Ser jovem enquanto velha, velha enquanto jovem. (A Ciranda das Mulheres sábias — de Clarissa Pinkola Estés)
Foi um ano difícil. E por entre o assunto da política, da eleição de Lula – o grande presente e Vivas!, e o momento de transição e da constatação do desmonte do país, tive também outros assuntos pertinentes a pensar. A velhice das mulheres. O corpo da mulher idosa, para os que não gostam da palavra velha, as suas dores e a solidão e invisibilidade dessa mulher, já há tanto falado, Desde Simone de Beauvoir à Miriam Goldenberg e a sua Bela Velhice.
@anaadelaide.peixototavares
Tenho muitas amigas da minha idade, ou pouco mais velhas, ou um tanto mais novas. A solidão é uma constante. E a partir de mim, chego à conclusão que é mesmo difícil namorar à essa altura da vida. Um longo caminho do passado e um presente adaptado a ser a rainha do meu pedaço. Uma satisfação em morar sozinha e uma constatação imensa de que não é tão bom enfrentar à velhice sozinha em casa, e por entre paradoxos e sonhos, vamos seguindo.
Ano passado, numa confraternização entre amigas, a maioria sozinha, eu fiz a minha lista do que não entrava mais nos meus requisitos, para me relacionar amorosamente: Pessoas que gostam muito de churrasco (não como carne, quase não bebo mais – pouco e sempre) e a cultura do churrasco envolve muita gente, sol, e pagode — tô fora. Pessoas que gostam de barco – geralmente os aficionados por barcos tem turma para Areia Vermelha, e eu tenho medo do mar, e também sou distante de turmas, qualquer uma. Já viram né? Uma loba solitária! Mas tudo isso é teoria, texto e risadas pós vinhos com amigas. Na hora da paixão, ou até mesmo ao encontro amoroso mais sereno, em qualquer idade, subvertemos todas e quaisquer ordem.
Priscilla du Preez-
E conversando com outra amiga que, findando a década dos seus 60, está namorando, e me disse coisas tão importantes, como que, se há de aprender
Adryan Ra
Fiquei a matutar sobre o assunto. A imaginar esse alguém que tenha cabelos prateados e a disponibilidade de nadar em mares revoltos do tempo.
Nesta minha última crônica do ano, reverencio as mulheres da minha geração, principalmente aquelas que, como eu, estão sozinhas, mas não estão mortas. Gostam da vida, das pessoas, do mundo, e sim, de amar.
Que venha 2023, com novos tempos para o Brasil, com Lula à frente desse país bonito e que merece se re-inventar também, e com mais amor para todos/todas nós.
Feliz Ano Novo!