Caço odores permanentemente e percebi que os melhores cheiros vão tornando-se mais difíceis de reencontrar. O cheiro do piso dos taco...

Respirando lembranças

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Caço odores permanentemente e percebi que os melhores cheiros vão tornando-se mais difíceis de reencontrar. O cheiro do piso dos tacos de madeira da minha casa quando era encerado com cera Parquetina é um deles. Lembro de uma enceradeira muito antiga cujo fio permitia que ela passeasse (quase requebrando) barulhenta entre as salas, dançando nas mãos firmes da empregada. Sinal seguro que haveria visita importante ou uma festa.

Quando chegava da escola e sentia o cheiro do bolo no forno sabia que a vasilha na qual a massa tinha sido batida estava me esperando com os restos crus e amarelados
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que faziam minha alegria. "-Menino, não coma muito porque vai dar caganeira!", gritava a cozinheira.

Vez por outra juntávamos um saco de castanhas de caju e íamos para o quintal colocá-las sobre uma pequena fogueira numa tampa de lixeira com buracos. O cheiro das castanhas assando atraia amigos também maloqueiros. Quando achávamos que as castanhas estavam assadas, jogávamos areia para apagar o fogo. Abríamos as castanhas com mãos tisnadas de preto. Jamais soube de alguém no Miramar que tivesse ficado doente com aquela "experiência gastronômica.". Ah, o cheiro das castanhas assando...!

Onde foram parar esses cheiros?

O cheiro do bacon ainda existe e sempre me lembra o enorme amigo Luciano Agra, que gostava de rememorar seus tempos de estudante liso em Recife, quando esfomeado passava em frente ao restaurante Leite e sentia aquele punhal olfativo golpeando seu estômago
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vazio: "- Marcos, tenho certeza que o cozinheiro fritava o bacon num exaustor que dava para a rua só pra chamar os clientes".

Dos odores que ainda posso sentir destaco dois; as castanhas portuguesas assadas nas calçadas de Lisboa em dias de inverno e a lavanda Atkinsons, que meu pai usava todos os dias. Quando sentávamos para o café da manhã aquele cheiro preenchia meu nariz e alegrava meu coração. Ainda hoje uma das razões que me fazem voltar a Lisboa é o cheiro das castanhas portuguesas sendo assadas. Quanto à lavanda inglesa, que ainda consigo encontrar cada vez mais raramente, perfumo-me de saudade com ela e vou visitar meus pais semanalmente.

Que bom seria se houvesse um museu com os odores das nossas infâncias.

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