proximidade de sua amizade e a leitura de seus artigos, a menos que recorramos aos livros, onde deixou seu pensamento. Não chorei a perda do amigo porque todas minhas lágrimas já foram vertidas, mas guardarei a calor da mão estendida e o abraço como patrimônio de memória.

Porque a vida não basta é que existe a arte, afirmou, com toda razão, o poeta Ferreira Gullar. Pegando carona na frase, acrescentaria que ...

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Porque a vida não basta é que existe a arte, afirmou, com toda razão, o poeta Ferreira Gullar. Pegando carona na frase, acrescentaria que pelo mesmo motivo, ou seja, pelo fato de a vida apenas não nos bastar, é que são sonhadas as utopias. Poderia ir mais longe e dizer que é por isso, porque a vida em si mesma, isto é, a realidade, é insuficiente, que são sonhados todos os sonhos, desde os mais comezinhos, como a milhar do jogo do bicho, até os mais grandiosos, como as referidas utopias. O fato é que, criando arte ou utopias, os homens estão sempre indo além do aqui e agora, transcendendo, enfim, mesmo que não necessariamente pelo viés religioso, pois que há muita transcendência laica por aí.

Para George Harrison Minha amiga raspou a cabeça. Gosta e acha prático. Foi uma comoção: a mãe chorou, estranhos a olharam com muita c...

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Para George Harrison

Minha amiga raspou a cabeça. Gosta e acha prático. Foi uma comoção: a mãe chorou, estranhos a olharam com muita compaixão, supondo que enfrentava uma quimioterapia; e houve quem se afastasse dela no ônibus, temendo o contágio de alguma doença.

Bastou cortar os cabelos para acender a imaginação das pessoas. Um mundo de suposições, preconceitos e medos tomou conta de amigos e desconhecidos. Enquanto ela, aos risos, me contava a experiência, lembrei que homens optam pela máquina zero e não causam um terremoto. Questão de convenção mesmo. Acostumamo-nos a um padrão e ele passa a ser inquestionável. Pelo menos até que algo dentro de nós se insurja e faça a pergunta fatal: por que penso assim?

Ícaro Não contavas com o céu de fogo E vulcões invisíveis Querias inventar. Nem tinhas medo de tua força Minimizada pelo g...

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Ícaro
Não contavas com o céu de fogo E vulcões invisíveis Querias inventar. Nem tinhas medo de tua força Minimizada pelo grande deus O ar. Que te parecia na imensidão Colchão macio de nuvens Querias só voar. E foi tanto o querer que te lançaste Do alto dos teus sonos E te dilaceraste.

Existem vozes que são inconfundíveis quando cantam. Seus tons e timbres são exclusivos. Vozes que têm personalidade, encantamento, origin...

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Existem vozes que são inconfundíveis quando cantam. Seus tons e timbres são exclusivos. Vozes que têm personalidade, encantamento, originalidade e que ecoam no meu coração de forma arrebatadora. Essas vozes são as de Caetano Veloso e Chico Buarque. Maria Betânia e Gal Costa também conseguem essa façanha. No caso de Chico, o enigma ainda é maior, pois dizem que ele não tem uma voz assim poderosa, mas, quando uma canção dele é cantada por ele, há aquele tom intimista, meio tímido, meio malandro, meio tudo, que nós todas amamos,

'O mundo tem fome de amor'. Parece clichê, mas é realidade". A poetisa Milfa Valério define com maestria o que mais se preci...

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'O mundo tem fome de amor'. Parece clichê, mas é realidade". A poetisa Milfa Valério define com maestria o que mais se precisa. A necessidade de amor está a todo momento gritando nos ouvidos das pessoas, mesmo que elas não se dêem conta disso. E esse vazio que parte do coração, passa pelo estômago, atinge todas as células e a subjetividade de pensamentos humanos de todo o sempre. Sim, provavelmente, esfomeado de amor já era o Homem de Neandertal quando andava caçando com o seu estereotipado porrete aos ombros a esmagar animais/alimento e arrastá-los para sua caverna.

A verossimilhança é, na ficção, uma invenção de Hesíodo, na Teogonia. Aristóteles a sistematiza, como uma das essências da ação de criar f...

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A verossimilhança é, na ficção, uma invenção de Hesíodo, na Teogonia. Aristóteles a sistematiza, como uma das essências da ação de criar ficcionalmente, ao teorizar sobre a tragédia, na Arte poética, dizendo que o trabalho do criador (ποιητοῦ ἔργον) é dizer não o que ocorreu, mas o que é poderia ter ocorrido, segundo a verossimilhança (κατὰ τὸ εἰκὸς, 1451a). Neste mesmo trecho, o filósofo cria o conceito de “necessidade” (τὸ ἀναγκαῖον), que passaria a designar uma característica fundamental da obra ficcional: se algo não tem utilidade ou não vai ser usado funcionalmente no texto, não há necessidade de ser citado. Ou nas palavras de Aristóteles, “o que é acrescentado ou não acrescentado, e não resulta em clareza, não faz parte do todo” (1451a).

Já não disponho, na mente, do mapa em detalhe ou mesmo geral da nossa João Pessoa. Um avanço além da cidade de quando cheguei e me vejo per...

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Já não disponho, na mente, do mapa em detalhe ou mesmo geral da nossa João Pessoa. Um avanço além da cidade de quando cheguei e me vejo perdido.

Que diferença! Num sábado de véspera, esgotado o papo que nos caldeava a alma e o berço de origem na velha Casa do Estudante, Dorgival Terceiro Neto, ao nos recolhermos, veio com a ideia de, cedinho da manhã, sairmos num périplo pela cidade de então, que morria ao sul na Santos Stanislao de Oitizeiro, enviesava a sudeste pelo ABC da Joaquim Hardmann ou rua da Jaqueira, cortava o rio subindo o Varjão e torcia, escorregando pela beira da mata, deixando de lado o bairro de Jaguaribe.

José Américo ainda estava se preparando para calçar a Epitácio, contrariando o sonho do seu antigo presidente, João Pessoa, que, da sacada do Palácio, gizava na mente o que três prefeitos levaram uns cinco anos para fazer com a Beira-Rio.

No início dos anos 1950, uma jovem brasileira que morava na Bélgica, onde o seu pai trabalhava como diplomata, participou de um concurso ...

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No início dos anos 1950, uma jovem brasileira que morava na Bélgica, onde o seu pai trabalhava como diplomata, participou de um concurso de canto lírico que tinha como prêmio uma bolsa de estudo no renomado conservatório musical Accademia di Santa Cecilia, em Roma. A moça acabou conseguindo o prêmio e foi estudar no conservatório, onde ficava pela manhã e, no resto do dia, era interna em um colégio de freiras. Só saía para passear pela cidade nos finais de semana.

A singela exortação que agora farei será destinada a uma querida amiga. Uma amiga especial. Criar vínculos sinceros, ou melhor dizendo, ser...

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A singela exortação que agora farei será destinada a uma querida amiga. Uma amiga especial. Criar vínculos sinceros, ou melhor dizendo, ser presenteado de forma construtiva, com afetos, deve sempre ser dividido e divulgado. Existem gestos que não são inesquecíveis e essa história é uma delas. Estando acamada em virtude de um sarampo ainda mocinha, uma amiga ficou tomando conta de mim. Mamãe trabalhava nos dois expedientes e eu me encontrava sozinha. Aquele gesto espontâneo de boa vontade, gesto que veio do coração, guardo comigo até hoje. Nossa amizade permanece cultivada depois de décadas. Nossas vidas evoluíram, como é natural. Amadurecemos, mas nosso bem-querer continua genuíno, permanecendo incólume e sem mácula.

O chato é um sujeito intermediário, ele está entre o sim e o não, aquele que nem foi e nem ficou, quer, mas não quer, nem ata nem desata. ...

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O chato é um sujeito intermediário, ele está entre o sim e o não, aquele que nem foi e nem ficou, quer, mas não quer, nem ata nem desata. E, apesar de indeciso, se acha o sabichão, tem regras e palpites pra tudo.

Se fosse só isso a gente ignorava e tocava a vida, mas não é assim, o chato clássico faz questão de aparecer. É a autêntica mosca na sopa ou pedra no sapato, não tem jeito, acaba incomodando. É aquele cara que no final da palestra, às 13h, auditório lotado, todo mundo cansado, com fome, afim de sumir dali, e… adivinha quem levanta a mão pra falar? O chato, claro. Muito sem jeito o professor pede para as pessoas

Janelas… Quisera não ter que fechá-las e sempre mantê-las abertas. Abertas pra vida, com flores e céu. Embora comum, no ato de abri-las...

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Janelas… Quisera não ter que fechá-las e sempre mantê-las abertas. Abertas pra vida, com flores e céu.

Embora comum, no ato de abri-las, em cada manhã, há sempre uma surpresa. A rotina é bem-vinda e cria canais por onde o olhar se lança no mar, na relva e nas nuvens. Até o horizonte, que singra o limite em reta contínua, pincela os dois lados do mundo infinito com cores diversas.

Manhã ou crepúsculo, nas horas douradas, os tons se misturam em cada espetáculo. À chuva ou ao brilho do céu sem vapor,

Vivemos uma época assinalada por duas significativas realidades: o desenvolvimento científico e tecnológico e o vazio existencial. As conq...

Vivemos uma época assinalada por duas significativas realidades: o desenvolvimento científico e tecnológico e o vazio existencial. As conquistas científicas e tecnológicas propiciam melhor qualidade de vida com os avanços no campo da saúde, alimentação, energia, comunicação, acesso ao conhecimento, entre outros. Em contraposição, o vazio existencial aparece no cenário das relações interpessoais, expressando-se como uma sensação de perda do sentido existencial que, em maior grau conduz a crises depressivas e, não raro, ao suicídio. Tais constatações merecem do venerável Bezerra de Menezes as seguintes ponderações dirigidas aos espiritas:

Meu amigo João Paulo remeteu de Lisboa essa perola de comunicação de um acidente de trabalho feita por um pedreiro português ao Tribunal J...

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Meu amigo João Paulo remeteu de Lisboa essa perola de comunicação de um acidente de trabalho feita por um pedreiro português ao Tribunal Judicial da Comarca de Cascais. O conteúdo é o seguinte:

“Sou assentador de tijolos. Estava a trabalhar sozinho no telhado dum edifício de 6 andares e, ao terminar o serviço, verifiquei que tinham sobrado 250 quilos de tijolos. Em vez de os levar à mão para baixo, decidi colocá-los dentro dum barril e descê-los com ajuda de uma roldana fixada em um dos lados do edifício.

Desci ao térreo, atei o barril com uma corda, voltei ao telhado, puxei o barril para cima e coloquei os tijolos dentro dele. Voltei para baixo,

Conta a lenda que Narciso viu seu rosto nas águas e ficou deslumbrado consigo mesmo. Desapareceram, pelo que eu saiba, os espelhinhos redo...

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Conta a lenda que Narciso viu seu rosto nas águas e ficou deslumbrado consigo mesmo. Desapareceram, pelo que eu saiba, os espelhinhos redondos, geralmente ilustrados com figuras de mulheres nuas. Conduzidos ao lado do pente, serviam para cuidar do alinho ou assanhamento de quem o levava no bolso.

No parque de diversões, havia o chamado “espelho mágico”, que retorcia, desfigurava, caricaturava no reflexo quem o olhasse. Era atração paga e bem consumida. O ser humano gosta de se olhar; espelhos e fotos,
dizia um de meus professores, é antessala do desejo de imortalizar-se. Tinha lá suas razões. E, sempre, a espelharia se espalha pelos recônditos diversos das habitações, ainda hoje.

Qual a mulher (salvo exceções) que não se mira na planície espelhada, antes de sair para uma festa ou, na menor das hipóteses, qualquer saída à rua para simples compra de um remédio? Homens, também, não os excluo.

Há uma música, sucesso regional nordestino, cujo enredo é um enamorado se enfeitando o dia inteiro para ver a querida e que ficou inteiramente frustrado pelo fato de ela não o haver notado, quando se encontraram: “Ela não olhou para mim/ passei horas no espelho/ me arrumando o dia inteiro/ ela nem olhou pra mim”.

Conheço um advogado que, antes de seguir à audiência, além de conferir o bom ajuste da roupa, verificava o nó da gravata. Era um nó; ajeita, desfaz, refaz, até que fique bem com o colarinho. O próprio Novo Testamento alude ao fato, numa das cartas do Apóstolo Paulo:

“Hoje vejo por um espelho embaçado” – alude à impossibilidade de conhecermos a totalidade real de Deus, aqui no tempo. Muitos literatos utilizam o espelho como metáfora. Pintores, também.

O espelho, depois a foto de álbuns dos desaparecidos fotógrafos dos antes, vieram as fotos virtualmente concebidas, as selfies são moda, enfim. Ambos, espelho e foto, são denunciadores do tempo: de verde a amarelecido. Demarcam e documentam a cara lisa ou apinhada de rugas. Natural.

Espelho meu/ espelho meu/ existe no mundo/ alguém mais bela (o) do que eu? Cada idade tem sua juventude (ou cada imagem refletida ou captada) – se não me engano foi Jorge Luis Borges, poeta argentino, cego e genial quem proferiu essa máxima. Não sendo ele, me desculpem, mas as fases da vida jamais serão vistas, porque se dissolvem na totalidade da alma.

E alma (pessoa) jamais será fotografada, nem refletida. Mesmo que Jesus assegure que o olho é o espelho da alma. Sem nenhuma intenção de heresia, há olhos que não traduzem a interioridade recatada em seu misterioso quarto. Existe quem se veja no espelho ou fotografia com estranheza.

Explico: acha que não é ele. Ou se vê vivo, jovem, ou morto, velho. Até como outra pessoa. Não se conforma com a naturalidade impressa na foto, nem espelhada. Enfim, faz sua própria imagem. Será que Narciso se viu assim nas águas paradas?

Essa garrafa enrugada e escura foi objeto do desejo da meninada, no transcurso das décadas de 1950 e 60. Não exatamente ela e, sim, o que ...

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Essa garrafa enrugada e escura foi objeto do desejo da meninada, no transcurso das décadas de 1950 e 60. Não exatamente ela e, sim, o que ela continha: a laranjada em sua plenitude, a explosão de sabor apenas percebida na fase em que a vida conduz às descobertas e ao encantamento.

Provei meu primeiro Crush aos 10 anos de idade, numa bodega de beira de estrada, no interior da Paraíba. O bodegueiro, que não tinha refrigerador, retirou da prateleira uma das 15 ou 20 garrafas ali enfileiradas, abriu-a e me deu sem copo, ali mesmo, no gogó. Meu pai, que então já se servia de uma dose do Conhaque de Alcatrão São João da Barra,

Quem mora por aqui já o viu. Uma figura envelhecida, alquebrada, maltrapilha, suja, caminhando a passos lentos levando invariavelmente um o...

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Quem mora por aqui já o viu. Uma figura envelhecida, alquebrada, maltrapilha, suja, caminhando a passos lentos levando invariavelmente um ou mais sacos repletos não sei do quê às costas. Não lhe importa ser dia de sol escaldante, nada parece impedir sua trajetória incerta, sempre vindo não se sabe de onde e indo, ao que parece, para lugar nenhum.

Quem é? Aqui referem-se a ele como “o velho do saco”, numa alusão à estranha bagagem que leva à “cacunda”. Dizem até que fora um homem de posses e aqui e acolá elencam uma série de motivos que teriam levado essa criatura aos abismos da dignidade humana. Hipóteses, é claro.

Vez outra desaparece por uns tempos e aí surgem boatos de que o “velho do saco” teria, como se diz, batido com as dez. Nada disso. Logo ele reaparece arrastando sua lentidão pelas ruas da cidade. Outro dia o vi pela Epitácio Pessoa, no sentido inverso àquele do bloco Muriçocas que desce a avenida na quarta-feira de fogo antecedendo ao carnaval. Subia aquela ladeira e parecia levar às costas todo o peso da humanidade. Pobre velho. Atravessou aquela linha tênue que limita a lucidez da insanidade. Seria isso? Ou seria essa figura exótica uma metáfora de nós, os supostamente equilibrados e lúcidos? Há sim meus amigos, minhas amigas, um pouco daquele velhote em cada um de nós. Ainda que metaforicamente, mas há.

Quem não carrega alguns desses pesos impensáveis às costas? Pode haver peso maior do que a perda de entes queridos? De um filho, por exemplo. Não estamos livres dessas tragédias, e como pesam.

O que não dizer daqueles amores mal sucedidos...as paixões que não se resolveram e ficaram pelas estradas da vida. Muitas vezes se perderam por uma palavra que deixou de ser dita, por um pedido de desculpas que nosso orgulho não permitiu.

Não podemos deixar de colocar nessa incômoda bagagem os sonhos que não se concretizaram. É uma estatística dolorosa contabilizar os projetos que as mais diversas circunstâncias da vida nos obrigam a ir adiando, adiando... até que essas quimeras fossem definitivamente sepultadas.

Quando os anos vão pesando em nosso calendário, descobrimos que devíamos, como diz a canção, ter trabalhado um pouco menos, ter visto o sol nascer. Podíamos ter ficado mais com nossos filhos quando pequenos e mais exigiam nossa presença. Quantos sorvetes ficamos devendo? Por que não lhes permitíamos repetir o algodão doce que lambuzava suas carinhas de açúcar colorido?

Não sabemos fazer o tempo voltar e então o que nos resta é suportar o peso dessas recordações, de alguns arrependimentos e de muitas saudades.

Assim, quando me deparei com o “velho do saco”, subindo pela Epitácio dias atrás, enxerguei aquela excêntrica figura de forma diversa das anteriores. Pude vê-lo com respeito e até com alguma ternura, quando pensei se o que levamos sobre os ombros não seria tão enfadonho e torturante quanto aquilo que ele leva sobre os dele. Talvez.

Soube que voltam a cogitar da mudança de nome do nosso aeroporto. Desta vez para, em lugar de Castro Pinto , o nome do meu biografado José...

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Soube que voltam a cogitar da mudança de nome do nosso aeroporto. Desta vez para, em lugar de Castro Pinto, o nome do meu biografado José Maranhão.

O exemplo de Castro Pinto, a razão de manter seu nome vivo, valia, avultava inquestionável nas três primeiras décadas do século passado. Ele foi do tempo em que o discurso era a arma superior e a razão maior do êxito político. Acrescentando-se a esse dom o exemplo moral e a lição de democracia.

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Dos nossos vultos maiores, os chamados pró-homens da veneração histórica, Castro Pinto situa-se entre Epitácio na política e Carlos Dias Fernandes na cultura. No belo ensaio que Celso Mariz lhe dedica, em Cidades e Homens, ele chega a ser acusado de dispersão dos seus dons e valores culturais por não deixar obra escrita. Toda a sua obra restou impressa, mais que na memória, na devoção virtuosa dos que faziam o seu público. Isso no Pará, na Câmara Federal, no Senado, tanto quanto na Paraíba. Assis Chateaubriand, mesmo devendo favor a Epitácio, que foi seu advogado pela posse de O Jornal, questionado por herdeiros do fundador, mesmo assim não negou ao contemporâneo de Epitácio o exemplo maior, para o Brasil, do democrata perfeito. Diz lá ele que a Paraíba, nas mãos de Castro Pinto, mostrou ao país de Ruy Barbosa o exemplo perfeito da prática democrática, caracterizada pelo respeito ao povo, aos seus direitos e aos opositores do seu governo.

Deixando de lado o testemunho conterrâneo dos Chateaubriand, Celso Mariz, Coriolano, Horácio, reafirmados pela geração de José Octávio e Humberto Melo, vejamos o registro insuspeito de Liberato Bittencourt em seu Brasileiros Ilustres:

“João Pereira de Castro Pinto - Político de grande influência e de extraordinário valimento. (...) Eleito deputado, brilhou na câmara baixa (a Federal), discutindo, superiormente (...) e entrou glorioso no Senado. Eleito governador no período 1912 a 1916, tomou posse do alto cargo onde, com unânimes aplausos do Brasil em peso, começou a praticar a verdadeira doutrina republicana, libertando a justiça das peias partidárias e respeitando escrupulosamente a soberania popular. Na ocasião em que se escrevem estas linhas, fins de 1913, é sem questão um dos mais nobres representantes do executivo estadual em terra brasileira”.

Setenta anos depois desse depoimento, é a Castro Pinto que Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Mello, ex-governador do mesmo padrão moral e intelectual,
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dedica as melhores páginas de seu livro A Paraíba na primeira República:

“De Castro Pinto pode-se dizer, com segurança, que se elegeu – para a Assembleia, para a Câmara, para o Senado e para a Presidência do Estado – exclusivamente por seu prestígio intelectual e moral”. E conclui: “Não tinha ele temperamento político. Espírito delicado e sensível, muito sofreu com as dificuldades naturais de todo governo, agravadas, no caso do seu, pela qualidade de presidente de conciliação, obrigado a contentar gregos e troianos, coisa tão difícil quanto a quadratura do círculo. (...) Desde o início, falava em renunciar, o que acabou fazendo antes de completar o terceiro ano de mandato.”

Há muito mais a transcrever de Oswaldo, de Celso Mariz, de Coriolano, das revistas e almanaques do IHGP e do acervo dos que ocuparam a sua cadeira na Academia de Letras. Sem dúvida nenhuma José Maranhão está entre os brasileiros que honraram o cargo e o que mais demorou nele por confiança popular demonstrada em sua consagração para o Senado. Por isso mesmo, dificilmente consentiria em se usurpar a homenagem de todos os tempos a Castro Pinto.