Dez páginas apenas, em corpo 10 dos velhos magazines de linotipo!...
Há prefácios assim. Esse de meus frequentes retornos é assinado pelo inesquecível professor José Pedro Nicodemos à edição da nossa Universidade, sob recomendação de um conselho editorial dirigido por Francisco Pontes da Silva, in memoriam.
Irineu Pinto @gal.londres
Um parêntese, não posso omitir, voltando a um momento em que o ideológico se rende ao remorso: derrotado pelos novos, de maioria esquerdista, a que pertenci, chocado, ainda que ciente previamente de minha opção, vi e continuo a ver o velho Leal descer as escadas que, com tanta pertinácia, construíra. Remoído lá dentro, tive a lembrança de ir à sua casa restituir o livro que o acompanhava onde mais demorasse. A API era a sua segunda morada. Eu não tinha certeza de ser recebido, mas pressenti ser esta a minha obrigação, já que não podia devolver os favores recebidos nos dias de iniciação.
Pedro Nicodemos IHGP
Mas voltemos ao prefácio que senti necessidade de reler, a cada frase repontando não só o estilo como, sobretudo, o homem de boa casta, puro, que conheci em professor Nicodemos.
Repórter nos anos do governo Pedro Gondim, que trouxera para sua equipe novos valores, “estranhos” para um público já enfadado com a repetição dos quadros de 30, surge entre os “novos” o professor Pedro Nicodemos. Discreto em tudo, soube encobrir-se sob o pálio da educação que soube, como poucos, ministrar e difundir. Lembro-me da vez em que acompanhei uma visita do governo inteiro a uma escola de Alagoa Grande. Estavam lá Pedro Gondim, seguido de uma fila de carros pretos de auxiliares. Pedro, que era eloquente, mal falou; o que se ouviu foi um coro de professoras e alunos a manifestar a consciência da educação que desejavam e da qual dependiam em meio à pobreza sua e do lugar. “Nos dê alguma coisa em que plantemos, já que a terra nunca mudará de plantio e de dono!”
Há outra página de Nicodemos que muda tudo o que a escola ensina sobre os “voluntários da pátria” da Guerra do Paraguai: eram negros esses voluntários. Negros que Lima Barreto descreve garroteados e embarcados para dar nome e glória aos vencedores brancos de uma guerra extremamente desigual. Negros a quem o irmão de raça José Maria dos Santos credita o êxito das forças brasileiras na Guerra do Paraguai. Está no meu livrinho “José Maria dos Santos” em Nomes do Século.























